São comuns os discursos vindos da publicidade, das escolas
particulares e públicas, e do Estado sobre a Educação, de como melhorá-la,
ampliá-la, salvá-la. Discursos são muitos. Práticas efetivas, poucas. Por uma
Educação mais reflexiva, mais ampla e dinâmica, que faça com que os alunos
ampliem seus leques de conhecimento, possibilidades e oportunidades de integrar
o mundo, a sociedade, o país. Para que haja um futuro promissor no sentido
ambiental, existencial, humano. Mas, a realidade em muitos casos está distante
destes discursos, destas propagandas, onde, muitas vezes, acontece o oposto.
Nossa educação é frágil e ideológica, devido, além de sua história, aos
interesses políticos e mercadológicos das instituições de ensino, do Estado e
também das famílias. Enquanto no mundo se discute uma nova sociedade, onde
novas culturas e modos de ser/estar, de se fazer e viver, que integrem um
contexto de mundo sustentável, devido aos excessos e desequilíbrios, tanto
culturais, quanto ambientais e econômicos, instituições de ensino continuam a
mecanizar o tempo, a partir de um horizonte econômico e mercadológico. Uma
educação direcionada ao vestibular, ao ingresso para a faculdade, tecnicista,
reducionista, e portanto, determinista, onde pais e instituições prezam pela integração
do aluno no tal mercado de trabalho, como concorrente, uma fera que disputa um
posto e status social num futuro que é nebuloso e nada garantido, justamente,
por isso. Vejo escolas, ao invés de ampliar, diversificar, relaxar o tempo,
oprimirem ainda mais os espaços e o tempo, e com isso, os próprios alunos e a
educação, suprimindo, por exemplo, a filosofia dos seus currículos, assim como, diminuindo
os espaços das artes, literatura e história, em pró de ‘disciplinas’ técnicas,
como gramática, por exemplo. Nada contra a gramática ou o que for, mas, como
sempre digo nas minhas falas referentes a isso: ‘gramática é instrumento
necessário, mas linguagem e reflexão são fundamentais’. A filosofia, a exemplo,
se bem aplicada, amplia a visão do estudante, assim como as artes e a
literatura, no sentido de melhorar a sensibilidade. E é isso o que o mundo
atual precisa: ‘sensibilidade’. É com ela que poderemos ampliar e transformar a
educação e cultura em algo flexível, prazeroso, humanamente possível, sem
concessões, ao natural (ou, pelo menos, mais próximo disso). Não há mais
pretextos, desculpas ou justificativas para não implantar nas Escolas (públicas
e particulares) alguns conteúdos e práticas como o Chi Kung (Qi Gong) ou Tai
Chi Chuan (Taiji), assim como o Kung Fu (a partir do estudo das chamadas ‘artes
internas’ – leia-se concepção a partir da cultura chinesa). Filosofia,
linguagens, música, ginásticas artísticas e capoeira (como estudo sociocultural
e físico) também são exemplos de conteúdos ‘fundamentais’ para os tempos
atuais. Querem mesmo transformar, melhorar ou aprimorar a Educação e Cultura? Eis
o caminho! A educação e a cultura, só estão como estão, devido a um modo de
vida, seus pensamentos e práticas insustentáveis. São necessárias outras
fontes, para que outras práticas sejam possíveis. Já é tempo de realmente mudar
e transformar, para além dos discursos. Mas, porque não se faz?
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.