Já faz alguns anos
que escrevo crônicas e outras ‘maldições’ literárias, filosóficas, sociológicas
e/ou políticas para jornais impressos e meios virtuais de comunicação. Neste
tempo adquiri um razoável número de pessoas que leem meus textos - ou volta e
meia estão de olho no que escrevo e publico na rede social. Alguns me admiram
por isso, outros nem tanto, outros ainda não me admiram nem um pouco, devido
alguns teores dos meus escritos, posições, posturas e/ou feitos socioculturais.
Nisso, surgiram algumas questões sobre as eleições municipais deste ano, sob
tudo em Xapecó, onde algumas alianças anunciadas estão sendo criticadas. Uma
delas é a do PCdoB com o PMDB (também chamado a nível nacional por alguns de
‘partido do golpe’) na disputa para prefeito. Alguns, volta e meia, até me
‘filiam’ a este ou aquele partido, achando que tenho registro em algum. Mas
isso não é um problema para mim. Se fosse filiado, diria que sim, mas como não
sou, digo que não. Matemática simples. Sobre a questão levantada – a das coligações,
tenho minha posição, que, como tantas, é ‘crítica’, porém, uma crítica que tem
mais de um sentido, mais de um conhecimento (ou razão de sê-la), mais de um
ponto de vista ou de partida. Ou seja, neste caso em específico, vejo dois
lados neste ‘jogo’, pois dialógo com ambos – ambos férteis para minha crítica.
Um deles é o das ‘coligações dissonantes’, outro, é o olhar 'paradisíaco' do
que seja a política institucional partidária brasileira vinda de alguns agentes
ou ‘opinadores’ políticos. De um modo geral, percebo muito idealismo pra pouco
realismo nesta questão. Mas, em ambos os casos, devemos considerar algumas
questões. São elas: ética, coerência e certa realidade a partir das condições
históricas, sociais e culturais criadas, coisas, não necessariamente
equilibradas, diga-se de passagem. Partidariamente e institucionalmente
falando, a questão é: 'participar do jogo' ou 'gritar do lado de fora?' - ainda
assim estando dentro do jogo (ou acham que ser 'partidário', institucionalmente
falando, é ser 'alternativo' ou 'libertário'?). Uma 'escolha!'. Certo filósofo grego diria:
‘Ser ou não ser? Eis a questão!'. Mas ‘o jogo’ é bem maior do que este
'simplismo-determinista' (ou disputa entre o 'bem' e o 'mal', o 'romântico' e o
'racionalista'). Ambos os lados de alguma forma são instrumentos, ou pelo menos
compõem algo maior, o 'sistema'. Mas, quem é ele? Pensando e praticando a vida,
o cotidiano e a política para além deste
‘dualismo idealista platônico’, já é um bom começo para uma 'nova' possível
compreensão desta questão que, não é tão simples como os ‘românticos
idealistas’ e os ‘racionalistas linearistas’ pensam e dizem por aí. E a 'esquerda',
TODA ela, precisa ler/perceber/ver além dos seus vícios, hábitos e crenças (isso
mesmo, crenças!), ou continuará nesta busca 'idealista' e ‘paradisíaca’
(portanto ‘religiosa’), herdeira de certas concepções ditas 'modernas'
(iluminismo, humanismo, eurocentrismo - e sob tudo 'judaico-cristãs'). Ou seja,
a questão é bem mais profunda do que 'isso' ou 'aquilo' simplesmente. Eis minha
‘análise’ deste caso que não se resume em uma simples crítica ou gosto pessoal,
mas sim, a exposição de um naco de discernimento que anda caro demais para
alguns incluírem na sua feijoada.
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.