domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ela...

Fixou seus braços em volta do meu pescoço. Naquela manhã, andávamos descalços sobre as folhas secas da rua. Folhas de plátano. Era outono e o sol estava ameno. Juntos pra cima e pra baixo, como se fossemos uma pessoa só. Ninguém nos via, ninguém nos notava. Um cão sempre ao lado, vagabundo, livre das correntes e grades - e de algum dono indesejável. Os cães nos notavam. Os cães nos cheiravam abanando seus rabos. A rua deserta. O vento soprava nossas faces e os pássaros cantavam distantes. Conversávamos baixinho assuntos engraçados. Os risos é que eram altos. Ríamos muito! De tudo. Um dia, no final da tarde, fomos ao parque ver a revoada dos pássaros, que em bando, enchiam as árvores ao escurecer. Expliquei que era assim que se protegiam dos predadores à noite e que, aquele evento sempre acontecia quando os pássaros se recolhiam para ir dormir. Ela ficou por alguns minutos em silêncio, pensativa, descansando seu olhar nas árvores tomadas pelos pássaros. No fim, lentamente abriu um sorriso de satisfação. Algumas pessoas andavam rapidamente em direção as suas casas, seus apartamentos, saindo do trabalho ou voltando de alguma compra no comércio central da cidade. Ônibus cheios passavam pelas ruas. Transito intenso, buzinas e faróis, pessoas estressadas, algumas até calmas, mas todas sobreviventes no final do dia. Eu e ela, alheios, como criaturas paralelas de um mundo paralelo, nos olhávamos e sorríamos, sem precisar de palavra alguma para nos comunicar. Sabíamos, os dois, que tudo aquilo não pertencia ao nosso mundo. Nem a correria, nem o estresse. Estávamos além disso tudo. Felizes com o pouco que tínhamos. Não necessitávamos de tanto, por isso, optávamos pelo pouco, pelas coisas ínfimas e cotidianas, invisíveis para os olhos de toda a ambição, assim como nós. E como era bom ser invisível. Só nos via quem admirava nosso modo de vida, ou, como nós, vivia por isso, com isso. Numa noite, a tempestade veio e com ela trouxe o pesadelo. Nós que sempre amamos a chuva e o vento, dormíamos num leito fraternal em nossa casa enigmática, longe das chagas corruptíveis do homem burocrático. O pesadelo foi acordar na madrugada e não tê-la ao meu lado. Minha filha que nunca existiu.


Sobre linguagem...

Preto no branco. Vamos nós. Muitas pessoas tem medo do que não conseguem compreender direito. Não admitem a linguagem criativa, livre, experimental, poética, divertida e sonora. Querem tudo muito bem explicado, claro, objetivo, lúcido. Por quê? O que vem pela televisão vem pronto, acabado, sem possibilidades de interpretação, e a mente das pessoas fica assim, viciada em só digerir. Aromas e sabores se perdem na velocidade ditada pelo mundo contemporâneo. É preciso correr, competir e chegar na frente. A burocracia é mais assimilada do que a poética. Assim a linguagem agoniza. Ano passado dei aulas de literatura, redação e linguagem em cursos pré-ENEM e pré-vestibular e peguei certa experiência nisso.
 Este ano vi pela televisão a quantia de estudantes que foram mal na prova do ENEM, em linguagem (não foi culpa minha, eu juro!). Pois é. A falta de ousadia e estudo das linguagens faz com que isso seja uma realidade no Brasil. A indústria da cultura empacota e reduz as possibilidades de se construir ou perceber as linguagens. As crianças perdem o poder da fabulação ao se adequarem obrigatoriamente no mundo formal, geralmente adulto e televisivo. Assim a criatividade humana é castrada, censurada, encurralada, ferida, senão morta. E isso, deságua na linguagem. Aprende-se o dito ‘falar correto’, ‘escrever correto’, ‘pensar correto’. Um grande erro! É preciso relativizar isso, pois a língua não é absoluta. Pelo contrário, ela se adapta, se transforma, sofre mutação conforme a necessidade do falo, do dizer, dependendo do lugar e motivo e intenção do que se queira comunicar. Atualmente, escrever de forma criativa parece que se tornou mero entretenimento. A escrita formal típica do mundo burocrata, cartesiano-aristotélico, prevalece. Mas não em literatura. Não em poesia ou música. É preciso motivar as novas gerações para o uso de uma linguagem mais livre, aberta, criativa, para que a palavra não sobreviva apenas na formalidade.
Antes de tudo, trabalho para que nos meus textos por aqui, apesar de caótica, aconteça uma linguagem ‘inclusiva’, literária ou não, em prol de uma causa que não é perdida, porque como diz o gaudério: “Não tá morto quem peleia!”


Meus olhos vêem o mundo...

















Interior 






















Água morta






















Fonte 

















A venda

















Cliente






















Pés no passado


fotos by Herman G. Silvani

Um velho que anda

Saio de casa armado até os dentes. Atento, olho com todos os meus olhos para todos os lados. Estão querendo meu sangue e minha carne. Meu suor eles já tem. Tiro dos bolsos todas as minhas armas que são flores secas, chaveiros antigos e outros objetos de corte. Tenho fama de mau. Minha única fama. Mas ninguém tem medo de mim, só dos meus sonhos. Represento um perigo antepassado. Trago o cansaço dos anos nas rugas do meu rosto e a vontade de luta em brilhos de fogo que saltam das minhas mãos. Estive em guerras e batalhas e outras lutas improváveis. Venci quase todas. Quase! Fui beato em Contestado e Canudos, Capitão em Farrapos, Sepé nas Missões e um sem nome nas ruas. Envelheço na luta, nem sei mais qual, mas alguma que ainda tenha sentido. Tenho meus pés que sustentam a caminhada, cheiro de chuva na terra, beijo de humanidade em noites frias. Tudo isso ainda existe, acredite! Não é imaginação, não. É isso e muito mais! Ando pela Fernando Machado entre roncos e fumaça, pisando em asfalto depredado de tanto caminhão. Caio na vala ao lado e descanso por algumas horas ali mesmo. Quando retorno, retorno outro. Sempre outro. Nunca o mesmo. Não gosto de me repetir. O trago que bebo agora tem o aroma da noite e o sabor de uma canção mas velha do que eu. Nas falhas do Velho Oeste eu existo sem fins lucrativos. Ninguém me paga e ninguém me vê. Mas todos, no fundo, são como eu, forasteiros andantes sem residência fixa.
Eu prossigo sempre alegre e cantante. Escrevo alguns versos inúteis para a bela que passa. Nunca serão lidos nem publicados. Nunca serão. Versos, apenas versos. Versos pro mundo. Uma garotinha alegre me oferece uma bala. Fico feliz. Ela sorri e eu retribuo. Depois não contenho uma lágrima rebelde que me escapa. Pura felicidade. A garotinha é de verdade e a bala é doce, como ela. Sou um velho e já fui criança, acreditem! Não me chamem de senil, nem de melhor ou pior ou terceira idade. Nada disso! Aliás, não me chamem de nada. Quero ser esquecido. Se baterem na porta gritarei: “Não estou em casa!”.
            Já sei! Farei como o velho Tolstoi. Hoje, vestirei minha armadura de paz e fugirei de casa.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Justiça seja feita!

Se tem algo que me chateia e me irrita profundamente é sentir ou ver injustiças. Aqui na cidade da construção civil e do desfile de carros importados (e essa já foi a cidade das rosas, acreditem!), a injustiça predomina em alguns ou vários aspectos. O mundo é injusto às vezes, eu sei, mas sentir a injustiça de longe é uma coisa, de perto, é outra. Quando tudo parece estar devidamente no seu lugar, desconfie! Quando tudo parece muito tranqüilo, certinho, limpo, controlado, algo cheira mal. A arte e a cultura, as expressões humanas além da formalidade dos dias úteis estão confinadas em espaços coordenados, territórios monitorados, controlados, policiados. A manifestação artística e cultural, espontânea e necessária dos que produzem parece que silenciou por aqui. Está tudo muito cuidado, localizado, óbvio. E a ressonância, o balanço, o movimento? Estava junto com alguns amigos em um bar novo da cidade, um dos poucos que proporciona ver e ouvir bandas autorais e/ou menos comerciais, curtindo um blues tocado por uma banda de Florianópolis (muito boa por sinal!). Som baixinho dava pra conversar numa boa e tal, quando chega a polícia dizendo pra parar o som porque haviam ligado reclamando. A maior reclamação era por causa das pessoas na rua. Sábado, dia de relaxar o stress do dia a dia, barzinho, música, pessoas se encontrando e conversando, tudo muito ‘normal’. Minutos antes, havia passado pela avenida e muitas pessoas caminhavam, conversavam, muitos carros: tampão aberto, som alto, cerveja na mão, alguns cantavam pneu, etc. Será que disso ninguém reclama? Fila na frente de casas de show badaladas, sertanejo universitário bombando, evento de grande porte em céu aberto acontecendo encostado em bairros da cidade e ninguém reclama? Por que o barzinho tranquilinho e tal é o grande vilão? “Será que ainda existe a exclusão dos ‘indesejáveis’ por aqui?” O pior foi ouvir de uma menina do litoral e não poder argumentar o contrário: “Não conhecia a noite da cidade, achei que tinha mais diversidade pelo tamanho e aparência do lugar. Fazia tempo que não via isso, da polícia vir querer parar a festa por causa de ligações. A poucos metros daqui tem muito barulho, porque justamente aqui? Estranho!” Pois é, estranho mesmo. Não acham? Isso talvez explique porque às vezes me sinto um forasteiro na minha própria cidade.


mais coisas & personas da minha laia... um tira gosto!

Rodrigo violêro PV, Miguelito (amigo e proprietário do Espaço Cultural e café Brasiliano), o poeta, amigo e companheiro de atos poéticos  Marcos Schu, e de canto, Liza: em noite de poesia e algum vinho...


eu (diretor de fotografia/operador de câmera) e Zé Boita-tá (produtor e iluminador) produzindo nosso filme que ainda não saiu: em breve em todos os cinemas do Brasil e nas 'melhores' locadoras... Hollywood vai ficar na saudade...



eu e Yusanã (o diretor e gaitêro)... 




eu, Liza & Teckila, nossa companheira de todos os dias...



eu, Jojoca, a cu-madre atriz teatreira e contadora de 'estórias' & Liza, na noite...


eu, Liza e Gabi, amiga das antigas, do tempo dos Ramones.. no histórico e extinto TNT, bar do Fano.. noite de rock, tragos & estragos...


eu, Rodrigo PV violêro & Mano, o professor terrorista poético & literário mais impiedoso do Velho Oeste, em dia de poesia...


* Algumas degustações:



Tarkowski, Zang Yimou, Tornatore, entre outros...

Ofício

A profissão ingrata é aquela que dá trabalho, pouca renda e quase nenhum status. Tirando o xarope mago do Paulo Coelho, acho que a maioria dos escritores brasileiros não chega a ser pop. Alguns até vendem, até sobrevivem das suas escrituras, mas o trabalho é árduo. Talvez seja tranqüilo para aqueles que escrevem sob encomenda, ou vendam livros mal-acabados de porta em porta. Mas para aquele que se propõe a escrever artisticamente, trabalhando uma linguagem, fazendo sua voz própria ressonar, é sofrido. Não fosse a diversão e a necessidade que o ato de escrever traz em si, seria trágico. Mas isso pouco importa. O que importa é o valor nutritivo do rabanete, pelo menos para as nutricionistas. Assim como, o que importa aos jogadores de futebol é a bola, além do salário, é claro. Aliás, no Brasil e/ou no mundo ocidental, geralmente, futebol profissional é uma profissão e tanto - para os eleitos eu diria. Tem tanto talento jogando peladas em campos de terra ou quintais por aí e só alguns são promovidos. Mas isso já é outro papo para outro momento, quem sabe! Jogar futebol, assim como escrever, pode render bons frutos, coloridos e saborosos, porém, pode render também tomates estragados na testa. Sim, tomates, vermelhos e em decomposição. Alguns artistas, principalmente os iniciantes ou amadores, são peritos em tomates estragados na testa. Eu, no papel de cronista, também estou sujeito a isso. É um risco que todo o ousado (ou louco?) corre, assim como um amador e todos os outros que não são santificados pela mídia. Às vezes eu digo aos meus alunos que já fui capa de revista, principalmente a algumas alunas (as estereotipadas). Algumas riem e duvidam, outras incrivelmente acreditam. E antes que a coisa fique muito séria, reitero: “Globo Rural!”. As mais espertas riem ou fazem: “Ãaaaaaaaaaaa!”, enquanto as mais ingênuas continuam acreditando. Sabe que não seria mau negócio? Se pagarem bem! Vou entrar em contato, quem sabe...

Mas um escritor tem o que merece. Tipo... “Ei, o que você faz?” “Sou poeta!”, “Não, não, trabalha no quê?!” “Escrevo poesias.” “Além disso...” E o escritor, tadinho, desiste de tentar explicar. Tem que agüentar, quem mandou ser metido!

Manifestações e manifestações...

A. Manifestação de um egípcio na minha cabeça: ‘Sai Murabak! Sai! Já ficou muito tempo no governo, abre pra outro agora! Cansamos da tua cara de bunda, do teu semblante arrogante... ’. Mas Murabak não quer ir embora, quer ficar pra múmia. Acho que ele pensa que é faraó ou descende de um.

B. Manifestação de um corintiano na minha cabeça: ‘Sai Ronaldo! Sai! Já jogou muito. Já fez até fiasco flagrado com travestis em motel. Pegou eles (ou elas), ou foram eles que te pegaram? Engordou muito e agora não joga nada pros seus mais de um milhão de reais por mês... ’ Mas Ronaldo não quer ir embora, quer ficar pra fenômeno, graças ao Galvão Bueno (que não cala a boca) e a Rede Globo. Acho que ele pensa que é um deus ou descende de um.

Duas questões antagônicas devido aos motivos das manifestações que são totalmente diferentes. No Egito, o povo cansado de 30 anos de um mesmo governo enquanto o Egito passa por sérios problemas sociais. No Brasil, torcedores estúpidos e frustrados com seu time vandalizam ônibus, vitrines, placas de trânsito, pessoas. Tudo pela derrota do ‘Timão’ (timão? Onde?). E neste caso dou minha razão pra polícia: ‘Bala de borracha neles, já que o troço é porrada!’ No Egito, a situação tentando manter Murabak no poder para que ele fique pra múmia. E a oposição cai de pau: ‘Pau neles oposição, já que o negócio é Revolução!’ No Brasil el pueblo se manifesta violentamente ‘por merda’, devido à ignorância de torcedores que são assalariados, fanáticos e bestas, enquanto seus jogadores preferidos nadam no dinheiro e acabam ainda não jogando nada. ‘Bem feito! Tem que sofrer e se frustrar mesmo!’ Garanto que se fosse para manifestar algo de vulto não o fariam. Melhorar o país e suas minimalistas condições humanas não é tão importante quanto o futebol. Então tá! Muitos tem o que merecem! No Egito a coisa é diferente, bem diferente! E enquanto Israel declara apoio ao Murabak candidato a múmia, os EUA que também apóiam o presidente opressor devido as suas relações de camaradagem econômica, faz corpo mole e só não manda exército para aniquilar os manifestantes porque pega mal fazer isso hoje em dia. Que pena que é assim Brasil! E viva a coragem do povo egípcio!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E por falar em História.. a Arte também é um ato!


Certa vez, no programa César Souza..

¨ Fundamental: primeiro, pra quem não conhece, percebam quem foi GG Allin:

Imaginem um cantor que perambulava pelas cidades dos Estados Unidos feito um mendigo, maltrapilho e drogado. Seus shows, realizados da forma mais precária possível, tinham propaganda boca a boca e acabavam em menos de dez minutos. A razão? Num mundo onde G.G. Allin vivia, Marilyn Manson ou mesmo o velho Ozzy, seriam apresentadores de programa infantil na TV Globo. Para aumentar minha surpresa, também descobri que não faço parte de um pequeno grupo. Até mesmo dentro da comunidade “roqueira” pouca gente ouviu falar nele. Os que conhecem, preferem ignorar, tamanho seu extremismo e obscenidade.

No final de sua carreira, Allin era o completo porralouca. Adentrava o palco nu, completamente drogado e/ou alcoolizado. Como de costume, defecava no palco, ingeria parte das fezes e arremessava o restante contra a platéia. Não satisfeito, se arrebentava todo durante a apresentação. Automutilação era algo corriqueiro. Pedaços de madeira, instrumentos e até o próprio microfone, que não raro era introduzido no ânus do cantor, eram utilizados numa pancadaria fenomenal. A polícia era chamada para acalmar os ânimos e levava Allin pro xadrez.

Outro aspecto interessante das lendárias apresentações era a relação do músico com a platéia. O público também participava e geralmente saia no braço com ele. Em outros momentos, costumava apontar aleatoriamente um indivíduo e incitava uma agressão generalizada contra o infeliz.

Por outro lado, G.G. Allin foi o maior exemplo da verdadeira atitude punk. Ele era o que queria ser, não importando a opinião dos outros. O modo niilista como levava a vida suscitou várias dúvidas quanto a sua sanidade mental. O mundo não estava pronto para alguém como ele, que certamente é um nome forte na lista negra da música nos anos 90. Não que fosse muito barulho por nada. Afinal, ligar o rádio e escutar músicas do calibre de I Wanna Fuck Myself, Hard Candy Cock, I Wanna Piss On You e Kill Thy Father, Rape Thy Mother não era nada instrutivo.

A jornada apocalíptica de Allin terminou no dia 28 de junho de 1993, quando após um show, saiu correndo pelado pelas ruas de Nova York. Chegando na casa de um amigo, deu continuidade ao que mais tarde seria diagnosticado como uma overdose de heroína. Durante seu enterro, G.G. Allin que trajava uma jaqueta com a expressão “Fuck Me” gravada, teve seu caixão usado como cinzeiro pelos amigos e fãs. Isso é o que se pode chamar de final punk.

* Esta matéria foi originalmente publicada na coluna Vitrolaz do Whiplash! por Bruno Cahu.

¨ Agora, vejam o que uma laia de estudantes de História fez:


...& até onde chega o moralismo no discurso de programas televisivos.. alguns repórteres-apresentadores, deveriam pesquisar antes de reafirmar algo que não conhecem... hehe!!

AS & TP! na veia!
 
@delante!
 
 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Complemento: o 'furo' é mais acima...

¨se dependesse desse nosso 'modo de vida' de caráter e moral judaico-cristã, as etnias 'da terra' já não existiriam..
e a História é isso, ouve e, de certo modo, dá voz aqueles que as ideologias predominantes ignoram..
nisso, quem é quem neste 'jogo'? e de que lado se joga?
e antes que venham os pretextos:

"A falta de posição, já é uma tomada de posição"


"Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação.
Porque sua consciência é o que você é,
e sua reputação é o que os outros pensam de você,
e o que os outros pensam, é problema deles."

(Robert Nesta Marley)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O que um pretendente a filósofo fantasia entre quatro paredes?

...ou, da ignorância justificada 


Um ‘alguém’ volta a ‘jogar merda no ventilador’ através de um texto típico de um traumatizado jovem blogueiro contemporâneo, desta vez tentando diminuir a História ao tamanho da sua consciência histórica – que se apresenta diminuta - através de falácias e de uma retórica medíocre num discurso que mescla pseudo-conhecimento com o mais usual senso comum, vulgarizando e banalizando assim a linguagem de cunho literária que acredita saber fazer uso. Vou chamar este ‘alguém’ de ‘Carinhoso’ (referenciando-o ao seu blog, numa alegoria ao desenho ‘Ursinhos Carinhosos’, pois toda a sua fundamentação ‘radicalista’ parte dessa alegoria que aparenta, mas não é).

 

No mais recente texto no seu blog, Carinhoso reclama que a História não o salvou dos sofrimentos e chagas do mundo servil do trabalho...

 

Desculpe chamá-lo para a realidade Carinhoso, mas a História não é um ‘exército da salvação’ nem um filantropo cristão que vai te salvar dos teus traumas e sofrimentos existenciais. Se esperava por isso, ela deve mesmo ter te desapontado. De duas, uma: Ou você não aprendeu a diminuir o sofrimento com a compreensão e estudo da História porque é tolo e seu professor colegial era muito ruim, ou ainda acredita numa missão redentora-divina da História, que vai te salvar do mundo real. Muitos que realmente estudaram, melhoraram suas condições existenciais e psicológicas, mas a ‘capacidade’ de cada um funciona um pouco conforme a sua inteligência. Portanto, resolva-se! Não culpe a História por aquilo que não consegue admitir ou compreender, ela só existe por que o homem e as relações existem. Portanto, todos somos parte da História e ninguém está alheio, além, abaixo, nem acima dela. Alguns a ignoram é certo, pelo medo da realidade e que ela suscita, porém, a ignorância é de cada um e conforme sua compreensão do todo.


Em outra passagem traumatizada do seu texto, Carinhoso diz que ria das aulas de História ‘sentindo pena’ dos ‘insignificantes professores de História que ainda acreditam!’ (no que? Na realidade? Ou no ideal de uma possível realidade? Isso tá mais para a filosofia idealista e romântica do que para a História). Por fim, acaba deixando claro sua ‘opção’ (ou sujeição) ao esquecimento, quando critica os professores de História por lidarem com ‘lembranças’. Como se isso fosse uma opção – aqui há uma grande confusão de conceitos e papéis.


Existem professores e ‘professores’, e isso acontece em todas as áreas do conhecimento. Portanto, não é privilégio da História ter horrendos professores. Pelo ‘trauma’ que Carinhoso demonstra a História, seu professor deve ter sido mesmo um desastre. Daria até pra sentir pena dele se adiantasse alguma coisa, mas a vida é assim! A preferência pelo ‘esquecimento’ e o desprezo pela ‘lembrança’, tem relação direta como o medo que a Clio gera aos mais ‘idealistas’ ou sonhadores, aqueles que não conseguem compreender ‘o porquê’ da sua situação e da situação do mundo em que vivem, devido a algum entrave psicológico-mental-moral-fisico-sexual e/ou a subestimação da própria História (Freud e seu discípulo Lacan podem ser consultados aqui). Estes ‘afirmadores do esquecimento’ passam a negar a História sua e dos outros, assim como todo o contexto. Aí surge uma existência ligada ao divino, ou seja, uma existência sem nenhum dado histórico ou real, uma existência mágica onde a consciência sobre si e sobre o meio não existe.


Um dia, numa conversa pelo MSN, falava justamente disso com um amigo escritor e estudante de filosofia (que por enquanto é virtual), quando ele, satirizando, escreveu se referindo a um determinado tipo de estudante de filosofia: "Oh, espere, deixe-me pensar sobre referido tema enquanto fumo um cigarro, tomo um café e enfio o dedo em minhas feridas existenciais". Isso comprova que ainda existem estudantes que dignificam seus objetos de estudo e possuem um senso crítico daquilo que se propuseram conhecer.


O que Carinhoso não sabe, é que, somente períodos e fatos datados não fazem História. Só isso não é história! A história está muito além das divisões de períodos históricos e datas. A História é dividida em correntes historiográficas, e a História que o Sr. Carinhoso aponta em seu texto de blog (admite pra si), é a "tradicional" (ou ignorantemente desconhece as demais correntes, ou usa a retórica de um discurso hipócrita para convencer o leitor mais leigo). Quando Carinhoso trata a História como sendo algo meramente datado, estático, está simplesmente ignorando ou desconhecendo sua própria condição, pois além de passado, a história estuda e acontece no presente. A História não é estática ou morta como os conservadores de toda ordem pretendem fazer crer. Muito pelo contrário, a História é viva, ela circula em movimentos espirais e caóticos, além das ditas ‘leis’ da natureza e da filosofia. "Tudo é História", e apesar de serem independentes, todas as outras áreas do conhecimento estão dentro da História (aqui, História é algo maior do que uma disciplina escolar e/ou acadêmica).    



Carinhoso é carente de compreensão quando trata a História como uma legitimadora do que é a pretensa verdade absoluta. Já nasceram outras vertentes históricas, e faz tempo! A História também não acontece somente no Macro, ela está no micro, no dia a dia, no cotidiano de cada um e, cada um tem e faz História. Esse pensamento ‘pequeno’ do que seja a História, dela ligada somente aos grandes acontecimentos, já foi, é passado e provou-se equivocado. Não se estuda mais nessa perspectiva – e faz tempo! Viu Carinhoso! Aí está a falta grave de conhecimento histórico do Carinhoso. Inconscientemente e com uma pseudo razão, ele admite isso quando nega a História.


“A história de uma nação não está nos parlamentos e nos campos de batalha, mas no que as pessoas dizem umas às outras em dias de feira e em dias de festa, e na maneira como trabalham a terra, como discutem, como fazem romaria”.

                                                                                          W.B. Yeats


Quem estuda História deve saber que existem ‘correntes historiográficas’, ou seja, formas de se pensar, teorizar, discutir e praticar o estudo de História. O que muitos pretendentes a filósofo não compreendem (mas deveriam), é que quando o filólogo-filósofo alemão Friederich Nietzsche escreveu: “Em busca dos primórdios, nos tornamos caranguejos. O historiador olha para trás; por fim, também acredita para trás”. - é que ele escreveu isso dentro de um contexto. A questão à saber: Que contexto é esse? De qual ‘historiador’ ou corrente historiográfica ele se refere? Qual corrente predominava na sua época, no seu período, ou seja, naquele dado contexto? Isso é tão importante quanto o que foi escrito. Negar ou ignorar isso, é a prova da falta de compreensão e de estudo, a falta de certo conhecimento necessário para ‘toda a interpretação’. Eis a importância do indispensável contexto histórico.


Negar a História é negar o passado e admitir a ignorância que permeia o presente, assim como permitir o prevalecimento da falta de bom senso em discussões e ações, seja elas de nível científico ou cotidiano. Todo o conhecimento requer tempo - o tempo necessário da experiência - pois o conhecimento não é imediato nem momentâneo ou divino, nem deve ser efêmero ou determinista, antes, deve perdurar, ser acumulado para possíveis análises, compreensões e interpretações. Não fosse assim, viveríamos no escuro da ignorância. Se a História não existisse não existiria também o pensamento, as idéias, questões, indagações, objetos de estudo, e tudo mais o que circunda a existência humana, tanto física quanto racional. Portanto, ela é ‘fundamental’ e imprescindível ao homem, a toda a ciência e aos demais conhecimentos. Sociologia, Antropologia, Psicologia e inclusive Filosofia (entre outras), são ‘inegáveis’ ciências complementares da História (cada uma com suas particularidades e valores próprios), conhecimentos que complementam o estudo histórico, e não o contrário.


Portanto, negar a História ou politicar para a sua diminuição, é negar o próprio conhecimento (e todas as áreas dele), a própria ciência, a própria vida, assim, o próprio homem. Além de carne e ossos, biogenética, idéias, sentidos e imaginação, somos feitos de memória e senso da realidade, e isso só se adquire no percurso da História. Generalizar o trabalho do historiador, assim como a História, como se ela fosse algo superficial, descartável, é um ato de fuga, uma covardia perante o horizonte de possibilidades que o estudo histórico nos oferece. O grande Historiador inglês Eric Hobsbawm em sua obra “Era dos extremos” ressalta: “Contudo, como talvez os historiadores queiram lembrar aos especuladores metafísicos do “Fim da História”, haverá futuro. A única generalização cem por cento segura sobre a história é aquela que diz que enquanto houver raça humana haverá história.”


Muitos temem a História, pois ela é dura, caótica e está em constante movimento. A História trabalha com interpretações, versões de um mesmo fato, surgidas através da investigação histórica, sendo assim um campo de possibilidades e não de determinismo. Como bem anota Hobsbawm referindo-se ao historiador: “(...) seu trabalho não tem nada a ver com palpites em corridas de cavalos”.



Carinhoso imagina a História, justamente por não a compreender. Prefere dar provas da sua ignorância publicamente do que admitir isso. - Portanto, Carinhoso, creio que deva caprichar mais na lição de casa, prestar mais atenção nas suas aulas de filosofia e parar de degustar Nietzsche ou qualquer outro pensador de cunho mais crítico em prato raso, além de reconhecer que você não é maior do que a História (o sentimento de grandeza retarda o desenvolvimento intelectual humano). Isso não irá salvá-lo das mazelas do mundo, mas poderá ajudá-lo há compreender um pouco melhor o mundo em que vive (assim, talvez você possa ter mais ciência do que escreve e afirma por aí), pois sem a História meu caro, isso é IMPOSSÍVEL!


“A incompreensão do presente nasce da ignorância do passado.”

                                                                                                                           Marc Bloc

* Criança Guarani, São Miguel das Missões - RS (em finais dos anos 2000)
* As ruínas jesuíticas: o passado... A criança descendente: o presente... (Foto de Liza A. Bueno).

"Isso é História... A História Viva!"



Mundo novo (uma estória real)

Passados alguns anos resolvi retornar. Minha ausência foi sentida por aqueles que me amavam. Eram poucos, mas existiam. Antes da fuga, estive ao lado dos que portavam a esperança. Eram muitos. Visivelmente, lutavam para ter seu espaço, sua vida. Os demais tentavam de todo modo obstruir a luta. Tornar tudo inviável. Um projeto de anos. Não estávamos pra brincadeira. Fazíamos barricadas no deserto, manifestos no chuveiro, projetos para desviar o curso dos rios e tudo mais. Criamos empresas para juntar grana e dar vida prática aos nossos projetos. Foram tantas! Lembro que no meu apartamento, apertado, de pouca luz e sem nenhum móvel, montei uma transportadora, a ‘Transpirâmide’. Adquiri dois caminhões e um telefone fixo. Fiz sociedade com a dona Jacira do apê ao lado. Ela não andava nem ouvia direito e mal sabia escrever seu nome. Por isso deixei-la na incumbência de atender os telefonemas e anotar os recados. Criamos o lema: “TRANSPIRÂMIDE: transportamos sua pirâmide com segurança e rapidez por um preço bem menor do que ela!” Nada novo, um clichê até, mas objetivo. Criamos uma editora para publicar nossos manifestos e livros teóricos, a ‘EDIONDA’, fazendo jus a nossa causa - que era realmente uma onda! Tínhamos até uma sede própria que resolvemos riscar do mapa para que ninguém a encontrasse, nem nós mesmos. Nossas reuniões eram telepáticas, estratégia para que ninguém viesse nos capturar. Tudo ia muito bem até que eles chegaram. Armados de ódio e sedentos por poder. Descobrir nossos planos era a meta do imperador. Acabamos por desaparecer através de nosso tele transporte baixado pela internet. Por ser pirata, às vezes não funcionava e por isso alguns camaradas ficaram presos no caminho sem chegar ao destino. Agora para encontrá-los só on line. Estão viajando na rede como vírus. Uma outra arma muito eficiente descoberta por nós. Tínhamos um pacto que dizia que ‘onde estivéssemos, até a morte, tramaríamos contra o sistema’. Assim, a missão dos ‘piratas da rede’ tornou-se a que nos dá os maiores resultados.























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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Impressões sobre a música & a morte...

Navegar é preciso... e eu estava navegando quando encontrei um belo texto do Roberto Panarotto (Repolho) no seu blog, basicamente sobre música & morte, motivado pela partida do Tubin, e de certo modo, a sua homenagem pra ele... Texto & um vídeo da Epopeia, confiram:


 “Sem música, a vida seria um erro.” (Nietzsche)
 
 
 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Também quero reproduzir...

...como quero! Não precisar me esforçar para criar. Não ter o peso da consciência por um dia, um único dia, não ter sido criativo. Como professor, apenas repassar o conteúdo, sem problematizar, sem ‘colocar minhocas’ na cabecinha dos alunos, sendo um facilitador e assim me poupar de cobranças ou críticas que vêm, geralmente, daqueles que não sabem e nem querem saber por onde anda a virtude humana. Como escritor, ser um clichê ambulante, dizer o óbvio, inventar misticismos e tolices para o mercado do lixo-literário, falar o que não compromete o pseudo-intelecto do leitor-consumidor nem o interesse dos patrocinadores do veículo ou da editora que publica minhas obras. Como músico, morrer fazendo coveres de bandas consagradas. Como compositor, não existir.
Também quero reproduzir. Como quero! Não um reprodutor biológico e ter muitos filhos. Não, não é isso. Quero reproduzir o mundo, bem do jeitinho que ele é, como a cabeça dos que o mantém no equivoco das horas e dos dias, injusto, inconsequente, omisso, estúpido, medíocre, discursivo e hipócrita. Ser parte do jogo, onde o conhecimento é apenas um engodo, onde crianças são mal tratadas, imbecilizadas desde o berço até a idade adulta e que, talvez, quando velhas, descubram que não precisava ser assim ou que poderia ter sido diferente, mas daí já foi tarde demais e resta apenas um frustrado cabisbaixo: “Que pena!”.
Também quero reproduzir e não precisar explicar o que não pode ser explicado aos que me subestimam e subestimam minha obra ainda em construção, inacabada, integra. Não ser tratado injustamente como se tratam as crianças, os velhos, os bichos e alguns adultos que se dignificam fazer da vida algo além do que os olhos viciados vêem.  
              Também quero ser um reprodutor e ter sucesso sem inconvenientes. Mas não, não consigo. Sou um fracasso porque sou um criador.  Não consigo reproduzir e assim facilitar minha vida. Não consigo ser um reprodutor que limita o outro pelo medo do próprio crescimento.

Imagem também é poesia


..do que eu vejo da janela da minha casa

Informa-ações...

Lançamento do caderno/livro autoral:

“É melhor não ler!”
 * Contos, poemas & outros modos literários

- Sexta-feira, 04/02, no Teatro do SESC
- 20h 


¨da oficina de produção textual-literária com o escritor, poeta e professor Manoel Ricardo de Lima.



Das publicações...

A maioria dos textos publicados aqui, já foram publicados anteriormente no jornal Voz do Oeste, veículo impresso onde presto (atenção comigo, não presto muito não!) serviço - que é o de escrever minhas Crônicas diárias. Hoje, o Voz do Oeste é o 'melhor jornal para leitura' da cidade e talvez da região. Não é o de maior alcance, mas com certeza, o mais lido, devido a vinculação de textos mais direcionados a leitura mesmo (e quando falo leitura, não me refiro em apenas passar o olho nas notícias, mas sim, entrar no texto, usar a concentração necessária para compreende-lo, um exercício de linguagem e interpretação). Enfim... A atividade do olhar! No mas...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
yo.
 
 


O pai que não sabia da teoria do caos

Fazia tempo que ela queria amar. Nunca pôde. Sua família ortodoxa impedia seus impulsos humanos para o amor, para o prazer, para o sexo. Tudo girava em torno da figura do pai. Ai da mãe se falasse assuntos de perversão com a filha. Ai do irmão se encostasse a mão na irmã ou tentasse um beijo mais intimo no rosto. Da escola pra casa de casa pra escola e nos finais de semana o culto. Música? Só louvação! Literatura só bíblica. Orar antes do café, do almoço, do jantar. Antes de dormir, com a família frente à capela e sob o olhar fiscalizador do pai. Ela cresceu no seu mundo repreensivo, punitivo, escuro, absoluto, mínimo. Não sabia o que era depilar, sorrir sem motivos, masturbar, fabular, questionar, pensar. Só seguia, obedecia, concordava, submetia. Nenhuma reação, nenhuma relação, nenhuma opção. O irmão fazia de tudo. Era homem. O pai fazia um pouco de tudo. Era homem. Uma olhadinha nas pernas da vizinha, no rebolado da sobrinha, na fartura da Cléo Pires, não iria interferir na educação sagrada da filha. Ninguém estava vendo mesmo. Além disso, era ele, o pai, o homem e chefe de casa. Se alguém percebesse o desvio de conduta, era só disfarçar balançando a cabeça e sussurrar: “Deus, tenha piedade!” Todos se convenceriam que era mesmo o pai um bem intencionado.
Os anos se passaram e a menina cresceu. Casou-se com o marido que o pai escolheu, indiretamente. O pai continuava zeloso e sonhando com a santificação da filha. Acreditava que ela cumpriria uma missão divina. Queria um neto homem para ter uma mãe santa e um avô pai de santa. E teve.
               Foi tarde quando a mãe e todos os outros perceberam que foi o pai que consagrou a desgraça da filha, que sem ter opção, virou a assassina do próprio filho. E diferente da vontade do pai, a filha nunca foi santa. O neto foi.

Revolução?

           Quer passar mal? Assista algum telejornal de domingo, o resumão da semana. A grande maioria são notícias graves, sérias, péssimas: “Pai que, por não aceitar a separação, maltrata a filha”. Sacaneia a mulher através da filha. E a criança paga pela falência da família nuclear e da sociedade e pela estupidez de um egoísta. Isso não é novidade, mas continua acontecendo - e que nem um metido devoto pseudo-freudiano venha tentar explicar isso pelo viés psicológico. Nem tudo se aplica ou se define por regras. Em alguns casos Freud complica.
“O Brasil está incendiando”. E daí? Alguém se importa? Espero que sim. Eu me importo. Capangas de latifundiários-coronéis (fazendeiros criadores de gado) ateiam fogo na mata e o fogo se alastra destruindo milhares de hectares de floresta. A fumaça polui o ar e contribui para o superaquecimento do planeta, além de destruir o ecossistema e matar animais. Fazem isso para estender suas propriedades: egoísmo e ganância. Evidentemente isso justifica suas políticas contra o MST. Isso e muito mais o telejornal denuncia, porém, não sugere, não aponta possíveis soluções ou faz alguma discussão. É a informação pela informação. Fala, fala, fala, mas não fala em revolução, por quê? Revolução? Sim, revolução. Guerra. Luta. Transformação. Não importa o nome, mas o mundo está precisando. O Brasil está precisando. Esse ‘bom mocismo’, esse ‘amor cristão’ do perdão, tornou-se um pretexto, uma desculpa e uma justificativa para todas essas degradações (geralmente masculinas e adultas), dos que tem algum tipo de poder. O capitalismo que já nasceu contraditório, só piorou e muitos o defendem com discursos democráticos, tratando capitalismo e democracia como sinônimos, isso para garantir que suas vidas obesas e luxuriosas continuem distantes das dificuldades materiais. Para depressão há remédios e com dinheiro isso se compra. Para a mediocridade existem disfarces e cumplicidade.
  Não sou bom para propor soluções, mas a única coisa que visualizo neste caso é uma revolução, nas leis, na moral, nos valores e costumes, tradições e instituições, na vida.