segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Política para além do romantismo e do racionalismo

Já faz alguns anos que escrevo crônicas e outras ‘maldições’ literárias, filosóficas, sociológicas e/ou políticas para jornais impressos e meios virtuais de comunicação. Neste tempo adquiri um razoável número de pessoas que leem meus textos - ou volta e meia estão de olho no que escrevo e publico na rede social. Alguns me admiram por isso, outros nem tanto, outros ainda não me admiram nem um pouco, devido alguns teores dos meus escritos, posições, posturas e/ou feitos socioculturais. Nisso, surgiram algumas questões sobre as eleições municipais deste ano, sob tudo em Xapecó, onde algumas alianças anunciadas estão sendo criticadas. Uma delas é a do PCdoB com o PMDB (também chamado a nível nacional por alguns de ‘partido do golpe’) na disputa para prefeito. Alguns, volta e meia, até me ‘filiam’ a este ou aquele partido, achando que tenho registro em algum. Mas isso não é um problema para mim. Se fosse filiado, diria que sim, mas como não sou, digo que não. Matemática simples. Sobre a questão levantada – a das coligações, tenho minha posição, que, como tantas, é ‘crítica’, porém, uma crítica que tem mais de um sentido, mais de um conhecimento (ou razão de sê-la), mais de um ponto de vista ou de partida. Ou seja, neste caso em específico, vejo dois lados neste ‘jogo’, pois dialógo com ambos – ambos férteis para minha crítica. Um deles é o das ‘coligações dissonantes’, outro, é o olhar 'paradisíaco' do que seja a política institucional partidária brasileira vinda de alguns agentes ou ‘opinadores’ políticos. De um modo geral, percebo muito idealismo pra pouco realismo nesta questão. Mas, em ambos os casos, devemos considerar algumas questões. São elas: ética, coerência e certa realidade a partir das condições históricas, sociais e culturais criadas, coisas, não necessariamente equilibradas, diga-se de passagem. Partidariamente e institucionalmente falando, a questão é: 'participar do jogo' ou 'gritar do lado de fora?' - ainda assim estando dentro do jogo (ou acham que ser 'partidário', institucionalmente falando, é ser 'alternativo' ou 'libertário'?). Uma 'escolha!'. Certo filósofo grego diria: ‘Ser ou não ser? Eis a questão!'. Mas ‘o jogo’ é bem maior do que este 'simplismo-determinista' (ou disputa entre o 'bem' e o 'mal', o 'romântico' e o 'racionalista'). Ambos os lados de alguma forma são instrumentos, ou pelo menos compõem algo maior, o 'sistema'. Mas, quem é ele? Pensando e praticando a vida, o cotidiano e a política para além  deste ‘dualismo idealista platônico’, já é um bom começo para uma 'nova' possível compreensão desta questão que, não é tão simples como os ‘românticos idealistas’ e os ‘racionalistas linearistas’ pensam e dizem por aí. E a 'esquerda', TODA ela, precisa ler/perceber/ver além dos seus vícios, hábitos e crenças (isso mesmo, crenças!), ou continuará nesta busca 'idealista' e ‘paradisíaca’ (portanto ‘religiosa’), herdeira de certas concepções ditas 'modernas' (iluminismo, humanismo, eurocentrismo - e sob tudo 'judaico-cristãs'). Ou seja, a questão é bem mais profunda do que 'isso' ou 'aquilo' simplesmente. Eis minha ‘análise’ deste caso que não se resume em uma simples crítica ou gosto pessoal, mas sim, a exposição de um naco de discernimento que anda caro demais para alguns incluírem na sua feijoada. 



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.