Rogério ‘Peninha’ Mendonça (PMDB) e seu ‘Estatuto da Legítima
Defesa’ rendeu em Xapecó um Centro de Eventos com muitas cadeiras ocupadas e
aplausos idólatras, principalmente pela presença do ‘arauto conservador’ e
membro de um dos partidos líderes em corrupção no país, o deputado Bolsonaro e
seu ‘fiel escudeiro’ o deputado oestino e ex-‘prefeito de verdade’, João
Rodrigues. Na plateia um público sedento por ‘resoluções arcaicas’ dos
problemas socioculturais de que eles também fazem parte, pois o crime é
carregado de questões culturais, educacionais e sociais, sendo que, a sociedade
é um todo.
No momento, Bolsonaro aproveitou e fez o palco do teatro ‘público’
do Centro de Cultura e Eventos (e agora também Palanque político), um palanque
eleitoreiro. Sua ‘pré-candidatura’ a Presidente do Brasil foi lançada neste ‘palco-palanque’,
no fechamento de um discurso inflamado que gritava o chavão nada original: ‘Fora
Dilma! Fora PT!’, em que foi ovacionado pela maioria presente e pelos políticos
e autoridades locais que o cercavam. Que orgulho para a nossa cidade, capital
do ‘velho e bravil Oeste!’.
A partir deste ‘fato histórico’, teço algumas breves ‘análises dos
discursos’ destes ‘ilustres cidadãos de bem’:
Palavras de Jair Bolsonaro (PP):
“O que o governo quer é deixar o povo na situação de cordeiro, sem
possibilidade de reagir, e um povo desarmado é um povo subjugado”.
·
Apontar,
mais uma vez, o dedo para cima, culpando ‘o governo’. Mas quem é este
‘governo’, já que, os senhores são deputados e, portanto, fazem parte dele? Por
que é que os deputados não defendem outro tipo de armamento? Ou seja, mais
educação e cultura, arte e conteúdos dignos? Neste contexto, aí sim o
comentário do Sr. Bolsonaro faria sentido. Como estudante/praticante,
pesquisador e instrutor de uma ‘arte marcial’ que é tida como uma das mais
significativas em ‘defesa-pessoal’ ou ‘autodefesa’ do mundo (Wing Chun), pois é
‘proativa’, antecipatória ou preventiva, posso dizer que uma arma não garante
nada, e que, na imensa maioria dos casos, armas são mal usadas e colocam
pessoas mais em risco do que as salvam. Portanto, isso não passa de um
discurso. Não é pelo final que se tem bons resultados (reação física), mas pela
antecipação do problema, o que requer de outra consciência e estratégia. Não é
com mais violência ou ameaças, mas com inteligência e sensibilidade que se
resolvem problemas. Liberar desta forma o uso de armas de fogo é o mesmo que jogar
gasolina numa fogueira. Estupidez dos senhores deputados ou interesse
populista?
“Todas as ditaduras do mundo foram precedidas por campanhas de
desarmamento. Isso que está em jogo (...) nesse viés do desarmamento”.
·
Este
comentário é uma falácia ideológica (buscar ‘falácias’ na filosofia), pois
indiretamente está supondo que o governo atual (Dilma e PT) querem manter o
estatuto do desarmamento para, sem ‘reação’ do povo (dos ‘homi di bem’), possa
implantar sua ‘ditadura comunista bolivariana’ no Brasil. Um discurso enfadonho
que chega a ser cômico, mas que leva muita gente ‘ingênua’ (ou ignorante) no
papo.
João Rodrigues (PSD):
“Não podemos tolerar em Chapecó, nesta terra do bem, que meia
dúzia de babacas, de idiotas, tentem se manifestar de forma truculenta. E isso
não vamos permitir jamais”.
·
O velho
jeito político de se autoproclamar ‘a voz do povo’ ou o ‘dono do pedaço’: ‘Não
podemos tolerar (...) não vamos permitir jamais’, acompanhado com o discurso
malandro do ‘bom sujeito’: ‘nesta terra do bem’. Ser leve para logo em seguida
mostrar as garras e o ímpeto ofensivo: ‘meia dúzia de babacas, de idiotas’.
“Não quero andar armado na rua, até porque não tenho equilíbrio
suficiente para andar com uma arma na cintura. Eu tenho arma em casa para que,
se minha casa seja invadida, o sujeito obviamente não saia vivo lá de dentro”.
·
Neste
discurso, o deputado, com uma sinceridade típica (ou atípica), deixa claro (ou
deixa escapar) que seu ‘equilíbrio’ é insuficiente para o ‘autocontrole’, assim
como tantos cidadãos que, a partir do momento que portem uma arma, não hesitarão
em usá-la, devido ao desequilíbrio ou descontrole emocional que afeta a maioria
da população (sob tudo, masculina). Em seguida, o deputado declara que tem arma
em casa e com certa prepotência deixa dito que, com certeza ‘mataria’ algum
possível invasor, independente do contexto, pois generalizou ao dizê-lo.
“No meu caso, no máximo teria alguém que andasse comigo e tivesse
a capacidade para isso.”
·
Neste
comentário, afirma que ‘teria’ (terá ou tem?) alguém ‘capacitado’ para defender
(ou matar?). Porque alguém ‘di bem’, dita íntegra, teria esta necessidade, de
andar com guarda-costas? Algo não fecha nesta matemática. Ou sou eu quem não
sabe fazer conta.
Enfim. Assim caminha a
‘coerência’, a partir da cultura, educação e política, em Xapecó e no Brasil.
Sem mais.
Nem menos.
* matéria 'base' na integra:
http://redecomsc.com.br/portal/noticias/politica/Louvado_ou_execrado_bolsonaro_e_recebido_calorosamente_em_chapeco__24691