quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Luzes iluminam... Mas também ofuscam

Sejam todos bem vindos ao espetáculo! O Natal chegou! O prefeito da cidade inaugura as luzes de Natal e sai em desfile pela avenida central saudando a população em cima de um caminhão enquanto multas de transito caem na minha caixa de correio como se fossem baratas procriando, devido ao mau funcionamento de sinaleiras e outros desserviços prestados. O excesso de veículos circulando na cidade causa acidentes e um trânsito horas intransitável, principalmente para os pedestres e ciclistas que perdem seus espaços para essas caixas de lata – o transporte ‘público’ continua com seu serviço diminuto, mas sendo um grande negócio. O gás que sai das descargas dessas caixas de lata enche meu pulmão de toxinas, mas eu insisto em respirar. Buzinas e ruídos aprofundam ainda mais a minha surdez. Mas tudo bem, é Natal e todos devem ficar felizes. O comércio central brilha junto às luzes de Natal enquanto o sol torra os transeuntes que pisam sobre as poucas folhas restantes das árvores caídas que um dia traziam sombra para o centro da cidade. ‘É o desenvolvimento’, dizem eles. Mas vamos nos alegrar, afinal, é Natal! ‘Natal da família chapecoense’. Dizem! Apesar de tudo, com sinceridade, desejo boas festas e saúde aos meus também sinceros leitores. Que novas energias renovem também nossos ares. Continuamos...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 24/12.



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Aprimorando a arte!

Grupo de Estudo e Prática de Wing Tjun Kung Fu Xapecó é novamente matéria de jornal:





Leituras do Cotidiano, 19/12

Professor e seu mundo

Ano letivo que se encerra. Crianças que se despedem. Eu que, ao mesmo tempo me alegro com o sucesso das nossas aulas recheadas de filosofia, história, sociologia, poesia, literatura, cinema, etc., me entristeço com a falta do sorriso, atenção e carinho das crianças e jovens que movem minha esperança no mundo, me motivando para continuar sendo professor. As salas de aula, corredores, pátio da escola, estão vazios. Possivelmente verei alguns dos meus alunos no próximo ano. Outros, por aí. Mas sei que, alguns, talvez, nunca mais verei. E assim acontece a vida de um professor. Você está cercado de estudantes barulhentos durante quase um ano inteiro. De repente, está solitário no silêncio do vazio. Você ajuda a constituir seres pensantes, como filhos seus, e tem tantos filhos. De repente, já nenhum. O mundo, ao mesmo tempo em que é cheio, também é vazio. O professor tem relação com o pai e a mãe que, criam seus filhos com amor e carinho e depois os libertam para o mundo. Um mundo, às vezes, complicado e violento (em seus vários níveis), mas, às vezes, maravilhoso de se estar e viver. Sem meus alunos/as, minhas aulas, confesso, me sinto um tanto perdido, mas sei que, em breve, estarei novamente cumprindo com a função a qual me integrei, a de ‘ensinar aprendendo’, pois, é nisso que consiste meu caminho neste universo da educação, da cultura, do aprendizado, do conhecimento. Enfim. Sou professor e tenho alegrias por isso, por mais tristezas que cruzem meu caminho. Esta função ainda é gratificante. Ainda é importante. Eu diria, fundamental! Eu, professor nas escolas e estudante no mundo...


Manchas na política nacional


O cara foi bem votado. Recordista, conste! Volta e meia destila sua mediocridade e estupidez pela obesa mídia nacional. O nome do dito cujo é Jair Bolsonaro. Já foi militar e é congressista. Compõe hoje, um dos piores (senão o pior) congresso da história do nosso país. Um deputado que tem no tom de seu discurso o escárnio contra as diversidades. Algo típico e comum em regimes nazifascistas. Uma besta que posa de vítima e cidadão ético. Ele tem sua moral. Uma moral sob tudo duvidosa, onde, por trás dela se esconde, possivelmente, um ser patológico, cheio de impedimentos, frustrações e fetiches pelo que é bizarro e violento. Transforma esta ‘patologia’ em ideologia e ação política, no que deveria buscar tratamento. Um dos mais votados da história. O típico político eleito pela massa de manobra de uma indústria cultural que trabalha em pró de interesses privados. Eis a cara de parte de nossa política oficial, pois ela é feita de pessoas, homens públicos, com o Sr. Bolsonaro e afins, e os interesses por trás deles. Mas, também existem aqueles que fazem jus ao seu papel de representar a sociedade, mesmo sendo a menor parcela, fazem o contraponto desta condição quase miserável que é a nossa política nacional. Enfim. Enquanto assim for, estaremos na corda bamba, nos equilibrando para não cair no abismo. Que o Sr. Bolsonaro seja execrado da política nacional e viva sua vida longe da política e dos holofotes, pois, é assim que seres como estes se alimentam e ocupam espaços que deveriam ser dignificados e não vulgarizados. Amém!













* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



Ética (?)

Uma das melhores concepções de ética que já vi veio da filósofa, psicóloga e poeta Viviane Mosé, que diz: “uma atitude ética é aquela que considera o entorno e o porvir”. Tendo em vista o ‘outro’, ética não é algo que se compre ou se negocie. Ética se constrói sendo. E são as relações humanas, sociais e/ou culturais que definem muito do que é a ética, que, assim, também pode ser coletiva. Toda a ética vem acompanhada de certa moral. Moral e ética são amantes que convivem em diálogo, e é difícil pensar em uma sem a outra. Novamente o ‘um’ e o ‘outro’, constituindo uma relação. Uma relação, sob tudo ética, e convergindo em certa moral. Mas, o que acontece muito, é o discurso submeter, ou estar além desta relação. Tomemos por exemplo um ‘homem público’, o Sr. deputado Jair Bolsonaro, campeão em votos nas últimas eleições. Polêmico por suas declarações ‘violentas’, Bolsonaro ofende, agride, menospreza, imbeciliza. É esse um cidadão ético? De moral elevada? Ou apenas um embuste espalhafatoso que representa a mediocridade moral e cultural de um país? Convicção ou demência? O que é Bolsonaro? Um ‘homem público’ que não considera o entorno nem o porvir, é o que melhor representa uma política arcaica e medíocre, como parte significativa da nossa. Mas há quem ache ele ético. Acreditem! Qual será a concepção de ética desses?


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 19/12.



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Em tempo...

Venha o tempo em mim. Me traga rasuras, estragos, vivências. O tempo soberano que cura é o tempo tirano que mata. Ele, só ele tem poder junto à vida. Venha o tempo em mim. Me traga o riso idiota do palhaço sem sonho. A amargura nobre do burguês sem riso. O semblante risonho da criança selvagem. Um naco de perversidade do velho bêbado imoral que perambula pelas ruas sem pátria nem patrão. Venha o tempo em mim. Meus cabelos brancos, minha meia potência, minhas rugas e pele murcha como a fruta deixada ao sol. O odor do que aos poucos apodrece e não perdura. O tanto de tempo que me deu vidas e que deixei para trás em copos e garrafas de venenos baratos nos bares da vida. Venha o tempo em mim. Me traga aquele eu que já fui e ficou para trás, nos tempos de infância, quando corria sujo e livre pelas ruas vazias em cenários bucólicos. Já fui do mato. Já fui da roça. Já fui gente que andou descalço no tempo das lidas. Já habitei cidades invisíveis e campos infinitos longe deste abandono civilizatório das multidões vazias. Venha! Faça do que resta dos meus sonhos um pouco de realidade. Nem que seja uma realidade breve e com pouca ou quase nenhuma variação. Está em tempo. Pois o tempo, eu sei, um dia não mais se fará. E eu, em tempo, me despedaço para um dia, quem sabe, me recriar. Em mim, tempo ainda há. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 12/12.



Leituras do Cotidiano, 12/12


Miséria nossa de cada dia

Eita miséria! Ver/ouvir ‘celebridades’ com pouco cérebro discutindo gênero, direitos, isso ou aquilo em programeta de televisão daqueles que só vendem seu próprio peixe. Acho que sabem do que ou de quem falo, não sabem? Mas deixa pra lá, disso o mundo dos excessos está cheio e é fácil saber. Espetáculo familiar de sábado à noite e/ou domingo à tarde. Nos dias da semana, a novela forma mais do que qualquer universidade, ensina mais do que qualquer escola. E assim anda nossa cultura pop, como nossa educação, nossa mentalidade e as razões forjadas por tudo isso. Lixo industrial produzido e propagado a granel e consumido em massa para o bem estar do espetáculo nosso de cada dia. Circo para o povo! E nossa miséria cultural/intelectual só aumenta. Ainda bem que temos alternativas e possibilidades. O brasilzão é grande! Salve nordeste! Salve eu e salve você que vê e transita para além do espetáculo. Um dia, quem sabe, estaremos sãos e salvos. Mas, por enquanto, Bolsonaros e afins, persistem em seus estupros discursivos e políticos. E alguém é cúmplice. Foi eleito, não foi?! Por voto secreto e democrático, não foi? Agora aguenta o filho da puta! (perdoem-me putas, vocês não merecem tal comparação, mas entendam este incurável escriba, como sendo isso, o que foi escrito aqui, uma ‘figura de linguagem’. Sei que despindo vocês desta roupa social e ultrajante, são bem mais do que um título comum e vulgarizado pelas bocas infames deste mundo). Falando nisso, a mãe do dito cujo já deve ter se matado pelo filho que tem. Pobre senhora! Tenho pena dela. Mas enfim. Também somos parte desta festa. Não a organizamos, eu sei, e nem todos são nossos convidados, mas, estamos nela, gostemos ou não. Portanto, vamos curtir e fazer valer nossa estada, marcando o contraponto a contragosto daqueles que só sabem sugar. Eles um dia, também cairão, e o tombo não será pequeno. Podem esperar!

 *

Cai a noite. O poeta sai de sua casa com os olhos ardendo em brasa. Ficou a tarde toda aventurando um poema. O poema não saiu. O poeta irritou-se e foi para o bar. Chegando lá encontrou o poema, rindo-se, embriagado como uma puta decadente. O poeta irritou-se pela segunda vez.
- Hei! Me vê uma cerveja!
Bebeu uma, duas, três... Seis cervejas.
Bêbado, agarrou o poema e sem piedade, o estrangulou.
- Morre desgraçado!
O poeta a passos lentos foi para casa.
Ligou a tevê, abriu uma cerveja, deitou no sofá...
Sentiu-se bem.



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Leituras do Cotidiano, 05/12


Convulsões

Este foi (está sendo) um ano duro. Enquanto o Brasil e o mundo empobrecem artisticamente e intelectualmente com a morte de grandes mestres das artes e do pensamento, como Rubem Alves, Ariano Suassuna, Manoel de Barros e agora Roberto Bolaños (Chapolin, Chaves e Chesperito), o carismático e instigante Pepe Mujica deixa a presidência do Uruguai, com muitos avanços, principalmente na área social. Mas coisas boas como a aposentadoria de Sarney na política e o anúncio de ‘pausa na carreira musical do cantor Latino’ acontecem também, para ‘equilibrar’ um pouco as baixas. O grande jornalista e literato Xico Sá sai da Folha por motivos políticos e dá belos e contundentes disparos referentes à conjuntura nacional, como: ‘Não é a primeira vez que se prende empreiteiro no Brasil. Mas é a primeira vez que o governo não intervém para soltá-los’. Enquanto parte significativa da posição dá os braços à oposição, junto a grande mídia para minar o governo recém-reeleito de Dilma que, ‘escolhe’ sob ‘livre e espontânea pressão’, alguns ministros na (in)lógica de incoerência com o discurso progressista que hoje, é comum até na mais extrema direita. E assim caminhamos não sei pra onde. E assim caminha a humanidade. Convulsões que nos chegam de todos os lados. E nós pasmamos embasbacados com tudo. Seja pela tela da televisão ou dos modernos celulares, as notícias e informações superficiais deturpam a realidade e nos tornam consumidores diários do espetáculo. ‘Circo para o povo’. E cá estamos nós, no meio desta ‘zorra total’, admirando sem saber por que todo este excesso de superficialidade. E ‘todo mundo’ hoje ‘é’ sociólogo, filósofo, historiador. Pior, ‘todo mundo’ é juiz no mundo convulsivo das redes sociais, mesmo sem ao menos a desculpa de ter estudado estas áreas do conhecimento. Estamos sofrendo de crises convulsivas em várias situações e de várias formas. ‘E agora, quem poderá nos defender?’. Ainda bem que temos mestres vivos e o legado dos mestres mortos como referências e contraponto ao espetáculo convulsivo da indústria cultural e das ideologias que a permeiam - além do Caos... 


Um ‘todo’


Pensamentos são páginas que folhamos ao lermos o livro chamado conhecimento. Nisso, é preciso conhecer para pensar sobre o objeto deste conhecimento. O conhecimento vai para além da informação. Por isso, nem tudo, ou quase nada, do que circula nos meios de comunicação, é conhecimento. Ou seja, na imensa maioria é só informação e, geralmente, descontextualizada, dado o modo de como nosso ‘jornalismo’, escolas e universidades, atuam na sociedade. Modo fragmentado dentro daquilo que ficou convencionado por ‘especialidade’. É preciso profundidade no conhecimento? Penso que sim. Porém, esta profundidade não pode se transformar em segmentação ou fragmentação. Aprofundar ou ‘especializar’ tendo em vista o ‘todo’, ou, sem perder o vínculo com o ‘todo’. E o ‘todo’ é composto de ‘diversidade’. Portanto, ‘especializar’ o ‘ser humano’, como ‘conhecedor’, a partir de boas e vibrantes referências, pois, todo o conhecimento deve vir ampliado pelas várias linguagens desenvolvidas no decorrer da experiência histórica. Ou seja, o ‘bem pensar’, vindo de um conhecimento profundo e amplo, depende de certo trânsito em várias linguagens. Trânsito mental (intelectual), sensível e físico-existencial (corporal), já que o ser humano não vive em pedaços, sendo ele, também um ‘todo’. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó. 



Folhas vivas

Folhas vivas são aquelas que trazem impressas em si as marcas do tempo – pois o tempo é vivo - para além da notícia ou informação que repentinamente morre. Se estas tem vida curta, o conhecimento gerado por elas pode ser eterno. Nas entrelinhas das folhas que vivem estão vinculados os teores críticos juntos a informação que, por sua vez, não é dada, mas suscita pensamentos e questões: comunicação que vai além do fato. E nisso, o Folha do Bairro cumpre com seu papel que também é o de comunicar. A brevidade das notícias, informações ou textos publicados em meios de comunicação, não pode servir de desculpa para a superficialidade e mediocridade dos mesmos (e é o que, infelizmente, acontece muito por aí). Nisso, tenho sorrisos em dizer que faço parte de um jornal que não é o maior da minha cidade, mas que cumpre com seu papel que é o de informar e ‘problematizar’ a sociedade, como poucos. Um jornal com postura e que não se rende a jogatina batizada da informação ideológica. É uma honra para este escriba que vos remete semanalmente a palavra, caro leitor, publicar textos neste nobre espaço. Portanto, agradeço e parabenizo ao Laurimar, a todos os que compõem o jornal, e a vocês leitores, motivos destas minhas palavras. 11 anos não são 11 dias, são histórias vivas que inspiram outras. E que venham muitas histórias mais...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 05/12.



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Nós, Nosotros...

Quem viver verá. Será a nossa dimensão, sem fim. América Latina unida em torno de um projeto só. Com toda sua diversidade de valores, culturas, linguagens, economias. Um mundo. Velho, porém, novo. Como nunca antes foi. Os olhos do mundo estão apontados para a parte latina deste grande continente. Seremos a força motora do novo mundo que aos poucos se desenha. É claro que muitos não tem este entendimento, esta leitura. Também, esperar o que, se nem os meios de comunicação de massa tem. Ou fazem de conta que não tem? Ainda não uma realidade, mas uma grande e boa possibilidade. Uma possibilidade que pode gerar um novo rumo para a humanidade. Um rumo mais humanitário e menos ‘coisal’. E esta possibilidade, esta esperança, vem daqui, do nosso chão, da nossa gente, da nossa história. Pensarmos como brasileiros e latino-americanos é o começo. Percebermos que, juntos formamos um universo de potências é fundamental neste novo contexto que se desenha. Quem sabe, em breve, este desenho saia do papel e passe para a constituição de uma nova realidade, para um novo mundo. Sim, sou esperançoso. Homem de fé. Na terra, no outro, na vida. Utopia? Pode ser. Mas não impossibilidade. Sejamos então utópicos, positivos, lutadores. Olhemos em volta. Não estamos sós. E o mundo, de repente, passa a nos perceber... E de nós necessitar.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 28/11.



Leituras do Cotidiano, 28/11


Neves derretem rápido no clima tropical

Era uma vez um país, um candidato, uma eleição e uma televisão. O tempo se passou, o país continuou, a eleição se findou, a televisão se alimentou e o candidato... Bem, o candidato sumiu. Por onde andará tal personagem? Qual o motivo do sumiço? Parte do espetáculo nosso de cada dia, ou algo estranho por detrás da imagem dada? Façam suas apostas, o jogo continua! Neste país, tal candidato, antes do sumiço, falava em mudança. Mas agora, muitos até esqueceram do seu nome, passada a euforia da corrida eleitoral. A reprodução massiva de discursos ‘contra’ a corrupção e ‘a favor’ de uma tal e pretensa e discursiva mudança - pra onde? - ninguém sabe, ninguém viu! – fez do jogo um espetáculo ainda maior. E quem venceu? Não há vencedores, pois o jogo ainda está longe de terminar. E o personagem, aquele que pestanejava coçando o nariz nos debates? Sumiu! Ninguém sabe, ninguém viu! Alguém, por favor, se o encontrar por aí, não me informe. Obrigado!


Receita de golpe

Receita de 'golpe' para minar uma economia, um governo, um país (na lógica do 'quanto pior, melhor'): oposição irresponsável raivosa/destrutiva + mídia ideológica obesa/espetacular = Estado inoperante e/ou colapso da governabilidade.

Qualquer relação com a realidade brasileira atual, não é mera coincidência!


Alguém me escreve:
'Herman, vi no seu currículo que é professor, compositor, escritor, instrutor de Kung Fu, fotógrafo, toca em duas bandas, membro de sindicato... Como consegue fazer tudo isso, ter essa variedade de habilidades? Há tempo pra isso? Como consegue viver?
A questão é:
"Só consigo viver por causa disso..."

Caçador de si próprio

O fim de ano se aproxima e o comércio ferve. Como uma panela de pressão prestes a explodir. Vai sujar toda a cozinha de gordura saturada. Nem tudo o que se compra se consome. Nem tudo o que se consome faz bem. Talvez, o oposto. Consumir demais causa obesidade, não só no corpo, mas fora dele também. E as ruas estão cheias - obesas. E as lojas, shopping, bancos, estão cheios. De gente, de dinheiro, de vícios e exageros - gordura. Produto de um aquecimento nacional (não global) da economia. Uma economia sob tudo capitalista, longe do ‘comunismo bolivariano’ que muitos ignobilmente reproduzem como se fosse realidade por aí. O Brasil tem futuro, só que ele ainda não veio. Aliás, quando vir, já não o será mais. No caso, o Brasil só tem presente. Assim como todo o mundo. Presente hoje. Falando nisso, já comprou seu presente de Natal? Que tal uma passadinha no nosso comércio? As portas estão abertas, assim como as bocas de algumas pessoas e como as bocas de lobo. Mas cuidado, ambas podem morder, abocanhando o pouco que resta de ti e que ainda não foi devorado pelo nosso comércio predador. Ao consumir, cuidado para não ser consumido, pois, é assim que os acidentes acontecem. Um dia é da caça, outro, do caçador. E o espetáculo prossegue...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O motor dos nossos dias

Estamos em fase de amadurecimento e construção, sempre. Nem verdes, nem maduros, muito menos podres. Precisamos nos conservar. Conservar-nos em movimento. Pra isso temos a linguagem, o diálogo, o bom senso. Somos seres coletivos e intermináveis, além da solidão que nos envolve, um por um, ao seu modo no seu próprio canto. Mesmo no coletivo, temos nossa própria solidão, nosso próprio espaço, nosso próprio ‘eu’ – mas este ‘eu’ não se encerra em si. A vida também acontece no coletivo, com o outro, numa relação entre diferentes. E é nessa relação que quase tudo acontece, sendo ela possível devido ao movimento de ‘troca’ ou ‘integração’ entre o ‘eu’ e o ‘outro’, onde ambos, nós, formamos o contexto. Linguagem e bom senso, eis nossos instrumentos de vida coletiva, onde o ‘eu’ não existe sem o ‘outro’. Nisso, é preciso de certa ‘sinceridade’ e ‘consciência de si próprio’, a princípio e principalmente. Assim é que a vida na sua complexidade de relações entre pessoas e o meio ou os variados contextos que as envolvem, tem sentido de ser, ou seja, um caminho em constante movimento e variação, (dês)medido pelo Caos criador-construtor, que desconstrói para depois continuar. Eis o motor, eis o impulso dos nossos dias. Entre o individual e o coletivo, a natureza e a cultura, caminhamos...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 21/11.



Leituras do Cotidiano, 21/11


Médicos da ‘ditadura bolivariana comunista cubana’ apresentam vacina contra o câncer de pulmão

'A vacina, chamada Racotumomab (Vaxira) e desenvolvida pelo CIM (Centro de Imunologia Molecular de Cuba) foi aplicada com resultados favoráveis em pacientes da ilha caribenha entre os anos 2008 e 2011.'

O mundo na sua 'forma capitalista de ser' (a dita 'democracia' liberal capitalista) inibe algumas 'curas' e usos de medicamentos que podem ajudar a tratar doenças como o câncer, a modo da jogatina em torno do lucro e/ou do capital ('acumulativo', diga-se de passagem), numa lógica de 'mercado' onde quase tudo é tratado como 'mercadoria' e 'indústria' - inclusive a vida alheia. Temos assim a 'indústria da doença', as 'indústrias farmacêutica e médica' e o 'discurso' da 'saúde', como pretexto ou justificativa dessas ‘doenças sociais’. E tudo isso vende, gera 'informação' (notícia), lucros e concentração de renda e poder. Eis o mundo da 'liberdade capitalista'! Pague e não garanta nada! Talvez prorrogue ou prolongue seu problema, e a doença social. Sua doença será a saúde do sistema, para o bem estar do 'espetáculo'.

Enquanto isso...

Nas redes sociais, medíocres reprodutores ignóbeis do discurso ideológico blasfemam: ‘Volte pra Cuba!’


Mestres se vão, suas obras se eternizam...

 Foi-se mais um mestre. Manoel de Barros, nos seus 97 anos de idade. Um poeta como poucos. Tivemos, ou estamos tendo, um ano de grande perdas na cultura nacional. Grandes mestres da palavra e linguagem que se foram este ano: Ariano Suassuna, Rubem Alves e Manoel de Barros, entre eles. Mas suas obras, seus legados continuam vivos, no coração, mente, alma e prática daqueles que, como eles, fazem das suas vidas uma poesia, uma composição musical, uma arte. A palavra ecoa, já diria outro grande mestre, o filósofo Nietzsche. E a mensagem, a ideia, a palavra, eternizarão o tempo de estada terrestre destes grandes mestres da linguagem, do pensamento, da palavra. Quem venham outros inspirados nestes grandes, fazendo jus aos seus legados, pois, ecoando, a palavra gera e continua...

"Não preciso do fim para chegar." (Manoel de Barros)


Meus pés...

Meus pés cansados
 
Passo a passo, passam
Com eles também já passei
Passaram minhas pernas
Passaram meus dias...

Andei por estradas desertas,
Montanhas, matas...
Atravessei rios, tempestades,
Corri o mundo...

Meus pés cansados
Andaram descalços,
Calçados, furados,
Sujos, calejados...

Corri, lentamente caminhei,
Quase já morri... 
Continuei, sofri...
Parei. 

Meus pés cansados
Agora descansem 
Já é chegada a hora
De caminhar nas nuvens.


* minha singela homenagem e agradecimento ao mestre, o grande poeta Manoel de Barros († 1916 - 2014)



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Uma corda

Eu vejo e sinto o mundo ao meu redor. Meus dilemas são dilemas dos que tem sensibilidade para com o mundo. Um mundo que só é possível a partir de certo equilíbrio. Por isso preciso a todo o tempo estar em movimento. Mas não falo só enquanto movimento externo. Parte deste ‘movimento’ necessita ser interno. Eis a busca. Eis a luta. Eis a continuidade. É preciso compreender, perceber, saber que, algumas pessoas tem este ‘talento’ (ou seria um fardo?). Bem, essa interpretação fica por conta de quem vai pensar a respeito. Neste mundo cheio de coisas, entre boas e ruins, é o Caos quem as movimenta – as coisas. Mas, é a ordem a provocadora deste Caos. Eis o equilíbrio do todo que também seria o equilíbrio de todas as pessoas, mas, feliz ou infelizmente, é o equilíbrio de apenas ‘algumas pessoas’ que são destinadas a tal, ou seja, viver ‘tentando’ este equilíbrio – eis a condição! ‘Condição e não opção’. Alguns chamam isso de ‘ser sensitivo’ ou ‘ser empata’. Outros acham que é besteira. Besteira ou não, ser sensitivo ou não, pouco importa para quem simplesmente ‘acha’. Mas para quem vive e sente e sabe ‘o que se é’, das suas necessidades e faltas, ser ‘equilibrista’ neste mundo, faz toda a diferença. Pois como diria Nietzsche: "O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem: uma corda por cima do abismo”.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 14/11.



Leituras do Cotidiano, 14/11

Arte xapecoense em movimento... como nunca!

Muita coisa - e boa - anda acontecendo por aí, referente às linguagens e/ou manifestações artísticas de Xapecó. Tivemos dias atrás no teatro do SESC o lançamento e 2ª exibição do belíssimo ‘filme sonoro’ dirigido pelo amigo, professor e agitador cultural Roberto Panarotto (Banda Repolho e Irmãos Panarotto), que leva o nome de ‘Plástico’, também rodado no Rio de Janeiro. Outra amiga, atriz e performance,  Josiane Geroldi e sua companhia, a ‘Cia Contacausos’, rodando o Estado e o país com suas belíssimas apresentações de 'contação de histórias'. Criativas bandas de rock autoral como a ‘John Filme e a ‘Duranggos rodando em festivais independentes.  Os ‘Variantes com disco novo. ‘Maquinarios tocando ao vivo no programa Show Livre. Outras bandas como a ‘Transcendental Cid’, estreando com criatividade e gás total, enquanto a ‘Feito Elétrico (banda da qual também faço parte), prepara sua estreia 'oficial' nos palcos e sua primeira gravação em estúdio. O baita documentário ‘A Conquista’, assim como o filme ‘Clareando que está por vir, entre outras boas produções áudio visuais rodando ou sendo compostos.  O projeto 'Música Autoral' (o qual assino junto ao amigo, colega professor/historiador da UFFS Claiton Marcio) acontecendo, revivendo um pouco dos anos 90 através da apresentação de algumas das bandas que fizeram aquele cenário ser possível.  O lançamento do DVD/filme sonoro ‘A Vida é Agora!’ da banda Epopeia, uma produção áudio visual, poética e filosófica, feito na integração da banda com amigos, artistas, cabeças e corpos pensantes que se movimentam. Entre tantas outras e belas produções acontecendo. Contudo, arrisco em dizer que nossa produção artística nunca esteve tão 'quente' como está atualmente. Investidores, produtores, poder público, vamos olhar bem e mais para este potencial que é a criatividade e produção artístico-cultural local. O momento pede e o tempo passa. A vida também e feita – e enriquecida – com essa diversidade de linguagens e fazeres. Aproveitemos esta boa fase em que a arte local-autoral está, como talvez nunca antes esteve, pois, como diz o nome do filme da banda Epopeia, “A vida é agora!”.


‘Demo-cracia’ & ‘Dita-dura’


A febre do discurso acima de um tal ‘bolivarianismo’ vem e, como uma enchente, arrasta junto consigo os mais desavisados, ingênuos ou ignorantes mesmo. Portanto, antes de sair reproduzindo qualquer rumor, surto, discurso ou paranoia, é bom que se leia, estude, pesquise. Atingir certa coerência, certo ‘bom senso’, faz bem para olhos, ouvidos, coração e cérebro. Nas últimas semanas a rede social mais famosa do mundo, o (al)facebook virou uma vitrine dessa reprodução em questão. Besteiróis como ‘ditadura comunista bolivariana no Brasil’ se reproduziram (e se reproduzem) a granel neste meio, como se isso fosse realmente um ‘perigo’ que ronda nossa ‘demo-cracia plástica’. Sendo que, aquela ‘dita-dura’ militar iniciada em meados dos anos 60, que muitos parecem gostar, foi um regime de ‘extrema Direita’, portanto, não tem nada de ‘comunista’ ou o que se assemelhe a isso. Alguns livros de história podem ajudar nesse discernimento. Falta contexto para esses ‘reprodutores’. Enfim. Nossa ‘democracia’, mesmo sendo do jeito que é, é ainda ‘democracia’, longe da sombra de uma tal ‘ditadura comunista bolivariana’, mas não tão longe assim, do perigo, aí sim, de uma ‘ditadura militar de direita’, e, perto, bem perto, ou quase dentro, de uma ‘ditadura midiática’. Eis o nosso nó...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



OBRIGADO POETA!

Adeus ao grande mestre! - 13/11/2014

"A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas."









"Do lugar onde estou já fui embora."
"Não preciso do fim para chegar."

 Manoel de Barros († 1916 - 2014)



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Brasil pós-eleição II

As eleições terminaram. Mas não no mundo das discussões que se tornou a rede social. Discussões, muitas vezes, rasas de conteúdo. No Brasil pós-eleição, as contradições continuam, agora revigoradas. Um mesmo ‘povo’ (parcela dele, no caso) que saiu às ruas naquele famoso junho de 2013 pedindo maior participação política, agora comemora a rejeição do decreto da presidenta pela oposição no congresso nacional (ênfase no PSDB e no próprio PMDB que tem a vice-presidência do país) que criava os ‘conselhos populares’, a modo de aumentar a participação popular em algumas decisões do Estado. Durma-se com tamanho barulho! E a coerência entre o velho discurso e a prática: um abismo. Discursam ‘contra a ditadura comunista bolivariana cubana’ mas clamam por ‘intervenção militar’. Desculpem, mas eu tenho que rir de tamanha falta de coerência e contexto histórico. Analfabetos funcionais na política, mais do que na língua ou nas letras. E é assim que ‘querem’ mudar o país (?). Quer dizer, que dizem quererem. No Brasil pós-eleição do facebook, todos são historiadores, sociólogos, filósofos e agora também economistas e bons cristãos. E o espetáculo prossegue, firme e forte, como haveria de ser, noticiado pelas páginas da revista e emissora de TV mais ideológicas e obesas do país, enquanto o rebanho segue reproduzindo...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 07/11



Leituras do Cotidiano, 07/11


A tentativa de golpe e o rebanho

‘Eles’ tramam. ‘O rebanho’ reproduz. Tentam deslegitimar a qualquer custo o governo recém reeleito da presidentA Dilma. Não aceitam a realidade nem o veredicto das urnas (ou a democracia – por mais capenga que ela possa ser). Estão minando os espaços na tentativa de sufocar e detratar o governo para que, quando a crise aumentar (leia-se crise mundial que ainda pouco sentimos por aqui) e tiver seus efeitos mais visíveis, a população mais desinformada jogue toda a responsabilidade nas costas largas do governo atual. Não que ele não tenha sua parcela dessa responsabilidade, mas, os que tramam (oposição e parte dos aliados, sob tudo, parte significativa do PMDB), tem muito mais, pois jogam contra a tentativa de manutenção de um Estado nacional mais ‘horizontalizado’ que hoje existe neste grande território, como nunca antes existiu. E quem paga a conta dessa jogatina do ‘quanto pior melhor’, dessa oposição obesa e golpista, é o povo brasileiro. Portanto, vamos acordar que ainda é tempo e perceber quem é o que neste jogo.


Impeachment da presidentA

“Impeachment ou impugnação de mandato é um termo que denomina o processo de cassação de mandato do chefe do poder executivo pelo congresso nacional, pelas assembleias estaduais ou pelas câmaras municipais. A denúncia válida pode ser por crime comum, crime de responsabilidade, abuso de poder, desrespeito às normas constitucionais ou violação de direitos pétreos previstos na constituição. A punição varia de país para país.”

ou seja.. meras 'acusações' sem provas não configuram 'crime'.. ainda mais vindas de empresas de 'comunicação' que funcionam como instrumentos ideológicos, servis a dados interesses privados, como é o caso da revista Veja.. ou de pessoas ou grupos reprodutores.. conste...

então, antes de reproduzirmos esse tipo de tentativa ideológica de golpe, tenhamos bom senso, buscando boas fontes de informação...


Das contradições ou incoerências...

1.  junho de 2013: 'população' sai as ruas pedir maior participação na política..

2. outubro/novembro 2014: oposição ao governo Dilma no congresso derruba decreto da presidenta que garantiria maior participação popular na política do país.. mídia faz pouco caso.. 'população reprodutora' não reage.. 'população reprodutora' sai as ruas pedindo 'intervenção militar' (o que na ditadura caça direitos e restringe ao máximo a participação popular na política do país)..

em suma: quer mais 'irracionalidade contextual' que isso?


Da ‘dita-dura’...

1. rumando para 'ditadura comunista' no Brasil? não, não.. o contexto é outro.. e bem diferente.. desculpe informar-lhes, mas a 'ditadura militar' foi de extrema 'direita'...

2. separatismo? ditadura? ok, você venceu! façamos o seguinte: ditadura para quem quer ou gosta.. democracia para quem quer ou gosta.. fechado?


também sou favorável a algum 'separatismo':

cão que ladra.. se você gosta da 'dita-dura' enfiada no seu rabo, ok! não tenho nada contra seu desejo.. se isso lhe agrada.. desde que seja para você (em você) que gosta..  só não inclua os outros no seu fetiche, tara ou necessidade quando eles não querem, ok? cada um com seu fetiche.. cada um com seu rabo.. cada um com sua coleira ou canil.. e estamos conversados...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.