sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A Reforma e as manifestações

Estamos nos aproximando das eleições 2014. Antes disso, beirando a Semana da Pátria. E nesta semana (de 1 a 7 de setembro) teremos um plebiscito, ou seja, uma ‘consulta’ popular, em que a população poderá votar ‘SIM’ ou ‘não’ para a Reforma Política. Escrevi o ‘SIM’ em caixa alta e o ‘não’ em baixa, por um simples motivo: sou favorável a Reforma Política. As manifestações que estouraram pelo país num passado recente e que levaram o título de ‘O gigante acordou’, em sua grande maioria, tiveram como alvo principal a dita ‘corrupção’ (por mais relativo e/ou subjetivo que isso possa ser). Agora, para além do discurso, temos algo palpável, consistente, para tratar. Só espero que TODOS os manifestantes e indignados deste país, os mesmos que saíram as ruas e continuam com suas críticas pelas redes sociais e outros meios, votem pelo ‘SIM’, assim como eu farei, pois, além da rua e seus cartazes, gritos de ordem, questionamentos, críticas, além do facebook, é necessária certa atitude. Agora é que a cobra sai para fumar, e o discurso torna-se (ou não) coerência. Sei dos que gritam e choram, mas que, no fundo, o fazem somente a modo de cena. Então, agora é hora de ver quem é quem nesta festa considerada democrática. Veremos...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 29/08.



Leituras do Cotidiano, 29/08


A Reforma Política e os jogadores









Não adianta chutar pedras. Gritar em vão. Fazer a crítica e não ter a posição. Nos últimos tempos, as ruas foram palco de grandes manifestações, onde a dita ‘corrupção’ esteve em foco, e o Brasil experimenta novas formas de manifestar, sob tudo, com o uso das redes sociais nesse contexto. As coligações políticas feitas ‘cama de gato’, por motivos óbvios: a ‘prisão’ chamada ‘legenda’ a cumprir. Quer dizer, não tão óbvio, para alguns. Ideologias dispares jogando juntas. Traição de histórias honradas? Esta é a dor dos mais idealistas ou puristas – e eu até as compreendo. Entendo a indignação alheia, mas, a política não se faz apenas de vontades, discursos e sonhos, nem tampouco de ideais. Sinto muito. Mas agora é hora de tentar, pelo menos, mudar um pouco dessa situação com a Reforma Política - se ela acontecer, é claro! O plebiscito (consulta popular – voto) pela Reforma (ou não), pelo menos, vai acontecer. Movimentos sociais e entidades mobilizadas pra isso. Uns mais, outros menos (outros ainda, nada mobilizados). E aqueles que tomaram as ruas vestindo branco num passado recente, gritando contra a corrupção, vão se mobilizar? Votarão SIM para a Reforma Política? Que a coerência entre falar e fazer aconteça. Vamos ver se a potência dos gritos e das manifestações ecoarão nos votos de SIM pela Reforma. Um possível grande passo para outras reformas necessárias e urgentes que poderão vir. Algumas forças não se manifestam, mas não querem que tal Reforma aconteça. Elas tem seus obscuros motivos. Os ingênuos não sabem disso, enquanto os malandros fazem de conta que não sabem. Já os acordados, estes lutam para que essas forças mostrem suas caras, neste jogo dito ‘democrático’, recheado de interesses e ideologias. Contudo, agora veremos quem é o quê nesta festa. Ou não...


Crises...

Vivemos em crise. Crise econômica mundial. Crise gastrointestinal. Crise moral, de valores. Crise depressiva. Crise de identidade, entre outras tantas crises. A crise está na ordem dos dias. Desde muito tempo é assim. As crises mudam, mas são persistentes e sobrevivem, sempre. Mas nem tudo é crise. Existem estados de calmaria e estabilidade. Mas, até na crise há quem se dê bem – com ela, a crise. Parte de toda a crise é reforçada pelas lamúrias e pelas ideologias que a alimentam – ela, a crise. Agora mesmo entrei em crise, estou sem ideia para continuar escrevendo. Por isso vou dar um tempo, esta crise ei de superar, e ela há de passar. Até a próxima crise!



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Xapecó...

Cidade que já foi – como tantas outras. Já foi Xapecó com ‘X’, quando os povos nativos desta terra ainda eram vistos como parte da nossa história (tanto que, da sua forma linguística é que veio o nome que hoje, parece ser nosso) – relativamente ainda são, graças ao esforço de alguns historiadores, antropólogos e afins, além dos seres sensíveis que pisam dignamente neste chão. Hoje, Chapecó, com um ‘Ch’ ocidentalizado. Motivo? Perguntem ao imperador. Já foi Estádio Regional Índio Condá. Suprimiram o ‘índio’ (pra variar), além do ‘regional’. Hoje, ‘Arena’ (algo típico de um império – leia-se antigo e destruído Império Romano) - entre outros tantos ‘desenvolvimentos’ (mas só para alguns), no concreto e na nomenclatura. No entanto, somos todos estrangeiros nessa terra que nunca vai ser nossa, por mais que a cerquemos, como com os títulos farpados dos coronéis. E a terra nos comerá, um a um, dia após dia, lentamente. Nós e nossas ambições e habitações irregulares. Nossa pressa motorizada pra se chegar a lugar nenhum. Padeceremos com isso, habitantes que somos dessas ‘cidades destruídas. Nós e nossa humana e ‘divina comédia’ urbana...


“Viajar em estado de calma / E morar em cidades destruídas / Jamais ler seu poema até o fim / A divina comédia humana” (José Paes de Lira)


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 22/08.



Leituras do Cotidiano, 22/08

Xapecó e seus anos


Xapecó chega a mais um aniversário, sã e salva. Por enquanto. Levada ao crescimento do país dos últimos 12 anos pelos governos ditos de ‘esquerda’, Xapecó acompanha esta realidade, como muitas outras cidades do Brasil, e não haveria de ser diferente, pois, além desse ‘acompanhamento’, temos um histórico de desenvolvimento. Então, falamos muito em desenvolvimento (principalmente nosso poder público e mídia local, que gostam muito deste termo). Mas que desenvolvimento é este? E para quem? Eis as questões que não podem calar. Além de, mais e mais edifícios que esfriam um tanto mais a cidade e escondem parcialmente nosso lindo céu, mais e mais automóveis luxuosos que deixam as ruas quase que intransitáveis, perguntemos: ‘De qual desenvolvimento estamos falando?’. A melhoria nos acessos e oportunidades do brasileiro, dado pelo avanço, sob tudo, econômico do país, fez com que o consumo aumentasse, e muito! Nossa cultura é de produção. De fato! Mas, além da produção de necessidades, da produção de lixo. E não sabemos lidar muito bem com isso. Lixo tóxico pelo combustível dos carros que rodam e rodam, inclusive. Cadê o nosso transporte público de qualidade? Aonde vamos chegar com isso tudo? E nossos povo nativo, os chamados ‘indígenas’? Eles também tem parte neste ‘desenvolvimento’ local? E os andarilhos, moradores de rua? E os artistas independentes? Tem seus dignos espaços neste desenvolvimento todo? Se nosso desenvolvimento artístico-cultural e educativo-intelectual não acompanhar o econômico-material, estaremos, daqui um tempo, ferrados! Sem ser pessimista, mas, a realidade não é uma mecânica, ‘ela é hoje o que pode não ser amanhã’. Então, ao comemorarmos, pensemos nisso. Por uma Xapecó de céu azul e ar bom de se respirar...


Eleições e mídia

Medíocre 'cultura jornalística': entrevista ou hostilização?

A velha tática do jornalismo dirigido: tentar colocar na boca do entrevistado as palavras que a emissora (os grupos de poder por trás dela, no caso) deseja mostrar. A ‘entrevista’ do Jornal Nacional da Rede Globo não foi uma entrevista, pois as questões não eram relevantes - a serem respondidas por um(a) presidente(a), no caso. O foco era o discurso acusador, baseado em rumores e subjetividades. Um 'massacre' de 'acusações' e nada de problematização. Retórica dirigida ao ignóbil. Atitude típica do jornalismo 'espetacular' de entretenimento e vulgarização da informação, do conteúdo e da política.

E a mediocridade prossegue...


Com o acidente que vitimou o ex-candidato presidenciável Eduardo Campos, assim como os demais que o acompanhavam, a rede social (al)facebook foi tomada por depoimentos. Uns emotivos, outros mais frios. Mas, os mais bizarros foram os que tentaram relacionar a queda do avião com a atual presidenta Dilma e seu partido, o PT, atribuindo direta ou indiretamente a culpa do sinistro a estes. Alguns até usaram do misticismo (numerologia e afins) para, ideologicamente ou imbecilmente, tentar fazer uma relação de acusação, baixa, vulgar, mesquinha. Por isso e por outras, é que nossa ‘democracia’ é o que é – todos devem saber. Um oceano ideológico e/ou ignóbil, de falta de bom senso, de corrupção, de mediocridade. Muitos assim, infelizmente, fazem o (des)serviço de reduzir a democracia a este circo – onde que, quem tem visão pode ver. Para a boa saúde do ‘espetáculo’ nosso de cada dia.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A ‘voz própria’

Não é possível fabricar uma voz. A voz de que falo é a dada por certo desenvolvimento de linguagem. Ou seja, só é possível ‘voz própria’ a partir do desenvolvimento dela. Todos nascem com suas vozes, porém, não muitos conseguem torná-las vistas, ouvidas, pensadas, percebidas. Existem vozes que não são próprias, mas são repetições, reproduções de outras vozes já existentes, e isso é o mais comum de se ver por aí, mesmo, nem todos percebendo isso. No caso da música ou da arte em geral, a ‘voz própria’ não é algo que possa ser ‘fabricado’ por algum produtor, como geralmente acontece com o ‘produto’. Aqui, diferenciamos ‘voz’ de ‘produto’. Muitos ‘artistas’, entre músicos e compositores, artistas plásticos, escritores, etc., não adquirem sua própria voz, e morrem sem nuca ter desenvolvido ela. Uma voz que já nasce com a gente, mas que precisa de desenvolvimento para acontecer. A voz, neste caso, é algo que ‘pode acontecer’, pois esta existe, mas nem sempre acontece. Nisso contamos com, além da percepção, da prática, da busca, da pesquisa, do estudo, seja ele conceitual, filosófico e estético, e da sensibilidade. Ambos somam-se na constituição daquela ‘voz’ que é ‘própria’. Uma dura lida, porém, possível. Você que compõem ou produz, já desenvolveu ou encontrou a ‘voz’ que lhe é sua ‘própria’?


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 15/08...



Leituras do Cotidiano, 15/08

O Demônio do Poder - e o ‘Não Poder’



"Não é a necessidade, não é o desejo - não, é o amor ao poder que é o demônio dos homens." (Nietzsche)

Poder, que demônio é este?! Filho da ambição, da ganância, do domínio e das negociações, o poder corrompe e territorializa. Quando concentrado torna-se autoritarismo e imposição, mas quando dividido em partes semelhantes, torna-se ‘não poder’ - uma forma de relações dialógicas, pois, sem o diálogo não existem as partes, ou no caso, a ‘diversidade’. O poder castra a diversidade quando se concentra. Muitos podem discordar dessa minha consideração em torno do poder, mas cito meu ofício como um exemplo de ‘não poder’: Entre outras coisas, sou professor em escolas e outros espaços de aprendizado e instrutor de um sistema de Kung Fu com ênfase em filosofia e defesa pessoal, além de escrever textos em meios de comunicação virtuais e impressos. Nisso, tenho alunos e leitores, com os quais estabeleço minhas ‘relações de poder’ (ou ‘não poder’), ou seja, disponho de certo ‘poder’, porém, por ter essas ‘habilidades’ não significa que eu faça da minha condição um instrumento de domínio, ou seja, não domino nem sou ‘o poder’, apenas me relaciono com ele ou com o ‘poder-não poder’ do outro. Não é uma relação piramidal, vertical ou autoritária, mas uma relação horizontal, pois, além de elevar o conhecimento nessa relação com o outro - e não na imposição, libero minha palavra, seja ela falada ou escrita, ao critério de análise do outro. É onde o ‘poder’ se dissolve em uma relação de ‘não poder’, pois não há uma ‘verdade’ única e absoluta em torno do que é dito, falado ou escrito. Por isso é que resolvi pensar assim e escrever isso. Meu poder pode ser grande, pequeno ou quase impossível, pois ele vai depender daquilo que o outro considere ou não. Teria eu a possibilidade de dominar através do poder? Pode ser, se eu tivesse o amor ao poder em mim. Mas tenho outras coisas mais interessantes e vivazes para amar. Meu poder é dividido com o outro e vice-versa, a partir do momento em que produzo algo e que socializo este algo com os que dividem seu tempo e seu espaço comigo. Juntos, formamos outro poder, não individual, mas coletivo, que não tem dono e que não se concentra em um só, pois, estando dividido num coletivo (relação ‘eu’ e ‘outro’), torna-se um ‘não poder’, ou seja, uma possibilidade, um movimento, amplo e diverso, e não um território privado do ‘eu’.


Poder e ostentação...

Enquanto bombas lançadas pelo Estado de Israel matam crianças na Faixa de Gaza, o empresário e político Edir Macedo posa de 'profeta' e levanta um templo de cunho 'judaico-cristão' no Brasil. Luxúria, ostentação, 'espetáculo' (leia-se Debord), muitos votos e poder, dão a tônica do maior templo religioso do Brasil - além da 'acolhida' do rebanho. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O filósofo e a amante














‘Tenha tempo para uma conversa’, ela gritou. ‘Não me venha com suas manias’, eu respondi. E assim o dia terminou num bate boca sem sentido. Dia todo na escola falando de filosofia e outros temas que enchem o mundo de ideias e algumas vivências e ainda ter que... ‘O mundo lá fora não é isso que você pensa e diz aos seus alunos’, ela falou - agora em um tom mais baixo. ‘É? Então me diga, como é o mundo lá fora?’, retruquei. ‘É aquele que, se você abrir a janela e olhar por ela, poderá ver’, num tom irônico ela respondeu. ‘Simples assim?’, questionei. ‘Sim, simples assim’. E assim o assunto se esvaiu. Tentei reagir: ‘Viu, queria um tempo para uma conversa e agora emudece?!’. E nada. Fiquei transtornado com aquela conversa. Sabia que não deveria abrir espaço. Fui vencido mais uma vez por aquela que às vezes diz me amar, mas que às vezes também diz me odiar. Eu, um intelectual de esquerda, bem parido, mas um pouco torto pelos déficits da vida, derrotado mais uma vez em pleno quarto de motel? ‘Desta vez me mato. Não passo de amanhã’, só pensei - e ela sussurrou baixinho: ‘Faça uma boa viajem para o seu mundo ideal meu bem’...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 08/08.



sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Leituras do Cotidiano, 08/08


Os ‘especialistas’

“(...) a filosofia deve desfrutar de uma posição central nos processos educacionais que envolvem os jovens, e não ser este arremedo de filosofia que é encontrado nas escolas e nas universidades, estabelecimentos que privilegiam claramente conhecimentos particulares e específicos”.

Introduzo esta ‘análise crítica’ (continuação da anterior, publicada na edição passada deste mesmo jornal) com esta citação (acima) do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Seguindo a questão, Nietzsche critica as “disciplinas especializadas como sendo incapazes, por causa mesmo da sua natureza e limites, de lidar com os verdadeiros problemas da cultura, que são os problemas da existência. A divisão do trabalho científico e a ‘atomização do conhecimento’, segundo Nietzsche, traziam como resultado a ruptura entre conhecimento e civilização, unidade que somente a filosofia com sua visão de conjunto poderia realizar, integrando o conhecimento à vida, a cultura à natureza. Neste sentido, Nietzsche continua e critica as escolas por se terem transformado em ‘escolas profissionais’ e as universidades em ‘escolas especializadas’ - Por não terem “o menor compromisso com a cultura”, diz o filósofo. Sendo que, “a ‘sabedoria’ é algo diferente e superior a um específico saber científico”, assim como, “a cultura não deve estar a serviço, nem do Estado, nem da sociedade, nem da indústria, nem da ciência, nem da Igreja” (...). Nietzsche prossegue dizendo que o ‘especialista’ “se parece com um operário numa fábrica que, durante toda sua vida, não faz senão fabricar certo parafuso ou certo cabo para uma ferramenta ou uma máquina determinadas” (...), onde - “A divisão do trabalho nas ciências visa praticamente o mesmo objetivo que aquele a que visam conscientemente aqui e ali as religiões: a redução” (...). Ou seja, o mundo das ‘especialidades’ que é o mundo dos ‘especialistas’, é um mundo fragmentário, utilitarista, doutrinário, ideológico (segundo o dualismo), reducionista e quando não, determinista, sendo assim, nossa educação e cultura, estão voltadas pra isso. Exemplo vivo, volta e meia, sou subestimado e criticado por não me render a uma dita ‘única especialização’ ou ‘especialidade’. Muitos não compreendem a minha diversidade de práticas sociais e culturais, talvez por não conseguirem ver para além daquilo que se convencionou como ‘profissionalismo’ e ‘utilidade’. Não há uma filosofia, nem uma cultura ou educação amplas, livres e diversificadas nas suas possibilidades quando o pensamento e as práticas estão sob tutela dos ditos ‘especialistas’. Como diria o ‘filósofo maldito do Caos’ Hakim Bey: é preciso ‘nomadizar’, estar ou ir além, para, como pensa Nietzsche, possamos tratar das nossas pendengas, como das nossas virtudes, de forma ‘sincera’, quando diz: "Nossa filosofia deve aqui começar não pela admiração, mas pelo terror". Nisso, a grande questão da educação a partir do filósofo e/ou do educador está muito além da ideologia política, e não é doutrinar, direcionar ou especializar, mas, tomando mais uma vez as palavras de Nietzsche: “A primeira tarefa do professor é colocar seus alunos em guarda contra si mesmos”.

¨ Citações do livro: “Escritos sobre Educação”, de Friedrich Nietzsche.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



Israel e o ‘terrorismo de Estado’

O que muitos defensores de Israel parecem não conseguir (ou querer?) compreender nesta 'guerra' entre Hamas e Estado de Israel (com interferências externas e motivações econômicas, ideológicas e religiosas, onde quem paga o preço alto por tal estupidez é a população menos assistida e mais frágil), é que, não é com intolerância ou violência, que se tenta, de boa vontade ou pelo bom senso, solucionar ou amenizar uma situação que se arrasta historicamente como esta - ainda mais quando essa 'violência' acontece como suposta 'defensiva', justamente por aqueles que se dizem 'civilizados', ou seja, o Estado de Israel. Além dos excessivos bombardeios, o ‘muro do apartheid’ israelense e a ocupação de parte do território palestino somam-se para o aniquilamento não do Hamas, mas do povo palestino. Um Estado rico e militarizado como o de Israel, apoiado por muitos dos países mais poderosos do ocidente, agir dessa forma não se admite, sob qualquer circunstância. Não pode, sob pretexto algum, ter atitudes como esta, tratando-se das condições que este Estado dispõem para uma possível solução diplomática. Neste contexto, existe um outro tipo de 'terrorismo' ou 'fundamentalismo', o 'terrorismo de Estado'. Eis que, dessa forma, assim se configura o Estado de Israel, um Estado de terror.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 01/08