segunda-feira, 19 de setembro de 2016

continuamos...

saudações leitores/as!

durante muitos anos a fio escrevo e publico, seja em jornais impressos ou em espaços virtuais como este além de ser professor e assessor de comunicação e político de sindicato (funções em que também digito bastante).. também faz muito tempo que toco instrumentos de corda - e faz alguns anos estudo/pratico (e hoje também leciono) Kung Fu - entre outras funções onde mãos e braços são muito utilizados (há quem diga que até para falar movo bastante as mãos).. o fato é que, todo este tempo, principalmente devido a digitação, adquiri um problema (lesão) no braço esquerdo (a princípio), e se persistir no excesso de tarefas relacionadas, corro o sério risco de perder o movimento dele.. por isso, por enquanto 'descansarei' deste espaço e outros, a modo de tratar do meu problema para reverter a situação.. por isso, por enquanto, venho me despedir e agradecer pela relação.. e dizer que, devido a boa quantia de material que possuo escrito, por enquanto continuarei publicando no jornal Gazeta de Chapecó (impresso) e online no: 

http://www.gazetadechapeco.com/colunistas 

e/ou

http://www.gazetadechapeco.com/colunista-herman-g-silvani

enfim.. obrigado!


Herman G. Silvani.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Política para além do romantismo e do racionalismo

Já faz alguns anos que escrevo crônicas e outras ‘maldições’ literárias, filosóficas, sociológicas e/ou políticas para jornais impressos e meios virtuais de comunicação. Neste tempo adquiri um razoável número de pessoas que leem meus textos - ou volta e meia estão de olho no que escrevo e publico na rede social. Alguns me admiram por isso, outros nem tanto, outros ainda não me admiram nem um pouco, devido alguns teores dos meus escritos, posições, posturas e/ou feitos socioculturais. Nisso, surgiram algumas questões sobre as eleições municipais deste ano, sob tudo em Xapecó, onde algumas alianças anunciadas estão sendo criticadas. Uma delas é a do PCdoB com o PMDB (também chamado a nível nacional por alguns de ‘partido do golpe’) na disputa para prefeito. Alguns, volta e meia, até me ‘filiam’ a este ou aquele partido, achando que tenho registro em algum. Mas isso não é um problema para mim. Se fosse filiado, diria que sim, mas como não sou, digo que não. Matemática simples. Sobre a questão levantada – a das coligações, tenho minha posição, que, como tantas, é ‘crítica’, porém, uma crítica que tem mais de um sentido, mais de um conhecimento (ou razão de sê-la), mais de um ponto de vista ou de partida. Ou seja, neste caso em específico, vejo dois lados neste ‘jogo’, pois dialógo com ambos – ambos férteis para minha crítica. Um deles é o das ‘coligações dissonantes’, outro, é o olhar 'paradisíaco' do que seja a política institucional partidária brasileira vinda de alguns agentes ou ‘opinadores’ políticos. De um modo geral, percebo muito idealismo pra pouco realismo nesta questão. Mas, em ambos os casos, devemos considerar algumas questões. São elas: ética, coerência e certa realidade a partir das condições históricas, sociais e culturais criadas, coisas, não necessariamente equilibradas, diga-se de passagem. Partidariamente e institucionalmente falando, a questão é: 'participar do jogo' ou 'gritar do lado de fora?' - ainda assim estando dentro do jogo (ou acham que ser 'partidário', institucionalmente falando, é ser 'alternativo' ou 'libertário'?). Uma 'escolha!'. Certo filósofo grego diria: ‘Ser ou não ser? Eis a questão!'. Mas ‘o jogo’ é bem maior do que este 'simplismo-determinista' (ou disputa entre o 'bem' e o 'mal', o 'romântico' e o 'racionalista'). Ambos os lados de alguma forma são instrumentos, ou pelo menos compõem algo maior, o 'sistema'. Mas, quem é ele? Pensando e praticando a vida, o cotidiano e a política para além  deste ‘dualismo idealista platônico’, já é um bom começo para uma 'nova' possível compreensão desta questão que, não é tão simples como os ‘românticos idealistas’ e os ‘racionalistas linearistas’ pensam e dizem por aí. E a 'esquerda', TODA ela, precisa ler/perceber/ver além dos seus vícios, hábitos e crenças (isso mesmo, crenças!), ou continuará nesta busca 'idealista' e ‘paradisíaca’ (portanto ‘religiosa’), herdeira de certas concepções ditas 'modernas' (iluminismo, humanismo, eurocentrismo - e sob tudo 'judaico-cristãs'). Ou seja, a questão é bem mais profunda do que 'isso' ou 'aquilo' simplesmente. Eis minha ‘análise’ deste caso que não se resume em uma simples crítica ou gosto pessoal, mas sim, a exposição de um naco de discernimento que anda caro demais para alguns incluírem na sua feijoada. 



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



terça-feira, 5 de julho de 2016

Crônicas locais-universais contemporâneas...

Eleições municipais 2016 em Xapecó e...

Luciane Carminatti do PT foi lançada pré-candidata a prefeita. Antes disso estava sabendo que o PT provavelmente seria vice do PCdoB. No entanto, penso que, PT e PCdoB separados, mais uma vez vão 'entregar' a prefeitura para a situação. Lendo a realidade local, só com esta fusão entre os dois partidos e com o Valduga (PCdoB) na cabeça, é que existe alguma chance para a 'esquerda' (além de alguns 'apoios' extras). Com esta 'segmentação' que se desenha, dá pra pensar que 'não querem a prefeitura', e só fazem campanha para manter a 'forma' (que não anda muito boa, sob tudo para o lado do PT, diga-se de passagem). Conveniência? Ilusão? Ego? Não sei, só sei que, a história não se repete, mas a insistência no 'erro' já é desleixo, falta de bom senso ou 'burrice', como diz o ditado popular. Nisso, posso estar equivocado? Claro que posso! Mas também não...

No Brasil dos 'golpes' midiáticos e espetaculosos, do 'circo sem pão' e dos financiamentos privados e suas 'corrupções'...

Depois do 'cachê público' de 'mais de meio milhão' ao 'artixxxta popular-midiático' (ou 'popularizado'?) Wesley Safadão (percebam o 'nível' do 'nome artístico' do vivente), ovacionado por mais de 'cem mil' ovelhas, eis outro 'golpe': Dinheiro da Lei Rouanet que deve incentivar a produção artística e cultural dos artistas brasileiros, sendo desviado para fins privados e distantes do seu propósito. Mais um caso do ‘jeitinho brasileiro’ (corrupção) vindo de grandes empresários do ramo de eventos – vejam só: bancar um casamento burguês em praia badalada de Florianópolis ao som de cantor do dito ‘sertanejo universitário’. Assim fica mesmo difícil ser cidadão honesto e artista ou produtor cultural digno neste país. Uma bizarrice a (des)nível cultural atrás da outra...

Da estupidez e mediocridade do mundo adulto...


Muitos pais, geralmente de ‘classe alta’, criticam (mesmo que superficialmente) algumas bandeiras sinceras da ‘esquerda’, afastando, censurando, podando seus filhos/as do acesso ao que é ‘diverso’ e de cunho social. Os querem na faculdade como médicos ou algo de status social para manterem certa aparência e ‘estabilidade’ econômica dentro do capitalismo, com o qual, ideologicamente concordam. Tudo bem concordar, mas, fazer dos filhos depósitos de seus desejos (muitas vezes reprimidos ou frustrados), transferindo ditatorialmente para eles suas vontades, egos, interesses privados, etc., é um crime! Como diria a filosofa brasileira Viviane Mosé, ‘a vida não é para se dar bem’, é para se viver! Status e materialismo não necessariamente trazem felicidade. Mas, muitas vezes, problemas de integração social, frustrações, egocentrismo, prisão e risco. Ou seja, muitos pais destes que vos falo, transferem seu modo individualista e ganancioso de vida (quando não frustrado, medíocre e caricato) aos seus filhos, meros objetos ou instrumentos de suas vontades e interesses ignóbeis. Eis uma realidade que assola crianças e jovens. E as escolas e faculdades, muitas vezes, acabam somando nesta ‘doutrinação’, não bastassem os meios de comunicação de massa que propagam estas condutas e modos de ser-estar como se fossem naturais. Triste realidade que se mantém, mesmo estando insustentável nos dias de hoje.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



quarta-feira, 29 de junho de 2016

Antropocentrismo humanista como crença e ideologia: um problema de concepção


















“O pensamento ocidental está fixado no hiato entre o que é e o que deveria ser.” (John Gray, ‘Cachorros de Palha’)


As disputas humanas ‘territoriais’ e, portanto, econômicas e politico-ideológicas (entre outras), da forma que estão sendo no mundo contemporâneo, tem seus fundamentos nas concepções e buscas incessantes por 'recursos' e certas 'razões' ocidentais. Historicamente, o ocidente, seja ele filiado à ideologia política que for, não conseguiu (e por acaso tentou?) se livrar de seu 'espírito' tradicional de disputa, status e acumulação, como também não conseguiu ir além de um 'tipo idealizado' (o que, por enquanto não passa disso) e não real de 'sistema' humanamente evoluído ou equilibrado de vida ou organização sociocultural. Para que esta possibilidade existisse, seria preciso abandonar certas crenças, preceitos e concepções em pró de outros menos ambiciosos (e aparentes) e mais profundos (e ‘silenciosos’). Um caminho visível seria buscar possibilidades em outras concepções, teorias e experiências (o ‘taoismo’, por exemplo - enquanto 'filosofia' e não religião - é um desses possíveis caminhos), para além do 'dualismo' platônico segmentador e do 'idealismo', também platônico e que inspirou a concepção 'judaico-cristã' de 'verdade' final, direta ou indiretamente influenciando quase todo o pensamento ocidental moderno, com forte acréscimo do 'humanismo iluminista', inclusive suas teorias de sociedade e economia - leia-se anarquismo, socialismo, comunismo e liberalismo, que, mesmo diferentes entre si, ou até antagônicos, tem uma mesma base de crença e modo de conceber o 'futuro', ou seja, um tempo linear de história, com base numa crença de ‘progresso’, em termos religiosos, um suposto 'paraíso' vindouro (ou qualquer outro nome que isso possa ter). Gostemos ou não, existe um furo nessas concepções ocidentais todas  - e sobra algo relacionado aos 'excessos' e ao 'ego', ao que se acredita como 'melhor', 'superior' ou ‘ideal’. O ocidente, por tradição filosófica ou religiosa, é 'desequilibrado'. Já conquistou territórios e desenvolveu tecnologias e formas de economia e ordem sociocultural o suficiente para poder viver hoje com mais equilíbrio entre si e com a natureza, mas parece que ainda não sabe disso e continua 'barulhento', 'rígido', 'míope' frente a esta natureza e a outras possibilidades de pensamento e práticas que considerem a ‘vida como relação’ e não como ‘conquista’.  Mas ainda são as concepções 'religiosa' e ‘humanista’ (leia-se ‘antropocentrismo’) de que o homem é o ser mais importante (feito ‘a imagem e semelhança de deus’) que regem a cultura humana, e que, por isso, tenta justificar sua luta incessante por 'poder', luxo (o que se confunde por 'conforto') e lugar próprio e exclusivo na natureza. Um lugar que nem seu é - e nunca vai ser, pois nem existe, onde ele, o homem, neste planeta, apenas 'está' como parte de um todo, muito maior do que ele, seu ego e suas disputas.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó



sábado, 18 de junho de 2016

Estupros e outras violências


Porque o estupro também é uma 'cultura' no Brasil?

O estupro sofrido pela jovem de 16 anos (entre tantos outros não noticiados), não foi só o dos 30 homens. O estupro foi (e é) feito por compositores, grupos musicais, produtores, desenhos-novelas-filmes, religiões, valores, hábitos, costumes de homens e também mulheres. O estupro é feito pela grande mídia, sua publicidade e ideologia, pela 'indústria cultural' e 'sociedade do espetáculo', ao fabricarem, produzirem e veicularem certos ‘produtos’ ofertados ao público.

Mídia xapecoense

"Falta dizer: Marmanjões, vadias e vadios, fazendo protestos e ocupando escolas e universidades pelo Brasil. Querem restaurantes e 'merendas' de boa qualidade. Que falta de laço! Vão trabalhar. Os operários, trabalhadores, não têm nada disso..." (PRATES, Luiz Carlos)
* 'Cronista' do DI (Diário do Iguaçu), em 06/06
Este é o tipo de ‘opinião’ e ‘informação’ que o dito jornal veicula em suas páginas?


Para ir além, às vezes, é preciso romper (uma consideração para uma esquerda mais libertária - ou pelo menos, menos corporativista ou limitada ao lugar comum)

O elo de ligação da esquerda humanista-iluminista organizada socialmente (tanto marxista quanto anarquista, seja ela científica ou utópica) com a direita liberal (também 'humanista'-iluminista), é o senso 'religioso' de iconização e o ‘idealismo paradisíaco’. Ou seja, a esquerda ainda não conseguiu se livrar do 'judaico-cristianismo platônico idealista' que a circunda (e a compõe – segundo Nietzsche) historicamente. Mas antes é preciso perceber e reconhecer isso, depois a 'libertação' e então os necessários 'avanços internos', o que, vai, automaticamente, refletir nos 'avanços externos', portanto, socioculturais e políticos...


Efeito ‘anti-PeTismo’ e as panelas

Comprovando que a política oficial-institucional brasileira é uma jogatina enfadonha, viciada e mofada, o precocemente ex-ministro do ‘novo-velho’ governo interino Temer, Jucá, em escuta telefônica já deixou muito claro o golpe contra a democracia. Golpe este que contou com entidades empresariais, o judiciário brasileiro e a mídia (entre outros), além da cumplicidade de parte significativa da população que, amesquinhada engoliu o ‘anti-PeTismo’ como ideologia de classe e se depois se acomodou. A bateção de panelas cessou e a corrupção agora revigorada, continua firme e forte. Amém!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó



sábado, 11 de junho de 2016

Cultura dos estupros...

Nos dias em que uma adolescente foi estuprada por vários homens no Brasil, o Ministro da Educação do 'novo-velho' governo Temer recebe Alexandre Frota (que declarou publicamente já ter estuprado), junto a um líder dos ‘Revoltados on line’. Frota foi entregar-lhe um ‘projeto para a educação’, visando 'censurar' professores de falarem de certos assuntos importantes, socialmente falando, com seus alunos. Eis a face bizarra de um governo golpista e seus apoiadores. Eis outro estupro...

Cultura machista (e do estupro) na música pop - além do do funk...




















Sertanejo 'universitário':
"Nossa, nossa! Assim você me mata. Ai, se eu te pego. Ai, ai se eu te pego. Delícia, delicia, assim você me mata. Ai, se eu te pego. Ai, ai, se eu te pego"! (Michel Teló)
“Se bebe tudo elas liberam geral”. (Henrique Costa)

'Axé' music:
"As ‘novinha’ que não têm peito, Por favor, não desiluda: Se você não tem peito, agora vire e vem com a bunda, Vem com a bunda". (Aviões do Forró)
“Tudo que é perfeito a gente pega pelo braço/ Joga lá no meio/ Mete em cima/ mete em baixo/ Depois de nove meses você vê o resultado”. (É o Tchan)

'Rock':
“Me fala a verdade...quantos anos você tem?/ Eu acho que com a sua idade/ Já dá pra brincar de fazer neném...”. (Raimundos)

Entre tantos outros...
Não é o 'estilo', é o compositor, os produtores, o mercado e o vínculo midiático, a 'indústria cultural'! A 'ética' da 'sociedade do espetáculo' é fabricar, vender e tornar ídolo ou ícone ('popular') para sua própria manutenção ideológica.


















*
Em 19 dias de governo (golpista) interino Temer, caem 2 ministros por envolvimento em corrupção. O mais recente, dito 'ministro da transparência'. Vejam só que 'coerência'!

No Festival de Teatro de Chapecó...

 Na ação-apresentação do Grupo Vertigem de Ações Poéticas, tivemos um belo e intenso momento de poesia, música, vídeo, manifestações, expressões - e vinho. Senti a falta de muitos 'agentes políticos e sociais' de Chapecó (os organizados em entidades ou partidos), convidados para a 'ação'/apresentação. Neste momento político e social em que vivemos, penso que devam olhar mais para a arte e suas movimentações (para além do quesito entretenimento) para aprender com ela que, as manifestações e expressões artísticas estão entre as mais fortes expressões sociais e 'políticas' (postura), e que no Brasil, assim como Educação, Arte (e cultura) nunca foram prioridade (e continuam não sendo), muitas vezes ignoradas pelo 'velho e empoeirado jeito de fazer política' obediente a um receituário (de cunho platônico judaico-cristão, diga-se de passagem), inclusive por algumas entidades de 'esquerda' que se movem com muita posição e importância a nível 'político' (principalmente institucional), mas que falham e devem muito quando se refere a integração artístico-cultural. A postura e posição de muitos artistas ou agentes culturais hoje pelo Brasil, junto a mobilizações dos estudantes, mostram que estes tem força em se tratando de resistência e luta 'política social' e 'cultural' no país. Portanto, nos liguemos nisso...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó



terça-feira, 24 de maio de 2016

O Brasil dos sonhos perdidos...



Vivemos tempos sombrios na política. A dissolução do MinC (Ministério da Cultura) sob o título de anexação ao Ministério da Educação (junção de pastas), e o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre outras ações retrógradas do atual ‘novo-velho’ governo (interino), conotam o desmantelamento de uma estrutura socioeconômica constituída com muito esforço e luta por parte dos trabalhadores nas áreas afins. Enquanto isso, ministros nomeados na lista da Lava Jato, e a grande mídia fazendo pouco caso de todos os retrocessos. Na Educação, o novo ministro sinaliza apoio à cobrança de mensalidade dos alunos nas Universidades públicas, enquanto o MEC (agora Ministério da Educação e Cultura) suspende novos contratos do Fies, Prouni e Pronatec em faculdades. E pelo mundo, o Brasil vai virando motivo de crítica, ironia, piada. Os batedores de panelas e manifestantes uniformizados pela FIESP e demais entidades industriais-empresariais (FIESC, ACIC, CDL e afins), deram uma sumida (arrependimento ou satisfação?), enquanto a OAB, STF e demais entidades do ‘gênero Olimpo’, tentam amenizar suas cumplicidades no processo de ‘golpe’ (impeachment), de forma a manterem seus status. Mas a realidade não quer calar, e a política e a realidade brasileiras vão se tornando um antro de interesses privados, onde a ‘corrupção’, palavra tanto gritada nas ruas, se abriga com maior segurança debaixo de um governo golpista e seus financiadores. O sonho mesquinho de muitos ‘anti-petistas’ vai, aos poucos se perdendo no chão duro da história. Isso não é mais democracia. Nunca se teve um autoritarismo como o de agora, diferente daquele do regime militar, mais maquiado e sem repressão direta dos militares. Uma ditadura de certa elite econômica, ou seja, do setor privado em comunhão com a mídia e o judiciário brasileiros. Todos se portando como ‘semi-deuses’ no Olimpo, brincando com a população e contando com o mais forte dos aliados, a estupidez e mediocridade do senso comum. Assim, maquiados e na vertical, vão saciando seus fetiches autoritários...

Não pense em crise, trabalhe! (?)
Sim, vou parar de dormir, comer e me divertir então, pois o que mais faço (como todo o trabalhador deste país) é trabalhar, cumprir horários. Com toda a tecnologia 'disponível' e os excessos (sobras) do mundo capitalista, hoje, bastariam em torno de 15 a 20 horas semanais de 'trabalho' para TODOS viverem dignamente, é só organizar. Mas o 'sistema' é um monstro que come cabeças, almas, corpos, e quer seu sangue e seu suor transformados em cifrões, sendo o 'trabalho' (da forma que é) um escravismo disfarçado de necessidade e honra. Os ‘golpistas’, até então, só falavam em crise... crise... tanto que a alimentaram. Agora não é mais para pensar ou falar nela. O discurso já é outro. Demagogos hipócritas e seus rebanhos, dissimuladores da realidade e do bom senso, ‘vão a M...!’

Adeus ao Chocolate...

Xapecó perde mais um de seus 'personagens' históricos. As ruas da cidade estão mais tristes e vazias. Será que alguma rua será batizada com seu nome?
Bom descanso Chocolate!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó




quarta-feira, 18 de maio de 2016

Xapecó, cidade cover...

Xapecó tem um belo histórico de produções artísticas, intelectuais, políticas e culturais. De poetas e compositores musicais a professores, pesquisadores e agentes políticos. ‘Personagens’, muitos deles(as) reais, uns já mortos, outros ainda vivos, partes fundamentais da história do município e da região Oeste. Poderia citar aqui nomes como os de Fen’Nó, a ‘índia guerreira’, Vicente Morelatto, o ‘poeta da chacina’, Dom José Gomes, o ‘bispo do povo’, Tyto Livi e Grupo Nozes, os ‘pioneiros do rock autoral independente regional’, entre outros artistas plásticos, escritores, pesquisadores, etc. Todos(as) com suas devidas importâncias no desenvolvimento de nossa cidade, sua história, cultura e educação. Viajando pelo tempo, foram muitos os indivíduos criativos que deixaram, de algum modo, seus feitos, suas produções ou criações registradas para que a cidade pudesse ter sua história de desenvolvimento humano, social, artístico, político ou cultural. Atualmente, aqui mesmo neste chão, muito de conteúdo autêntico se produz, e são vários os produtores. Porém, nos meios de comunicação de massa, como geralmente acontece em quase todo o país, os espaços para estes são restritos. TV, rádios e jornais, em sua esmagadora maioria, reservam maior espaço para o segmento de ‘reprodução’, o que na música chamamos de ‘cover’. Uma espécie de ‘imitação’ de algo que é o ‘original’. A  exemplo, nos bares e casa de shows da cidade, pouco ou quase nada se ouve tocar músicas dos compositores locais, assim como, existe o predomínio do ‘cover’ em detrimento da música autoral (composição própria) nos eventos musicais. E isso, de certo modo, atinge as outras áreas da produção, sejam elas artísticas ou não. Ou seja, sofremos de falta de incentivos, tanto do poder público e do setor privado-empresarial, quanto de parte significativa dos cidadãos xapecoenses. Isso não é regra geral, é claro, mas, o predomínio da ‘imitação’ ou da ‘reprodução’ do que já é consumado (e consumido), do que ‘vem pronto’, é fato, infelizmente. Perdemos, enquanto ‘comunidade’ (cidade ou sociedade) com isso, alguns ‘valores próprios’, quando oportunizamos e valorizamos mais ‘produtos’ industrializados e vendidos (como mercadoria e ideologia) do que ‘arte’ e ‘produção autoral’ locais, desprestigiando assim o que poderia fazer parte de uma identidade local, ou ‘nossa própria identidade’. Nisso, somos uma cidade sem ‘voz própria’ em muitas e fundamentais questões. Estas ‘vozes’ existem, porém, nem sempre, quase nunca ou muito pouco, são ouvidas e ecoadas. Muitos ‘preferem’ o que já está dado. Medo do novo? Do próprio? Ou falta de consideração sócio-histórica, artística e cultural local? Bandas ditas ‘cover’ enchem a noite xapecoense com as canções ou músicas que não são suas. Nada contra. Mas também, nada a favor, pois, reproduzir não é criar, nem aprofundar ou ampliar. Reproduzir é apenas repetir, imitar e matar – ou morrer. Xapecó é uma ‘cidade cover’ quando muda o nome de uma rua ou de um estádio de futebol só para riscar a palavra ‘índio’ da sua formação. Quando valoriza mais o ‘produto’ mercadológico do que a ‘arte’ e o que vem embalado de fora e de cima pra baixo (leia-se ‘indústria cultural’) do que o que se cria e se produz aqui. E é assim que, através dos anos Xapecó vai envelhecendo com uma saúde precária, mas, muito bem maquiada. E é assim que também vejo muita linguagem e produção local morrer lentamente... 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó



terça-feira, 3 de maio de 2016

O crime de Dilma (ou O ‘Tchau querida!’ e o machismo)


A caçada a presidenta Dilma, além de um processo cheio de subjetividades que pouco ou nada comprovam algum crime por parte dela, começou já na sua primeira campanha eleitoral. Um dos principais motivos: ser mulher! Sim, um ser humano do gênero feminino. Bem lembro de algumas polêmicas geradas e alimentadas por sua oposição e pela grande mídia nacional (que também faz parte desta ‘oposição’), não só político-partidária, mas oposição de gênero e condição sociocultural. Ou seja, a primeira presidente (ou presidenta) mulher, eleita democraticamente pelo voto direto, desde o início gerou resistência de alguns muitos setores conservadores e machistas da sociedade, acostumados, historicamente com o jogo de poder entre varões (leia-se homens ou machos). Historicamente o Brasil é um país (como tantos) patriarcal, onde a mulher sempre foi inferiorizada, e a perseguição à presidenta iniciada pelo preconceito, antes mesmo de se tornar presidenta, onde chacotas com seu biotipo, sua aparência, sua oratória e sua história de mulher guerrilheira contra a ditadura militar (regime que, diga-se de passagem, também foi masculino e machista), reforçada depois de já ser eleita, representa em certo grau esta tentativa continuada de inferiorização, submissão e ‘marginalização’ do feminino – também na política. E está aí a medíocre e machista frase dita pela boca de muitos deputados (homens – ou algo similar a isso) no dia da votação do impeachment no congresso: ‘Tchau querida!’. Uma forma ‘irônica’ ou ‘sarcástica’ de impor o predomínio do discurso e postura machista, de forma ‘semi-velada’ (tentando ser ‘engraçadinha’) sobre a imagem, corpo e pessoa de Dilma, que, mais que uma chefa de Estado, é uma mulher. Não bastasse isso, a grande mídia ideológica e imbecilizadora, usou outro chavão do gênero, só que agora acima da figura da possível futura ‘primeira dama’, tentando gerar um efeito contrário, que diz: ‘bela, recatada e do lar’. Esta configuração representa aquilo que a sociedade patriarcal-machista quer que seja ou continue sendo a mulher brasileira. Ou seja, que a mulher tenha estas características e funções na sociedade. Substituindo a falta de ‘presença’ ou ‘aparência forte humana’ do vice Michel Temer, sua esposa, mais nova e seguindo um estereotipo de ‘mulher’ que muitos querem que seja, acaba servindo à ‘ideologia do território’ como um símbolo de demarcação deste espaço que é o poder, mesmo ela sendo apenas ‘alguém ao lado’ do seu ‘homem’. E é isso que os machistas que ocupam parte significativa do poder governamental querem. Dilma não é esta mulher, ‘símbolo sexual’ de uma suposta ‘fragilidade’ ou ‘feminilidade’, onde a beleza estética segue certo padrão que, por sua vez, vem acompanhado de certo comportamento. Comportamento este inferiorizado na figura feminina. Dilma, diferente de grande parte dos seus desafetos políticos (homens) não faz happy hour nos bares de Brasília no final do expediente, nem tampouco os acompanha nos vídeos pornôs ou noitadas nas zonas do entorno da capital federal. Dilma é mulher de carne, osso, alma, cabeça e coração, e não uma manequim ou alegoria dos homens que a perseguem e incriminam. Por isso, o ‘crime’ de Dilma está além de ser presidenta petista. O ‘crime’ de Dilma para estes senhores hipócritas e machistas, é ser mulher. Eis um dos principais motivos desta caçada em forma de golpe e enfeitada com o título de impeachment.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó



terça-feira, 26 de abril de 2016

Em cartaz: comédia & caricatura...

Propor não ofende.. ofende?

os 'homens da redoma', vivem como se acham: 'semi-deuses', superiores a população.. e geralmente discursam como tais.. saindo da 'redoma', como já disse um bom e velho filósofo e poeta, 'de trás das suas mesas entulhadas de papéis e burocracias, são frágeis garotinhas perdidas na floresta de um mundo que lhes é estranho.. e por lá se perdem esquecidos, sem ter o que lhes edifiquem...'
pensando nisso, que tal as 'classes' política e jurídica (juízes, advogados, promotores e afins), assim como 'lideranças religiosas' (e suas famílias) e grandes acumuladores de capital (grandes empresários urbanos e do campo) se ocuparem apenas dos serviços públicos? obrigatoriamente.. principalmente 'saúde e educação'.. seria uma boa proposta para que algo realmente tenha coerência neste 'faz de conta todo', não seria? nada mais 'justo', não é? já que é por isso e por causa disso que ocupam os lugares que ocupam.. ou não?


'Piada': Uma nova realidade...

acompanhando a 'seriedade, postura e credibilidade' das nossas 'instituições políticas e jurídicas', eis que resolvo parar com a literatura e a filosofia.. agora me dedico exclusivamente para a arte da charada e da piada:

"OAB entra com pedido de cassação do mandato de Bolsonaro por homenagear torturador na sua justificativa de votação do impeachment de Dilma.. Bolsonaro responde com ironia, repetindo e reforçando a homenagem..
Por que Bolsonaro prossegue nas suas investidas anti-democráticas e fica por isso mesmo?
Porque tanto 'Olimpo' quanto 'Mito' pertencem ao mesmo plano..
o plano 'mitológico'..." (gargalhadas coletivas ao fundo)


Discursos na votação representam parte da nossa cultura e educação...
os discursos na votação do impeachment comprovam e esclarecem (aos esclarecidos, e não simplesmente portadores de diplomas ou entusiastas midiáticos) que, eles são o que são pois acompanham o nível intelectual e cultural da dita 'classe política' que, em certo modo, tristemente, representa parte significativa do pensamento da população.. vivemos numa sociedade patriarcal, medíocre e de cunho fascista...


Sentado...
esperar o que de uma votação, de deputados, de um congresso que mais parece um templo religioso, uma igreja?
esperar o que de um país cuja 'justiça' (STF e OAB), é no mínimo cúmplice do espetáculo midiático, da vulgarização da política e de um processo vergonhoso (ou golpe, como preferirem) como foi aquela votação do impeachment?

“Uma das desgraças da política é ter abandonado o campo da filosofia e ter se transformado em um receituário econômico”. (Pepe Mujica)


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



quarta-feira, 20 de abril de 2016

Outra Educação: para além dos discursos...

São comuns os discursos vindos da publicidade, das escolas particulares e públicas, e do Estado sobre a Educação, de como melhorá-la, ampliá-la, salvá-la. Discursos são muitos. Práticas efetivas, poucas. Por uma Educação mais reflexiva, mais ampla e dinâmica, que faça com que os alunos ampliem seus leques de conhecimento, possibilidades e oportunidades de integrar o mundo, a sociedade, o país. Para que haja um futuro promissor no sentido ambiental, existencial, humano. Mas, a realidade em muitos casos está distante destes discursos, destas propagandas, onde, muitas vezes, acontece o oposto. Nossa educação é frágil e ideológica, devido, além de sua história, aos interesses políticos e mercadológicos das instituições de ensino, do Estado e também das famílias. Enquanto no mundo se discute uma nova sociedade, onde novas culturas e modos de ser/estar, de se fazer e viver, que integrem um contexto de mundo sustentável, devido aos excessos e desequilíbrios, tanto culturais, quanto ambientais e econômicos, instituições de ensino continuam a mecanizar o tempo, a partir de um horizonte econômico e mercadológico. Uma educação direcionada ao vestibular, ao ingresso para a faculdade, tecnicista, reducionista, e portanto, determinista, onde pais e instituições prezam pela integração do aluno no tal mercado de trabalho, como concorrente, uma fera que disputa um posto e status social num futuro que é nebuloso e nada garantido, justamente, por isso. Vejo escolas, ao invés de ampliar, diversificar, relaxar o tempo, oprimirem ainda mais os espaços e o tempo, e com isso, os próprios alunos e a educação, suprimindo, por exemplo, a filosofia dos seus currículos, assim como, diminuindo os espaços das artes, literatura e história, em pró de ‘disciplinas’ técnicas, como gramática, por exemplo. Nada contra a gramática ou o que for, mas, como sempre digo nas minhas falas referentes a isso: ‘gramática é instrumento necessário, mas linguagem e reflexão são fundamentais’. A filosofia, a exemplo, se bem aplicada, amplia a visão do estudante, assim como as artes e a literatura, no sentido de melhorar a sensibilidade. E é isso o que o mundo atual precisa: ‘sensibilidade’. É com ela que poderemos ampliar e transformar a educação e cultura em algo flexível, prazeroso, humanamente possível, sem concessões, ao natural (ou, pelo menos, mais próximo disso). Não há mais pretextos, desculpas ou justificativas para não implantar nas Escolas (públicas e particulares) alguns conteúdos e práticas como o Chi Kung (Qi Gong) ou Tai Chi Chuan (Taiji), assim como o Kung Fu (a partir do estudo das chamadas ‘artes internas’ – leia-se concepção a partir da cultura chinesa). Filosofia, linguagens, música, ginásticas artísticas e capoeira (como estudo sociocultural e físico) também são exemplos de conteúdos ‘fundamentais’ para os tempos atuais. Querem mesmo transformar, melhorar ou aprimorar a Educação e Cultura? Eis o caminho! A educação e a cultura, só estão como estão, devido a um modo de vida, seus pensamentos e práticas insustentáveis. São necessárias outras fontes, para que outras práticas sejam possíveis. Já é tempo de realmente mudar e transformar, para além dos discursos. Mas, porque não se faz?


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



quinta-feira, 14 de abril de 2016

Nossas crises...

Nossa crise vai além, muito além da econômica (que, diga-se de passagem, é também mundial). E esta não é a nossa maior crise. Por isso, falamos em crises (plural).
O Brasil, historicamente e culturalmente é corrupto e racista. E isso, tristemente se estende às instituições, até aquelas 'sagradas', ou seja, as 'de direito' ou com teor de 'jurídicas' e políticas, assim como na família e na religião. Falta certa moral e ética nos pensamentos, costumes, tradições, ações de parte da população que foi educada ou doutrinada, quando não militarmente, ideologicamente ou religiosamente, sob a sombra de certas concepções 'elitistas' e 'raciais' de classe. Porém, nem todos, ou muitos poucos, sabem ou compreendem isso. Outros, não querem nem saber.
Nossa maior crise é educacional e cultural, no que concernem os valores, crenças, bases teóricas, o que reflete diretamente nas práticas cotidianas, dentro e fora das instituições. E aí está a conjuntura, o contexto atual, o resultado do desmantelamento sociopolítico. Eis a face de uma realidade que poucos admitem e muitos não fazem questão de modificar...

*


Vamos brincar de ser gente séria? Fazer de conta que nosso maior problema é o governo e a corrupção que atribuímos exclusivamente para ele? Sair pra rua manifestando nossos anseios, euforias, histerias e disfarces de uma vida mesquinha, medíocre, incoerente e insustentável. Vamos vestir o verde-amarelo do futebol-nike e mostrar os peitos pelas ruas, vomitando discursos odiosos anti-projetos sociais. Vamos fazer de conta que também somos contra Cunha e demais psicopatas da política nacional, mas torcemos por ele e sua investida criminosa contra a democracia. Vamos com nossos interesses pessoais ou particulares gritar pelo impeachment da presidenta, nem que este seja um golpe de Estado arquitetado para fins político-partidários. Nós não acreditamos no óbvio, só naquilo que nos interessa crer. Somos religiosos até o talo, como nossa nova musa passageira e como tantos outros heróis da pátria fumegante que usurpou nativos em pró desta ‘civilização’ de bondosos cidadãos brancos e ricos de bem - a jurista-pastora que, histérica grita pelo impeachment que nós ansiamos ver para que nosso carnaval de misérias intelectuais, culturais, morais e éticas seja da cor da nossa bandeira, onde o sangue do nativo foi encoberto pela hipocrisia discursiva da ‘ordem e progresso’ positivista, portanto ideológica. Mas nós fingimos bem. Reproduzimos e nosso ódio opositor nos traz sentimentos de que estamos vivos, nem que seja por míseros instantes. Nos apegamos a homens-mitos como Bolsonaro, Neves e Rodrigues. Somos o cú da falsa inteligência. A bunda gorda e sedentária batendo panelas das janelas limitadas da nossa alma sem luz nem reflexão. Na pseudo-filosofia somos Olavos de Carvalhos, como na música somos Lobões disfarçados de cordeirinhos, mas somos também parte do rebanho que não quer se auto-determinar, mas quer prosseguir sob a sombra dos seus pastores. Aleluia!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.