sexta-feira, 28 de março de 2014

Queda...















“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti”. (Nietzsche)

Já tive amigos ou conhecidos admiráveis, sobre tudo, sob o ponto de vista da razão, da perseverança e talento em reagir. Amigos ou conhecidos que se somavam ao riso da vida. Mas hoje, muitos desses amigos ou conhecidos, outrora admiráveis pelas suas alegrias criadoras, suas vontades de potência, rendem-se ao niilismo. Alguns deles ao niilismo ativo, outros, ao passivo. Niilismo, no sentido de ‘negação’ da alegria da vida, negação do fazer-se na vida enquanto caminho sem fim. Amigos que entoavam suas canções positivamente e que agora nem sequer cantam mais, apenas pestanejam, e ruidosos, fazem da crítica, no máximo, lamúrias. Olham tão fixamente para o abismo que não conseguem mais ver o mundo como um caminho possível. Tão fixamente que o abismo passou a também a olhar para eles. Nessa luta contra monstros, acabaram tornando-se monstros também. Hoje, justificam suas frustrações com ‘justiçamentos’ ignóbeis, gritando a favor das mais estúpidas violências e bafios valores, como se fossem curas para uma chaga incurável. Não consigo sentir pena deles. Apenas sinto suas faltas, no máximo. O abismo engoliu seus sonhos, suas vontades e suas alegrias. Trocaram o caos criador por uma convicção traidora, uma certeza, uma verdade que lhes tornou simplesmente queda.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 28/03



Leituras do Cotidiano, 28/03


Escola ou Centro de treinamento para vestibular?

Em janeiro, em viagem de férias para o litoral, eis que entrando na capital do Estado percebo diversos outdoors que pretensiosamente oferecem o ‘paraíso profissional’ aos seus clientes. Ou seja, inúmeras publicidades de escolas particulares e faculdades vendendo seu peixe, no caso, a promessa de uma ‘educação’ que garantirá um bom lugar ao sol (ou no dito ‘mercado de trabalho’). O que vê muito por aí nos discursos publicitários e inflamados dessas escolas, é essa ‘promessa’, a de um futuro que nem sequer existe. Estudando sobre isso, desenho na minha cabeça uma separação, uma diferença entre aquilo que chamo ‘escola’ e aquilo que chamo ‘centro de treinamento para vestibular’. Então, qual é a diferença entre ‘escola’ e ‘centro de treinamento para vestibular’? Como professor e estudante de filosofia, me dedico atualmente em leituras e pesquisas na área da educação e da cultura. Nisso, lendo a mais recente obra da filosofa, poeta e psicanalista, Viviane Mosé, intitulada ‘A escola e os desafios contemporâneos’, onde constam várias e boas entrevistas de pensadores e professores neste assunto, Mosé ao entrevistar o professor Moacir Gadotti, diz que: “Vestibular é talvez a maior representação da educação bancária no Brasil”, sendo que, a chamada ‘educação bancária’, basicamente é aquela onde o professor deposita conteúdos na cabeça do aluno sem a devida problematização. Dentro dessa discussão, o professor Gadotti, referindo-se também ao vestibular reitera: “O dano que ele causa inicialmente é a interferência que faz nos currículos do Ensino Médio. Quer dizer, o Ensino Médio seria o espaço da formação da cidadania, e para o trabalho também, para a vida. E acaba se reduzindo a descobrir macetes para passar no vestibular. É como articular o pensamento, digamos, para fazer uma prova que consiga estar de acordo com aquilo que os examinadores vão querer. O objetivo não é pensar, o objetivo é passar no vestibular”. Nisso, qual é o papel da escola na sociedade? O que vejo, neste sentido, em grande parte, são centros de treinamento para vestibular e não escolas. A escola deve ser um espaço de vivências, humanizadas e não coisificadas. Um espaço de experiências, que valorize o corpo e sua presença, o pensamento, a criatividade, as linguagens, as diferenças e as várias manifestações artísticas, as expressões. Enquanto um centro de treinamento para vestibular, não passa daquilo que o próprio título, claramente, já diz. Mas quantos desses centros se autoproclamam escolas? Em suma, é preciso rever a postura e fundamento de parte significativa das instituições escolares, assim como das faculdades, pois se trata de redimensionar o alvo, o sentido da educação. Ou seja, uma nova alfabetização precisa acontecer, onde se reaprenda a pensar, ler, ver e perceber o mundo, tendo em vista o outro e a própria vida, e não meramente o dito mercado de trabalho: "O processo de alfabetização é leitura do mundo, é  leitura de si, leitura dos outros, leitura da realidade. E como estar vivo é ler, reler, continuar lendo, desconstruindo as palavras e os sentidos e construindo novos, somos permanentes alfabetizandos e alfabetizadores, nesse sentido. Não sabemos tudo, e aquele que se julga 'não, já sei de tudo', cutuque porque morreu! Virou múmia. Porque sintoma de vida é pergunta, é problema, é perdição, é caos criador.” (Madalena Freire, entrevista no livro: 'A escola e os desafios contemporâneos' de Viviane Mosé).



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...



sexta-feira, 21 de março de 2014

O difícil e exaustivo mundo das escolhas














"O homem é uma corda estendida entre o animal e o super homem - uma corda sobre um abismo" (Nietzsche)

Vivemos encurralados na nossa própria razão. O mundo das coisas, das crenças e algumas ideias - o mundo da política nos diz cautelosamente: ‘Escolha!’. Uma pressão exercida indiretamente ou velada sobre o estado de consciência. Uma escolha nunca é algo fácil. Não que deva ser, mas, a necessidade, muitas vezes não é optativa nem considerada ou respeitada. Neste caso, o contraponto da escolha é a necessidade. Mas somos diariamente imprimidos, ou no mínimo, induzidos ou ‘aconselhados’ a escolher. Uma realidade historicamente truculenta, onde o dualismo (duas mãos ou vieses de caminho e escolha) se apresenta como se fosse alternativa, mas não é. Se, na maioria das vezes tenho duas opções apenas, a escolha não é uma alternativa, mas sim, uma obrigação, uma imposição: ‘isso ou aquilo’. A velha separação entre o bem e o mal, o bonito e o feio, o branco e o preto, o apolíneo e o dionisíaco, etc. Uma separação que nos impede de perceber e exercer o possível ‘caminho além’, ou ‘nenhum caminho’ se nossa necessidade por acaso grite. Alguns têm a habilidade, condição ou capacidade de escolher mais de um caminho, e burlar a restrição do dualismo, num tipo de talento que é pra poucos. Outros, facilmente são conduzidos ao caminho alheio, que não é o seu, mas que serve a determinados interesses. Minha escolha, não necessariamente, é o meu caminho...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 21/03



Leituras do Cotidiano, 21/03


Solução?

Era uma tarde de semana e meu velho carro estacionado em frente a uma loja num local bem movimentado da cidade. Na volta de um dos meus trabalhos, encontro meu carro com o farol quebrado. Alguém batera nele numa manobra mal feita, provavelmente. Acontece. Porém, nenhum resquício do autor daquele prejuízo. Final de semana, visita à casa de um amigo e meu velho carro estacionado em frente. Na hora de ir embora, a grade que protege o motor na frente do carro em pedaços no chão. Novamente, nenhum resquício do autor. Desta vez, não foi uma batida, mas um puxão ou um chute. Domingo pela manhã, cedinho, horário em que trabalhadores descansam da semana exaustiva de trabalho, eu dormia quando fui acordado por buzinaços, explosões de fogos de artifícios e uma voz vinda de autofalantes em altíssimo volume. Era uma carreata de uma igreja impondo aos ouvidos, sono ou descanso alheio seus discursos e apelos. Acordei como tantos, irritado e perdi o sono. Outro final de semana, um domingo madrugando segunda-feira, carros param na rua em frente de casa. Conversas e som alto. Sertanejo universitário e suas letras débeis. E eu, como tantos, obrigado a ouvir vozes e sons estridentes, além de uma conversa medonha, o assunto: mesquinharias. Depois de tocar com a banda de rock de que faço parte em algumas edições da FEMI (Festa do Milho em Xanxerê), neste ano não fomos chamados, mas a foto da banda para a divulgação do ‘palco alternativo’ foi usada – e sem autorização. Dando uma olhadinha na programação do evento, 99% das atrações de ‘sertanojo universotário’ (olha ele aí mais uma vez!). Televisão ligada em horários nobres: telenovelas e seus temas moralistas, ideológicos, reducionistas, mesquinhos e medíocres, Big Brother, MMA, espetáculo telejornalístico acima da violência, e aquela merda toda que muitos engolem sem pensar e depois saem reproduzindo por aí. Notícia da semana, entre tantas: Mãe negra e de comunidade (morro) de 4 filhos que criava mais 4 sobrinhos baleada numa troca de tiro entre policiais e bandidos. Suspeita principal, a polícia. Não bastasse, no ‘socorro’, foi colocada no porta malas da viatura que se abriu e arrastou a mulher pelas ruas, causando sua morte. População revoltada ateia fogo em 3 ônibus. Resultado: espetáculo midiático e mais repressão do Estado (policial) – e mais violência! Cultura! Educação! Enquanto tudo isso acontece, helicóptero da polícia sobrevoa a capital do oeste em voos rasantes queimando o dinheiro que é público, ou seja, o nosso dinheiro. ‘Mas qual é a relação de tudo isso Herman?’. Começando do pessoal-local para o universal, do privado para o público, e voltando, num ciclo ‘vicioso’ de reprodução e soma: um sistema de bizarrices bem alimentado. Em suma: FALTA DE RESPEITO COM O PRÓXIMO. EDUCAÇÃO E CULTURA MEDÍOCRES. FALTA DE ARTE, DE EDUCAÇÃO E DE UMA CULTURA MAIS HUMANIZADA QUE PRIVILEGIE O SER E NÃO O TER. Ainda me perguntam da solução. Solução? O que vocês acham? Vivemos um momento de melhoria econômica e nos acessos. Mas só isso basta? Ou da forma que estamos vivendo é pior? Aí quando digo que ‘se dane a Copa’ (não fazendo campanha política ideológico-discursiva contra ela), alguns acham que sou contra o governo, ou que estou ‘endireitando’ e blá-blá-blá. Não é isso. Se usarem a inteligência e o bom senso perceberão o que deveria ser óbvio. Sofremos com a nossa própria educação, cultura e valores (além da aparente perda da percepção).  Enfim, que toda essa merda, que não nasceu hoje, mas que se arrasta historicamente, engorde ainda mais essa cultura até que ela morra de infarto. Talvez seja essa ‘a solução’... 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 21/03



sexta-feira, 14 de março de 2014

Levante!
















Só é revolução se alterar valores, modificar a cultura. Digo isso a partir de certas leituras, análises e debates. Não como uma conclusão, mas como uma perspectiva. Caso contrário, falamos em ‘levante’ - a exemplo do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), movimento de resistência camponesa e indígena do México, e do pensador e literato Hakim Bey. A revolução tornou-se território, ou seja, um item do discurso pretensioso de polos de poder que, no fundo, buscam a tomada desse poder institucional (diga-se de passagem). Muitos desses ‘revolucionários’, no fim, não passam de burocratas administradores e economicistas. Penso que, quando falarmos em revolução, devemos falar em uma ‘transformação sociocultural ou superestrutural, e não meramente econômica ou infraestrutural’. No contexto a que se aplica, revolução, geralmente, é sinônimo de substituição de poder. Na obra ‘A Revolução Francesa’ do historiador Eric Hobsbawm, consta: “Há um mundo anterior e outro posterior à Revolução Francesa”. Para Hobsbawm, uma revolução modifica as relações, não só econômicas, mas sob tudo, culturais. Nisso, a única revolução da história ocidental, talvez tenha sido a revolução burguesa, que modificou, além da economia, o modo de vida, a educação, a cultura, onde seus valores e modos prosseguem até hoje. Então, por enquanto, nos cai bem algumas desconstruções cotidianas, rumo a um levante que gere possibilidades para algo realmente novo, portanto, e aí sim, revolucionário. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 14/03...



Leituras do Cotidiano, 14/03


Não é Black Bloc... É Orange Bloc!

O bloco dos Garis é campeão no carnaval 2014 nas ruas do Rio de Janeiro.

Em bloco e cantando, resistem e avançam, mesmo contra a vontade do seu sindicato pelego, que fez corpo mole frente a uma condição deplorável. Os Garis cariocas deram exemplo, usando o corpo e a música como forma de expressão, uniformizados, com irreverência e cantando sambas compostos com letras que falavam das suas realidades, a modo de informar e/ou provocar o debate na população. Fez-me lembrar de um fato histórico, quando na Revolução Zapatista Mexicana, Emiliano Zapata e seu grupo avançavam frente às tropas inimigas entoando cantigas. Exemplos do uso da 'arte' como meio de comunicação, resistência e forma de criar corpo – várias e diferentes vozes formando uma só voz, numa mesma canção. A voz da resistência. Eis o que grande parte dos movimentos precisam aprender e praticar. Ou seja, valorizar e dar mais atenção ao fator artístico-cultural, pois, parafraseando um trecho do texto bíblico: ‘nem só de pão vive o homem’. A vida é bem maior e vai além do fator econômico infraestrutural. Enfim... Viva a luta e resistência dos Garis!


Religião: política, negócio e falta de respeito com o outro...

Domingo de manhã. Acordo no susto com um buzinaço, fogos e alguém falando no alto falante. Uma carreata. E não era política. Pelo menos não nos moldes convencionais pré-eleição. Uma igreja em carreata em pleno domingo de manhã, era isso. Enquanto trabalhadores descansavam em seus leitos. E o respeito? E a consideração ou atenção para com o outro? Jesus era truculento, mal educado e individualista assim? Respeitar o próximo, parece que não existe nesse tipo de organização religiosa e política. Sim, eu falei política! Pois religião é política, ou pelo menos faz política, e da pior forma. Impor aos outros aquilo que lhe é próprio, dessa forma, com barulho, perturbando o sono, o descanso, o momento de paz alheio. Vão acordar o diabo! Se bem que esse tipo de ‘irmandade’ dorme abraçada com o dito cujo. Por isso e outros, sou a favor da cobrança severa de impostos e restrições a esse tipo de organização lucrativa, a modo de Estados de caráter 'socialista' como Cuba, China e Venezuela (já estou imaginando os urros: ‘ah, esses ditadores!’), pois, antes de qualquer espiritualidade, são empresas privadas e espaços políticos de doutrinamento (e não libertação como discursam hipocritamente). Enfim, como diria o pensador: 'o diabo é deus quando está de férias' - e os 'irmãos', sabendo disso, se aproveitam da situação. Crentes? Sim, nas suas ambições, ganâncias e faltas de escrúpulo para com o outro. Reforçarei em letras grandes: RELIGIÃO, antes de tudo, é uma INSTITUIÇÃO POLÍTICA!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 14/03...



sexta-feira, 7 de março de 2014

Esse mundo automático...

















Não gosto do mundo automático onde as trancas dos carros já não são mais manuais. Em que, num botão da chave, como num controle remoto e num gesto mágico, as portas se trancam ou se abrem. Onde não precisa mais se rodar a maçaneta ou manivela para que o vidro do carro se abra. Basta apertar um botão. Será que as crianças do agora sabem o que é uma maçaneta ou uma manivela? Tenho minhas dúvidas. O mundo automático ao tempo que facilita a vida do homem moderno, civilizado e todo aquele papo, o torna gordo, obeso, doente, acomodado. Não se levanta mais a bunda do sofá pra trocar o maldito canal do televisor. É, eu estou envelhecendo como um velho rabugento. Obrigado por lembrar! Eu aceito essa condição como quem aceita ideias que não são suas e que são empurradas goela abaixo pela ideologia política e publicitária do nosso neutro e bem feitor jornalismo brasileiro. É claro que é sarcasmo seu imbecil! Como imbecil menor, ainda me despenho em tecer uma que outra crítica, além do meu regime comodista de engorda. No fim, penso que somos todos imbecis num jogo de damas onde quem vence tem o direito de esnobar e sorrir, e quem perde, o direito inviolável de aceitar a derrota de boca fechada. Mas eu sei que não é bem assim. Somos homens fortes, firmes na nossa condição de reprodutores da espécie. Até os que não funcionam direito ou que não funcionam mais, fazem parte desse ciclo vicioso. E entre linchamentos, ‘justiceiros’ e outros bichos, insistimos nos erros.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 07/03...



Leituras do Cotidiano, 07/03


Opinião, ideia, referência e palavra...

Como professor de humanas e sociais, linguagem e cronista um pouco conhecido, questionado, lido, ovacionado, repudiado, o que for, me surgem várias questões, semanalmente. Pessoas que me escrevem ou me encontram por aí, perguntam, opinam, sugerem, etc. Eis que algumas questões se repetem, e eis que, resolvo transformá-las numa ‘resposta’ geral, a modo de ‘esclarecer’ – ou confundir ainda mais!

‘De onde surgem suas opiniões?’

Quase nada do que digo ou escrevo são meras ‘opiniões’ minhas. Eu diria que, antes são ideias e impressões vindas dos lugares onde estive, das leituras, teorias, pensamentos, das referências que me alimentam. Certas visões e considerações a partir do que leio no mundo (conste que leitura aqui, vai além das páginas impressas dos livros). Então, não são simplesmente as ditas ‘opiniões próprias’. O filósofo grego Heráclito dizia: “Não escutem a mim e sim ao logos”. Posso até pensar por mim mesmo, mas não me arrisco a tanto, no sentido de afirmar como se eu soubesse disso ou daquilo, assim tão determinantemente. Sou cronista (além das minhas outras facetas e trabalhos), e é como tal que na maioria das vezes me manifesto ou me expresso, sob tudo nas redes sociais, tanto como nos textos dos jornais impressos ou na internet. Ter opinião é comum, até fácil eu diria. Porém, contundência ou certo fundamento na opinião, aí já é outro papo.

‘De onde tira tantas ideias, pensamentos, temas, assuntos?’

Do mundo. Das coisas. Dos livros, textos, amigos, pensadores. Da arte, do cinema, literatura, poesia, filosofia. Das ruas, do mato, das vivências e relações com o outro. Faço do meu cotidiano essa variedade, essa variação e campo de possibilidades. Digamos que eu consiga transitar mais ou menos bem em algumas áreas do conhecimento, o que facilita esse ‘dinamismo’ entre informação, ideia e palavra de que me utilizo quando me expresso, produzo ou escrevo algo.

‘De onde sai sua filosofia? Quais são os filósofos que usa?’

Não sei se é ‘a minha filosofia’. Talvez, apenas a filosofia de que me utilizo, pois penso que ela esteja, como a poesia, nas coisas. Neste sentido, ela sai da poesia e da literatura, mais do que da filosofia propriamente dita. Além de meia dúzia de filósofos, esses, os poetas, escritores, pensadores, criadores, me dão o que ler, perceber, ver, o que depois, transformo em palavra, texto, pensamento, além das coisas do mundo, é claro!

‘O que é um filósofo pra você?’

Um pensador autêntico, que tem postura autônoma diante das coisas. Aquele que, de certa forma, transcende. Não necessariamente quem lê ou estuda filosofia, a modo dos academicistas. Não que eu despreze ou negue a academia, a questão é outra. No caso, poetas, cancioneiros, contadores de história, esses geralmente, tem mais filosofia do que aquele que assina como tal, dentro de uma normativa ou autorização acadêmica, neste sentido.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...