sexta-feira, 31 de julho de 2015

Leituras do Cotidiano

Dualismo, amém!

Eis que surge um novo porta-voz, um novo ídolo ou ícone da ‘esquerda’ pop-midiática-brasileira (ou do ‘esquerdismo’ – ver conceito em Lênin). Falo do ‘arauto’ das ‘causas sociais’ (ou dos discursos em torno disso), o cantor pop Tico Santa Cruz (vocal da já extinta banda Detonautas – ou será que ainda toca?). Está como ícone do ‘esquerdismo’ como Lobão (outro cantor que também já foi mais midiático) está da direita. Se a direita tem seus ícones, suas estrelas (como Azevedos e Constantinos), a ‘esquerda’ também tem as suas. E o que estas estrelas falam ou publicam é lei. Ambas, nada profundas, mas bem produzidas, seja pelo ‘espetáculo midiático’, como diria Debord (Juremir Machado chamaria de ‘hiperespetáculo’), ou pelo ‘espetáculo cotidiano nosso de cada dia’ dado pela reprodução dos idealistas-ideólogos, através das redes sociais. De um lado os chamados ‘coxinhas’, de outro, os chamados ‘petralhas’, ambos fragmentos ou parte de um todo maior que os dilui e engole, principais pratos do banquete dualista do ‘espetáculo cultural-midiático’, de suas publicidades e ideologias privadas. Movidos indiretamente pelo velho idealismo e dualismo platônico, estes modelos duais de pensar e agir, como uma disputa eterna entre bem e mal, saem das ‘fábricas ideológico-doutrinárias’ (escolas, faculdades, igrejas, grupos, entidades ou clubes ditos sociais) moldados para reproduzirem e manterem as estruturas socioculturais, tanto a infra como a superestrutura (buscar conceitos na sociologia). Movidos por crenças e fórmulas convencionadas e estabelecidas, se esbatem repetindo certas ‘lógicas’ e contradições que alimentam um modo de vida que já se provou ineficaz e ultrapassado, com discursos e práticas enfadonhas e reducionistas, quando não, deterministas. Uma disputa reducionista que já venceu seu prazo de validade, mas ainda existe nas ilusões e fetiches daqueles que não percebem que o louvor aos ícones e a reprodução, dados por títulos ou ‘autorizações’ acadêmicas ou por consagração midiática, são instrumentos mantenedores de um sistema, este, o qual dizem ou tentam ‘superar’ ou ‘destruir’. Sem antes, superarem a si próprios, no sentido de sair do ‘lugar comum’ e ou das suas próprias conveniências, continuarão como alimentos deste sistema (ou modo de vida) que se nutre de seus próprios personagens, suas ideias e práticas. Enquanto isso, a publicidade convida: ‘Venham todos! Vocês são bem vindos! Façam parte do nosso espetáculo! Desde que continuem assim. Sejam livremente capitalistas, comunistas, socialistas, anarquistas ou demais ‘istas’, não importa, ‘somos todos iguais’ (‘só que uns são mais iguais que outros’ – leia-se Orwell em 1984), o que importa é que estejam afinados com nossa orquestra de contradição. Vocês fazem parte dela. Por isso, sorriam! Estão sendo filmados, fotografados, estampados, publicados. Viva a nossa democracia limpa! Morte aos ‘malditos’, impuros, infiéis que não vestem as nossas grifes, marcas, símbolos, que não acreditam no ‘nosso discurso’ de ‘mundo ideal’!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



247, reticências...

Duzentos e quarenta e sete textos. Foram estes os números aproximados de crônicas que escrevi e publiquei neste jornal até então – se não me equivoco (não sou muito bom em matemática nem em memória, conste!). Algumas mais intensas, outras rasas. Algumas mais literárias, poéticas, outras mais políticas, filosóficas ou sociológicas. Outras ainda, nada disso, apenas textos, independente dos seus sentidos e motivos. Mas é com esta crônica, amigos leitores, que me despeço deste espaço. Pelo menos por enquanto. Quem sabe daqui uns dias ou daqui um tempo eu volte. Mas, independente de qualquer coisa, agradeço à Folha do Bairro pelo espaço e respeito. E agradeço, principalmente a você leitor/a que dispôs de seu tempo para acompanhar este escriba e suas divagações durante este tempo. Continuarei escrevendo e publicando em outros veículos por aí, assim como em meu blog pessoal e pela rede social. Para quem desejar continuar lendo meus textos, é só buscar meu ‘furodebala’ no Google e/ou me adicionar no facebook. No mas, foi um prazer poder compartilhar meus pensamentos e impressões com vocês. Até a próxima! Continuamos...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 31/07/2015.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

Leituras do Cotidiano

‘Esquerdistas’ contra Nietzsche

Não é a primeira vez que me deparo com a velha, distorcida, fragmentada, determinista, reducionista, ideológica e péssima leitura e interpretação do pensamento de Nietzsche por alguns ‘intelectuais’ ditos de esquerda. Na revista digital Gabrois, publicação vinculada ao PCdoB, do dia 25 de julho, um texto intitulado: ‘Marx e Nietzsche diante da modernidade capitalista’, assinado por Augusto Buonicore, traz uma tentativa de ‘interpretação’ (que acaba sendo uma ‘distorção’) do pensamento e figura de Nietzsche. Parece que, o que muitos ideólogos ‘esquerdistas’ ainda não aprenderam, talvez por não estudarem o suficiente o pensamento daqueles os quais se opõem, é que, além de Marx (um dos maiores pensadores sociais que o mundo já teve), existem outros dignos de atenção e interpretação. O texto do Sr. Buonicore é medíocre, no sentido de, claramente ser um descarrego ideológico contra algo que o autor parece mal conhecer (e se conhece, pior ainda!). Nisso, percebo, e não é a primeira vez, certa alergia com a palavra ‘aristocrata’ por parte de alguns idealistas marxistas (ou platônicos? ‘Niti’ assim diria, certamente!). Quando 'Niti' fala do 'aristocratismo', não é a partir do desprezo a outras formas ou classes, como o texto do Sr. Buonicore faz parecer, mas é do ponto de vista 'cultural'. Ou seja, um espécie de 'apologia' a uma 'cultura' mais 'esclarecida', aprofundada, pensante (que era a aristocrata naquele período - inclusive Engels, parceiro de Marx, vinha dela), isso, inclusive, aplicado ao popular, e não na 'popularização ideológica doutrinária' dos conteúdos e bens produzidos pela sociedade a partir de interesses privados ou de Estados, sejam eles capitalistas ou socialistas. Em suma, a grande questão de ‘Niti’ era contra o idealismo (o que chamava de ‘muleta’) que, para ele, predomina(va) tanto no cristianismo quanto nos socialismos. O 'idealismo platônico' (usado pela Igreja medieval), caracteriza(va) parte significativa das ideologias ditas 'sociais', na crença de um 'futuro melhor' (o paraíso), bem o oposto do que o texto do Sr. Buonicore traz de 'Niti'. Ao contrário do que se diz no texto, quem faz 'guerra' entre Marx e Nietzsche, não é nem Marx nem 'Niti', mas alguns dos seus 'leitores'. Quando 'Niti' refere-se ao 'ser guerreiro', usa ele próprio como exemplo, pois se coloca dentro da sua filosofia, sendo 'ele mesmo', seu 'eu', um 'personagem' de sua obra que, diga-se de passagem, tinha mais de uma única voz - leia-se Ecce Homo, a exemplo). O seu 'eu guerreiro' tinha relações com a filosofia oriental e pré-socrática, a qual era especialista. Portanto, não pode ser localizado sob a ótica 'dualista' judaico-cristã (mesma do texto). Por fim, convenhamos, 'Niti' não escrevia receituário. Era filólogo e filósofo, estudioso de antigas escrituras, na sua luta assídua contra os 'idealismos' que escravizam, mediocrizam e reduzem a vida a uma fórmula de compensação.
















* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



Que buraco é esse?

Diariamente na mídia se ouvem reclamações pelas péssimas condições das rodovias, agravadas pelas chuvas e falta de manutenção. Mas, o que falta dizer, e que a grande mídia parece não fazer conta, é que, o que mais danifica uma estrada é o trafego intenso e pesado dos caminhões. Tivemos uma greve de caminhoneiros motivada e apoiada por entidades empresariais e comerciais: empresas de transportes, poderes públicos (que se utilizaram politicamente do problema para fazer oposição ao governo federal). Em cidades como Xapecó, chegaram até a fechar o comércio, assim como as rodovias na região. E o que conseguiram com a greve? Vejam só a 'ironia': liberar o limite de peso das cargas nos caminhões, justamente o grande motivo dos buracos e riscos de acidentes. Porque a grande mídia, entidades, empresários e políticos não se mobilizam agora contra o excesso de peso dos caminhões nas rodovias? Quem saiu ganhando e perdendo com esta liberação? De quem é a responsabilidade? E o transporte ferroviário, em que pé anda? Quais são os interesses por trás desta 'cultura' motorizada e desta política? Existem buracos nessa história!


* também publicado no jornal Folha do Bairro.



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Fracassos

Enquanto sem sofrimento algum eu escrevo alguns fracassos, você se esforça para parecer ser. Fracassos é como chamo alguns textos que escrevo aleatoriamente, independente da temática, compromisso ou motivo. Sou perito em fracassos e você é perita em fazer parecer ser o que não é. Vejo suas imagens compartilhadas pela rede social e, definitivamente, não é você. Sim, eu também sei, nem sempre aquele sou eu. Mas você, nunca é você. E entre ‘nem sempre’ e ‘nunca’, existe uma diferença considerável. Poderia, volta e meia, se permitir e ser você mesma. Se fizer isso, vai ver, certamente terá uma boa experiência. Enquanto eu encho a tromba de vinho e escrevo este fracasso, você retoca a maquiagem. Mas no fim, somos todos fracassados, cada um a sua maneira, um mais que os outros, mas ambos fracassados que representam, mas nem sempre ou quase nunca, ou mesmo nunca, são. Aprendi a lidar com meus fracassos, meus estados de degradação, justamente reconhecendo eles e eu. A cada fracasso um vinho. E como é bom fracassar! Plagiando Vargas que disse: “Saio da vida para entrar na história”, eu digo: “saio da ‘estória’ para entrar na vida”.


* também publicado no jornal Folha do Bairro.



Leituras do Cotidiano

O estrondo da ‘massa’ motivada


A violência compõe nossa cultura, tanto que é um dos produtos mais vendáveis ou, pelo menos, mais ideologicamente difundidos pelo espetáculo midiático. E ela age no ser humano de várias formas. Palavras, gestos, além da violência física, estão cotidianamente acontecendo, sejam simbolicamente ou de fato. Outra grande característica cultural que possuímos é o pensamento religioso, principalmente o ligado a entidades ditas religiosas, onde o discurso predominante é de cunho doutrinário, além de subjetivo e ideológico ou político. Nisso, aquilo que alguns chamam de ‘massa’, como coletivo de pessoas reunidas, é convencida e levada pelo discurso de alguns ditos ‘líderes religiosos’. Muitos deles para que isso seja possível, se especializam em técnicas de comunicação e convencimento, ficando fácil assim de ‘conduzir o rebanho’. Não é por nada que um dos desígnios para este tipo de ‘posição social’ é ‘Pastor’ (as ‘ovelhas’ são a ‘massa’). Mas, o que isso tem a ver com violência?


Dias atrás outro caso de linchamento aconteceu. Um jovem amarrado em um poste por algum furto foi violentamente assassinado pela ‘massa’ (população), onde, em se tratando de um ‘coletivo’ (ou de uma ‘massa’ – acho que neste caso é mais apropriado assim dizer), um motiva o outro a fazer parte do ato coletivo (ou ‘massificado’) de violência. Dias atrás assisti uma palestra dessas que chamam de ‘motivacional’, onde o tema era muito interessante, porém, o desfecho teve sua inclinação religiosa doutrinária, o que acabou, de certo modo, diluindo o conteúdo. O palestrante, através de técnicas (retórica e oratória impecáveis), pegou de jeito a ‘massa’ ouvinte, fazendo todos (ou quase todos) se sensibilizarem em torno de si. No fim prantos, muitos prantos. Um choro coletivo acompanhado de certo êxtase. Uma droga anestésica havia se espalhado pelo ar contagiando a todos. Sendo a grande maioria ‘cristãos’ (culturalmente e religiosamente falando), ficou fácil o convencimento e a motivação para um final emotivo e, diga-se de passagem, irracional. Mas, novamente, o que isso tem a ver com violência? Tudo. Não com a violência em si, mas com a motivação e/ou o contágio que um momento, um fato, pode gerar na ‘massa’. Indução e condução através da palavra, gesto e imagem. Assim como a o ‘rebanho’ agiu num choro coletivo e obedeceu aos comandos do ‘pastor’, ele também agiu em atos físicos naquele caso do linchamento. Ambos os casos, a partir de ‘motivações coletivas’, onde o ‘emocional’ é tocado em detrimento do ‘racional’. Psicologia pura, há quem diga. Ações ou discursos símbolos que criam fiéis seguidores que, geralmente, não pensam por si próprios, nem nos atos que venham a tomar. Eis a semelhança de um caso e de outro. Eis a ação da ‘massa’ (ou das ‘ovelhas’) que, se bem motivada, pode gerar um estrondo na realidade. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sábado, 18 de julho de 2015

O discurso e a prática

Incoerências entre discurso e prática são comuns no desequilíbrio cultural-educacional de muitas civilizações. Pegamos um só exemplo no Brasil, onde muitos empresários religiosos cobram dizimo dos fiéis como sendo algo sagrado, mas negam-se a pagar impostos. Dizem-se 'cristãos' mas não seguem os ensinamentos do Cristo, onde alguns dos principais preceitos seriam o 'perdão' e a 'não violência', sendo eles favoráveis as mais dissimuladas formas de punição. Camuflam-se em discursos 'de bem' e nas aparências, mas motivam o ódio contra as diferenças de forma velada com o uso da oratória e da retórica (política), a partir da imagem produzida (terno e gravata) e do discurso, construídos com pretexto no 'sagrado', nas ditas 'sagradas escrituras' ou 'mandamentos' e na aparência dos ‘homens de bem’. Questões: Cristo era assim? Que 'cristãos' são estes? Ocupam cadeiras no congresso e antes de votarem pelas punições (ou fetiches), oram de mãos dadas, pedindo a graça divina para praticarem algo bem mundano. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro.



terça-feira, 14 de julho de 2015

Leituras do Cotidiano

Alguns tiros cotidianos

Das farras e obscenidades...

Se 'eles' assistem vídeos pornôs em plena sessão na câmera (trabalho) em dia de votação importante, imaginem o que fazem fora dela?!

- 16 aninhos, preparem-se! Aí vêm os velhos-barrigudos-engravatados!

Dos golpismos institucionalizados...

Em Brasília: Mais uma manobra de Eduardo Cunha um dia depois da reprovação da redução, faz aprovar a Redução da Maioridade Penal numa primeira instância. Um golpe contra aquilo que se tem por 'democracia' no Brasil (comemorado por muitos que vivem discursando serem ‘democráticos’). O que será que consta no 'acordão' entre os 'ilustres' deputados que mudaram seus votos do dia pra noite? Mais um caso de corrupção? Troca de interesses e favores?

Corrompidos-corruptos-corruptores corromperão: e dá-lhe festinhas bacanalizadas com adolescentes de 16, 17 anos. Os velhos-barrigudos-engravatados e seus fetiches serão saciados? Não percam os próximos capítulos desta depravação. E eles se dão as mãos e oram, agradecendo a graça. Amém!

Em Xapecó: A Câmara de Vereadores de Chapecó depois de derrota em uma votação, no dia seguinte se espichou numa segunda votação: o projeto que prevê a renovação do Contrato com a Casan. O líder do governo, Ildo Antonini, apresentou emenda substitutiva global que reapresenta os artigos excluídos na votação do dia anterior, e exclui também as demais emendas aprovadas pela maioria dos vereadores. Uma ação ao melhor estilo Eduardo Cunha de se fazer política. Estes ‘representantes do povo’ não sabem perder, e como crianças barrigudas ‘donas da bola’, acabam com o jogo se caso estiverem perdendo. E cidade prossegue esburacada, assim como a política xapecoense.

Das incoerências...

A votação do PNE (Plano Nacional de Educação) transformada em ‘batalha religiosa’.  Enquanto isso, Eduardo Cunha conduz culto religioso na câmara pedindo benção para a aprovação da redução da maioridade penal. Agora Cunha, com toda sua ‘laicidade’, quer o parlamentarismo no Brasil.

Das reduções...

“Quem tem PMDB de aliado não precisa de inimigo”.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.






quarta-feira, 8 de julho de 2015

Nossa crise...

“Em fases de decadência (tanto econômica quanto cultural), sempre cresce o desejo pelo poder e o ódio ao diferente, então surgem os pretextos desta decadência e deste desejo que sempre acusam o 'outro' como responsável, onde crenças e cultos religiosos perdem sua conexão com a profundidade e as inquietudes filosóficas, em que algumas religiões (sob tudo as de caráter monoteísta) transformam-se em meras instituições políticas de poder, as quais tentam negociar favores com o divino e vantagens existenciais ou ideológicas por meios egoístas, violentos e cruéis”. E eis que no Brasil a votação do PNE (Plano Nacional de Educação) foi transformada em ‘batalha religiosa’, onde se quer proibir a discussão de gênero nas escolas. Enquanto isso, o presidente do congresso, Eduardo Cunha, conduz cultos religiosos no parlamento. Ah! Esses ‘homens de bem’ que discursam cristandade, mas, movidos por seus fetiches pessoais e interesses privados, votam em vingança social e punição. Eles tramam e continuam a ‘representar’: O quê? Quem? Nossa maior crise não é a econômica. É de ética, de moral e democrática. É cultural!


* também publicado no jornal Folha do Bairro.



Leituras do Cotidiano

Política Medieval xapecoense em pleno século XXI


 Como professor e cidadão, participei de uma sessão na câmara de vereadores de Xapecó. Em pauta o Plano Municipal de Educação. Pauta divulgada de última hora, às pressas, decerto para evitar a  mobilização da sociedade e não gerar o debate.
Na 'plateia' (pois a câmara, por vezes parece muito com um circo ou teatro), o pequeno público: deu um lado líderes estudantis querendo incluir o debate de 'gênero' no Plano, de outro, líderes religiosos ('cristãos') e representantes conservadores de direita prontos para não deixarem (e cadê os 'educadores'? Vi poucos). Gênero, sim, é conteúdo para ser estudado e debatido na escola, por filósofos, sociólogos, antropólogos, professores que estudam o assunto, e não por pastores, padres e/ou outros religiosos que pouco ou nada sabem disso. Escola é lugar de ciência (humana também, o que é o caso de gênero).
          Por detrás da mesa onde fica o 'chefe da casa', além do brasão de Xapecó, existe uma imagem ('católica') de Jesus iluminando os 'ilustres' representantes do povo (Estado laico?). Um símbolo de poder que, além de demarcar 'território', intimida, justifica ou legitima alguns discursos e ações. Alguns vereadores conhecidos meus que se dão o respeito e que respeitam a população vieram gentilmente me cumprimentar. Retribui, depois perguntei como era trabalhar num ‘ambiente medieval’. Eles riram e um deles chegou a falar: 'Tem que ter estômago!'. Frente a certos 'argumentos' de certos vereadores, só com estômago forte para aguentar. E os 'cristãos' conservadores resistindo ao século XXI com suas concepções e ideologias medievais, junto à maioria dos 'ilustres' vereadores. Eis o 'horror-show' que compõe hoje, tanto a câmara municipal de vereadores quanto o congresso nacional. Por isso, e por outras, é que as coisas estão como estão. E eles culpam a 'diversidade', os 'diferentes' (que são minorias, inclusive, no poder e nas administrações). E assim caminha a política institucional brasileira, cada vez mais desprestigiada e mediocrizada - amém!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.