sexta-feira, 27 de julho de 2012

Corrida eleitoral no facebook



Começou a corrida eleitoral. Aos poucos (ou nem tanto), candidatos despenham-se na luta pelas poucas vagas na câmera de vereadores, menos ainda, no executivo. E a política ‘oficial-institucional’, é disseminada pelos meios de comunicação de massa, incluímos nisso, as redes sociais. O (al)face book, principalmente, tornou-se um meio de divulgação, troca de informações e idéias, conhecimentos, mas também, de interesses privados e mediocridades “a granel”. Mas este é outro assunto para outro momento. Está rolando nessa rede social em questão, um tipo de “movimento” contra a campanha eleitoral pública nele próprio. Em contra partida, outros se posicionam de forma a acreditarem numa “politização” desse espaço – esse dualismo nas posições comprova que o homem tornou-se um ser político, independente da sua razão. Já que aqui falamos de um dito “meio de comunicação”, privado, é certo, mas que “aceita” (limitadamente), posições e participações públicas (ou do público), já que é isso – e é assim, me posiciono ao lado daqueles que usam a rede para a “democratização” do “debate” (mas vejam bem, do “debate”, do diálogo, das discussões, e não dos determinismos ou reducionismos – pois muitas vezes, a coisa se confunde). Porém, vejo que muitas pessoas ainda precisam “superar” alguns “vícios” ou reproduções para que bem usem esse meio ou “instrumento”. Então, o problema não é o instrumento em si, assim como o conhecimento, mas sim, o modo que eles são utilizados, feitos e propagados. Aquela história: “boas referências, não necessariamente fazem um bom caráter”, infelizmente! Se existisse uma forma, com alguns critérios, para que se “conquistasse” o espaço da “comunicação virtual”, as coisas seriam mais coerentes e dariam resultados mais, digamos, humanizados. Mas, prevalece a questão “coisal” nisso, geralmente, devido à “irresponsabilidade” de alguns em se tratar de certos temas. Um mar de pré-conceitos, ignorância e informações descontextualizadas se reproduzem de forma intensa pela rede. Uma pena! Às vezes penso que o Brasil não está apto a livre expressão e comunicação. O fato é que isso tudo “alimenta” o “espetáculo”, o “monstro sistema”, e alguns que se acham ou se dizem “elevados”, acabam por cair em discursos e reproduções. Mas apesar de tudo isso, ainda assim, devido à realidade atual, fico do lado da idéia de que, facebook é sim lugar de debate e propaganda político-partidária. Meu fundamento? Sim, o tenho: “Tem tanta coisa bem pior rodando por aí, e que pouco se critica, pelo contrário, se tolera”. Então, já que “tudo” é “festa”, dancemos. A música é outra, mas o baile o mesmo. O que é que custa pelo menos ter a “utopia” (o que não significa impossibilidade) de politizar o face, não é? Então... “Abre a gaita gaitêro!”.



* Publicado em 27/07/2012 no jornal Folha do Bairro - Chapecó-SC


Herman G. Silvani



domingo, 15 de julho de 2012

Só pra constar...


..enquanto meia dúzia de sujeitos tentam, de forma medíocre e besta, detratar minha pessoa e as 'produções' a que me despenho, por motivos medíocres (dores de cotovelo, falta de fundamento e de argumentação), pior, alguns metidos a 'roqueiros', pretendentes a 'filósofo' ou 'escritor', 'atletas/lutadores' (os que deveriam ter bom senso e praticar a tolerância e a consciência), devido aos meus pensamentos (olha só.. eu os tenho!), minhas crônicas (será que sabem o que é isso?), e/ou ações, em contra partida, encontro, a toda semana pessoas que vem me falar com respeito, admiração e até carinho.. do meu trabalho, das produções de que faço parte, do que escrevo.. só sexta e sábado foram tantas.. (e estou produzindo para isso/elas).. isso comprova que existem pessoas dispostas ao diálogo, ao questionamento, as relações.. em contraponto a outras que investem seu tempo no deságue das suas dores, mágoas, estigmas e frustrações, e por uma carência na interpretação, ou por interesses individuais (de ego e ideológicos), distorcem os pensamentos, as análises.. é preciso ter certo 'conhecimento', além de tato e sensibilidade para a compreensão (um problema para muitos, que deveriam buscar a superação das ignorâncias e não reproduzi-las estupidamente pelos meios).. é fácil ter o ser humano como alvo, ainda mais quando não se pode com seus pensamentos ou com suas ações.. ataques pessoais e de forma agressiva, coisa típica de uma sociedade embrutecida, assim como parte de seus agentes.. mas, ando cercado de pessoas dignas e coerentes no que pensam e praticam, e as agradeço por essa 'troca'.. o mundo deve ser feito de relações e não de imposições... enfim.. não há fim.



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Minha crônica para o 'Dia Mundial do Rock'...





















Rock, um Grito!

Hoje é Sexta-Feira 13. Um dia diferente. Apesar de que, para aqueles que vivem esperando a sexta chegar, ela se torna um dia qualquer. ‘Mas ela não é um dia qualquer? Como qualquer outra Sexta-Feira?’ É. Bem, deve ser! Mas essa sexta, como já disse, é um dia diferente. ‘Que bagunça Herman!’ Deixa eu tentar explicar. Além de ser sexta, e de ser 13, é o dia em que se comemora o “Dia Mundial do Rock”. E eu, como ‘bom roqueiro’ que sou (será?), não poderia deixar de lembrar e registrar de forma crônica esta data. O rock, como é popularmente conhecido, é um ritmo musical. Mas, além disso, também pode ser (e é!) uma visão e/ou uma postura diante do mundo. Essa ‘música’ que veio do Norte da América, cruzou fronteiras, barreiras e horizontes e chegou até aqui no interior de Santa Catarina, nasceu de um ‘Grito’. Um grito ‘universal’ que ecoa até hoje. Ainda nas plantações de algodão nos EUA, o negro escravo trazido da África, como forma de expressar suas dores, angústias, por sua cultura deixada pra trás, passou a entoar um canto, um lamento, e dentro disso, seu grito (um grito de dor e de libertação). Esse grito, além de expressar, foi (é) uma forma de resistência. O canto, o lamento, passou, com o tempo, a se chamar blues, outro ritmo ou estilo musical muito popular e universal. Uma música ‘tipicamente’ negra. E foi pelo blues que o rock também se fez música, ou seja, da pra se dizer que o rock surgiu de (ou como) uma variação do blues. Com o tempo, o rock passou a inspirar comportamentos e a se ampliar enquanto conceito. Adentramos aí nas décadas de 1950, 60 e 70, depois, com a soma de todas as variações desse ‘fenômeno musical-cultural’, chegamos até os dias atuais. Por mais que alguns ainda tentem reduzir o rock ao supérfluo, ou a simplesmente um ritmo, ele se mostra muito além disso. Algo que suscita certas visões de mundo e certa postura sócio-cultural. TODA a música pop contemporânea (aquela que é vinculada pelos meios de comunicação de massa), a partir do surgimento do rock, passa a ter características suas em algum sentido. E os jovens ainda carregam consigo a rebeldia típica que se encontrou (e se encontra) em torno desse ritmo - questão de linguagem e comunicação. E a música tem a sua própria linguagem. Nisso, quando alguém se vê parte dessa história, acaba se encontrando com outros que também tiveram esse sentimento, essa forma de sentir, pensar e atuar no mundo. Ou seja, o rock interliga pessoas, grupos, sentimentos, visões. Portanto, como ‘bom roqueiro’ (que digam meus vizinhos!) – e não só isso (que digam os que me conhecem), agora vou plugar minha guitarra e em acordes vibrantes, soltar o meu grito...


·        Publicado no jornal Folha do Bairro, 13/07/2012.


domingo, 8 de julho de 2012

“A luta do século” (ou ‘Gerações em conflito’)














* Um continho contemporâneo de ficção para dias mais felizes - ou um delírio crônico meu para o divertimento da espécie...

O pai não via a hora da luta começar. Passou dias na espera. Até na hora da transa habitual com a mulher tinha flashes da dita luta. No transito chegou a quase bater o carro distraído pensando no grande momento. Já o filho, ao nascer vestiu, mesmo sem saber do que se tratava, a camiseta do time do pai. O orgulho do paizão era esse filho: “Esse vai ser jogador de futebol! Artilheiro! Assim como o Neymar! Se não for jogador, então vai ser lutador de MMA! Um campeão! Assim como o Anderson Silva! Vai viver cercado de mulher e ter uma vida boa! Vai se dar bem na vida o garotão!”. Mas o pai, orgulhoso de tudo isso, não era nada disso. Nunca foi bom no futebol - quem dirá na luta! - e também nunca se deu bem com as mulheres. Acabou estudando administração e montando uma empresa de seguros. Na semana da luta, compartilhava numa rede social toda sua angústia e desejo quase incontrolável pela chegada do dia daquela que foi chamada intencionalmente pelo narrador-publicitário da maior rede de tevê nacional como “A luta do século!”. Chegou o dia, e o dia parecia interminável. As horas passaram se arrastando e o pai quase teve um colapso nervoso. Mas sobreviveu. Ficou acordado até a madrugada incentivando o filho para ver o ‘espetáculo’ que segundo ele seria. Semanas, dias e horas de espera. Até que enfim a luta começou, e em alguns minutos terminou por nocaute técnico. O filho sonolento, mas um tanto vidrado, menos que o pai, porém, muito curioso, como a maioria das crianças que ainda mantém certo interesse e dúvida pelas coisas dadas, iniciou um diálogo com o pai: ‘Terminou pai?’ O pai: 'A luta do século' acabou!’ O filho: ‘Mas... Foi só isso pai? O pai: ‘Claro filho, esperava o que?!’ O filho: ‘Ah, sei lá! Algo mais empolgante! Uma luta melhor! O cara errou a cotovelada, caiu e ficou encolhido esperando o outro bater nele!’ (silêncio por parte do pai). Nisso, o narrador da televisão, numa euforia adestrada grita: 'Os gladiadores do terceiro milênio!' E o filho pergunta ao pai: ‘Mas cadê os leões pai?’ (mais silêncio por parte do pai que pensou: ‘Malditas aulas de história!’). O narrador prossegue num tom de satisfação, vingança e ódio: 'A luta do bandido americano contra o herói brasileiro!' O filho volta a perguntar ao pai: ‘Quem o lutador brasileiro salvou pai?’ (silêncio e suor por parte do pai). Nisso, uma voz rouca e enfraquecida grita da cozinha: ‘Não salvou ninguém meu neto, mas aliviou as frustrações e o orgulho ferido de parte do povo brasileiro. Pelo menos pra agora! Amanhã é outro dia e eles estarão mais calmos e obedientes para irem aos seus trabalhos, mansinhos, mansinhos... Mas daqui um pouco a frustração volta todinha...' O filho constrangido pela falta de respostas do pai, olha para ele - que agora deprimido desliga a tevê - e diz: ‘Pai, vou dormir, ainda sou criança e não entendo esse seu mundo de faz de conta’.


* Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência (como se fazia nos 'bons tempos' da ditadura militar...)




sexta-feira, 6 de julho de 2012

Casei com a noite
















Eu sou a favor do casamento gay. Desde que eu possa comer e beber de graça. Aliás, se for nesta condição, me boto a favor de todo o tipo de casamento – mas me convidem, viu?! Não, não é preconceito meu. É porque casamentos não me dizem respeito. Pra mim, as pessoas deveriam apenas se reunir ou unir, conforme suas afinidades, suas necessidades e seus sentimentos, tudo com muita sinceridade e sem rodeios ou idealismos. As convenções servem muito para a manutenção de um modo de vida equivocado. Mas tudo bem, eu respeito. É tradição. É jogo. Faz parte -  dizem! Tenho cá minhas dúvidas. Mas, vou dizer que sim para que você se sinta bem. Quem sou eu pra dizer o contrário, não é? Vejam só! Um cronista. Simplesmente um cronista. Um reles mortal que ganha seus dias escrevendo isso - crônicas.  Um poeta do absurdo que volta e meia arrisca em versos errantes. E eu sempre erro. O resto é certo – se é que resta alguma coisa! Mas como eu ia dizendo, sou a favor. Sim, a favor. Só isso – a todos os casamentos do mundo desde que não me deixem de fora. Adoro a farra. Comer o bolo, beijar a noiva e tombar de porre. Um belo programa para um final de semana entediante. Ação. Ação é saber que se está vivo e em movimento. Ontem eu também casei. O nome da felizarda: ‘Noite!’. Ela é negra. Ela é linda. E tem certo brilho no olhar. Os gatos fazem dela sua mãe protetora quando saem à caça. Os bandidos se ocultam em sua sombra. Os amantes se embriagam de prazer sob seu céu. Ela é negra. Ela é linda. Eu penetro nela todos os dias - aliás, todas as noites. Ela sempre vem pra me afagar. Me trazer sono e descanso. Me tornar mais calmo e distante desse mundo sujo cheio de gente limpa. Eu não suporto as gentes limpas que desprezam a noite. São tão sem graça com seus olhares de neve. São tão sem risco. Seus sorrisos de tão frios parecem não ter vida. Essa gente limpa. Que se acha limpa. Como ser limpo vivendo num mundo sujo? Mas há beleza ainda neste mundo. Nem tudo está perdido. A Noite quando vem, me traz essa esperança. Sem palavras, ali, no silêncio da sua negritude. No infinito da sua existência. E eu penetro nela. E eu passo a integrar seu predomínio notívago. Seu manto cobre o mundo e eu me cubro com ele. Sou um homem casado e ela se chama Noite. Não, no nosso casamento não houve festa. Nem comida, nem bebida. Apenas, nossa união. Apenas nosso delírio e a cegueira que ela trouxe consigo. Eu casei com a Noite e já não tenho mais medo do escuro.