O taoismo (ou
daoismo) é um profundo conhecimento, uma ‘filosofia de vida’ e/ou uma
‘espiritualidade’ chinesa milenar, na qual o ser humano deve viver em harmonia e
integrado a Natureza, pois faz parte dela. Nisso, o taoista tem a Natureza como
grande mestra, sua grande-mãe, que ensina como viver e interagir no mundo -
algumas linhas taoistas admitem-no como uma ‘filosofia espiritual matriarcal’,
pois ele é fruto da Natureza. Dessa forma, quando tomamos a Natureza como
referência em nossas vidas, atingimos o Equilíbrio - ou o Tao. Assim nos
(re)integramos a Natureza e passamos a viver mais plenamente e equilibrados
(interna e externamente), naquilo que chamamos Caminho. Algumas práticas de
vida propostas pelo taoismo são fundamentais para isso, entre elas estão a
meditação, a alimentação natural (ou mais próximo possível disso), o cultivo de
plantas, as práticas físico-energéticas como o Chi Kung e o Tai Chi Chuan,
entre outras.
“Meu corpo está em harmonia com minha mente, e ela em harmonia com
minhas energias (...) um jeito natural de sentir as coisas...” (Lao
Tsé)
Filosofia e espiritualidade – Lao
Tsé e xamanismo
O
taoismo iniciou como uma filosofia e espiritualidade (o que na China não se
divide como no ocidente), para alguns historiadores, a partir das escritas do
pensador chinês Lao Tsé (Laozi), encontradas no livro Tao Te Ching (Dao De Jing),
a grande obra do taoismo. O nascimento e vida de Lao
Tsé é uma incógnita entre historiadores. Alguns defendem que ele provavelmente tenha
nascido e vivido durante a dinastia Zhou, que durou do
século XI a 256 antes de Cristo. Outros vão dizer que o taoismo já existia
antes mesmo disso, só não levava ainda desta identificação ou nome. Nisso, o
taoismo teria iniciado com antigas práticas nativas (xamânicas) a partir de
mestres e mestras que viviam na Natureza, e lá teriam desenvolvido os conceitos
e adquirido as concepções que viriam a se tornar o taoismo, convivendo e
observando as manifestações da naturalidade ou da Natureza. Lao Tsé teria
aprendido isso e então registrado em forma de aforismo poético na sua obra.
Religião
e/ou espiritualidade
Com
o passar do tempo o taoismo também foi tornado ‘religião’ (no sentido
institucional), porém, parte dos adeptos ou praticantes do taoismo o são
independente da religiosidade institucionalizada. Estas formas diferentes de se
conceber o taoismo faz com que ele tenha linhas diferentes de se compreender e se
praticar.
Nisso, comumente podemos
dividir a tradição taoista em taoismo filosófico e taoismo
religioso. Este último, fruto dos movimentos religiosos organizados
para instituí-lo enquanto religião,
fundindo elementos da religião tradicional chinesa com aspectos do
confucionismo e do budismo. O taoismo, de certo modo, passa também a
influenciar tanto Kung Fu-Tsu (Confúcio) e sua filosofia (o confucionismo)
quanto o budismo na China.
No
ocidente, em alguns casos, o taoismo é visto como ateu, por não ter o conceito
de Deus e por sua base ser filosófica. Diferente do cristianismo e de outras
religiões ou espiritualidades monoteístas e ocidentalizadas, no taoismo não há
pregação. Ou seja, não há uma tentativa de arrebanhamento. Por isso, não há um
discurso retórico de convencimento na conquista de fiéis e/ou seguidores. O
taoismo não atua ideologicamente neste sentido. É uma ‘espiritualidade
silenciosa’, onde a meditação e o estudo da filosofia taoista, assim como das
práticas cotidianas ligadas a (re)aproximação da Natureza, são o modo de se
praticar e alcançar o grande espírito, que é o da Natureza, ou simplesmente, o
Tao. Em algumas linhas religiosas aqui no Brasil, se atua de forma a conquistar
seguidores através de ‘missionários’, onde acontece um sincretismo com as
crenças e/ou religiões locais. O taoista, espiritual ou religioso, geralmente
preserva um ‘altar’ pessoal ou coletivo, com símbolos cultuados que são
referências para sua prática ou vivência. Entre suas principais práticas
espirituais estão a meditação e a contemplação da Natureza.
“É necessário unir os 3 Tesouros no corpo: a
essência , a energia e o espírito." (Liu
Pai Lin)
O Tao
“O Tao que se explica, não é o verdadeiro Tao”. “O caminho que pode ser expresso não é o
Caminho Constante”. Estas são duas traduções do primeiro verso ou frase do
primeiro aforismo poético do Tao Te Ching. Numa delas, Tao é traduzido por
Caminho. Porém, não é uma tradução literal, apenas aproximada, pois, como diz
na primeira tradução do verso acima, o Tao não se pode explicar. Se explicado,
já não é mais o Tao, pois ele é o ‘grande mistério’, e o mistério só existe
como mistério, e não explicação. Para alguns, o Tao tem sentido de Deus,
enquanto criação, pois é ele, o Tao, o grande mistério, quem cria e faz viver
todas as manifestações, internas ou externas. É também uma representação do
eterno ou do infinito, para alguns, do Caos. Por ser mistério, o Tao é muito
mais fácil de ser sentido do que explicado. Para o Tao, assim como para a Vida
e o Universo, tudo o que é vivo tem o mesmo valor: plantas, bichos, gente...
Tudo está conectado e pertence a um espírito maior, o da Natureza, que é a
própria Vida, ou o próprio Tao.
"Céu e terra não têm atributos e não
estabelecem diferenças: tratam as miríades de criaturas como cachorros de
palha." (Lao-Tsé)
Princípios básicos fundamentais
Alguns dos
principais princípios
básicos fundamentais do taoismo são: ‘humildade,
generosidade e simplicidade’. Outros vieram do xamanismo chinês, como a ‘teoria dos cinco elementos, a alquimia, que também
envolve o uso de ervas e práticas energéticas ou curativas/medicinais, e o
culto a alguns símbolos e aos ancestrais’. Para acessarmos os princípios
fundamentais taoistas, necessitamos ler e interpretar o Tao Te Ching, e/ou
integrar algum grupo taoista. Outro grande filosofo taoista importante é Chuang
Tzu. No Brasil, uma boa obra é ‘A sabedoria da Natureza’ de Roberto Otsu, que
traz de forma muito clara alguns fundamentais princípios taoistas. O I-Ching (O
livro das Mutações) também é uma das principais obras utilizadas no taoismo.
Chi, a energia vital e o Tan Tien
Na
tradição taoista uma energia cósmica universal que está na Natureza é o que
sustenta a Vida. Esta energia é chamada de Chi
(ou Qi), a energia vital ou ‘sopro vital’. Esta energia percorre os corpos e,
uma vez cultivada (através das práticas do Chi Kung – que significa ‘cultivo de
energia’, Tai Chi Chuan, meditação, alimentação natural, relação com a Natureza,
e também nos locais que vivemos e frequentamos), equilibra os seres humanos para
uma vida mais plena, saudável e longa.
O
Tan Tien (ou Dantian) inferior é um
círculo de energia localizado no centro do corpo, entre o umbigo e as genitais
(existem outros, que correspondem aos Chakras da tradição indiana), e é o
principal receptor e distribuidor do Chi pelo corpo. Através da respiração (e de
técnicas respiratórias presentes no Chi Kung e na meditação), é possível
concentrar e ‘manipular’ esta energia pelo corpo. Quem pratica a arte do Chi
Kung, e se bem incorporada, com o tempo adquire a habilidade de trabalhar esta
energia em si próprio.
Fontes de energia
Pela
teoria taoista existem três principais fontes de energia para o ser humano.
*
A primeira é genética (pelo gene) e/ou
hereditária, ou seja, as energias (boas ou ruins, saudáveis ou deficientes,
positivas ou negativas) que recebemos dos nossos antepassados, sob tudo dos
pais. Estas energias estão em nós e são as mais difíceis de se lidar, pois são
heranças nos deixadas. A questão é equilibrá-las, sob tudo as ruins (deficiências
ou doenças, características negativas da personalidade, etc.) já que, a curto
prazo pelo menos, não há como eliminá-las. Mas é possível equilibrá-las e até
transformá-las. Isso vai depender, justamente, das nossas posturas diante do
mundo, das nossas práticas cotidianas, da nossa alimentação, e da nossa
mentalidade.
*A
segunda fonte é a alimentação, ou
seja, vem dos alimentos que consumimos. Quanto mais natural, orgânica, limpa,
saudável for a alimentação, melhor será nossa energia. Parece óbvio, não é? Até
a medicina nutricional ocidental sabe e diz isso. Então, esta fonte também tem
relação direta com a Natureza, e é o caminho alimentar que buscamos nutrir em
nossas vidas.
*
A terceira fonte é o ar. Isso mesmo,
o que respiramos, onde respiramos e como respiramos. Se estivermos vivendo mais
próximos da Natureza, o ar será melhor, mais puro, mais rico em energia, e
isso, todos sabem, entra nos nossos corpos, abastecendo-os. Isso também tem
relação com a forma que respiramos. Buscar a ‘respiração natural’ (assim
chamamos na prática taoista) é um bom caminho para eliminarmos perturbações que
nos adoecem, como o estresse e a ansiedade. Também existem técnicas de
respiração que fazem com que nosso ar troque a energia do corpo, assim como,
concentre e trabalhe o Chi em nós. O Chi Kung, por exemplo, é uma prática que, sob
tudo, envolve este trabalho de respiração.
"O Universo é circunstancial, as coisas
vêm e vão com a mesma fluidez que o ar, que não é percebido e simplesmente
penetra nos pulmões".
(Chuang Tzu)
O Caminho
Outro fundamental conceito ou concepção desta prática filosófica e
espiritual é o de Caminho. O Caminho taoista é o do Equilíbrio, onde se busca
livrar-se dos excessos, sendo eles, a principal causa do desequilíbrio humano e
social, dos conflitos internos e externos, ou seja, o principal causador dos
problemas, doenças e desequilíbrios. É o Caminho do Tao ou do Equilíbrio.
Também, o Caminho da naturalidade, da Natureza ou da própria Vida. Neste
Caminho, o taoista busca o equilíbrio do corpo e deste com a Natureza. Nesta
concepção não existe um lugar final onde se deva chegar, apenas o Caminho, pois
o importante não é chegar ou estagnar, mas sim equilibrar-se no Caminho. Estar
no Caminho, em equilíbrio, é viver o Tao. Simples assim, porém, complexo ou
profundo. Bem como o Tao, este ‘estado’ (ou ‘não estado’), não se pode explicar
com palavras, é preciso praticar e viver o taoismo como ‘cultura’ (que envolve
mente, corpo e espiritualidade), ou seja, como uma filosofia de vida, que
comporta certas práticas cotidianas, internas e externas. Nisso, o taoista não
separa o mundo imaterial espiritual do mundo material físico-existencial, pois
uma coisa deve levar a outra. A iluminação para o taoista é a profundidade da
consciência sobre a Vida, tendo em vista a Natureza e o outro, ou seja, a Vida.
Em suma, além de certa mentalidade, ser taoista também é uma posição ou postura
dentro do mundo. E esta mentalidade e e postura é o que chamamos Caminho.
“Aprofundar-se no Caminho consciente que dará suporte à sua
prática interior, e desenvolver a característica de um coração abrangente na
relação com o mundo, o que sustentará sua prática exterior”.
(Wu Jyh Cherng)
O vazio
Outro
fundamental conceito taoista que se relaciona com a atenção plena ou o aqui-agora.
Quase que, como o Tao, difícil de explicar com palavras. Mas compreendido por
quem pratica as artes ou conhecimentos provindos do taoismo. Tem relação direta
com o Caminho e o wu-wei. Alcançado
com a meditação (no taoismo também chamada de ‘mergulho no vazio’) e/ou as práticas
do Chi Kung e Tai Chi, quando bem incorporadas. Para dar uma ideia (talvez vaga)
do que seja, cito um dos grandes filósofos taoistas que diz:
"Não sejas um personificador da fama; não sejas
um silo de esquemas; (...) ; não sejas o proprietário da sabedoria. Incorpora o
mais plenamente que possas o que não tem fim e perambula por onde não há
sendas. Aferra-te a tudo o que recebeste do Céu, mas não creias que possuis
alguma coisa. Sê vazio, eis tudo." (Chuang Tzu)
Wu-Wei,
a ‘não ação’
No taoismo o wu-wei, que significa “não ação” (também aplicado como
‘não intenção’), é um princípio fundamental. Conceito que tem base na Natureza,
onde não existem ações desnecessárias, posto que os taoistas, seguindo a
Natureza, preferem a sutileza e a suavidade em lugar da força e da rigidez.
Portanto é a necessidade a principal guia das ações taoistas, onde viver o mais
próximo possível da naturalidade é estar no Caminho. ‘Não ação’ não significa
indiferença, mas sim, pode significar fluxo, onde, muitas vezes, não (re)agir é
uma sábia atitude que leva ao equilíbrio. Respeitar o tempo, observar a
Natureza e a Vida, fluir com elas, aprendendo com as passagens difíceis e
aproveitando as fáceis, é o sentido do wu-wei.
“Agir com a não-intenção não significa deixar de agir ou agir sem
objetivo, mas atuar efetivamente no mundo através da orientação que nasce
diretamente da Consciência Universal, sem considerar as intenções do ego.” (Wu
Jyh Cherng)
Tai Chi, o Yin-Yang
No taoismo a vida é regida pelos elementos
(energias ou forças): Yin (interno, escuro, polo negativo de energia, frio,
terra, feminino) e Yang (externo, claro, polo positivo de energia, quente, céu,
masculino). Energias estas complementares e indissociáveis, opostos num
dualismo que se integra e unifica, se complementam e contribuem para o fortalecimento
um do outro. Uma vez elas separadas, gera o desequilíbrio, causa dos conflitos
e doenças humanas. O Tai Chi, também chamado de Yin-Yang é representado por um
círculo que simboliza os dois polos de energia e a unidade, o todo. Também
remetem a pensar dois peixes, um preto e um branco. Nesta simbologia o preto
(escuro) vive no branco (claro) e o branco vive no preto. Céu e Terra
coexistem. Esta unidade é a própria Vida pulsante, que é vida pois se
equilibra. O Tai Chi é o principal símbolo do taoismo.
“Mergulho com o influxo e surjo com o refluxo, sigo
o Tao da água e não lhe imponho minha visão egóica. É assim que eu me mantenho
flutuando" (Chuang-Tzu)
Política, ideologia e doutrina
Politicamente,
o Taoismo pode ser considerado libertário, se levarmos em conta que busca
a igualdade dentro das diferenças, entre os seres humanos e destes com as
outras formas de vida, sendo que, nenhuma é mais importante do que a outra,
ambas são partes fundamentais da existência, e assim, da própria vida. Historicamente,
mestres e mestras taoistas se colocaram ao lado dos mais necessitados, seguindo
alguns princípios do Tao Te Ching. Na busca pelo Equilíbrio, o taoismo na sua
ação política (leia-se política aqui para além do partidarismo e do jogo de
poder), desenvolveu técnicas proativas de vida, que trabalham na prevenção de
conflitos e doenças, o que envolve tratamentos curativos (medicina) e aspectos
éticos na mediação justa das diferenças, para que elas não se tornem
desigualdades ou injustiças. Algumas linhas taoistas de cunho espirituais e/ou
religiosas, usam o termo doutrina para designarem suas práticas.
"Riqueza é, para o sábio, o que
ele faz pelos outros". (Lao Tsé)
‘Ciência’ taoista
Diferente
da ciência moderna ocidental que é cartesiana (racionalista), no conhecimento milenar
(antigo e moderno) taoista em nível de experiência (chamado por alguns de
‘ciência taoista’) não se separa o corpo da mente e ambos da energia (e/ou
espiritualidade). Também não se separa o ser humano do resto da Natureza, como
faz a concepção platônica judaico-cristã ocidental. Assim a ‘ciência’ taoista
atua tendo em vista a unidade, o todo, e não o fragmento.
As
pesquisas dos grandes mestres e mestras taoistas são a principal base da MTC
(medicina tradicional chinesa), que em princípio é proativa (preventiva ou
antecipatória), a partir de conhecimentos das ervas medicinais, de uma
alimentação equilibrada, das alquimias e terapias como a acupuntura, massagens,
mocho, das práticas da meditação, Chi Kung, Tai Chi, entre outras. Nisso, o
taoismo enquanto espiritualidade, filosofia e ‘ciência’, deu subsídios para
outros conhecimentos nestas áreas, como a prática japonesa do Reiki por
exemplo. Atualmente se relaciona muito o conhecimento interno taoista com a
física quântica. Também podemos relacionar com as antigas práticas nativas
brasileiras, indígenas e caboclas, sendo a benzedura e trabalho com ervas, duas
delas.
Taoismo e ocidentalismo platônico judaico-cristão
·
Na visão do filósofo inglês
John Gray:
“O pensamento ocidental está fixado
no hiato entre o que é e o que deveria ser.”
“Fora da tradição ocidental, os taoistas da China antiga não
viam nenhum hiato entre ser e dever ser. A ação correta era o que quer
que derivasse de uma clara visão da situação. Eles não seguiam os moralistas –
confucionistas, naquela época – que buscavam acorrentar os seres humanos a
regras ou princípios. Para os taoistas, a vida boa é apenas a vida natural
vivida com habilidade. Ela não tem nenhum propósito particular. Não tem nada a
ver com a vontade e não consiste em tentar realizar nenhum ideal. Tudo o que
fazemos pode ser feito de maneira mais certa ou menos certa, mas, se agimos
certo, não é porque traduzimos nossas intenções em ações. É porque lidamos
habilmente com o que quer que precise ser feito. A vida boa significa viver de
acordo com nossas naturezas e circunstâncias. Não há nada que diga que ela deva
ser a mesma para todo mundo ou que deva estar em conformidade com a
‘moralidade’.
No
pensamento taoista, a vida boa vem espontaneamente; mas espontaneidade está
longe de ser simplesmente agir segundo os impulsos que nos ocorrem. Em
tradições ocidentais como o romantismo, a espontaneidade está ligada à
subjetividade. No taoismo, significa agir desapaixonadamente, baseado numa
visão objetiva da situação presente. O homem comum não pode ver as coisas
objetivamente porque sua mente está anuviada pela ansiedade de alcançar suas
metas. Ver claramente significa não projetar nossas metas sobre o mundo; agir
espontaneamente significa agir de acordo com as necessidades da situação. Os
moralistas ocidentais perguntarão qual é o propósito de tal ação, mas, para os
taoistas, a vida boa não tem propósito. É como nadar em um redemoinho,
respondendo às correntes tal como vêm e vão. ‘Mergulho com o influxo e emerjo
com o refluxo, sigo o Tao da água e não imponho a ela minha visão egóica. É
assim que permaneço à tona’, diz o Chuang-Tzu.”
“O taoista relaxa o corpo, acalma a
mente, afrouxa a pressão exercida por categorias tornadas habituais pelo
nomear, libera a corrente de pensamentos para diferenciações e assimilações
mais fluidas e, em vez de pesar escolhas, deixa que a inclinação espontaneamente
encontre sua própria direção. (...) Ele não tem que tomar decisões baseadas em
padrões de bom e mau, porque, admitindo-se apenas que iluminação seja melhor
que ignorância, é auto-evidente que, entre inclinações espontâneas, a que
prevalece numa situação de maior clareza da mente, outras coisas sendo iguais,
será a melhor, ou seja, a que está de acordo com o Tao, o Caminho.” (A. C. Graham)
(‘Cachorros de Palha’ – John Gray)
Em suma...
O taoismo é um
sincretismo de conhecimentos, é uma a filosofia, que é uma espiritualidade, que
é uma cultura, que é uma sabedoria, e que tem na existência, na prática, na
Natureza e na Vida, seu sentido de ser. Herança de grandes mestres e mestras do
passado (e que seguem no presente), principalmente da grande mestra, a grande
mãe Natureza.
"A grande
virtude do Céu e da Terra chama-se vida" (I
Ching, o Livro das Mutações)