Amigos!
A problemática em questão, não é se 'tudo se torna espetáculo na mídia ou não', a questão é a forma em que se dá a 'divisão' desses espaços. Existe nisso, nessa 'divisão' (ou na falta dela), sobre o pretexto do discurso democrático, de livre manifestação, uma espécie de 'ditadura' midiática, publicitária e espetacular acima desses espaços, sendo que, todos os espaços de mídia, para serem 'legais', tem a concessão do Estado, no intuíto (ou discurso) de que 'arte, cultura e informação', são bens e direitos de TODOS os cidadãos por igual. E o que estou fazendo com essas 'manifestações' crônicas e/ou críticas escritas aqui, disso que considero 'modas' e/ou 'espetáculos' midiáticos promovidos pela indústria cultural e sua publicidade a serviço de corporações privadas de poder econômico, é simplesmente questionar e me posicionar frente a isso. Então aos meus discordantes mais 'indignados' ou 'apaixonados', lhes pergunto (e nem precisam responder): Onde estão as apresentações, os espaços das variadas manifestações artísticas, políticas, filosóficas e culturais na programação da TV aberta, no rádio, nas revistas e jornais escritos? Onde está a poesia, o teatro, a música autoral e independente, os embates filosóficos-ideológicos e políticos conceituais e teóricos (além do mero discurso do convencimento) nesses espaços ditos 'democráticos' e/ou abertos? Porque, já que a questão é essa, o MMA/UFC está diariamente sendo bombardeado nas mídias oficiais enquanto a Capoeira ou o Kung-Fu, por exemplo, nem se cogita e até, às vezes, acaba virando 'mitologia' no pensamento coletivo? Vemos por acaso um trecho que seja do show The Wall de Roger Waters na televisão aberta? Agora mesmo está passando Michel Teló e algum ídolo do dito sertanejo universitário. Se ligar o rádio, também ouvierei seus afins tocando massivamente. Se voltar a ligar a TV, lá estará o MMA, o BBB, os eleitos do 'espetáculo' que se promove 'popular', e assim por diante. Onde estão as sinfonias, a moda de viola caipira, os espetáculos teatrais, as rodas de capoeira, o skate, o cinema-arte, etc... etc... etc... E não venham me dizer que faltam opções atrativas ou tipos e variedades de manifestações sócio-culturais por aí para ocupar os espaços da grande mídia. Então, porque 'nós', de bocas abertas e tão contidos, aceitamos tudo isso, assim, tão facilmente? No mínimo, somos cúmplices desse 'espetáculo' ditatório. Ou nos convenceram com o discurso, de que tudo isso é 'natural' e faz parte de uma suposta 'normalidade', ou somos covardes e/ou bestas demais para termos a ousadia de dizer: NÃO! - ou no mínimo: 'não é bem assim!'. Enfim, a questão vai muito além da idéia simplista do ataque pelo ataque, da provocação pela provocação, da crítica pela crítica. Estamos em 'guerra' cotidiana, e os espaços que não deveriam ter 'donos' e ser caminhos, alternativas para uma expansão humana e/ou das suas manifestações (leia-se linguagens e comunicação), são como territórios onde se estabelecem relações de poder. Da minha parte e de muitos outros que como eu tem essa análise sócio-histórica da realidade, tento não cair em discursos massificadores, formadores de opinião e luto para a 'desterritorialização' desses espaços 'presos' e/ou 'confinados, policiados, vigiados', usando das armas que disponho: 'a palavra, algumas linguagens, a criação e a contestação'. Portando 'amigos', espero que, pelo menos tentem compreender, e não caiam na reprodução vulgarizada e medíocre daquilo que se acomoda como 'naturalidade', tão presente no discurso midiático de poderes 'obscuros' que estão por trás dessas 'verdades' incontestáveis. Me posiciono dessa forma porque sei que 'não ter posição, também é uma tomada de posição'. Enfim. Como diria o poeta: "A única coisa que justifica construir uma parede, é derrubá-la algum dia."
Abraços & saúde!
O CAOS NUNCA MORREU!
hgs.