terça-feira, 22 de setembro de 2015

Leituras do Cotidiano

Mediocrização político-intelectual do Brasil

Já virou fetiche! Eduardo Cunha e sua trupe PMDBista, assim como Aécio Neves e sua trupe revanchista, estão tão fissurados e sedentos em derrubar uma sigla (PT) e dois nomes (Dilma e Lula), que ignoram todo o resto, inclusive a realidade atual do país e do mundo, assim como o passado, a história do país, suas falhas e os avanços, além do debate que deveria se instaurar: ‘a crise do nosso sistema político, econômico e educacional’. Estão tão determinados nesta caçada que acabam esquecendo (ou fazem de conta?) que também são parte deste país, deste governo, desta realidade, deste sistema, deste momento. São eles, os deputados, parte deste 'todo' que, ao invés de aprimorar o que foi feito em avanços nacionais com o olhar para a nação, retrocedem por birra ou dentro da estratégia mesquinha de 'quanto pior melhor', pondo em risco um país que ainda não se estabeleceu direito - e com atitudes assim, nunca vai. E parte da população acomodada, ingênua ou ignorante em suas existências intelectuais reproduzem esta sede de desmantelamento, não de um partido ou nomes ligados a ele, mas de uma nação.

Mas é claro, eu falando isso 'só posso ser petista ou comunista'. Assim reduzem meu pensamento e minhas palavras a um julgamento mesquinho, típico de telenovela global. Assim fica fácil desvirtuar o que é realmente significativo. É fácil ser medíocre e reducionista quando a urgência é a polidez dos pensamentos e ações. 

             Temos ainda muito o que aprender para ser uma 'nação livre' das próprias sequelas histórico-sociais, para além das vaidades pessoais, crenças obsoletas e ideologias reducionistas/ deterministas. Um dia, quem sabe, aprenderemos a perceber e ver para além do alcance do olho, da nossa miopia sociocultural. Para sermos finalmente assim, não apenas um determinado lugar no mapa e espaço, mais um povo que se perceba nação.


Um embaço!

Obs.: Qualquer coisa que qualquer um fala e aparece na grande mídia viraliza e soma-se ao espetáculo contemporâneo.











* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Leituras do Cotidiano

Nossa política (?)

Me chega uma questão de um leitor:
- Herman, de uma forma geral, o que você pensa da política brasileira?
R: "A política institucional-oficial brasileira, de uma forma quase que geral, é um antro de privilégios e interesses privados ou ideológicos, onde as formalidades e burocracias superam o bom senso e as necessidades, e a população que mais necessita dela fica a mercê das jogatinas e destes interesses. Como diria Mujica, o problema da 'grande política' é seu afastamento das questões filosóficas que devem fundamentar a realidade, as necessidades e anseios - além da fragilidade em perceber que as artes e suas linguagens tem tanta potência quanto ela própria (a política), o que reflete diretamente na educação e cultura, suas concepções e práticas cotidianas. De um modo geral, nossa 'política' institucional-oficial é burocrata, formal, insensível, reprodutora, mantenedora e distante das diversificadas realidades, ou seja, uma política platônica, dualista, segmentadora e segregadora (além de mesquinha em boa parte!). A exemplo: enquanto artistas viscerais, profundos, dignos de sê-los, sofrem para produzirem suas artes no Brasil, Fabio’s Júnior’s reproduzem mediocridades em shows pelo mundo e ganham dinheiro de leis nacionais de incentivo à cultura. Eis a falta de um olhar governamental mais apurado para com o que é produzido em arte e cultura no Brasil.

Xapecó e seu trânsito desumanizado...


 É cada vez mais difícil transitar pelas ruas do centro. Excesso de carros, motoristas mal educados e que dirigem mal, mais espaço pra carros do que para pedestres, difícil achar vaga de estacionamento por dois motivos: excesso de carros e motoristas que estacionam mal, transporte público de péssima qualidade em vários sentidos, falta de trajetos e transportes alternativos (como ciclovias, por exemplo). E entidades como a ACIC, 'preocupadas' com o número de vereadores na câmara. Se querem mesmo diminuir gastos da câmara, atentem para os gastos dos ilustres vereadores em diárias de viagem, por exemplo, e não na representatividade dos mesmos. Com poucos vereadores fica mais fácil controlar o jogo político, pois, garantem os eleitos que são financiados por entidades e empresas privadas e seus interesses, enquanto para a população, fica mais difícil de ter representantes na política institucional oficial. Ou seja, até parece pensado ideologicamente esta campanha pela redução de vereadores da ACIC. Esperteza ou ingenuidade? Não sei. Mas desconfio...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



terça-feira, 8 de setembro de 2015

Das concepções e práticas...

Vida e trabalho

De um lado uma concepção de vida e trabalho taoista-budista oriental marcada pela constância, onde o corpo é parte fundamental da existência e a mente um complexo ‘espirituoso’ de pensamentos e profundidades, ambos em equilíbrio com a energia cósmica vital que circunda toda a existência, coexistindo em tempo real. De outro, uma concepção ocidental judaico-cristã cartesiana, marcada pela segmentação, onde o corpo e a mente são separados, sendo o corpo um território cercado como propriedade de um estado de coisas úteis, tornado doente, impuro, mecânico, e a mente um depósito de concepções ideológicas e doutrinárias que vive além do presente, em um futuro idealizado ou em um passado já sepultado, porém, sempre assombroso.


Excessos

O mundo atual agoniza devido aos excessos. Há excesso em quase tudo. Até muitos dos que se acreditam ou dizem serem ‘transformadores progressistas’ deste mundo (ou ‘revolucionários’), reproduzem, lá nos detalhes e entrelinhas das suas ideias e práticas cotidianas, os mesmos excessos, pois vivem atrelados a eles, sem perceberem que, nas entrelinhas dos seus cotidianos, ao invés de serem o contraponto, acabam sendo elementos que constituem estes excessos mantenedores.

Reproduções

Uma das maiores contradições de muitos ditos ‘progressistas’ é que, como os ‘conservadores’, veem, concebem ou tratam as linguagens artísticas e suas potências, como meros objetos de entretenimento, partindo verticalmente de uma concepção ‘economicista’ de vida, o que reflete diretamente nas suas práticas políticas e cotidianas, em que, de certo modo, acabam por enquadrar suas mentes, corpos e espaços, fazendo das artes e da filosofia meros cabides de seus desejos e fugas existenciais, enquadrando também outros, e não percebendo que, além da infraestrutura, o mundo se move fortemente também pela superestrutura (leia-se sociologia), onde o pensamento e as linguagens artísticas e suas ‘subjetividades’ residem. Por fim, acabam como tantos outros reprodutores, servindo e alimentando o modo de vida, a cultura seus valores e suas contradições. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.