domingo, 8 de abril de 2018

Certa realidade que muitos não querem ver, para além das ideologias (no contexto do Brasil atual, em torno da prisão de Lula)

Não sou PeTista. Aliás, não sou filiado a partido algum. Se bem que, volta e meia, aparece um rotulador ignorante 'me filiando'. Tenho minhas críticas ao PT e seus governos. Quem acompanha meus textos e postagens sabe disso. Sou taoista (filosoficamente falando), e no ocidente me relaciono filosoficamente com Nietzsche, Hakim Bey e mais recentemente com Agamben (entre outros do timbre). Estive na fala de posse do Lula na sua primeira eleição como vitorioso, no FSM (Fórum Social Mundial) em Porto Alegre/RS, no meio de uma multidão, no período, de em torno de 200 mil pessoas. Já estudava e vivia 'política e filosofia, sociologia e história' (além das artes) na época. Assim como já participava de movimentações culturais-artísticas e sociais-políticas. E por isso tenho certa propriedade e consciência do que falo.



foto que fiz no FSM, na beira do Guaíba, POA/RS, Brasil, 2003, discurso de Lula (posse), onde palestinos e israelenses, juntos, levantavam suas bandeias.
Do final dos anos 80 até hoje, foi nos anos do governo da 'esquerda' (com todos seus erros, falhas e integração com o jogo liberal-capitalista-burguês) que tive, como estudante, profissional (professor) e cidadão, meus melhores momentos sociais e econômicos, minhas maiores oportunidades de acesso ao que necessito para viver. E assim foi com todo o país praticamente. Pobres puderam avançar para certa condição de vida melhorada, tendo mais acessos. A miséria foi quase totalmente abatida (ou totalmente). A dita 'classe média' ascendeu como nunca, e os ricos, estes também puderam ficar ainda mais ricos. Tudo isso num tempo de mais ou menos 15 anos. Os 15 anos mais 'equilibrados', 'competentes' e 'justos' da história deste país (falando de uma forma 'geral'). Ou seja, com todos os erros e perdições no jogo político-ideológico que a 'esquerda' teve neste tempo, Lula e Dilma estiveram na cabeça do melhor período social, econômico e cultural da história do Brasil, independente do meu gosto, crença ou posição política. Sim, como eu já disse, tiveram muitos erros, se deixaram contaminar em alguns sentidos, mas, o que nos afeta realmente, é a condição existencial, econômica, social, o 'básico' para se estar vivo com certa dignidade. E isso, o 'governo de esquerda' propiciou. Não foi o 'ideal', o 'totalmente justo' e 'equilibrado', mas foi a 'melhor realidade social' que tivemos na história até então. E é isso que é 'realidade', para além dos ideais ou dos discursos ideológicos. O mais, vem depois. Sem o básico, não existe o aprimorado. Sem a condição mínima, não se pode chegar numa dignidade humana de ser-estar, ao 'equilíbrio' social, econômico, cultural e político-ideológico. E é disso que se tratam minhas reflexões e posições. Simples! (para alguns, acho que não). E hoje, tristemente, vejo Lula (o maior presidente que o Brasil já teve neste sentido e contexto, com todos seus acertos e erros), ser preso por uma elite monopolista que nunca lutou (nem se quer viveu com consciência) por esta 'realidade' ou 'condição' mínima e básica de que me refiro. A mesma elite que não gosta de pobre, preto, puta, operário, que tem preconceito contra semi-analfabetos, diferentes, livres, pessoas de verdade e que lutam para sobreviver com todas as desigualdades e injustiças ao seu redor. E Lula, representa um pouco esta gente. E eu, pertenço a esta realidade, pertenço a esta gente. Lula, independente do que eu ache, do que você ache ou pense, é povo, coisa que Eles (elite), não são.






Julgar é fácil quando se está em situação privilegiada. Mas, longe dos ternos e gravatas, das togas, da frieza das leis, da proteção das mansões e carrões e seguranças privados, da vida privada e 'blindada' elitista, do poder que isso tudo 'garante' (até a morte ou o acidente ou o Caos chegar para um abraço), nas quebradas escuras das ruas, onde vivem as gentes, estas pessoas (elites privilegiadas) são frágeis criaturas sem poder algum. Mais frágeis do que eu - e você. Portanto senhores e senhoras, aconteça o que acontecer, estes 'dominantes enfeitados' e sua 'justiça afetada', não passam de uma grande 'mentira'. Pois, ao cair na rua, nos dias e realidades dos 'comuns', eles tornam-se presas fáceis de um sistema que eles mesmos tem culpa de ser. Enfim. Eles terão suas 'recompensas', assim como seus ignóbeis reprodutores...