'Autopromoção?’ - escrever e
ser...
Volta e meia, um que outro gato pingado pega no meu pé dizendo que
me autopromovo, que, às vezes, me falta humildade ou sou até arrogante. Sim,
confirmo. Sou ‘arrogante’ na medida do possível, pois, às vezes, infelizmente,
é preciso ser (mas só com aqueles que merecem - e eles sabem dos motivos! - se
não sabem, sentem). Já para minha autopromoção, tenho uma boa 'justificativa'.
Para isso, faço das palavras de Juremir
Machado, as minhas: "Muita gente me critica por esse tipo de
autopromoção. É pelo bem dos leitores. Já expliquei outras vezes: um maldito é
um pistoleiro solitário. Ou atira primeiro, como Django, ou morre. Prefiro
atirar. Maldito é o escritor que precisa vender o seu peixe. Se não o fizer,
pisa no tomate. Se o fizer, engole espinha de peixe. Melhor ter vinho branco ao
alcance dos lábios. Escrever é um vício. A ciência ainda não desenvolveu um
medicamento tarja preta capaz de livrar a gente dessa dependência terrível e
compulsiva." Complemento e finalizo com as palavras do grande Pedro Juan Gutierrez: "Quando a
gente escreve até transformar a escrita em vício, a única coisa que se faz é
explorar. E para encontrar alguma coisa é preciso ir até o fundo. O pior é que,
uma vez no fundo, é impossível regressar até a superfície. Dixi!
Pensar bem
para dizer bem...
Pensar é se atrever a ir além do conforto de
simplesmente achar. Quando alguém diz: ‘eu acho’ com certo tom de
distanciamento ou não comprometimento, está apenas opinando, e nessa ‘opinação’
não há corpo. Não que a opinião não deva ser ouvida ou considerada, mas pensar
requer certo tempo, certo silêncio, mas não o silêncio externo, e sim um
silêncio interno. Ao contrário da mera opinião, o pensar requer corpo. Mesmo
com todo o barulho do mundo é possível pensar. O ‘achar’ é mais rápido e fácil,
pois tem mais som e palavra dita, curta, abreviada, do que as curvas arriscadas
do pensar. Quando se opina de forma evasiva, sem nenhuma profundidade ou
postura (pois toda opinião requer posição, senão, ninguém precisaria opinar, já
que só se opina quando o assunto chama o interesse do opinante), a opinião tem
caráter doutrinário ou de disfarce de alguma ideia ou situação. Ou seja, a
opinião é dada, não para engrossar o caldo e contribuir ou participar do
diálogo, mas para dissuadi-lo, distorcê-lo, e quando isso acontece, é porque
não se tolera o âmago da questão ou a ideia posta. No caso, opinião não é o
mesmo que ideia ou fundamento. Nisso, um dos sentidos da filosofia, por
exemplo, é ultrapassar a mera opinião, ir além do conforto do simplesmente
achar. O que difere um diálogo de caráter filosófico de um meramente opinativo
é o fundamento ou a fundamentação do que se está dizendo e/ou discutindo. Por
isso é que há uma grande confusão quando algo é publicado nas redes sociais,
por exemplo. Se se publica, é para alguém ver, ler, pensar, curtir, ou não.
Nisso, quem o faz, pode opinar ou tecer comentários a respeito. Porém, quando
acontece, geralmente temos esses dois casos mais evidentes: a opinião do
‘achar’ (o que não é nenhum crime), e a ‘opinião’ fundamentada que, já não se
trata de uma simples ou mera opinião, mas sim de algo mais elaborado, como uma
ideia ou um fundamento de caráter filosófico. Disse tudo isso por um simples
motivo: ‘Pensar bem’ é um requisito para se ‘dizer bem’. E um bom diálogo, uma
boa discussão ou crítica, requer isso.
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...