quinta-feira, 27 de junho de 2013

Reforma Política!

















A grande mídia, alguns grupos ou tendências políticas, parte significativa do judiciário, alguns grupos de manifestantes, gritam em alto tom 'contra a corrupção'. Então a presidenta se pronuncia por uma Reforma Política (um meio possível de atingir realmente a corrupção, para além dos subjetivismos), coisa que o ex-presidente Lula, em torno de 7 anos atrás já havia dito (e foi detonado por isso). Bastasse que isso acontecesse, para essas 'forças' (mídia, grupos políticos e manifestantes, judiciário, etc.) caírem em críticas duras (e desesperadas) atacando a presidenta e seu pronunciamento. Mas querem o que essa gente?! 

Visualizo a 'grande contradição' nisso: um discurso manobrista que se move conforme interesses ideológicos - e muita hipocrisia! Não é a dita 'corrupção' que está em jogo para essas forças não! Para elas, o 'combate a corrupção' não passa de um discurso. Com isso, essas forças mostram sua face perversa: ELAS SÃO CORRUPTAS! Qual é o medo delas frente a uma Reforma Política? 

Agora é hora das 'máscaras' (que enchem as ruas, diga-se de passagem) caírem, mesmo que continuem nos rostos. É hora de ver quem é quem nessa 'brincadeira' toda. 

Quer realmente se manifestar 'contra a corrupção' (para além do discurso e do subjetivismo)? Eis a bandeira contundente: "REFORMA POLÍTICA, JÁ!" (e porque não?). 

Para encerrar e ‘pra não dizerem que eu não falei das flores’, penso que faltou a presidenta falar em Reforma da Mídia, Reforma do Judiciário, Reforma da Educação e Reforma Agrária. Aí sim estaremos falando em reais e coerentes transformações. 



* também publicado no jornal Folha do Bairro, 28/06



Leituras do Cotidiano - redução da maioridade penal?



A Redução da Maioridade Penal e a covardia adulta de cada dia...

Muitos dos que são a favor da redução da maioridade penal, são também favoráveis ao uso liberado de armas de fogo, assim como, muitos dos que são contra o aborto, são favoráveis a pena de morte. Contradição? Prefiro dizer: ‘incoerência’. Posições no mínimo suspeitas. Ignorância? Estupidez? Ingenuidade? Ou interesse ideológico? Pode ser tanto um quanto o outro, só não acredito na ingenuidade, neste caso. O que os favoráveis a redução da maioridade penal e ao uso livre de armas de fogo teriam a dizer daquele caso onde um pai imbecilmente levou sua filha junto e foi tirar satisfações com o dono de uma pizzaria (ambos adultos), acabaram se desentendendo e quem levou a pior foi a criança de 11 anos que morreu com um tiro na cabeça - pelo outro imbecil, que argumentou estar agindo em defesa própria? A estupidez adulta faz vítimas infantis.


O que a Redução da Maioridade Penal pode (ou vai) gerar?


Pode ou vai gerar uma ainda maior omissão do Estado e do mundo adulto para com as crianças e jovens, as principais e maiores vítimas dos seus excessos e descasos. Vai gerar a ‘transferência’ daquilo que seriam suas responsabilidades aos menores de idade que, se são infratores, é devido a esses descasos (e são muitos: intelectuais, culturais, familiares, básicos, humanos, existenciais, etc.). A redução não passa de uma ‘resposta’ medíocre para a satisfação ‘sádica’ de uma parte hipócrita da sociedade, infestada pela frustração de adultos reducionistas (que, com isso, irão se sentir apenas um pouco melhor, nas suas demências adulto-vingativas) - suas falhas e negligências sendo ‘compensadas’ pela punição daqueles que deveriam ser protegidos, respeitados e dignificados por essa sociedade. Se existem menores infratores, eles são o reflexo de infrações maiores que lhe são impostas como herança sociocultural: as ‘nossas’, adultos maios ou menos conscientes de seus papéis nessa ordem social, pois somos nós, adultos, os que têm maior força nesse modo de vida, constituído pelos nossos hábitos, vícios, covardias e modos. Uma sociedade que promove a disputa, a competição individualista, seus valores mesquinhos reproduzidos por um aparato publicitário, escolar, familiar, cultural, inculcados nas crianças que, abandonadas a toda sorte, irão penar para dançar conforme a música composta por nós e nossas ambições, e se não conseguirem adaptarem-se a isso, serão desclassificadas, julgadas, excluídas, marginalizadas e lançadas para fora da nossa festa, do nosso baile, da nossa dança macabra. O mundo adulto, geralmente, trata suas crianças, seus filhos, como objetos de seus desejos reprimidos, não saciados, das suas frustrações, e essas são herdeiras de uma cultura que não criaram, nem puderam opinar ou escolher. Portanto, eles, os menores são as vítimas primeiras do nosso modo seletivo de vida. E os moralistas, ordeiros, doentios por uma segurança que não existe, irão se deliciar vendo as vítimas das suas imbecilidades angustiarem por não serem como eles.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 27/06 



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Manifestações & manifestanças: entre máscaras, mascarados e mascaramentos...

Podem existir quatro rostos (mais identificáveis) por detrás de uma mesma máscara. O primeiro, de olhar utópico, astuto, poético, amplo, politizado, crítico, libertário, posicionado, com vistas para transformações. O segundo, de olhar privado, interesseiro, dogmático, doutrinador, reacionário, oportunista, ludibriador, usurpador, corruptor. O terceiro, de olhar medíocre, mesquinho, estagnado, formal, burocrata, despolitizado, cego.  O quarto e último, de olhar distante, alheio, indiferente. Ambos podem vestir ou vestem máscaras. E as máscaras se apresentam de várias formas. Algumas, inclusive, tem o formado do próprio rosto. Mas a máscara de que venho falar é uma que está muito em evidência atualmente, principalmente com as ondas de manifestações que sacodem o país. Trata-se da máscara de um personagem de um HQ de Alan Moore chamado “V de Vingança”, onde o personagem mascarado ficou popularmente conhecido como “V”, e o quadrinho acabou virando adaptação num filme de sucesso. Um grupo (?) que se intitula Anonymous tomou essa máscara como símbolo de seus recados e ações mundo afora. Porém, outros grupos (ou pessoas sem grupo algum) se apropriaram da mesma imagem, usando-a para variados fins e práticas. No entanto, no início dos anos de 1980, antes mesmo de toda essa movimentação de hakers e ativistas midiáticos, um teórico de pseudônimo Hakim Bey já havia escrito sobre a força e o poder informativo e organizacional da rede (ou seja, da internet, web e redes sociais, antes mesmo delas serem o que são hoje), dando deixas de seu uso em levantes e práticas afins, desconstrutoras de ordens reacionárias e deterministas.

Estamos no meio de um turbilhão de informações e forças opostas que em alguns aspectos ou momentos se atraem, formando um tornado onde tudo e nada se misturam. Aí surgem ataques, defesas, posições e/ou a falta delas sobre os mais variados aspectos, todos lutando por espaços onde possam por em prática suas formas de pensar – o que, de certo modo, Karl Marx chamou de relações de poder. Os conflitos, as contradições e as dialéticas cotidianas, transformadas em informação e comunicadas, alimentam a rede, e as ruas acabaram nos últimos anos, sendo palco da manifestação dos anseios humanos, sejam eles individuais ou grupais, com isso. E entre posições e imposições, o palco das manifestações acaba também sendo palco do espetáculo midiático e das confusões e convulsões da rua. Mas isso não é novidade alguma. Temos vários episódios históricos que assim se sucederam.

Os Zapatistas, sob a inspiração da figura ‘sem rosto’ do subcomandante Marcos, também tem seus rostos cobertos, onde, quando do incrível levante de 1994, quando questionados sobre isso, deram a resposta em coro com a frase: “Somos todos Zapata!”. Muitos anos antes do Zapatismo contemporâneo, o próprio Emiliano Zapata, confundia seus perseguidores reacionários trocando de papéis com seu irmão gêmeo. Assim podia, além de confundir seus inimigos, atuar em duas frentes ao mesmo tempo.


Símbolos são utilizados e feitos território ao longo da história. Peguemos como exemplo um dos símbolos da esquerda latino americana, a imagem de Chê Guevara. Imagem essa que foi apropriada ideologicamente para o ‘espetáculo’, por altas marcas e grifes do capitalismo. Algo semelhante acontece hoje com a máscara do ‘V’, só que, ao invés da bandeira de Guevara, temos a máscara, e ambos estão expostos nas vitrines do ‘capitalismo camaleão’, a venda. Esse sistema tem tanto poder e é tão dinâmico que se mescla, se funde, se amplia, se apropria e transforma símbolos, ideias e práticas, utilizando-se deles para sua própria manutenção. Como uma grande mãe que abraça todos os filhos do mundo (desde que esses não pertençam a ‘categoria’ dos marginais, dos indesejáveis: povos indígenas e caboclos - entre outros que ‘não consomem’ a maneira dos demais – os demais que também podem ser as chamadas ‘minorias’, mas que se enquadram no consumismo e espetáculo que o sistema dispõe). Indígenas, caboclos, afro-pagãos, malditos e marginais de toda a estirpe estão fora dessa ‘lógica consumista’ do capital territorializante e permissivo. Ser território, localização, é ser prato cheio para esse sistema, pois ele, sendo camaleão, quando não consegue adequar os diferentes e ‘inquietos’ a si, acaba se adequando a eles.

Julian Assange (mentor e principal nome do Wikileaks), hoje, talvez, o grande nome da informação livre mundial, pagou preço alto por resistir de ‘rosto limpo’ aos trâmites da jogatina midiática (e penso que deveria ter mais apoio dos ditos lutadores por um mundo livre). Hoje, Assange vive na dependência de apoios e correndo riscos, tendo que se privar de muita coisa para prosseguir na sua árdua forma e escolha de resistência. Talvez, se ele não tivesse rosto, a exemplo do Coringa (personagem de HQ do Batman: o cavaleiro das trevas, que também virou filme), pudesse atuar de outra forma e livre do policiamento dos ‘sistemas controladores’ mundiais. O Coringa, na sua simbologia, é um ‘agente do caos’, a carta do baralho que parece contraditória, mas que no fundo, contradiz, assim como um dos grandes pensadores modernos (que pensa para além da modernidade), F. W.  Nietzsche se auto percebe, sendo ele próprio, autor e ‘personagem’ na sua obra filosófica: “Não sou contraditório, sou contraditor”. Hakim Bey, também vai além da identificação, do território, da localização, assim como o Coringa e o grande ‘artista social’ contemporâneo, Banksy, que desconstrói paisagens com sua arte urbana, fazendo com que o olhar do transeunte sobre o sistema, a cidade e sua vida nela, vá além da estreiteza de uma visão acostumada e convencionada, obediente as velhas formas e modos de se perceber e viver em sociedade.



Acontece que, assim como o Estado capitalista dito democrático (caracterizado pelo iluminismo de cunho maçônico-protestante-liberal-burguês, intensificado pela Revolução Francesa e depois reformado pela social democracia) se apropria do discurso (e em certa medida, até de algumas práticas) da dita ‘esquerda socialista’, os símbolos de resistência também são vulneráveis a essa apropriação, e muitos deles passam (a exemplo do ‘discurso revolucionário’ de esquerda), a fazer parte do repertório da chamada ‘direita capitalista’, que predomina e reproduz a ordem social vigente.



Esse sistema é tão dinâmico e bem arquitetado que, ao tempo em que exclui, inclui. Ou seja, quando não consegue dar conta da exclusão, tem a possibilidade de incluir, e mesmo assim manter seu poder de mando ‘soberano’, e até a esquerda opositora desse sistema, acaba, quando conquista (ou ganha) algum poder institucional nele, utilizando-se das suas estruturas e modos, das suas facilidades e regras para poder se manter. Então amigos, a problemática é mais profunda do que se desenha no jogo ideológico por conquistas de espaço (ou território), e não basta a tomada de poder ou sua reformulação, é necessário pensar e ir além disso (para quem sabe um dia, estar), mexer com os valores, modos, concepções e formas de se pensar e fazer, e isso está para além da economia, da infraestrutura social. É preciso que se perceba e se desconstrua, em certa medida, a cultura humana, ou seja, a superestrutura precisa sentir também o abalo, pois transformar a economia apenas, se comprovou, não basta – presenciamos uma problemática sociocultural.



O subcomandante Marcos é ‘sub’ pois transfere ao coletivo o comando social, e seu rosto, sua identificação não é o elemento que vai torna-lo um zapatista. Com seu ‘rosto limpo’, portanto, identificado, ele passaria a ter uma marca, um território localizado, policiado, e assim, se tornaria presa fácil. Quando os zapatistas afastam a identificação de si, cobrindo o rosto, não sendo mais indivíduos fragmentados, passam a fazer parte de um todo maior (uma ‘causa’), e a partir disso, ter uma só voz, onde o ‘eu sou’ continua existindo, mas onde o ‘todos somos’, adquire outra proporção, e isso se justifica quando o zapatista por ‘não ter rosto’, indagado por um jornalista que lhe pergunta: “Mas quem é você?”, responde: “Somos todos Zapata!”.

Subtraio disso tudo, amigos, possibilidades e não certezas ou convicções – que fique claro! Prefiro, neste caso, assim pensar, consciente de que, a ‘confusão’ das máscaras, dos mascarados e dos mascaramentos, tem dois ou mais caminhos: um, o de gerar novos olhares, mais amplos ou irrestritos, não direcionados a uma localização ou território dado, mas, descaracterizado de ‘ser um em si mesmo - um eu’, em pró do conteúdo (onde todos tenham uma voz que compreenda a voz de cada um), o que poderá se ampliar em possíveis e reais mudanças; outro, o de confundir e apenas tornar tudo um grande espetáculo (e de certo modo, assim já não o é?). Os demais caminhos, como diz o poeta, ‘se fazem caminhando’.


obra de Banksy



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Chapecó no mapa das manifestações...

























Pelas ruas do Velho Oeste...

Pude presenciar o ato ‘Vem pra Rua Chapecó’ desta semana (além de acompanhar as várias manifestações pela internet e televisão), e com isso constatar algumas 'propostas concretas' e muita subjetividade nas manifestações. Alguns interesses privados, outros coletivos. Certa consciência política e a falta dela. Mas isso não significa que não tenha sido válido. Muito pelo contrário. Muita gente nova presente. Jovens, adolescentes, pré-adolescentes e até crianças manifestando, participando, com amigos ou junto das suas famílias (inclusive alunos/as e 'ex-alunos' meus - o que me traz certo orgulho e esperança). Mesmo não tendo muitas propostas concretas, em torno de 6.000 pessoas estiveram manifestando de formas variadas no centro de Xapecó. Independente de outras questões, esses manifestos que se espalharam pelo país servem, principalmente, de alerta aos 'velhos modos' que não funcionam mais (ou não tão bem). As instituições que já ‘acostumadas’ funcionam mecanicamente sendo contestadas, devido ao seu descrédito frente aos mais inquietos. É preciso que os movimentos e entidades sociais, políticas, etc., também admitam isso e passem a perceber as coisas de forma mais contemporânea. Jovens e crianças tem energia em potencial para mover as coisas, basta que lhes deem ouvidos, voz e vez, que aprendam suas linguagens, percebam seus anseios ou necessidades. De outro lado, o oportunismo midiático diz que o Brasil ou ‘o gigante acordou’. Não senhores, ele sempre esteve acordado, nos seus movimentos sociais, sindicatos combativos e grêmios estudantis, movimentos de gênero e afins. E a tecnologia, a internet, está aí para ser instrumento, ferramenta dessa nova perspectiva que se apresenta. Agora, que essas forças encontrem-se para além das diferenças - ou somem-se nas diferenças - e de forma ampla, firme, coerente, com postura, organizem-se nas suas mais variadas linguagens, expressões, para que tudo não se esvazie no desabafo, e continue tomando espaços e desconstruindo valores e modos, rumo a conquistas e mudanças socioculturais urgentes (além das econômicas). Neste sentido, para além do bem e do mal, é que teço minhas impressões.


Enquanto as manifestações enchem as ruas...

"Comissão de Direitos Humanos aprova autorização para 'cura gay'
Projeto de lei ainda deve passar por duas comissões na Câmara e Senado.
Na sessão, apenas dois militantes se manifestaram contra a aprovação" – e o Sr. Feliciano ri do espetáculo de horrores, amém! Seria uma boa hora para ocupar o congresso e pegar ‘alguns’ pelo pescoço.


“A direita adoraria estar em 1964 para dar um golpe e silenciar a indignação – da população nas ruas”. (Juremir Machado - com interferência minha)

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"O 'Gigante' despertou ou você é quem estava dormindo?"




















* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 20/06...



sexta-feira, 14 de junho de 2013

O professor deve provocar ESPANTO!



...sim, como diria Rubem Alves. Eis a ação do mestre, do filósofo, do professor, do provocador, do entusiasta, daquele que movimenta para além das formas, normas e convenções. E o que seria do mestre sem o entusiasmo? É preciso visualizar novas formas, modos, para então partir para uma prática que busque uma maior proximidade da realidade e dos contextos. A vida, antes de tudo, deve ser vivida para muito além da idealização. Uma ética que some o ser e estar com o ato de viver – e viver, é estar pensando, atuando, sentindo os momentos, as coisas, as situações, com certa consciência, instinto e intuição. O mestre nisso, tem papel fundamental, que é o de dar vida as palavras, as ideias, trazendo-as para junto de si e dos seus, fazendo-as dançar fora da música – e não conforme a música - fora da métrica, no contratempo das coisas: fora da ordem, mas dentro do contexto, pois, o contexto, neste sentido, é a própria vida manifestada no tempo. Nietzsche, anotou que ‘O problema da maior parte dos filósofos, é a falta de contexto histórico’. Então, separar o conhecimento, o pensamento, a ideia, da vida, é torná-la meramente existencial, ou seja, anular a dança caótica que a vida faz dentro do tempo. Portanto, o professor ou o pensador, deve, antes de tudo, causar ESPANTO. Não basta dizer, explicar, imprimir conteúdo. Nada disso é suficiente e importante se não houver caos, espanto. Quando se põe o pensamento na caoticidade da vida, as coisas mortas ou já confirmadas se transformam em novas possibilidades, rumo ao riso da vida...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 14/06

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Leituras do Cotidiano - 13/06
















Liberdade de expressão?

Com o mundo da informação e virtual a mil (al-facebook e afins), todos querem ter vez e voz. E isso é razoável, desde que se tenha pés firmes e coerência naquilo que se está dizendo, pois dizer por dizer, até papagaio o faz. Até para ‘pontos de vistas’ e/ou ‘opiniões’ é preciso certo ‘saber’ e/ou ‘conhecer’. O contrário disso, acaba geralmente, em reprodução, mesquinharia e mediocridade – eis o ‘perigo’. A dita ‘sociedade de livre expressão’ também é uma sociedade política e cheia de intenções e interesses ideológicos, sejam eles de grupos ou particulares. Enfim. “Liberdade de expressão não é discurso de ódio”. Só para constar...


Meu saco!

Não suporto mais (se é que suportei um dia), ouvir e ver falar em desenvolvimento econômico. Eita coisa chata! Como muitos, também acho os governos Lula-Dilma os mais descentes que o país já pôde ter, no andar troteado da nossa pobre história estadista e política. Porém, tudo está me soando ‘desenvolvimentista’ em relação ao discurso oficial-governamental. Penso que esteja na hora de avançar para outros campos mais emergentes, como a Reforma Agrária, mudanças na concessão e vínculos midiáticos, a reforma do judiciário e do ensino superior e investimentos sólidos e dignos na educação básica (mais ainda, reestruturação da educação como um todo) - e fazer uma limpa, começando pelas bancadas mafiosas no congresso: as ditas bancadas ‘ruralista’ e ‘cristã’. Sei que não é fácil lidar com questões onde ‘máfias’ estão armadas por trás, mas, o tempo passa, as pessoas morrem e minha ‘paciência histórica’ tem limite.

Entre ideias e práticas...

Faço dos meus estudos, ideias e escritas, práticas diárias. De nada valem certos 'conhecimentos' ou ideias, se não forem socializados com o mundo. É este sentido que, pelo menos tento dar ao meu trabalho, já que é com ideias, palavras e linguagens que me viro no mundo.


O sempre atual velho Buk...

"(...) Cuidado com os pregadores, cuidado com os sabedores. Cuidado com aqueles que estão sempre lendo livros. Cuidado com aqueles que detestam pobreza ou que são orgulhosos dela. Cuidado com aqueles que elogiam fácil, porque eles precisam de elogios de volta. Cuidado com aqueles que censuram fácil, eles têm medo daquilo que não conhecem. Cuidado com aqueles que procuram constantes multidões, eles não são nada sozinhos. Cuidado com o homem comum, com a mulher comum, cuidado com o amor deles. O amor deles é comum, procura o comum, mas há genialidade em seu ódio, há bastante genialidade em seu ódio para matar você, para matar qualquer um. Sem esperar solidão, sem entender solidão eles tentarão destruir qualquer coisa que seja diferente deles mesmos." (Charles Bukowski)



* também publicado no jornal Gazeta Chapecó, 13/06.



terça-feira, 11 de junho de 2013

Let's rock baby!



  • “Faça você mesmo!” – o punk rock chapecoense e suas produções

    Com a banda X-Meléka / Tribo Audaz - Herman G. Silvani (Niko),Giva Nilzen e Liza Bueno - tocando e contando um pouco da história do rock autoral chapecoense dos anos 90
    Presença confirmada de Giva (Nilzen), atual baterista dos RedTomatoes e Ruído/mm - Curitiba/PR
    Projeto de Claiton Marcio e Herman G. Silvani – pela UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul)

    Dia: 15/06, sábado
    no Teatro do SESC Chapecó

    Obs: (retirar os ingressos com uma hora de antecedência)


    Entrada franca.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Violência, religião e sexualidade...

Na história das civilizações, em fases de crise, sempre crescem as ideias xenofóbicas, e as práticas e crenças religiosas perdem sua conexão com as inquietudes filosóficas, transformando-se em pregações ideológicas, nas quais se tenta impor ‘verdades’ e condutas por meios egoístas, cruéis e irracionais.


O Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, segundo algumas estatísticas recentes. País onde deputados da dita ‘bancada cristã’ no Congresso Nacional lutam para barrar a legitimação do casamento ‘homoafetivo’. Ser contra ou a favor ao casamento gay é uma coisa (o que não seria problema, já que ter opinião, desde que seja sem ‘politicagem’ por trás, seria ‘normal’), mas, outra coisa, é o uso homofóbico, preconceituoso, ideológico e medíocre da palavra referente ao tema. O argumento mais esdrúxulo, e que não é mais do que um pretexto, é de que, com o casamento entre pessoas do mesmo sexo a humanidade corre riscos de desaparecer. Balela! (e antiga por sinal). Já ouvi alguns ‘religiosos’ dizendo que o casamento foi feito para assegurar a reprodução humana. Não seria tudo isso uma forma de segmentação humana? Regimes de cunho fascistas pensam assim e pregam ou discursam argumentos desse timbre. Então senhores, suas defesas que dão conta de um ‘purismo’ de gênero ou sexo, de um discurso em ‘defesa’ da família, da religião, da moral e dos ‘bons costumes’, me cheira e enxofre (ou pretexto) para algo que eu chamo de interesse, ideologia ou safadeza, e não somente crença como querem que se acredite. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 07/06



Para além das muralhas...













Banksy


"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia." (Leon Tolstói)

Já recebi duras e levianas críticas por escrever em jornais impressos, e, além disso, escrever da forma como escrevo, e mais ainda, pelo conteúdo ou abordagem das temáticas sobre as quais me arrisco. Também já fui (e ainda sou) criticado por meu modo de divulgar ‘minhas ideias’ e escritas (a autopromoção, não minha, mas das minhas ações – o que alguns confundem), no caso, um dos meus ofícios, o de cronista cotidiano. E ser cronista é ser provocador, problematizador. Para quem ainda não sabe, também ganho pra isso, e esse ganho me ajuda com os gastos mensais. Preciso viver, comer, beber, cantar, me divertir, e nesse sistema em que vivemos, o dinheiro é inevitável. Não que eu goste dele e ganhe muito, aliás, tenho até um pouco de alergia a dinheiro, tanto que, raramente tenho trocados comigo. Não me lembro da última vez que entrei num banco. Mas esse é um outro papo. Já dei boas respostas aos ‘críticos’ mesquinhos que se reduzem a isso, pois esse é o alcance das suas vozes. Hoje, ignoro mais do que respondo, pois, às vezes, o silêncio, o vazio, o nada, é a melhor resposta. Como a maioria, algumas vezes também já chutei as muralhas do castelo em vão. Arrebentei o pé, enquanto o imperador e a nobreza continuaram intactos. Aprendi com a prática e o risco que as muralhas são muito fortes, e atirar pedras de fora ou chutá-las são atos de automutilação. Foi então que resolvi procurar os furos, as brechas, as frestas e entrar. Pelo lado de dentro tudo é mais frágil, onde os órgãos vitais (valores e modo de produção) estão expostos, sem muralhas de proteção. Hoje consigo viver entre as muralhas, dando meus passeios internos e externos. Isso também acabou ampliando minha visão e meus conhecimentos da(s) estrutura(s). E o furo é o caminho por onde a luz entra. E é pelo furo que a brisa da liberdade (autonomia) também entra e sai, conforme sua necessidade. Portanto, eu divago, e isso incomoda muitos dos que não sabem dos caminhos, dos furos, das brechas, das frestas. Enfim, é necessário movimentar-se para além das demarcações territoriais, das muralhas. Toda a muralha tem suas brechas...  

“Uma grande civilização não é conquistada por fora... enquanto não tiver sido destruída por dentro” (do filme: ‘A queda do Império Romano’ – de Anthony Mann, 1964).


 *

ADAPTAÇÃO  (de verso popular)

Passarinho
Se eu fosse como tu
Parava de cantar

E virava urubu!


¨ também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 06/06