sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cansaço...

As pessoas que transitam eufóricas pela rua me cansam o olhar. Os doutos das academias que tratam o mundo como algo pequeno, me cansam a razão. As palavras vomitadas pelos telejornais me cansam a audição. Os discursos de ódio reproduzidos na rede social me cansam a humanidade. A corrida pelo ouro que é o pão que o diabo amassou, a corrida contra o outro, o status social, a disputa pessoal, tudo isso me cansa. Por isso é que vivo cansado, num cansaço só meu, que não é o mesmo cansaço de todo mundo. E o mundo cansa um dia. A natureza, vítima de tudo isso, anda bem cansada. Hora dessas, nos cospe para fora de seu planeta. Os jogos de poder nos bastidores da política oficial me cansam a dignidade. O choro da criança faminta me cansa o sentimento. O corpo malhado na academia sem conteúdo em cima e sem sensibilidade me cansa o movimento. A falta de bom senso, a intolerância, a mediocridade, tudo isso me cansa. E por tudo isso eu vivo cansado. Mas meu cansaço é um cansaço de cangaço. Cansaço de Lampião e Maria Bonita. Cansaço de Zapata e Vallejo que transformo em vontade de potência e força bélica. Meu cansaço tem gosto, odor e vibração. Vinho, vinagre e pimenta. Um cansaço que nutre e faz viver. Quando não morro deste cansaço, me fortaleço! (em analogia ao meu amigo bigodudo). Viver cansado, às vezes, tem sua poesia.



















* também publicado no jornal Folha do Bairro, 30/01.



Leituras do Cotidiano, 30/01

Sim, o brasileiro paga muito imposto! Mas você sabe o motivo?

"No Brasil, o rico paga menos imposto do que o pobre. Dos 513 Deputados Federais, 250 são grandes empresários, 160 são ruralistas donos de grandes fazendas, 60 são pastores e apenas 43 estão ligados aos trabalhadores."

Reformas urgentes!


'Guerra' ou 'combate às drogas', a maior falácia da história...

Desde que existe a humanidade, existem as drogas e o seu consumo. A questão é a 'forma' em que o consumo e o que existe em torno dele se dá, e não a 'droga' em si.


'Sertanejo Universitário' é 'Pop-Rock' com outro nome... ou vice-versa...

O chamado 'sertanejo universitário' não tem nada de 'sertão'. É um também chamado 'pop-rock', só que com outro nome. Ou é o 'pop-rock' um 'sertanejo universitário' disfarçado que não tem nada de 'sertão'? Nem de rock... Ambos com 'apelo romântico' e 'melódico'. 'Irmãos gêmeos' paridos pela mesma 'mãe': a 'Indústria Cultural'. É só ouvir bandas como Malta e similares e ouvir Luan's Santana's e/ou similares para perceber isso. Facinho!


Cansei de ser underground. Agora vou ser pop-star... em tudo...

Gravar discos e vídeo-clips com minhas bandas através de um produtor que nos fabrique e venda. Assim vou tocar nas FM's mais badaladas do sul do país e ter o tão desejado status. Vou escrever um livro de filosofia e algum romance para vender junto com os livros do Luiz Pondé e Stephenie Meyer em bancas de supermercados e virar best-seler. Vou comprar super-lentes e um super programa de computador para fotografar e manipular as imagens vendendo-as ao gosto publicitário, fotoshopado e plástico do mercado e dos olhos viciados midiaticamente. Vou largar o Kung Fu e montar uma academia que mistura artes marciais, vendendo a ideia de 'melhoramento' da arte marcial, discursando uma suposta 'defesa-pessoal' também para quem quiser. Mas também terá espaço para competidores. Daqui um pouco serei sócio da empresa UFC e de produtoras de filmes 'espetaculosos' do gênero. Muita musculação para ficar bombado. 'Fisiculturismo' será minha nova 'saúde', minha nova 'imagem'. Largarei das Crônicas para me dedicar ao horóscopo e as dicas de bem estar e auto-ajuda. Enfim... Ninguém mais me segura! Se a regra é competir, eis um competidor! Minha empresa já tem até nome: 'Fracassos S/A'. Sejam todos bem vindos a este novo 'Eu'!


"Ladrões e roubos estão referidos à consciência e à energia da pessoa, que são roubados pela natureza ou por outros seres através do esforço constante e excessivo que ela faz para atender aos interesses do seu ego". (Wu Jyh Cherng - mestre taoista comentando a partir do 'Tao Te Ching' de Lao Tse)


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Qual violência é pior?

Meu título de hoje é o refrão de uma canção da banda de rock Cólera. Banda punk que ouvia muito em meados dos anos 90 (e ainda ouço). Até quando ‘esta violência’ visível, televisionada, vulgarizada, banalizada, consumida e consumidora vai ser um dos grandes ‘alimentos’ do ‘espetáculo nosso de cada dia’? E qual violência é a pior? A física? A moral? Socioeconômica? Cultural/educacional? Psicológica? Na TV: ‘Menina de 4 anos é vítima de bala perdida! Agricultor é vítima de latrocínio! Surfista é vítima de policial!’ Etc., etc., etc. Tudo tem um fundo. Um começo. Mas não necessariamente um fim. No meio do tiroteio: Traficantes e Estado (polícia) fazem vítimas inocentes. ‘Combate às drogas?’. Piada? Hipocrisia? Ou burrice mesmo? Vale mesmo a pena? Porque se rouba, porque se mata? Simplesmente por opção? Maldade? Tudo é pessoal? E a sociedade, a cultura, o modo de vida, como ele é, tem uma ‘moral’ a altura para cobrar ou exigir ou falar em ‘paz’? Ou tem parte nessas ‘violências’? E nós, seres históricos, presentes, vivos, ‘o que somos’ ou ‘quem somos’ ou ‘onde estamos’ nisso? ‘Pessoas de bem’? Até quando e por quê? É o sangue? A raça? Religião? ‘A propriedade é um roubo!’, diria um velho utópico. (Obs: sujeito a ‘interpretações’): “Queremos, exigimos segurança em um modo de vida, em uma cultura, insegura”. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 25/01.



Leituras do Cotidiano, 25/01

Segurança? Quando? Onde? Pra quem?

'Segurança', palavrinha safada. Político fanfarrão adora ela, só ‘esquece’ de mencionar o detalhe: Segurança não se faz com a simples 'punição' ou de ‘arma na mão’. Segurança deste jeito, não passa de 'discurso' – e a ‘prevenção’? Uma cidade, uma sociedade, uma cultura que não oferece condições sócio-culturais e 'educacionais' descentes (espaços, projetos, fomentos, conteúdos, etc., como ‘prioridades’ e não mero ‘lazer’, ‘entretenimento’ e/ou ‘interesse’) aos seus habitantes (principalmente os mais vulneráveis, sócio-culturalmente e economicamente falando) tem este tipo de resultado: ‘Violências’ (no plural). Coerência com certa realidade 'desenvolvimentista' que concentra, elitiza, segmenta e não compreende o todo. Nosso 'avanço' é material e não humano (prioritariamente), resultado de uma 'cultura' medíocre, apelativa, que individualiza, segmenta e fragmenta, alimento do ‘espetáculo televisivo nosso de cada dia’. Eis a 'coerência' com a realidade. Por isso é que acontece o que acontece – para além do bem e do mal. Crescemos em materialidade, mas não em mentalidade (altos prédios, carros do ano, bens de consumo e confortos – olhe ao seu redor), mas, e 'artisticamente'? E 'intelectualmente'? Estes 'outros' crescimentos não acompanham o primeiro – eis o desequilíbrio. Não que não exista conteúdo, produção, meios e espaços. Mas, como eles são ocupados? E a questão 'pública'? E a 'educação'? O que é essencial de privatiza e é privativo, ou no mínimo, restrito. Como são ou andam as 'escolas'? Os espaços sócio-culturais? Onde a periferia é valorizada neste contexto? E as pessoas? Vejo carros, vejo vitrines e seus produtos. Vejo pessoas que se movem e se esbatem pelas ruas, correndo, atrás de que? Enfim... NINGUÉM ESTÁ SEGURO NUM MODO DE VIDA, NUMA CULTURA, NUM MUNDO INSEGURO - e o mundo é o que fazemos dele, conste.


Mais violência! Só que...

Em dois dias cinco inocentes assassinados pela polícia. Dentre estes, três crianças.


Spray de pimenta...
Governo Dilma veta correção da tabela de imposto de renda.

Só pra engrossar o caldo amargo da realidade.


Refletir...

"Nos tornaremos cada vez mais indiferentes quando alcançarmos um conhecimento suficiente da superficialidade e da futilidade dos pensamentos, da limitação dos conceitos, da pequenez dos sentimentos, da absurdez das opiniões e do número de erros na maioria das cabeças." (Arthur Schopenhauer)

"É muito fácil continuar a repetir as rotinas, fazer as coisas como têm sido feitas, como todo mundo faz. As rotinas e repetições têm um curioso efeito sobre o pensamento: elas o paralisam." (Rubem Alves)

"O Mestre disse: 'Sou fadado a, mesmo enquanto caminho na companhia de dois homens quaisquer, aprender com eles. Imito as qualidades de um; os defeitos do outro, corrijo-os em mim mesmo". (Confúcio)



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Fundamentalismo

“Deus está morto”. Frase chocante do filósofo moderno alemão Nietzsche, principalmente quando descontextualizada ou mal interpretada. Mas quem matou deus? O próprio homem monoteísta-moderno. Politeísmo (crença em mais de um deus) e humanismo (valor no homem) são duas características da Idade Antiga. Monoteísmo (crença em um deus único) e teocentrismo (deus como centro de tudo) são duas características da Idade Média. Chegamos a Modernidade. Aqui, no chamado ‘mundo moderno’, desde o Renascimento e com o Iluminismo, o humanismo retorna, mas se mantém a crença (ou ‘discurso’? - sob tudo ocidental) em um ‘deus único e absoluto’. O politeísmo no ocidente ficou na antiguidade. Hoje temos um mundo, em sua maioria, ‘monoteísta’ e ‘humanista’, onde se pensa, acredita e se prega ‘um só deus’ e se ‘valoriza’ o homem como ‘centro’ das atenções nesta ‘modernidade’. Eis o ‘sentido’ da frase ‘chocante’ inicial de Nietzsche. O ‘deus morto’ é o deus que perdeu muito da sua ‘importância’ na modernidade, onde a ‘ciência’ passa a dividir com este ‘deus’ a crença e confiança da maioria das pessoas. Segundo Nietzsche, ‘o homem construiu uma imagem de si muito superior do que ele consegue ser’, colocando deus como sua ‘imagem e semelhança’. E o homem monoteísta-moderno continua matando em nome de ‘seu deus’. Deus que ele próprio matou.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 16/01.






Leituras do Cotidiano, 16/01


FundamentalismoS

Poder, concepções e o 'espetáculo'...

'Liberdade de Expressão' é o mesmo que 'Excesso, Desrespeito ou Banalidade'? 
Até onde vai este conceito? Esta concepção? Esta 'liberdade'?

A palavra, a imagem, a linguagem tem poder e ecoam. A 'cultura jornalística' (leia-se Nietzsche) não é 'intocável', nem 'sagrada'.

* Concepções culturais e filosóficas 'asiáticas' (uma 'terceira via' para além do dualismo 'judaico-cristão X islã'):

"A cautela usada pelos Homens Sábios é uma demonstração da afetividade que dirigem para o mundo: eles são cautelosos porque temem as compreensões incorretas e o consequente sofrimento que seus gestos ou palavras possam causar no outro". (mestre Wu Jyh Cherng – comentando o Tao Te Ching)

"Não dispute, assim não haverá rivalidade". (Lao Tse)

Por fim, o velho e bom amigo bigodudo:

"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você". (Nietzsche)


Fundamentalismo religioso = Doutrina...

Cuidado com os pregadores!

(...) Aqueles que pregam Deus precisam de Deus, (...) Cuidado com os pregadores, cuidado com os sabedores. (...) Cuidado com aqueles que censuram fácil, eles têm medo daquilo que não conhecem. Cuidado com aqueles que procuram constantes multidões, eles não são nada sozinhos. (...) Sem esperar solidão, sem entender solidão eles tentarão destruir qualquer coisa que seja diferente deles mesmos.
(Charles Bukowski)

* mas também, cuidado com o 'espetáculo', sensacionalismo, moralismo, mediocridade dos meios de 'comunicação' de massa.


Somos todos... (?)

2.000 mortos, a maioria crianças, mulheres e idosos em ataque fundamentalista religioso em Baga, Nigéria, África. Será que 'líderes' mundiais irão prestar sua solidariedade e apoio àquele país? Será que civis aqui pelo ocidente sairão pelas ruas manifestando? Será que o Fantástico ou outro programa de TV fará uma cobertura gigantesca em torno disso, assim como, a grande mídia insistirá neste fato, apelando pela ‘comoção’ dos espectadores?


 * também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Conto...

Acordo no meio da noite. TV ligada, imagem chamuscada e o chiado estridente e incomodativo. O azedo da cerveja que cheira grudenta esparramada no chão da sala. Entre copos e garrafas eu e meu gato deitado sobre meu cadáver, pois pareço um. A apresentadora do jornal da madrugada tem peitos fartos e um olhar provocador, mas não entendo nada quando ela fala. Aliás, quando ela fala nada me interessa. É sempre a mesma porcaria de sempre. Deveria ter deixado o volume da maldita TV baixo. Desligo a TV com uma garrafada que estoura bem no meio da testa da apresentadora peituda. Adeus TV! O gato sorri e mia. O cheiro azedo da cerveja grudenta esparramada no chão da sala me entorpece ainda mais enquanto baratas e formigas fazem a festa. Minha cabeça é um alto falante em 500.000 decibéis de potência. Penso nisso, mas nem sei que porra significa. Só ouvi falar. O gato se esfrega em mim. Jogo o bichano pra longe. Apago. Acordo novamente, agora com o ruído dos vizinhos de cima transando sua transa matinal. Tento levantar ou gritar. Sem chance. Vejo com o canto do olho o gato caçando um rato. O velho prédio está em festa e minha cabeça prestes a estourar. Sou uma bomba atômica que quer matar o mundo todo. Mas não consigo. Lentamente perco a visão ouvindo os vizinhos na sua festinha. Apago novamente. Sonho esperando acordar noutra realidade. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 09/01.



Leituras do Cotidiano, 09/01


Pensar, um ato de coragem

Chegamos. 2015 está aí. Agora é recomeçar. Melhor, continuar, pois ‘o tempo não para’, já cantava Cazuza. E o futuro? ‘O futuro é um espelho quebrado’, como é no mote visual do seriado Black Mirror (Espelho Negro) – indico! E eu lendo. E eu assistindo. E eu ouvindo. E eu escrevendo. Sempre! Maldita (ou bendita) sina! Ao tempo em que navego por estas águas às vezes inóspitas do mundo virtual, leio uma entrevista muito interessante com o filósofo italiano e contemporâneo Georgio Agamben, cujo título é ‘O pensamento como coragem’. Título, no mínimo instigante. Pensar no contemporâneo é ter coragem? ‘Pensar por si só e sem negar as referências ou inspirações’. ‘Quem pensa por si só é livre’, já diria um grande pensador. Mas o que é pensar por si só? Talvez seja, justamente, pensar admitindo e/ou, no mínimo, não negando as referências. De onde vêm meus pensamentos? Das coisas do mundo, percepções e leituras. Das experiências do eu com o outro e com o meio, eu diria. Num mundo onde a tecnologia faz parte significativa do serviço humano, diluindo às vezes o raciocínio e acovardando o pensamento, pensar torna-se um ato de coragem, ainda mais se acrescentarmos o ‘por si só’ neste ato. Quando meus alunos de filosofia perguntam: ‘Professor, o que é filosofia?’, respondo resumidamente que ‘Filosofia é o exercício ou a prática do pensamento’ (uma concepção que desenvolvi com os alunos a partir das referências e discussões). Os anos passam, os calendários envelhecem, assim como as paredes onde eles são pendurados, as roupas, as casas, as pessoas, os pátios, os pensamentos. Mas alguns pensamentos nunca envelhecem. Outros, facilmente, e até morrem. Agamben atirou bem. Para pensar, é preciso coragem. Para viver, também. ‘Penso, logo vivo’. Existir é bem mais fácil e independe da coragem (viu Descartes?!). Eu vivo, eu penso, eu resisto, entre natureza e cultura, sem negar uma ou outra, sem submeter uma à outra. Entre razão, instinto e intuição, se vive no caminho daquilo que o pensamento oriental muito valoriza e chama de ‘equilíbrio’. Referente a isso, novamente Nietzsche vem e nos diz:O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem: uma corda por cima do abismo’. Outro mestre do pensamento moderno, o físico Albert Einstein, por sua vez disse: ‘Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio’. Ambos, Nietzsche e Einstein, estão entre os grandes e corajosos pensadores ‘atemporais’, pois suas palavras, seus pensamentos, ultrapassam períodos, contextos, escolas e ideologias. Eis duas das boas referências a que me refeira anteriormente. Dois encorajadores do pensamento. E é nisso, nesta coragem que reside todo o pensamento vigoroso que sugere mais vida, para além da mera existência das coisas utilitárias.


Melhores (ou piores) do ano (novo)...

"Humorista 2015! Kátia Abreu, nova ministra da Agricultura: ‘Foram os índios que saíram da floresta e passaram a descer nas áreas de produção'.” (Juremir Machado)

Mais uma pérola da dita cuja: 'Não existe latifúndio no Brasil'. Só pode que a nova ministra da agricultura mora em Cuba.




* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Nova-mente...

O velho precede o novo. Nada vem do nada. Tudo vem do tudo. No mundo existe um movimento constante onde um tempo precede o outro, em que o Caos foi – ou é – o gerador inicial. A não forma que forma e depois deforma novamente para formar de novo. Assim é que o calendário organizado dá a sensação de que algo novo acontece de tempo em tempo. O tempo marcado, mapeado e constituído em organização simbólica. Mas o tempo não passa, nós é que passamos por ele. O tempo é eterno como é eterna a vida em movimento. Vida parada é morte. E a morte é sem tempo. Ela acontece independente da vontade e da razão. Assim como o tempo. Parecem extremos que se juntam para mostrar que tudo tem sua validade. Como diria o velho pensador: “Tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Karl Marx, o pai da teoria comunista, o grande sociólogo materialista da história, um precursor do que muitos chamam ‘pós-modernidade’, mesmo outros torcendo o nariz pra isso. Só retornar a frase de Marx citada anteriormente, refletir sobre ela e perceber a relação com o ‘pós-moderno’. Mas o pós é aquilo que ainda não veio, não é? Eis mais uma ‘charada’ do tempo. Enfim. Desejo que esta continuidade traga possibilidades para nós que, ocupamos o tempo com alegria criativa e perseverança de caminhar, pois o caminho só existe por causa dos passos. Saúde e continuação!


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 02/01/2015.