quarta-feira, 25 de maio de 2011

Arautos da mediocridade... eles prosseguem cavando!

“Deve-se falar somente quando não se pode calar; e falar somente daquilo que se superou.” (F. Nietzsche).

Resolvi sair do meu QG (que é minha casa), e voltar a frequentar locais e eventos sócio-culturais ligados a arte e ao mundo universitário, aos poucos. Cansei um pouco dos meus estudos e pesquisas ‘caseiras’, sejam elas musicais e cinematográficas, teóricas ou filosóficas. Mas isso não significa, de forma alguma, que eu vá abandoná-las (pelo menos, agora não). Isso tudo é parte essencial da minha vida (e não é de hoje que eu faço isso, me construí assim). Nessas minhas divagações pelo mundo das idéias e possibilidades, volta e meia me deparo com situações deploráveis. Desde meros blogueiros aspirantes a filósofos que agem como se fossem grandes pensadores num mundo virtual (literalmente), guiados pelos seus vícios egos-maníacos, até doutores academicistas que tentam ridicularizar o impacto que Nietzsche causa ao pensamento ocidental-cristão de forma velada em suas conferências. Isso e muito mais, está reduzido ao cotidiano, ao dia a dia, a História presente. Falo daqueles que se vestem em personagens medíocres para amenizar a merda das suas vidas e, por não terem o que defender nem atacar, lançam suas iras psicastênicas no espaço com suas armas de curto alcance. Ingenuidade? Idiotice? Um pouco das duas, eu diria, somado a falta de experiências concretas, reais, cotidianas. Esses pseudo-filósofos e suas filosofias da conformidade, do vazio. Acompanham a efemeridade social com suas práticas e pensamentos. Criticam mesquinhamente alguns espaços, mas sempre que podem estão desfilando neles. Por vezes se utilizam de uma linguagem literária e/ou burocrática (e não filosófica), para legitimar seus discursos reprodutores e demarcados. Falta de fundamentação e ‘experiência de chão’. Falta de inteligência! Generalizam todos os meios num discurso simplista. Lançam suas iras em cronistas e jornalistas como se fosse uma raça, decerto por não conhecerem Rubem Braga, Mirisola, Xico Sá, Hunter Thompson e seu gonzo jornalismo, e muitos outros dessa laia que estão além dos conceitos estereotipados e estacionados que eles, no fim, acreditam, pois reproduzem (mas devagarzinho, de tanto tropeçar, estão aprendendo, já conseguindo até utilizar a palavra ‘alguns’ quando escrevem para tentar escapar do determinismo que os compõe). Acreditam piamente que são bons, quando não passam de meros instrumentos de toda a ordem. Não consideram o Caos. Lêem Nietzsche e Cioran com uma compreensão factícia (se é que lêem!). Mas isso também não é surpresa numa realidade em que 5% do país lê e destes, apenas 3% compreendem o que estão lendo. Na semana do Festival de Teatro de Chapecó, vi pessoas curtindo os espetáculos e desfilando pelo Centro de Cultura e E-ventos que, certa feita, alvejaram o SESC, dizendo que a instituição ‘só traz lixo cultural pra cidade’. Não sabem os tolos que parte dos espetáculos (os grandes), vieram por intermédio do SESC (ou é um caso de incoerência entre o dizer e o fazer). Não estou aqui glorificando o SESC como sendo o paraíso da arte e cultura, mas dentro da nossa realidade, é o meio que mais propicia isso. Pessoas que também criticaram o ‘Entrevero de Rock’ (projeto escrito por mim e pela Liza, depois afinado pela Michele e pelo Jakson Kreuz), de forma mesquinha e imbecil, dizendo que a banda Epopeia fez o projeto pra si própria, já tocaram várias vezes pelo projeto, e em locais que jamais tocariam se fossem pelo seu ‘talento’, enquanto a Epopeia (que fez o projeto pra si própria – que piada!), tocou apenas uma vez, ainda na inauguração do projeto. Isso transparece uma coisa que eu até então nem acreditava que exista, a inveja. Que merda é essa?! Sintoma de consciências pseudo-burguesas? Reprodução de valores individualistas numa sociedade quantitativa promotora de disputas? Percebo que esses seres ilativos sejam frustrados por não conseguirem aquilo que almejam: algum sucesso ou certa fama, notoriedade, razão, autoridade ou até simplesmente reconhecimento. Talvez, faltou alguém avisá-los que reconhecimento se conquista e não se impõe. Acima de outros fazem suas vozes sem reverberação aparecerem. Pobres criaturas! Mundo pessoal, cada um tem o seu. Portanto, o sentido de escrever, publicar, dizer, mostrar, é pra que outros leiam ou vejam (e isso tudo também é imagem). Esse discursozinho privativo, essa falácia de que ‘escrevo pra mim’ ou ‘não participo disso ou daquilo’, é apenas uma tentativa de se livrar da culpa da covardia. Ninguém está além desta bosta toda que é a sociedade do espetáculo sim senhor! (pelo menos os que publicam, tocam músicas por aí, aparecem em eventos, etc. E quando falo em sociedade, é algo que está além do discurso – ou da moda – sociedade enquanto estrutura de valores, morais, conceitos, além da questão institucional). A diferença é que alguns resistem com a consciência alimentada, em dia, assumindo suas vontades e seus modos de se compor e ser dentro dela, outros, tentam justificar as suas covardias e fraquezas, tendo ‘o outro’ sempre como ‘o problema’. Nem se tocam que são instrumentos da moral social vigente. Esses tolos decerto acreditam na mentira do livre arbítrio. O pior é que usam a roupagem dos malditos pra isso, dos rebeldes, dos artistas do Caos que andam pelas ruas lançando aromas de transformação no vento. Pessoas que vivem a se justificar no “eu”, são os maiores instrumentos de manutenção que um poder territorial pode ter em suas mãos. Soberbos filósofos da conformidade... medíocres filósofos do vazio... criam dentro dos seus mundos virtuais sua vã filosofia míope para tentarem amenizar suas faltas, suas dores, ao invés de assumirem-se dentro dos seus limites humanos e existenciais, e assim, perceberem o quanto ainda precisam caminhar para chegar a algum lugar mais elevado que os possibilite uma visão de maior alcance, pois... “Só é possível chegar ao topo da montanha a partir do chão”.


Politicamente incorreto...


“(...) eu acho que entendo Hitler (...). Sou totalmente a favor dos judeus. Bem, não totalmente, porque Israel é um pé no saco…”. Calma, calma, essas não são minhas palavras (se bem que também acho Israel um pé no saco - dos Palestinos). Entre outros, foram esses ‘dizeres’ que deixaram o cineasta dinamarquês Lars Von Trier em maus lençóis no último festival de cinema de Cannes. Von Trier, diretor de magníficos e polêmicos filmes como ‘Dançando no escuro’ (com a genial Björk, premiada pela sua atuação), ‘Dogville’ e ‘Anticristo’, também é um homem provocador, assim como suas obras. E foi isso que ele fez ao, numa entrevista, ironizar a temática do nazismo. ‘- É, mas isso não é coisa que se brinque!’, podem dizer os mais preocupados. Acontece que hoje, existe um sensacionalismo do politicamente correto na comunicação. Seja no jornalismo como na arte, e isso inclui também o cinema (o que dizer então das telenovelas e telejornalismo?). Von Trier, como um grande cineasta, um mestre do cinema contemporâneo, um artista no sentido amplo da palavra, não se comporta como a indústria do entretenimento gostaria que fosse. Acabou o sátiro, sendo muito questionado e criticado duramente pelos meios e alguns jornalistas que não tem um mínimo senso de ironia (nem bom senso pra saber distinguir uma piada ácida da realidade propriamente dita). Agora é punido por suas palavras ‘malditas’ (ou mau ditas?). No jornal da globo o cineasta foi chamado de ‘língua solta’. Já noutros meios, a crítica caiu sobre sua imagem, tendo destaque a sua mão, onde está tatuado um ‘FUCK’. Um ‘Fuck’ tatuado nos dedos diz muito sobre uma pessoa não é? Inclusive, se ela é ou não nazista, claro! (isso é ironia – antes que alguém ache que estou falando sério). Tentativas de depreciar a obra através do artista. Assim caminha o sensacionalismo da imprensa (de certa imprensa). Como cronista, um pouco sarcástico, um pouco irônico, posso estar equivocado, mas saio na defesa de Von Trier pela sua obra, e não só porque gosto dela, mas porque o ‘politicamente correto’ é uma forma de adestrar as possibilidades de desconstrução de determinados moralismos. Contudo, agora quero ver ainda mais ‘Melancholia’, o novo filme do diretor ‘persona non grata’. Bem, ‘eu acho que entendo Von Trier.’


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sobre greve e a condição do mestre...

O poder do Mestre

A greve é um instrumento que cobra, que exige. Infelizmente um dos poucos modos que existem para forçar e já não mais convencer os ‘mandatários’ das necessidades do trabalhador que precisam ser supridas. Ninguém faz greve porque é divertido ou enriquece, mas sim para melhorar alguma condição sócio-econômica ou para forçar o cumprimento de algo que se julgue de direito, justo e/ou necessário. A greve só acontece por um desleixo do próprio poder instituído e, diga-se de passagem, ela já foi mais radical e combativa. As instituições têm sorte que os sindicatos hoje já não são mais os mesmos, e que existe uma amenização nas exigências grevistas. ‘Tudo’ se negocia. Um tempo atrás, não era bem assim. Como se diz no senso comum, o buraco era mais embaixo. Mas ainda assim, os dirigentes, muitas vezes, agem sem nenhum bom senso. Em Santa Catarina, professores da rede pública de educação iniciaram uma greve que cobra a implantação imediata da Lei do Piso Salarial no Estado. Cobrança justa! Não é só porque professor seja ‘uma das minhas profissões’, mas neste caso, defendo a ‘categoria’. O professor ganha muito pouco no Brasil. Qualquer marqueteiro de plantão ganha mais do que um professor. Um bom professor (e aqui não me refiro a qualquer professor, porque existem casos e casos...), deveria, dentro de um senso de justiça, ganhar mais do que um político. Mais do que um advogado, promotor e até mesmo juiz, porque não! O professor é aquele que prepara o indivíduo para ocupar territórios até então inóspitos. Mas ele é desprestigiado por isso, no que deveria ser respeitado. Um professor deveria estar no nível de um médico ou um juiz de direito na pirâmide social. Não pela autoridade, mas pela sua função. Mas não. Isso é só uma piada desse cronista sem graça. O professor, dentro de um conceito de profissão, é praticamente um mendigo, que precisa protestar, fazer greve para exigir um pouco mais de dignidade e respeito à sua função. Vivemos no capitalismo, portanto, o salário é sim um motivador e um realizador. Infelizmente! Futuros médicos, juízes e políticos, todos, passam pelas mãos do professor (quer dizer... políticos, nem todos!). E qual é a recompensa daquele que destina seu tempo a ensinar e fazer da vida de outros um ‘sucesso’? Nisso, também precisamos rever nossas práticas, nossos modos e conteúdos. Nessa nossa sociedade, do jeito em que está, é coerente antes desconstruir a ensinar. E nisso, também temos nosso poder – que não é financeiro. Mentes estão em nossas mãos...

*
atitudes como esta para desconstruir o discurso obeso dos burocratas de terno e gravata: http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA  ..porque 'quem cala consente!'


“Nós”

‘Eu sou preto. Também posso ser negro, afro-descendente ou mulato se você quiser - ou como você quer que seja. Não é sempre você quem decide isso? Então? Eu sou preto por que essa é a cor da minha pele. Ponto. Nem azul ou bronzeado. Preto mesmo!’ - ‘Eu sou gay. Também posso ser bicha, viado, puto ou homossexual se você quiser - ou como você quer que seja. Não é sempre você quem decide isso? Então? Eu sou gay por que essa é a minha natureza, minha opção, meu desejo, minha necessidade. Minha,  só minha vida!’ Mas o que é a sexualidade? Você não sabe, não é? E você, o que você é? Um euro-descendente heterossexual? Um branco macho? É tão fácil assim te classificar? Ou você é um ser humano tão frágil e medroso como qualquer outro? A que raça, etnia, cor, credo, tendência, partido, espécie na ordem das evoluções darwinistas, e o escambau, você pertence? Deve ter lá seu orgulho, grupelho, ordem, gang, tribo, seita, facção, rótulo, etc. Seja o que for, eu posso acabar com isso com apenas um golpe desferido com precisão. Te boto pra dormir com a cara na lona. E aí, quem é o melhor agora? E se o mundo acabar amanhã, a cor da minha pele, minha sexualidade, minhas opções e minhas virtudes, minha moral e minhas posições - ou as suas - vão nos livrar da morte? A carne não vai servir de alimento pros vermes por acaso? Bactérias, fungos e vermes são mais fortes do que nós dois, humanos limitados e por muitas vezes ridículos. Eu sou pobre. Ganho pouco e dependo do meu suor e de ‘oportunidades’ para viver neste país onde alguns ganham muito e outros quase nada. Depois de terem sugado todo meu sangue me oferecem cotas para que eu possa estudar e ter um espaço (ainda restrito) nessa sociedade. Mas você é contra as cotas, não é? Eu descendo daqueles que criaram, na marra, a primeira economia deste país hoje ‘rico’, e graças a isso, vocês estão aí hoje, desfrutando de inúmeras facilidades. Meus antepassados vieram amarrados por correntes de aço em navios imundos, cheios de ratos e doenças. Comeram o pão que o diabo amassou. Violentados e torturados, fizeram a riqueza de que hoje você desfruta. E agora, como reparar essa injustiça histórica? Com cotas? É muito pouco ainda. Talvez o mínimo. Talvez! E eu é que sou o mal. Eu é que sou o erro. Eu, sempre eu... o outro, o diferente!

Qualquer relação com a semelhança, é mera realidade...

Histórias do Velho Oeste II: Os incendiários!

Escapei do linchamento naquela noite de primavera. Os companheiros do meu bando não tiveram a mesma sorte. Era outubro de 1950 e eu me lembro como se fosse hoje. Depois de apanharem muito da população irada, com suas carnes já dilaceradas, foram incendiados. Tonho ainda estava vivo pelo que me contaram depois. Deve ter sofrido muito o coitado. Fomos acusados de incendiários e éramos forasteiros. Nego as acusações até hoje. Se bem que não sou tão confiável assim! Que culpa tínhamos nós pelas garotas nos darem bola? Se arreganhavam todas quando nos viam passar em cima de nossos cavalos. Éramos elegantes e tínhamos risos de vanguarda. Bons tempos aqueles em que perseguíamos um ideal! Por mais que eu fosse perigoso, nunca ateei fogo em igreja nenhuma. Sou devoto e jamais faria isso! O desgraçado do delegado em comunhão com o padre, prefeito e outras autoridades, fizeram corpo mole, deixando a populança nos agarrar. Queriam nos ver mortos, e conseguiram. Mas eu sobrevivi. Talvez os imbecis não esperassem por isso. ‘Famílias nobres... ah! Que piada!’. Que nobreza há em atos como este? Eu andava bem trajado e era gentil com aqueles que fazia contato, principalmente com as donzelas e raparigas. Andava armado, como os demais, costume da época, mas nunca precisei puxar o gatilho, graças a Deus! Sou o quinto elemento de um bando de amigos e companheiros de aventura, forasteiros no Velho Oeste. O único sobrevivente. Minhas cicatrizes são incuráveis e carrego seqüelas que jamais serão reparadas. O tempo passou e eu envelheci junto com minhas dores que são eternas. Xapecó é uma cidade de tradição incendiária. Hospitais, clubes e até igrejas foram ‘vítimas’ del fuego ao longo dos anos por aqui. A maldita disputa por poder local fez vítimas e deixou um rastro de sujeira na história do Oeste. Não é por nada que aqui é o ‘Velho Oeste’. Muitos dos covardes desapareceram enquanto eu prevaleço – ainda estou aqui, incrustado nas pequenas decadências dessa cidade. Como uma maldição, volta e meia sou lembrado – o tormento da moral local. Sou parte nobre de uma história hedionda – o ‘pé no saco’ dos heróis que aqui foram forjados. Minha vingança foi tornar eterna a matança dos meus comparsas. Estou vivo e me chamo Memória.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Epopeia de um pistoleiro

Histórias do Velho Oeste, parte IV

“Um pouco de água para o cão, por favor!”. Ele me olhou com o canto do olho e lentamente foi se movendo. Ex-pistoleiros sabem do que gente da sua laia é capaz. Serviu o cão sem desgrudar os olhos de mim. “Agora um trago pra mim...”. Não respondeu uma só palavra, mas atendeu meu pedido, só que desta vez um pouco mais rápido. Buscou na prateleira uma garrafa de cachaça, a mais envelhecida do bar. Serviu lentamente num martelinho. O cheiro forte e adocicado do alambique aguçou ainda mais meu olfato e meu desejo pelo álcool. Despejei uma pequena quantia no chão, aos meus pés. “Essa é pro Santo!” O soalho por alguns segundos ferveu. A cachaça era mesmo da boa. O cão trocou a água pela cachaça e lambeu o chão. Seu nome era Santo. O bodegueiro continuava me fitando enquanto secava a testa com um pano imundo. Dois homens sentados na mesa no fundo do bar também me olhavam um pouco receosos, até eu virar a cabeça pro lado. Rapidamente baixaram seus semblantes. Uma mulher de olhos chorosos, ancas largas e peitos inflados, suor no pescoço e cabelos oleosos, fixava seu olhar no meu cachorro, o Santo. De repente, num pulo, alguém saltou do banheiro. Saquei o berro e com toda minha agilidade apontei em direção a porta. No susto, quase atirei. Era uma mulher. Um pouco mais nova e ajeitada do que aquela que fixava seu olhar no Santo. Uma bela e estridente puta. Cabelos castanhos escuros, olhos negros, batom encarnado na boca. Estatura mediana e muito magra. Vestia um espartilho bordô e uma saia preta de couro, curta e justa. Segurava na mão um copo de uísque já vazio. Seu olhar bateu direto no meu e meu coração disparou no ato. O dela, garanto que também, só que devido ao susto de ter um quarenta e cinco apontado diretamente para sua cabeça. Devido a minha atitude, sorriu discretamente com os braços levantados. Devolvi o revólver para a cintura: “Baixe os braços baby, e da próxima vez, tenha mais cautela ao sair do banheiro!” Voltei-me ao balcão. “Mais um trago, por favor!” Mais uma dose e ela seria minha naquela noite. Bebi num gole só. Ao terminar, ela já estava ao meu lado. Senti o frio do metal encostando no meu pescoço pelas costas, e uma doce voz que anunciava: “Passa a grana meu amor!”. Saiu porta afora com o meu cão. Levou embora meu dinheiro, minha arma e meu coração.

e a saga continua...


Coisas que eu gosto & gente da minha laia...

bueno sonido! arriba el Mexico Zapatista! (presente do amigo e companheiro de 'Estilhaços', Diógenes Gluzezak, o cão)


Penélope Cruz.. óh Penélope! compõe a decoração da sala aqui de casa..


Marciano, o guitarrista/poeta & eu..


Hassanik e Ra-didi, membros do G.T.P. & S. (Grupo de Terrorismo Poético & Sonoro).. em encontro festivo


Liasha e Hassanik..confraternizando seus feitos do 1º Bimestre de 2011


Hassanik, Ra-didi e Gustafh (o Marx do Velho Oeste).. mirabolando empreendimentos surreais


..aqui acontecia um debate sobre estratégia de ação..


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Relações de trabalho

De relance uma notícia me veio aos ouvidos. Era assim: ‘Santa Catarina lidera no trabalho escravo’. Fiquei de cara. ‘Lidera no trabalho escravo?’. Como assim? Não é o Estado de economia mais estável e o estado de melhor distribuição de renda? No primeiro de Maio foi comemorado o dia do trabalho (ou do trabalhador?), uma festa incluindo as duas ‘classes’ relacionadas nesse jogo: empregado e empregador, operário e patrão, ambos ‘trabalhadores’. O setor privado exercendo seu comando sobre a força de trabalho que é humana, diga-se de passagem, (e antes que eu também esqueça disso). Atualmente, até partidos políticos ditos de esquerda, associações e sindicatos que dizem apoiar e defender os trabalhadores neste processo sócio-histórico-econômico praticam a ‘pacificação’ e a manutenção do empreguismo, ou seja, mediam o conflito entre as ditas ‘classes’, o que o velho Marx, acreditava que seriam superados na organização institucionalizada do próprio trabalhador (seja ela em sindicatos ou no ‘partidão’). Por outro lado, o setor privado também negocia, através de seus sindicatos, aí é representante dialogando com representante sobre as condições do trabalhador dentro desse ‘contexto produtivo’. E o discurso ideológico acima disso vem de ambos os lados. Se por um lado o trabalhador não se empenha o suficiente na especialização do seu ofício como julga o setor privado, por outro, o empresariado exige o ‘irreal’, ou seja, a profissionalização daquele que sustenta o negócio. Irreal porque a realidade não é assim. O trabalhador, por mais profissional ou especializado que seja, nunca vai ganhar o suficiente para justiçar seu empenho. Anos e anos estudando, dando o melhor de si, produzindo, desenvolvendo possibilidades e técnicas, e o ganho no final do mês não equivale ao esforço despenhado, ao consumo do tempo de vida daquele que suou para acrescer seu saber-fazer. Parte do setor privado não trata o profissional como deveria. Nisso, palestras de auto-ajuda e motivação, assim como a venda exorbitante de livros desse tipo, só servem para ‘alienar’ a realidade. Um prêmio aqui, uma festinha ali. É a ‘alienação do trabalho’ de Marx. Todo esse aparato de ‘melhorias’ do trabalho é focado na produção e não nas condições e relações humanas no trabalho. Historicamente o trabalhador é explorado e alienado por estratégias do dito ‘mercado de trabalho’. Eu radical? Capaz! Falando nisso... E a redução da carga horária?


Venham que a festa é da boa!

‘Herman, como você sabe quantas vezes foi anunciada a morte de Bin Laden na televisão desde que sua cabeça foi posta a prêmio há 10 anos atrás?’ Simples meu bem, eu contei! E pela minha conta, foram 17 vezes. Mas não se preocupe com a exatidão das coisas, pois tudo isso é uma grande comédia. Um show de humor. Um grande circo armado para o entretenimento. Um espetáculo de ilusionismo. A mágica aconteceu e eu já não estou certo se realmente foi o corpo de Mr. Bin Laden que boiou naquele mar onde ele supostamente foi atirado, ou se quem está boiando nisso tudo é a população que recebe passivamente a enxurrada de informações desencontradas. Primeiro divulgaram uma foto muito suspeita do defunto, que para alguns foi manipulada em photoshop, depois disseram que não dava pra mostrar fotos, pois seriam ‘imagens muito fortes’. Decidam-se! Que zona é essa? Coisas que não colam são noticiadas tão vulgarmente, como essa ‘estória’ do cadáver ser atirado ao mar ou como os próprios seqüestros dos aviões utilizados no 11 de setembro terem sido feitos com ‘armamentos pesados’: estiletes cortadores de papel. A mansão-esconderijo do Mr. Bin Laden (que é uma laje), tá mais pra um condomínio pobre do que pra uma mansão como foi tratada pelos telejornais. Tudo muito estranho e confuso. A confusão é uma estratégia usada para afastar a verdade, ou a possibilidade de uma verdade dos fatos. A confusão e a enxurrada de informações e/ou suposições disso ou daquilo, banaliza a informação e distancia a verdade. E toda aquela quebradeira no Iraque, onde supostamente também estaria escondido o Osama? Agora quem paga a conta e responde pela morte da população daquele país pelos ataques norte americanos? Quais empresas vão lucrar (ou estão lucrando) com a reconstrução dos territórios atingidos pelas bombas do ocidente, lançadas no pretexto da ‘caça ao terrorista’? Apenas perguntas de um cronista. Segundo outro vazamento de documentos confidenciais de Estado no Wikileaks, aproximadamente 150 presos em Guantánamo eram inocentes. Nisso, outra perguntinha básica: Quem é o terror nisso tudo?


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama ou Obama? Escolha sua arma...

Cristãos em festa! (ou: A 17ª morte de Osama)

Osama Bin Laden, o líder maior do grupo fundamentalista Al Qaeda morreu. ‘De novo?’. ‘Já não tava morto?’. Na sociedade do espetáculo se morre quantas vezes for preciso. Nessas horas deve estar boiando no mar. ‘Foi atirado no mar? Estranho!’ Independente de ser lançado ao mar ou não, virou mártir. Neste momento deve estar sendo saudado frente ao mar, como Iemanjá. Cada povo, crença, facção, ideologia, etc., cria e cultua seus ícones da maneira que achar mais conveniente, não é? Enquanto Bin Laden vira símbolo pra alguns, o ex-papa João Paulo II acaba de virar ícone pra outros, sendo canonizado pela Igreja Católica, tornando-se seu mais novo ‘santo’. E mais um show midiático acontece acima disso tudo. Na TV, comemoração cristã pelo mundo ocidental. Até alguns repórteres globais não escondem sua ‘quase’ velada satisfação. A vingança do ocidente se cumpriu - o culto à morte cristão. O orgulho dos EUA. Orgulho medíocre! Orgulho de morte cristão. Cristão? Responda você... cristão! Jesus é amor, Jesus é perdão. Ué! Como assim? Isso tem relação? Responda você... cristão! ‘Cristãos’ que comemoram a vingança e a morte. Me parece contraditório. Ou não? Responda... você...  Obama e Osama, além da semelhança nos nomes, existe uma relação entre eles. De Estado pra Estado. Obama-mocinho caça e mata Osama-bandido. Era o que Obama precisava para elevar a ‘moral’ de seu governo quase simbólico. Mas quem era mesmo Osama? No contexto da Guerra Fria, quando o mundo era partilhado pelos EUA e a então URSS (hoje Rússia), vencedores da 2ª Grande Guerra, Bin Laden foi um aliado dos EUA, praticamente cria deste país, assim como Sadan Hussein. Treinado, armado militarmente e ideologicamente pelos EUA, Bin Laden resistiu contra a invasão soviética dos ‘comunistas’, deixando o território livre para os interesses dos EUA. O que estes não esperavam era uma reviravolta nisso tudo. O tempo passou e a criatura se voltou contra o criador. Nisso, no mínimo, os EUA têm parte nos atentados terroristas pelo mundo, direta ou indiretamente. A coisa é bem maior e mais complexa do que se desenha nos meios de comunicação que, mediocremente, comungam do mesmo riso. O riso vingativo dos ‘fabricantes do terror’ que se auto-proclamam os justiceiros em nome do ‘Bem’. Mas o ‘Bem’ (Cristo) não era partidário do amor e do perdão? Responda você... cristão!


O orgulho revitalizado dos EUA

‘Matamos Bin Laden, matamos Bin Laden!’ Mas quem foi (ou é) ele? Ele realmente existiu (ou ainda existe)? Lenda? Mito? Fantasia? Montagem? Um robô? Ou quem sabe um E.T.? A suposta morte do líder terrorista da Al Qaeda, Osama Bin Laden, causou euforia no mundo ocidental judaico-cristão, sob tudo, nos EUA. Vítimas e ‘vitimidiatilizados’, os norte americanos cantaram, dançaram, beberam, urraram e vibraram com a morte do inimigo. Assim como fizeram alguns desafetos dos EUA quando as torres gêmeas no 11 de setembro desabaram e morreram milhares de pessoas. Como num jogo, ‘agora estamos kits!’ (e haverá revanche ou a partida final, a neguinha?). Para o atual presidente norte americano Obama e seu governo quase simbólico, é uma pedra que avança no tabuleiro, pois até então o ‘homem mais poderoso do mundo’ andava meio apagado. Mais do que o desaparecimento de uma ameaça, a suposta morte de Bin Laden representa a revitalização de um orgulho a muito apagado. O velho EUA dos caubóis-mocinhos caras pálidas e dos apaches-bandidos peles vermelhas é manchete de capa novamente: ‘O ocidente ainda vive! Estamos aqui e é bom que nos vejam! Ainda somos os fodões!’. Fazia tempo que eu não via o orgulho norte americano sendo exteriorizado de uma forma tão festiva. Orgulho medíocre. Dá até pena! O país dos sonhos capitalistas e da liberdade econômica ter que comemorar isso! Antigamente, os EUA comemoravam seus heróis e seus feitos, por mais forjados que fossem. Hoje, lastimavelmente, se rebaixam a comemorar a morte do inimigo – belo e puro sentimento cristão (?). Como se isso, por acaso, mudasse a história. Uma história, como tantas outras, escrita também com sangue (leia-se o caso dos ‘índios’ norte americanos). Nem tudo é ‘sonho americano’ e fantasia na terra do Tio Sam. A economia enfraquecida e o orgulho motivado ideologicamente pela publicidade em baixa. Agora, com essa injeção de ânimo, pode ser que os EUA voltem a gritar alto. Mas o quadro econômico mundial não é tão propício para uma economia tão desgastada e contraditória como a dos EUA. Alguns acreditam que os seguidores de Bin Laden vingarão a morte do seu líder, outros acham que com essa eles já eram. Coisas que só a história mesmo poderá dizer. Enquanto isso, eu vou cevando meu mate junto a um fogão velho e enferrujado neste lugar esquecido...