quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Olhe para frente... Eis o deserto!

Nossas bocas secas, nossos olhos tristes, nosso horizonte sem perspectiva. Caminhamos como nunca. Nossos pés queimados, nossos cabelos de areia, nossa vida inundada de distâncias. Um oásis no meio do nada. Miragem no deserto oceânico dos nossos sonhos. Surreal. O mundo é surreal nesse deserto sem fim. Chegamos do outro lado e do outro lado tinha mais deserto. Tinha mais distância. Tinha mais nada. Um grande vazio. Um infinito constante de coisas invisíveis. Você delirou e gritou e se contorceu e quis morrer. Mas não havia morte naquele deserto. Nossos passos foram cobertos pela areia. O vento, o sol, o calor, o fogo que queima nossa existência, nesse deserto de imagens projetadas no lado de dentro da nossa cabeça e sem imagem alguma – lá fora, só a imensidão e mais nada. Somos frutos desse tempo meu bem! Somos o amargo da boca ressecada por falta de água e por falta de palavras líquidas. O vento vem e nos esbofeteia a face. O assobio do vento é nossa única canção. A preparação dos nossos espíritos para a próxima tempestade de areia que se anuncia – e vem. E quando vem, não deixa vestígios. Só o deserto existe. O mais é delírio, ficção. E saber que tínhamos uma vida longe desse deserto. Depois que tudo virou pó, você chorou. Caminhamos até o infinito pra chegar aqui, nesse deserto interior. Enquanto eu caminhava, dois passos à sua frente, você pensava na minha direção. Mal sabia pra onde eu ia. Mas não importava. Qualquer lugar acabaria aqui mesmo, neste mesmo lugar. Então você parou. Gritou pelo meu nome com fúria, bem no meio do começo do deserto sem fim. O grito nem se quer ecoou. Voltei-me a você. Numa corrida desesperada e cheia de ódio, você pulou sobre mim. Agarrou-me. Usou unhas e dentes pra me partir. Meu sangue escorria entre seus dedos. E você continuava. Dava-me sua dor da forma mais banal e corriqueira, tirando meu sangue. E eu ali, imóvel, olhando pra lugar nenhum. Meu corpo retalhado. Mas mesmo assim, eu lhe dei um sorriso. Você não suportou. Caiu de joelhos na areia desse deserto vivo que lhe esfolou a pele. Gemeu. Sentiu dor. Mais do que eu. E o ódio saiu do seu corpo pelos olhos. Eu vi. Então você chorou e sorriu. Pôs-se em pé. Em silêncio pegou minha mão, delicadamente. Apertou. Voltamo-nos para o horizonte e continuamos nossa caminhada... Andamos até hoje, certos de que um dia, haveremos de chegar.


Motivos da minha chatice:

O agrupamento em torno de algum símbolo, de algum dogma, de alguma crença, se dá por certas afinidades ou semelhanças na necessidade e nível intelectual dos homens. Existe aí uma vibração humana comum, onde os homens se juntam nessa mesma vibração, o que gera o culto. O psicanalista Jacques Lacan, discípulo de Freud, pensou o mundo pelos vieses do imaginário, do simbólico e do real. Fazendo a relação disso com a sociologia do cotidiano de Michel Maffesoli, dá pra compreender melhor esse fenômeno humano, ou seja, a união das pessoas em torno de algum símbolo ou ícone, que se dá por uma vibração comum. Exemplos por aí é que não faltam. Seja observando uma torcida numa partida de futebol, crentes numa missa ou culto ecumênico, fãs num show de rock ou sertanejo universitário, entusiastas num torneio de MMA, ou mesmo ‘gaúchos’ num acampamento farroupilha, as pessoas se agrupam para cultuar algo e se sentirem juntas, seres sociáveis, pertencentes a um grupo. A soma dos anseios e desejos particulares reflete na vibração comunal que o grupo passa a gerar. Aí vem o historiador avacalhar um pouco com isso, percebendo os motivos e onde isso vai dar. Estraga festas como nenhum outro, o historiador parte do fato, deixando de lado as alegorias e possibilidades do fantástico. O mais próximo da realidade que puder chegar, o historiador vai fazer. Em busca de uma verdade, que se sabe, nem mesmo existe. Por isso também se trabalha com possibilidades e versões de uma mesma situação, mas nunca com determinismos teóricos ou filosóficos. É preciso considerar o máximo que puder para se pensar e compreender a história. Por isso, muitas vezes o historiador se torna um chato que até parece um aristocrata arrogante nas suas considerações. Mas isso tudo se postula enquanto historiador, na frieza da sua função. O fator humano, sujeito da própria história, gente dentro de um determinado contexto, é outra coisa. Já fui bem mais romântico, bem mais utópico. Mas isso, antes de conhecer Nietzsche e de estudar história. Ainda que possua toda a liberdade de pensamento adquirida com a filosofia, com a literatura e a música, a história me deu algo mais terreno pra pisar. Se mitos e crenças se constroem a partir de alguma história, é a partir da própria história que dá para questioná-los. Enfim...


Caiu na rede... É peixe!

Domingo, Rock in Rio na Globo. No site do Yahoo, videozinho mostrando as vaias que a dondoca baiana da Claudia Leite recebeu de parte significativa do público daquele evento prá lá de lucrativo – coisas que a Globo não mostra, porque será? Foi bom! Assim, talvez ela e as suas ‘iguais’ (Ivete Sangalo, Vanessa Camargo e CIA) desçam um pouco dos seus altares (acho muito improvável, mas vai lá!). Está acontecendo uma moda, como uma febre, dessas ‘divas’ da música pop brasileira imitar as cantoras pop norte americanas e suas musiquetas eletrônicas – pura produção! Acrescentam um sambazinho ali, outro aqui, só pra dizerem que valorizam a cultura do país ou sei lá o que! Uma chatice sem tamanho! Ver pela televisão essas cantorzinhas forçando a barra. Criatividade que é bom, nada! E a TV, as rádios, sempre enfiando goela abaixo essas ‘mesmices’ na população mais desinformada ou desavisada, ou ainda, acomodada. Sim, acomodada! Tanto na música quanto na cultura e arte em geral, existe uma imensidade de produção, coisas boas, criativas, sinceras, com profundidade. Mas alguns preferem, ainda assim, o raso. Por quê? Talvez porque assim, não precisam se comprometer. Já que um velho chavão diz que ‘pensar dói’ - e às vezes, sentir também - então vamos ‘fazer de conta’, é mais cômodo. É a dita covardia ou preguiça cultural. Receber e aceitar o que já vem pronto é mais fácil do que ter que buscar e do que criar. Enquanto eu dava meu pitaco na telinha da televisão, navegava. E no facebook, alguma crítica, alguma ironia e muita efemeridade. Fotos e fotos de gente mostrando partes do corpo. Biquinho daqui, peitinho dali. Pose daqui, foto em espelho daqui. Eita narcisismo barato, gratuito! E tem pai que nem sabe da sua filha. Criança caindo na rede é peixe. E os pescadores todos em volta, esperando a hora de fisgar ou tarrafear sua janta. Reprodução de um espetáculo de uma sociedade espetacular, onde a imagem é quase tudo. E isso é que faz essas cantorzinhas (as que mencionei anteriormente), estarem onde estão: no ápice do status do ‘pão e circo’ da nossa cultura efêmera. E quantos querem ser como elas? Na feira (me refiro a Efapi 2011), também vai ter muito disso, certamente. O Luan Santana é um exemplo. Mas eu só estou escrevendo isso, por não ter assunto mais relevante no momento (ou porque sou um chato mesmo!). Enfim. Tenham todos uma boa noite de sono que amanhã tem mais...


sábado, 24 de setembro de 2011

Paz?















A execução de mais um homem nos Estados Unidos. Era negro, pra variar! Acusado de matar um policial no ano de 1989. Provas duvidosas. Testemunhas contraditórias. Milhares de protestos contra a execução. Mas mesmo assim foi executado. Era negro, pra variar! (não custa repetir). Se fosse branco, aconteceria o mesmo? Ou da mesma forma? Não sei. Também é minha pergunta. Vi imagens da família do policial. Na entrevista, a filha e a mãe sedentas por vingança. Chegavam a tremer de ódio. E o fato foi consumado. Culpado, inocente ou não, já não interessa mais. Já foi! Pagou. Não pelo crime que possivelmente tenha cometido – ou não, mas por essa ordem social nojenta dos EUA, Estado assassino de um país dito civilizado. Crimes não podem acontecer não é? Mas pelas mãos do Estado podem! E é isso que chamam de justiça por lá. Por aqui, muitos também chamam. Aquela velha máxima: ‘olho por olho, dente por dente!’. Mas quando é que foi feito realmente justiça? E que conceito é esse tão mal tratado, mal usado, mal constituído? Justiça o cacete! Os penalizados, na maioria das vezes sempre foram, e ainda são, os que não têm nenhum status para sua própria defesa. Tem uma frase anarquista de que eu não esqueço, que diz: “O Estado cria suas vítimas para depois penalizá-las”. E ela faz sentido. Muito sentido! Os mais ingênuos vêem o Estado como o salvador da sociedade. Acreditaram num conto de fadas que lhes contaram um dia. Uma criança de apenas dez anos de idade, desta vez aqui no Brasil, em São Paulo, armada com um revólver, atira na professora em sala de aula e depois atira contra sua própria cabeça. Dizem que sofria Bulling. Israelenses pelo mundo manifestam-se contra a criação do Estado Palestino, e o pau come na Faixa de Gaza. Tudo isso e muito mais um dia depois do dia mundial ou internacional da paz. Paz? Que piada! John Lennon foi assassinado discursando paz. O mesmo aconteceu com Jesus Cristo, conta a bíblia. Mas a pergunta que não posso deixar passar é: “Paz pra quem?”. Não que eu seja pessimista, niilista ou algo assim. Mas sejamos realistas, no mínimo. Paz não existe. O que pode existir é a tal ‘paz de espírito’, mas essa é de cada um, particular, individual, e pouco interessa nesse momento. Paz é utopia. Faz de conta. Mas ela pode existir? Pois é. Não sei. Responda você...


O setor privado é quem manda no país












Homem público... serviço público!

Tenho que concordar. Todo homem público deveria se utilizar apenas de serviços públicos. Deputados, vereadores, senadores e demais ‘das dores’, ter seus filhos matriculados em escolas públicas. Só poder usar hospitais públicos e o sistema único de saúde. Quero ver se a coisa não muda. Aquela coisa, ‘ou dá ou desce!’. E ainda assim, há escolha. Há não ser na guerra, sempre há escolha. Talvez assim, tenhamos um dia no Brasil educação e saúde públicas de qualidade. É o jeito! E porque não? Não trabalham para o público – com o público? Então? Qual é o problema? (o último resultado do ENEM nos dá uma provinha disso – todos os estudantes bem colocados estudavam em escolas privadas). Aliás, na boa, o setor privado nem deveria existir quando se trata de necessidades básicas do ser humano e da sociedade. Nisso, quase tudo seria público, inclusive a terra, o chão. Acabaria o problema agrário, de concentração de terra, os latifúndios, esse atraso! Utopia minha? Sim, eu sei. E das grandes! Mas não custa um pouco viajar. E eu até gosto de, às vezes, dar uma saída por aí. Ver o mundo com os olhos da esperança, da ilusão, do sonho. Meus olhos surreais. Mas admito, sou mais dadaísta que surrealista, e se isso te assusta, imagina quem atravessa meu caminho só pra encher meu saco. Aí já viu! Pronto, agora falei como se eu fosse perigoso mesmo. E sou. Mas só um pouco, ok? Na real, não sou tão perigoso quanto alguns imaginam, mas nem tão pacífico quanto desejam. Isso depende muito do dia, dos motivos. Sou um pouco movido por motivos. Os mesmos motivos pelos quais estou aqui a provocar essa questão. Se a política oficial, em tese, existe para bem administrar o que é público, como bem representar a população, quanto aos seus anseios e necessidades, então, qual é o motivo que impede os parlamentares de votarem uma lei que os obrigue a utilizar apenas serviços públicos? Não é por isso que eles lutam? Não é esse o discurso em épocas de eleição? Então? Vamos lá! Vamos se coçar aí gente! Ta mais do que na hora. Vamos ver se são isso mesmo! Pra que temer? Estão aí pra isso, não estão? No hay pobrema, hay? Yo lo creo que no! Entonces! Adelante! Yá!


O público e a privada

Estive doente. Fui na corrida até o posto de saúde aqui perto de casa. Um início de infecção gástrico-intestinal. Cheguei ao posto era aproximadamente 13h10min., e saí de lá já era 16h. Se tem coisa que me irrita é a espera. Não suporto muito ficar aguardando as coisas acontecerem. Coisa minha. Defeito meu. Mas minha irritação não foi apenas pela espera, mas sim, por ver como anda a saúde pública. Pra início de conversa, até o termômetro não estava funcionando, imaginem! Pessoas simples, velhos, grávidas, mães com crianças de colo, crianças, todas na espera, no sofrimento do aguardo para ter um pouco de dignidade humana no que se refere à saúde, que, pela constituição nacional, é direito de todos. Pra mim não há mais justificativas. Antes, era porque o Brasil era um país subdesenvolvido. E hoje, qual é o pretexto? O Brasil cresceu economicamente, a ponto do governo dos EUA pedir ajuda pra nós. ‘E aí, o que é que ta pegando então, bicho?!’. Agora vou me permitir enfiar tudo no mesmo balde (ou na mesma pocilga?). O tucanato brasileiro é nitidamente a favor de privatizações, inclusive da saúde e educação, e o PT que, de certo modo tem dedos no crescimento do país, ainda não prioriza a saúde nem a educação. Investirá fortunas na copa do mundo de futebol, enquanto o povo que espere! E então? Do que adianta o crescimento econômico se a população mais necessitada vive na penúria? Não senhores, não adianta! Olho pra fora e vejo Xapecó com seus altos prédios, carros importados e luxuosos que passam pra cima e pra baixo. Mas no posto de saúde, a realidade é outra. Então, como é que eu não vou me irritar com isso? Enquanto um Pavan da vida passa como um raio de luz pelo governo do estado e já se aposenta com uma generosa quantia, enquanto a riqueza aqui na cidade cresce na mão de alguns, enquanto isso, nossa educação pública e nossa saúde pública, ambas, andam em passos de tartaruga. Sim, eu reclamo. Mas antes que alguém pense que eu só sei fazer isso, dou a minha solução. Um teto. Isso mesmo. No Brasil ninguém pode ganhar mais de ‘tantos réis por mês’, ninguém! Divisão de riquezas! A quantia que superar o valor estipulado é investida na saúde e educação. Políticos, juízes e qualquer outro homem público, os comandantes da sociedade, só podem se utilizar de serviços públicos, principalmente saúde e educação. Pronto, não é tão difícil! Mas, agora, vai perguntar se eles aceitam ou concordam com isso! E por quê?! Adivinhem!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Farrapo...

* capa de disco raro do grande grupo de música nativista 'Os Teatinos'

"Eis o homem"

(Marco Aurélio Campos)

Brotei no ventre da pampa
Que é pátria na minha terra
Sou resumo de uma guerra
Que ainda não tem importância
Diante de tal circunstância
Segui os clarins farroupilhas
E devorando cochilhas
Me transformei em distância

(...)

Estou em farrapos. Mais um balaço e morro. O último atravessou meu ombro e foi dar no meu cavado que tombou feito uma araucária num desmatamento. É, assim é a guerra! Se é que dá pra chamar aquilo de guerra. Assim é a batalha e a lei do mais forte. Assim foi minha vida. Meu cavalo tive que sacrificar. Meu único amigo, companheiro de andanças. Um balaço no peito e o bicho ali agonizando. Eu, impotente feito uma novilha que vai pra carneação. Não consigo bater no peito e dizer, como tantos fazem, com orgulho: ‘Sou gaúcho!’. Eles nunca estiveram numa batalha. Aí fica fácil discursar, bater no peito, gritar grosso. O exército farroupilha, depois de feito o acordo com os imperiais, me deixou aqui, feito um trapo. E quem é o farrapo nessa história? Eu, um negro, sem chão pra pisar, sem terra pra plantar - e agora sem cavalo pra montar. Eu, um índio. Eu, um caboclo - sem um mate pra cevar. Me deixaram sem espaço. Era só uma promessa. Fui lanceiro pro estancieiro. Fui cortador de erva, secador de charque, domador, fui escravo e fui obreiro. Me criei na lida e o que aprendi do mundo, foi o mundo que ensinou. No lombo do meu cavalo atravessei horizontes. O capataz obediente sempre em volta, o patrão, sua terra, imensa, infinita. Latifúndio, me disseram um dia. Um pedaço me prometeram se eu fosse pra guerra. Uma guerra pela causa, diziam. República! Libertação! Palavras que nunca me fizeram sentido. E deu no que deu. Eu aqui, sem rumo. Até meu cusco serviu de sebo pro laço do patrão. E eu não tive escolha. Me tornei caudilho. Fui mercenário. Saqueei, matei, fiz miséria dessa gente. Sempre na promessa de tempos melhores que ainda não chegaram – e tenho medo, nunca chegarão! Sou do pampa. Sou filho da terra. Meu rancho hoje é isso. Essa tapera velha que tu ta vendo! Chão batido, pés descalço. Nem minha bota de garrão sobrou. As três marias perdi na última batalha onde também deixei metade do meu braço. O fígado ficou na venda do Herculano. O coração com Anita, a filha do patrão. Nada mais me resta. O general pegou seus homens e foi-se embora. A promessa de voltar ficou no esquecimento. Assim como eu. Lutei e tive meu nome apagado da história. Agora, ouço uma notícia. Querem outra vez separar esse latifúndio do resto do país. Não, eu não lutarei por isso. Nunca! Quero minhas últimas forças para dizer ‘Não!’. Já fui tapeado uma vez, me basta! Por acaso você sabe algo de mim? Se sou gaúcho ou deixo de ser? Isso importa alguma coisa agora? O tempo passou e minha herança é essa. Mas eu tenho um sonho, sim. E ele tem nome: Reforma Agrária!


Banquete de lixo

Com a crise econômica mundial, crescem no mundo capitalista-liberal-burguês as ideologias nazi-fascistas. Como uma praga, um vírus ou bactéria, essas idéias de extrema direita vão se proliferando novamente. A briga entre punks e skinheads neonazistas no Brasil, acirra a discussão em torno disso. O preconceito nas redes sociais, a xenofobia e racismo contra povos indígenas, homossexuais, negros e outros grupos sociais e etnias é visível e constante. Muitos daqueles que discursam democracia, igualdade, que se vestem e se postam como ‘alternativos’, moderninhos, ‘cultos’ e o escambáu, não passam de vermes enrustidos. Vestem-se com a carapuça democrática, mas no fundo, são uns fascistazinhos estereotipados. Jovens que pensam pra trás. Velhos que continuam pensando da mesma velha e estúpida e equivocada forma. Os mesmos que se revoltam quando eu defendo uma regularização e/ou uma limitação nos meios de comunicação de massa. Os mesmo que se indignam quando lêem em algum jornal ou revista, termos e palavras politicamente incorretas. Moralistas de plantão! Seres rastejantes que não arredam o pé da mediocridade. Infelizes deste mundo. Herdeiros da falta de bom senso que paira na humanidade. Corruptos-corruptores. A Europa na sua crise, assim como os Estados Unidos da América e sua agonia econômica atual, são campos férteis para seres e grupos com essas ideologias de superioridade. Enquanto isso, aqui na terra de Condá, o povo indígena é execrado pelas bocas sujas daqueles que não sabem contextualizar a história, por aqueles que nas redes sociais disseminam a intolerância e o ódio contra as diferenças. Na semana da ‘semana farroupilha’, o movimento pseudo-intelectual de conotação nazifascista chamado ‘o sul é o meu país’, engorda essas ideologias espúrias. A aversão a nordestinos em São Paulo pelos jovens neonazistas, assim como a aversão a etnia indígena aqui no ‘velho oeste’, ruma para o engrandecimento do preconceito e do racismo. E eu sendo criticado por dizer: ‘Porra! Tem gente que pensa como uma besta criada para servir a determinada ideologia!’. Até uma minhoca tem mais bom senso do que determinadas pessoas que vivem de falatório por aí. Políticos conservadores se juntam ao poder para reproduzirem essas velhas idéias, essas mentalidades parrudas e cheias de limbo! E muitos, seguem a engolir todo esse lixo, sentindo prazer em dizer e fazer de conta que estão num banquete de lagostas...


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Onde está o som?


desConcerto de Rock
Ao vivo no Teatro do SESC - Chapecó
17/09 (Setembro) - sábado
20h.
Entrada franca!

"...a EPOPEIA continua!"

*


"Rock & Literatura"

Mesa redonda (debate) com Gelson Bini, Prof. Mano e Herman G. Silvani.
16 Set.
20h.
Teatro do SESC

...


‘Pérolas’ do facebook: preconceitos étnico-raciais...

“Onde está agora aqueles que defendem os indios? que tiraram terras produtivas para dar a esses marginais. Marginais sim (...)” / “São uns animais”/ “E ainda tem gente que defende esses indios marginais”/ “Concordo contigo e vc sabe na pele o que eh ser roubado por eles...” / “E agora esses índios querem uma terra enorme na região do borman! Ninguém sabe qual terra ainda, mas então vamos quem sabe devolver todo o Brasil para essa gente!? Ou vamos lutar juntos para defender a terra onde nascemos?!” (e eles nasceram aonde?). / “Eu fico indignado com tais pessoas que ainda defendem esse povo chamado "indigenas" mas que não passam de marginais...”. / “Nada justifica o que aqueles vagabundos fizeram, e mais aqui só tem índio VAGABUNDO” (referindo-se ao caso dos indígenas que, ao tentar um assalto, acabaram matando uma jovem que reagiu – algo comum na nossa cultura ocidental judaico-cristã, mas não na indígena). Os trechos em destaque acima copiei do facebook numa postagem de uma mulher que (pelo menos consta em seu perfil), é doutora - em que, não sei! Mas está lá: ‘Doutora’. É... A educação no Brasil está mesmo calamitosa! Eis a prova! Era minha ‘amiga’ naquela rede social, e foi ela própria que me adicionou. Nem sabia quem era. Agora sei um pouco. Até alunas dela entraram nesse ‘debate’ cheio de pré-conceitos e racismo. Racismo sim! Bem, as palavras acima falam por si só. Agora imaginem que tipo de aula anda acontecendo por aí. Que tipo de (de)formação. Que tipo de professor. Pobres crianças! E os tolos da juventude virtual com essas idéias velhas, mofadas, retrógradas. Parecem velhos ridículos e ultrapassados que se petrificaram no tempo. Quanta estupidez! Quanta ignorância e falta de conhecimento! E o bom senso? Esse parece que nem existe. Escrevi duas ou três postagens relativisando a questão, com o fundamento necessário e tudo mais, e fui excluído da postagem e da ‘amizade’ com a dita ‘doutora’. Minhas escritas foram apagadas pelo autoritarismo de alguém que se diz ‘democrática’ – como consta no seu discurso. Puro papo! Hipocrisia deslavada! Por isso e por tantos outros, é que eu sou a favor da limitação nos meios de comunicação. Tem gente que não tem condição de sair manifestando opinião por aí. De merda o mundo já anda cheio, e os exemplos disso estão acima – e nas redes sociais.


O sul é meu país! (?)

...o cacete! Não é bem assim que eu queria, mas esse é o Brasil. Volta e meia, esse movimento que se auto-proclama o ‘salvador da pátria’ (que não existe), traz à tona essa ‘campanha’ ridícula. Querem emancipação do que essa gente? Separatismo, que piada medonha! Se isso acontecesse eu mudaria pro nordeste. Seria um bom motivo. Não que eu não goste do sul, a questão é outra. Já não existem fronteiras e burocracias suficientes no mundo? Penso que, se o sul se separasse do Brasil, aqui aconteceria uma guerra ou simplesmente a disparidade social aumentaria. Se não voltasse o coronelismo como sistema predominante, talvez um tipo de nazi-fascismo – e esse ‘movimento’ separatista tem cheiro de nazi-fascismo! Mais um país, um governo, leis, corrupção, etc. Não, não, chega disso! Numa tarde cinzenta de setembro, ‘tacando o terror’ no face book, foi que eu me deparei com essa campanha. Entre os comentários, grande parte deles, faziam apologia ao patriotismo ufanista e xenofóbico. Alguns seres de racionalidade duvidosa enaltecendo o Rio Grande do Sul como grande Estado brasileiro, depois a nossa bela e calamitosa Santa Catarina e por fim, o Paraná. Mas a coisa não para por aí. Muitos dos comentadores favoráveis ao separatismo, menosprezam outras regiões do país, principalmente o nordeste. Nordeste, pobre nordeste, sempre leva a culpa pela contradição do país! Aquela imbecilidade e falta de conhecimento histórico, social e econômico, aquela reprodução vulgarizada de um pensamento ideológico e bairrista, que diz que o sul sustenta o resto do Brasil e blá-blá-blá! Velha ladainha! Temos sorte aqui, devido ao fato de nossa terra e nosso clima ser favorável ao plantio. E se o sul é desenvolvido, é por causa disso. Ou alguém acha que foi mérito unicamente da colonização e do coronelismo? “Ah! Pagamos mais impostos e trabalhamos que nem condenados, pros vagabundos dos nordestinos ganharem bolsa família e ficarem o dia inteiro deitado nas suas redes!” – assim reza o ódio e ignorância da elite frustrada do sul do país. Minha resposta pra isso: “É que somos bestas que só pensamos em trabalho, trabalho, dinheiro, dinheiro!”, enquanto no nordeste, descansa sua ambição. Isso sem contar o fator cultural. Por aqui predomina a euro-descendência, enquanto no nordeste, a miscigenação, principalmente envolvendo a cultura africana, que, diferente da européia, não era, nem nunca foi ‘capitalista’. É outra lógica, e não dá pra comparar (no sentido de medir forças). Esse pensamento de superioridade e raiva é descaradamente medíocre e mesquinho para um bom entendedor. Mais leitura, conhecimento e reflexão e menos ganância e falatório. Ok?!


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dez anos... entre a História e a ficção!





Dez anos se passaram e os detritos continuam, principalmente na memória do ocidente. Anos atrás, antes mesmo da queda das ‘torres gêmeas’, símbolo do status do capitalismo econômico mundial, o cinema hollywoodiano já fazia filmes ideológicos, espetaculares e sensacionalistas tratando do tema. Lembro da cena de um desses filmes que vi, ainda criança, e foi exatamente como anos depois aconteceu na realidade. Um filme feito na década de 1980, onde algum povo árabe-mulçumano (um grupo terrorista pra variar!), seqüestrou aviões que foram lançados sobre as torres. Dali pra diante um herói militar norte americano surgia em cena pra vingar o orgulho ferido do seu país. Mais do que o bem humano e material que se perderam com o ato terrorista, era o orgulho e a arrogância dos EUA como país mais poderoso e rico do mundo que era posto em cheque. E isso era inconcebível! Assim também aconteceu na nossa história recente. É a vida imitando a arte, como se diz por aí (se bem que aquele filme não era nenhuma obra de arte). Mas a idéia já estava lançada. Quando vi pela televisão em tempo real o choque do segundo avião com a torre, as lembranças daquele filme voltaram, e naquele momento não sabia se era realidade ou ficção. Mas aconteceu, e esse acontecimento teve conseqüências. Os EUA e seus aliados, no nome do então presidente George W. Bush, usaram o fato como pretexto para invadir, pilhar e sacar outros países. Implantar governos aliados para futuras investidas em territórios alheios, já que a economia dos EUA depende muito disso. Mas hoje vemos que não adiantou muito. O atual presidente Barack Obama herda os problemas gerados pelas práticas passadas de sua nação (não que ele não faça o mesmo, mas... ‘ferrou neguinho! Pegou uma panela fervendo na mão!’). É nisso que dá o orgulho, a vaidade, o espírito de superioridade, o ufanismo nacionalista. Teoria do Caos meus amigos! O próprio EUA que treinou e apoiou o exército de Bin Laden durante a Guerra Fria contra a infiltração dos comunistas naquela região, anos depois vai amargar com a investida da sua cria (se é que foi isso o que realmente aconteceu – tenho cá minhas dúvidas!). Enfim, fazem 10 anos exatamente que o mundo viu diretamente pela televisão uma das mais impactantes cenas da História mundial, que, diga-se de passagem, deixou no chinelo as superproduções ideológicas do cinema hollywoodiano.


7 de setembro...




















Você é independente?

Pátria amada, armada, idolatrada, salve-salve! Quando alguém me enche muito o saco, a ponto dos argumentos não servirem mais pra nada, mando que vá para a ‘pátria que o pariu!’. Nasci aqui e aqui me criei, neste solo sagrado, sangrado, rico e de muitos miseráveis. Às vezes chego a não entender o motivo pelo qual muitos parecem se preocupar mais com a pobreza cubana do que com a miséria brasileira. Não vêem que aqui as desigualdades são gritantes? Ou fazem de conta que não vêem só para jogar cisco no olho alheio? Mas hoje é dia de cantar o hino, dia de respeitar a bandeira e bater continência aos símbolos sagrados dessa pátria. Mas que pátria é essa? O que e quem é o brasileiro? Quando se fala em Brasil, em nação brasileira, penso nos povos indígenas, nos caboclos, nos negros descendentes de escravos, nas crianças. Sobra um espaçozinho também para os euro- descendentes e outras etnias. A natureza, o solo, as culturas. Esse misto alegre que se chama nação. Mas também me bate certa tristeza, pois aí lembro de aspectos deploráveis de nossa História, e como ‘historiador’, sinto e vejo o quanto ainda precisamos mudar, avançar, desconstruir conceitos, crenças, valores, morais. Atitudes e sentimentos e razões hipócritas. Dentro de todo esse contexto, sempre me senti um pouco deslocado, e nunca tive tanta certeza se amo ou não esse país. Posso amar este chão e a diversidade que existe em cima dele, mas nunca um Estado ou ordem ou instituição emblemática e militarizada que se diz pátria. Não dessa forma que está dada! Acredito sim, em possibilidades de transformação, em mudanças. Pra onde não sei, mas sei que necessito disso. A terra necessita! Esse país necessita, para que ele mesmo seja nação. Carregamos na ‘nossa’ bandeira uma frase positivista. ‘Ordem!’. Que ordem? Pra quem? ‘Progresso!’. Que progresso? Pra quem? Sigo marchando errado, com meu passo trocado enquanto eu ver alguém pedindo um trocado. Sigo afirmando o caos meu de cada dia, minha falta de sossego, meu culto pela diversidade e diversão de manifestar, minha dor, minha ira, minha alegria, minha diária construção. Estar satisfeito completamente, acomodado, conformado com tudo, é legado dos covardes ou daqueles que ainda não se emanciparam pro mundo. Nascido num tempo de ditadura militar, eu ainda canto, eu ainda luto, pois sou filho deste solo que ‘és mãe gentil - pátria armada que me pariu!’.

*
Pátria que me pariu!

“Uma coisa é um país, outra um ajuntamento. Uma coisa é um país, outra um regimento. Uma coisa é um país, outra o confinamento/ Mas já soube datas, guerras, estátuas/ Usei caderno “Avante” - e desfilei de tênis para o ditador. Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”/ e éramos maiores em tudo - discursando rios e pretensão. Uma coisa é um país, outra um fingimento. Uma coisa é um país, outra um monumento. Uma coisa é um país, outra o aviltamento. (...)”

Esse é um trecho de um poema de Affonso Romano de Sant’Anna  que veio a calhar nesse momento de ufanismo patriótico. Cresci, até a minha primeira adolescência, dentro de um CTG que conservava (e talvez ainda conserve), valores patrióticos, situando melhor, gaúchos. Alguns poucos reais sentimentos e muito discurso. Também já desfilei num dia 7 de setembro. E no único registro que tenho disso em foto, pra variar, estou marchando com o passo trocado. Mas não foi intencional, eu era (e ainda sou) atrapalhado mesmo (naquele tempo eu não era um ser tão inquieto como sou hoje). Desde criança somos incentivados, quando não induzidos ou mesmo obrigados a cantar o hino brasileiro, mesmo que ele não signifique muito pra nós, mesmo que não entendamos direito sua letra romantizada de linguagem clássica (o que tem pouco ou nada haver com nossa realidade cotidiana). Para que se haja respeito a alguma coisa, algum símbolo é necessário que se compreenda e se sinta parte dele, caso contrário, a ‘lealdade’ e devoção a ele se torna uma hipocrisia. Depois de algum tempo tentando entender isso, tive acesso a outras leituras, outras versões da História. Ainda muito jovem, li um livro que se chama ‘Triste fim de Policarpo Quaresma’, do escritor carioca Lima Barreto. Esse livro me ascendeu pra compreender melhor meu caso nada passivo com a pátria. Aos poucos fui tendo contato com pensamentos mais universais, críticos as fronteiras e ao positivismo republicano que cunhou muito do que conhecemos do nacionalismo. Através de um discurso patriótico, nacionalista, se usurparam culturas e possibilidades de outros modos de convivência social. Muito se impôs ideologicamente e militarmente. E assim se construíram idéias e ideais patrióticos, na maioria dos casos, forjados. O Brasil cresceu, mas a exploração da população menos favorecida continua e eu não bato continência pra isso. Portanto, o 7 de setembro pra mim, vai além da data comemorativa dessa nossa ‘independência negociada’...


Rodeio & Pátria: importação!

A semana da pátria já iniciou olê-olê-olá! E os velhos hábitos e as velhas crenças e as velhas maneiras continuam. Escolas que ‘oferecem’ alunos pra mostrarem o quanto o adolescente ama seu país, lendo ou falando em praça pública sobre o heroísmo patriótico e o grito de independência dado por um imperador europeu e/ou para marchar no desfile oficial comemorativo. Pátria amada, militarizada. Mas não é só o ‘libertador’ que importamos. Importamos idéias, culturas, crenças, etc. Um desses ‘produtos’ festivo-ideológicos é o rodeio country. Touros e peões. Sertanejo universitário (que em nada tem sertão). Masculinidade enfatizada nessa pátria armada. Enquanto os desfiles fazem honrarias ao poderio institucional e militar, à ‘ordem e progresso’ estampada na bandeira (frase também importada, pra variar – leia-se positivismo), peões (que são uma versão tupiniquim dos caubóis norte americanos), montam em seus cavalos pra laçarem bezerros que, depois de laçados são derrubados com violência e golpeados no chão. Porque não fazem isso com touros? Já que o peão tem panca de ‘muito macho’! Mas nos touros os peões gostam é de montar (alguns preferiam ser montados, mas essa é outra história). Dias atrás na maior festa de peão de boiadeiro (ou rodeio country), a famosa festa de Barretos, um peão acabou quebrando a coluna dum bezerro, que depois foi ‘sacrificado’ (morto! A palavra ‘sacrificado’ ameniza um pouco a situação). Deveriam é sacrificar essa prática estúpida. Quem viu as imagens sabe o quanto foi violento o sofrimento do bicho, que paraplégico, devido ao golpe, ficou estendido na arena. E o povão ovaciona o ‘herói’ peão. Mui macho! – pois golpear um bezerrinho não é pra qualquer um - não é?! Touros e bezerros torturados, ‘mulherada’ (como dizem), cerveja e sertanejo universitário: elementos dessa prática e/ou cultura que alguns amam, outros abominam. Eu fico com a segunda opção (salvo as mulheres e a cerveja – que não são exclusividade dessa ‘cultura’, ainda bem!). Farra do boi, tourada, rinhas de cães, assim como esse tipo de rodeio, são culturas medíocres, que pra um mundo que se pensa moderno e se diz ‘civilizado’, são um atraso. E quem inventou que se deve respeitar toda e qualquer cultura? Quero que determinadas culturas se explodam! Rodeios country lembram as arenas romanas, onde gladiadores se confrontavam e até enfrentavam animais selvagens até que o sangue escorresse, tudo para a diversão de uma população anestesiada, embrutecida, e para a saúde o Império.  E hoje não é muito diferente. Sangue e dor. Ódio e disputa. Pão e circo para o povo!


Fotos da crueldade que acabou na morte do bezerro:

 


















...ao fundo das imagens abaixo, dêem um 'tchauzinho!' para os patrocinadores...










quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pessoa(s)!

Meus dedos doem enquanto eu escrevo mais um texto. Abro um tinto chileno pra relaxar. Sou pessoa. Não Fernando (ou como Fernando), mas pessoa. Aliás, todos somos pessoas. Deixei os poemas de lado pra que esse espaço tivesse minha assinatura. A assinatura de uma pessoa. Pra alguns, ‘persona non grata’. Mas querido pra outros. Assim são as pessoas. E assim é que me faço pessoa também.  Independente dos gostos alheios. E você, como se faz pessoa? Se eu fosse Fernando, também seria pessoa. Mas mesmo assim, não seria Fernando Pessoa. Você já leu, né? Ou pelo menos já ouviu falar! Vou considerar que sim. Acho que não conheço nenhuma pessoa que nunca tenha lido ou pelo menos ouvido falar em Fernando Pessoa. Sim, Fernando Pessoa, além do maior nome da poesia em língua portuguesa, também foi uma pessoa. Como eu. Como você. Como nós. Carne, osso, sangue nas veias. Estômago, rins, pulmão. Pessoa, o Fernando, escreveu. Você e eu, também escrevemos. Do nosso jeito. Da nossa forma. Escrevemos nossa própria História, personagens de nós mesmos. Entre contar uma ‘estória’, entre discorrer sobre algum tema, algum assunto, pessoa que sou, me faço também pela relação com o meio e com o outro. O que seria de eu sem o outro? Se não fosse o outro, eu não existiria. Aliás, nenhuma pessoa existiria. Nem pessoa, nem Fernando Pessoa ou Fernando algum. E na minha relação com o outro também tem a comunicação. Além de uma necessidade básica, a comunicação faz parte do meu trabalho. Quando estou em sala de aula lecionando, estou me comunicando. Quando estou tocando com a Epopeia por aí, também. Quando escrevo aqui ou no meu furodebala, a comunicação está acontecendo. Enfim. A comunicação é minha função principal, pois nenhuma arte, nenhuma linguagem existe ou é percebida e admitida como tal se não gerar um movimento que se chama comunicação. É o ato de uma pessoa, e Fernando Pessoa está aí para nos mostrar. Além de poeta, Pessoa foi um grande comunicador. Sua linguagem, sua forma: os versos. Eu como comunicador ou como pessoa que se comunica - com crianças, com animais (e um pouco com adultos), também me arrisco em versos e em versões... Vejo poesia em tudo aquilo que é rejeitado - & tenho versões crônicas pras coisas... Assim como Fernando. Assim como pessoa.



Rinha?

‘Herman, Herman! Você viu a vitória do Anderson Silva?’. ‘Quem é esse?’. ‘Ué, não sabe?’. ‘Ah sim, aquele lutador...’. Não adianta, não consigo gostar de MMA (ou Vale Tudo?). Talvez eu não espere muito de uma luta (dita ‘arte marcial’), que leve este nome. O nome já é motivo para eu não gostar. Se ‘vale tudo’, eu considero mordidas, tijoladas, garrafadas, facadas, etc. Preconceito meu? Talvez! Reconheço, sou meio tradicional ou mesmo conservador quando o assunto é arte marcial (pelo menos em alguma coisa eu tenho que ser conservador, não é?). É que já fui praticante durante algum tempo. Já pratiquei Karate, Faiconte e Wing Shu Kung-Fu (inclui-se aqui o Tai Chi). Era apaixonado por Kung Fu (e ainda gosto). Por isso talvez eu não ache graça em ver dois homens ‘bombados’ se agarrando ou se socando sem parar no chão. Técnica? (ou porrada?) – há controvérsias! Sinceramente, não vejo muita diferença entre MMA e briga de rua. Ambos não me empolgam. Posso estar equivocado? Posso! Claro! Ókei, talvez minha opinião frente a isso não interesse nada, nem pros lutadores nem pros leitores. Então vou voltar pro meu mundinho da crônica. Pronto, voltei! Agora com a vitória do Anderson Silva e do catarinense no UFC (do qual nem sei o nome), o esporte competitivo (diga-se de passagem), o MMA, cresce ainda mais no país. Também, não haveria de ser diferente. Ligo a TV e lá estão eles, os lutadores cheios de músculos distribuindo porrada. Acesso a internet e lá estão eles. Ligo o rádio e lá estão eles. Saio pela rua e lá estão eles. Passo por um grupo de jovens e o papo que rola, adivinhem! Sim, o mesmo! Um dia vi um filme onde havia uma rinha de Pitibuls e, toda vez que vejo uma luta de Vale Tudo, lembro daquela imagem horrenda. Alguns vão dizer: ‘Esse Herman é mesmo uma bicha!’. Enquanto outros já pensam: ‘Essa macharada suada, se socando, se agarrando e rolando no chão, coisa de bicha!’. É o preconceito minha gente! E quem não tem? São as opiniões minha gente! E quem não tem? Já vi até rinha de galo nessa minha vida. Mas isso não tem nada haver com o que eu estava falando. A moda agora, pelo menos nos meios de comunicação de massa, é o tal MMA (o tempo das rinhas de galo já se foi faz tempo). O culto ao corpo masculino, herança grega, assim como a demonstração de força está em alta (vem junto no pacote da moda das lutas de ringue de competição). Enfim... Que vença o pior!


* luta a que me refiro:


não é rua, mas é ringue.. (o Japonês errou o soco e caiu.. que técnica!)


* Kung Fu (arte):


combatentes praticando... não há 'luta' pois os golpes se aplicam em partes letais do corpo...


* O princípio do kung Fu, busca anular o ego.. praticamente o oposto das 'lutas', ditas 'esportes de competição', que acabam engordando egos.. o Kung Fu usa, além da força física (que não precisa ser muita), principalmente a mente, a energia e a velocidade.. Já no Vale Tudo, a força física é o principal elemento.. enfim...


Manifestança!

Acordo cedo. Há um barulho esquisito lá fora. Abro e vejo pela janela do meu quarto pessoas quem caminham em passos ritmados ostentando faixas e cartazes. Elas gritam e cantam em coro. É uma manifestação. Uma marcha. Algo acontece além do marasmo rotineiro. Algo acontece no mundo. Ligo a TV e lá estão eles. Jovens manifestantes. Protestando. Reivindicando. Marchando. São tantos e em tantos lugares do mundo. O repórter da Globo, com um ar de astro, mas um pouco assustado, tenta detratar a movimentação através de um discurso pronto. A edição das imagens evidencia momentos de violência. Desligo a bosta da TV e vou pra internet. Nos principais sites de notícia lá estão eles, os manifestantes. Um que outro colunista-cronista publica bons textos sobre esses eventos. Os leio e escrevo o meu. Amanhã tratarei do assunto em alguma aula de História ou filosofia. Depois de algumas leituras, desligo o computador, passo a mão no jornal e lá estão eles novamente. E lá está a polícia. E lá está também a demagogia política e conservadora de algum colunista. Leio e acabo tacando fogo naquelas páginas. É frio e o papel é útil para iniciar um fogo na lareira. Como aqui em casa não tem lareira, vai pro fogão a lenha mesmo. Com isso, percebo coisas onde muitos não percebem - mas deveriam atentar pra isso. A grande mídia ocidental torce o nariz para as manifestações, ou as apóia, conforme convém ao interesse do capital. Jovens que se manifestam contra os governos ‘inimigos’ do liberalismo-burguês ocidental nos países árabes são tratados nesses meios de comunicação como heróis da liberdade, pela democracia. Já os jovens ocidentais, aqueles que estão se manifestando pelas ruas da Inglaterra, são tratados pela mesma mídia como bandidos, ‘vândalos’, terroristas. Porque essa diferença? Interesse meus amigos, interesse! Para o capitalismo ocidental é preciso derrubar governos que resistem aos seus interesses e levar ao poder governos ‘amigos’, ou obedientes aos trâmites do capital. ‘Mas aqui não!’, dizem os governos liberais-ocidentais. ‘Somos os salvadores da liberdade (econômica – detalhe!), da democracia’, e blá-blá-blá. Esse é o discurso hipócrita dos Estados ocidentais-capitalistas que serve para manter seus poderes em dia. Mas cuidado, eles mentem! Através da grande mídia oficial e privada, eles induzem e conduzem a população conforme seus interesses. São lobos manipuladores em pele de cordeirinho. Bem... Eu me manifesto, pois estou de pé. E você?