terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sem generalizações... Mas vamos por os pingos nos 'is'...





















 
Os novos cães de guarda
Emir Sader

“Por que os jornalistas não deveriam responder por suas palavras, dado que eles exercem um poder sobre o mundo social e sobre o próprio mundo do poder?” Assim o atual diretor do Le Monde Diplomatique francês, Sege Halimi, abre o seu livro “Os novos cães de guarda”. O livro retoma, no seu titulo, o livro de Paul Nizan, “Os cães de guarda”, publicado originalmente em 1932, e tornado famoso pela sua reedição em 1960, quando Sartre prefacia um outro livro de Nizan, Aden Arabie, relançando sua obra.

Nizan dizia que os intelectuais não devem ser os taquígrafos da ordem, mas aqueles que saibam a necessidade de superá-la, isto é, de subvertê-la. “O homem jamais produziu nada que testemunhasse a seu favor, senão com atos de cólera: seu sonho mais singular é sua principal grandeza, reverter o irreversível.” Recusar “esconder os mistérios da época, o vazio espiritual dos homens, a divisão fundamental de sua consciencia, e esta separação cada dia mais angustiante entre seus poderes e o limite real de sua realização”.

Halimi escreveu “Os novos cães de guarda” (Jorge Zahar, no Brasil), na coleção de combate dirigida por Pierre Bourdieu, para atualizar o fenômeno, que tornou-se um fenômenos essencialmente midiático nos nossos dias. A mercantilização neoliberal arrasou o campo midiático: “A informação tornou-se um produto como outro qualquer, comprável e destinado a ser vendido...”

Halmim faz um livro devastador, porque simplesmente retrata como são produzidas as informações e as interpretações a favor do poder e da riqueza. “Reverência diante do poder, prudência diante do dinheiro...”- resume ele, que revela as tramas de cumplicidade e de promiscuidade entre a velha mídia e os poderes economicos e políticos. E, também, como esses empregados das empresas de comunicação se promovem a si mesmos, alegremente, numa farsa de fabricação de opinião publica – expressão de Chomsky – de forma oligárquica e elitista.

Quem ousa romper com o consenso dominante é desqualificado como “populista”, “demagogo” pelos “cardeais do pensamento único”, que nos venderam suas mercadorias como a única via possível de “governos responsáveis”, afirmações pelas quais nao respondem hoje, quando essas certezas revelam suas misérias e os sofrimentos que causam para os povos cujos governos ainda se guiam por esses dogmas.

“Mídias cada vez mais concentradas, jornalistas cada vez mais dóceis, uma informação cada vez mais medíocre”, conclui Halimi. Perguntado pela razão de que a velha mídia não se reforma, não se renova, o ex-ministro da educação da França, Claude Alegre, político de direita, respondeu com franqueza: “Eu vou lhes dar uma resposta estritamente marxista, eu que nunca fui marxista: porque eles não têm interesse... Por que os beneficiários dessas situação não têm o menor interesse em mudá-la.”

O livro de Halimi foi transformado em documentário e é o filme mais interessante para se ver em Paris atualmente, com o mesmo titulo do livro: “Os novos cães de guarda”. Dirigido por Gilles Balbastre e Yannick Kergoat, com a participação do próprio Halimi no roteiro, o filme poderia ser transporto mecanicamente para o Brasil, a Argentina, a Venezuela, o México, qualquer país latino-americano, apenas mudando os nomes dos jornalistas, dos donos das empresas midiáticas e dos supostos especialistas entrevistados, representantes da riqueza e do poder nas nossas sociedades.

Entre outras informações sonegadas pela velha mídia, cada vez que alguém é entrevistado ou chamado para alguma reunião na velha mídia, aparecem os créditos da pessoa: seu cargo nas empresas privadas, sua participação em outras, as ações que dispõem, etc. Para que se saiba quem está falando, sem disfarçá-lo na qualidade de “especialista”, grande economista, etc, etc.

Mais informações sobre o filme podem ser obtidas em www.lesnouveauxchiensdegarde.com


Mídia

Mídiacracia: vassalos da guerra, estelionatários da informação

Midia brasileira vassala do imperialismo

Haverá um momento em que a mídia será responsabilizada pelos seus atos contra o povo, contra a paz, contra a humanidade! Sentarão no banco dos réus todos aqueles que participam da midiacracia no mundo. Jornalistas que agem como soldados, sem questionar ordens dadas,  aspergindo (como água benta) distorcida informação ou omitindo para manipular mentes.

A mídia brasileira como legítima vassala, que se submete aos governos de primeiro mundo, os senhores da guerra, ajudam a promover a invasão de outros países apoiadas em mentiras, a quem por sua vez submetem os seus “ideais democráticos”, chamam de ditador aqueles que eles próprios colocaram no poder mas que ora não lhes servem mais, por algum argumento planejado, acirrando descontentamento de civis que há em todos os países (inclusive nos seus próprios) com seu lema “Dividir para enfraquecer, dividir para governar”.

Esta mídia faz a sua parte se utilizando da informação contraditória para embotar mentes e corações, confundindo o leitor/telespectador com as notícias que veiculam,  com repetidos bombardeios no intuito de que aquilo se torne verdade em algum momento, traindo o povo, após décadas e décadas de “construção da credibilidade”.

Sua programação é  precisa nos rostos bonitos, na maquiagem perfeita, principalmente da informação, nos cenários sedutores, nos sorrisos democráticos, porém falsos, entremeada de programação cultural, devidamente enfeitada de amor ao povo.

A Midiacracia no Brasil, e no mundo,  é a estelionatária da informação, vassala do imperialismo. Veiculam atentados terroristas produzidos pelos próprios senhores das guerras como se fosse do governo, como ocorre hoje na Síria, e ontem na Lïbia.

Assassinatos de civis feitos por mercenários contratados pelos países aliados do verdadeiro eixo do mal (OTAN), destruindo países e compartilhando o espólio da guerra sobre o sangue dos civis, por eles derramados, de quem sem escrúpulos roubaram deixando um rastro de miséria, dor e destruição por onde passam, em nome da paz, do bem estar social, da proteção de civis.

Quando já não há mais “mundos a se descobrir”, quando veem ameaçados seu poder de influência, se utilizam dos “regimes ditatoriais” (antes amigos, parceiros) para tentar manter seu poder no mundo., tudo em nome da democracia, que insistem em propalar que respeitam.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quatro poemas experimentais (ou não!)

se o verão voltar

eu não preciso mais beber
mas diga ao sol que
não estaremos mais aqui
quando o verão voltar
pedras sobrando no chão
caminhos, fogos, possibilidades
e sentidos mortos
esquecidos, inúteis como a falta
tudo é busca e não saber
é outra vez ou será
nunca foi


abismo

no tecido bélico onde desmorono
não vejo saída nem sinto
o que há comigo não sei
de onde vem esta voz sem cor
sem som nem palavra
me entra no ouvido a música
tocada por instrumento indefinido
que, indevidamente corrompe
o que era pra ser
abismo


não há transito em nossa estrada

não há parada e não há movimento
tudo tão calmo e distante
tudo é solidão
tudo é saudade e verso em falso
tudo é nada
e a vida um rascunho
feita por um deus bêbado
um desejo de qualquer coisa
uma viagem que nunca chega
um sopro de caos
melancolia de palhaços




um tiro para o meu amor

um único tiro se ouviu
na noite esfacelada de prantos medonhos
a mais louca festa que o mundo já viu

olhos e ouvidos atentos pra tudo
e você andando de costas só pra contrariar
descontrair os tolos que subjugam o amor
inundar de caos os sonhos alheios

eu vivo para te ver e escrevo para esquecer
que um dia fomos eu e você
os mais puros deste inferno

amanhã eu escrevo um livro
só pra dizer que te amo...

a festa estava tão boa!



hgs.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

De jornalistaS e jornalismoS...

Opinião pública ou publicada?




















Não raramente me deparo com postagens no facebook, de pessoas que criticam o jornalismo ocidental e/ou os jornalistas, pela incoerência das suas atuações. Do outro lado, vejo jornalistas na defesa coerente ou não do seu ofício e das suas práticas. Algumas, as que concordo, compartilho, porque o jornalismo e os jornalistas, do modo que atuam, tem parte significativa nesse circo de mediocridades a que chamamos democracia. Até aí, tudo bem! (dentro de uma perspectiva ‘democrática’ ou de liberdade de expressão). O que tem acontecido é que, muitos jornalistas se defendem e defendem sua ‘profissão’ (ou os meios de comunicação os quais servem?), cegamente. Lamúrias e discursos evasivos de auto-defesa escorrem pelos meios de comunicação, sobre tudo, pelas redes sociais. Alguns chamados ‘profissionais da comunicação’ compram as dores dos meios, se ‘vitimizando’ com eles, assumindo um ‘carma’ desnecessário. Parecem não perceber o risco que correm ao se proporem a discutir, debater, problematizar, ou mesmo, simplesmente, reproduzir informações. Grande parte deles são mal  fundamentados e não conseguem, por isso, ter bons argumentos, nem tão pouco perceber a fração de relativismo que existe nas coisas, assim como não se assumem, ou seja, não tomam posições devido a uma pseudo-ética, que, sendo pseudo, nem mesmo existe, pois, frente algumas realidades,  ‘a não posição, acaba sendo uma tomada de posição’.  Eu, enquanto ser social, cronista do cotidiano e ex-cronista de um jornal oficial, me assumo como tal, sabendo dos riscos que corro devido as minhas escolhas (ou o que sobrou pra mim). Tanto é que, correndo um desses riscos, acabei perdendo meu espaço no jornal (além da grana que somava no meu orçamento mensal). E não foi por incompetência ou por não saber escrever, nem por ter sido fundamentalista, intolerante ou algo parecido, mas por uma ‘proposta indecente’ que recebi, ou seja, não vendo meus textos nem meus princípios (que não são muitos) por migalhas de um sistema opressor comandado por grupos obscuros que discursam democracia e praticam o oposto. Como professor de Humanas e Sociais eu corro o risco, diariamente. Amigos e profissionais que conheço de outras áreas (até do jornalismo, acreditem!), correm o risco. Mosquito, o blogueiro denunciante de Florianópolis correu o risco, assim como Marcelino Chiarello, outro denunciante, desta vez na câmera de vereadores, correu o risco. Ambos pagaram com a vida. É a linha ‘não tão tênue’ entre a covardia, a submissão, o comodismo, a conveniência & a coragem e coerência. Antes de ter concluído minha graduação, iria, inicialmente, escolher o jornalismo como profissão, pensando em trabalhar com a comunicação. Mas como trabalhava diurnamente, não pude, devido o curso ser pela manhã. No fim, acabei respirando aliviado. Talvez hoje eu fosse mais um ‘profissional da comunicação’ (ou informação?) frustrado com minha profissão, e acabasse por me tornar um mero reprodutor de informações dadas hierarquicamente, e estaria reclamando minhas frustrações e estigmas como um acomodado e dolorido defensor dos meios privados de comunicação de massa, como tantos que vejo por aí. Então pesquisei, qual seria a minha escolha? Dado ao meu gosto, interesse ou vocação, optei por Filosofia, mas percebendo o predomínio de seminaristas no curso, assim como a grade recheada de clássicos, resolvi abortar a missão. Saltei fora e entre Psicologia, Artes, Letras (pela literatura) e História, acabei ficando com a última opção. E antes que algum ofendido venha tentar se cobrar e jorrar sua ira sobre o ofício do historiador ou professor de história, eu mesmo faço – mas com olhos para o passado, pois a história se moveu, se transformou, e muito. No passado, o historiador, dentro da única visão de história existente, era o responsável pelo registro dos fatos. Contava a história dos heróis, reis e seus reinos, suas conquistas. Depois, com o passar do tempo, isso foi questionado, posto a prova e transformado. Depois do materialismo histórico, a história foi outra. Ainda tivemos (temos) a escola dos annales e por fim a Nova História, que trata de temas variados e de uma forma muito mais aberta e aprofundada. Quem quiser saber mais sobre isso, sugiro que pesquise (é no mínimo interessante). Mas, e o jornalismo? É claro que existem correntes que pensam ele também, como existem ótimos e até bons meios de comunicação e jornalistas. Poderia até citar alguns aqui, mas não é o momento. O filósofo alemão F. W. Nietzsche, acertou ao ser crítico da História, do jornalismo e da filosofia do seu tempo (importante a contextualização aqui). Mas o tempo passou e surgiram ‘correntes historiográficas’ que desbancaram a ‘história oficial’ reprodutora, assim como novas possibilidades filosóficas e revolucionárias surgiram. Foram constituidos meios e meios de comunicação, assim como ‘jornalismos’ mais interessantes. Mas, de um modo geral e infelizmente, ainda prevalece o jornalismo reprodutor. Porque? Nietzsche dizia que “O jornalista é o que se subordina às leis da moda, às demandas do mercado, ao gosto da opinião comum. E produz afetação, autossatisfação e opinionites, e a ilusão vaidosa de ter uma personalidade livre e um pensamento próprio e original”. Mais do nunca, hoje, o jornalismo oficial é assim, e Nietzsche consegue ser um pensador contemporâneo. A questão é, o porque da defesa desse tipo de prática jornalística atrelada ao setor privado e ao poder público, como sendo algo ‘livre’ e ‘democrático’ por alguns jornalistas?

O discurso da neutralidade que leva ao descaso
Onde estão os jornalistas dignos de ter em suas mãos a comunicação para defenderem os ‘malditos, os silenciados, os censurados, os banidos’ dos meios oficiais, que fazem jus a comunicação (ou a uma comunicação) realmente coerente, livre e ampla? Jornalistas da minha cidade, quais são as suas posições frente a perseguição e tentativa de acabar com o WikiLeaks através da prisão de  Julian Assenge, assim como, a censura do bloco #1 do Estúdio A (programa da Unoweb TV, de uma instituição que tem o título de Universidade, Comunitária ainda por cima), pela minha saída do jornal devido a uma proposta ‘indecente’ que recebi, já que havia por trás dela certa pressão?  Pouco encontro suas manifestações, inclusive nas redes sociais da vida. Tudo isso acontecendo e o que é que eu vejo? Uma auto-justificação e/ou defesa por parte de alguns jornalistas frente aos seus ‘descasos’. Discursam ao lado das empresas e meios a que servem, danificando ainda mais sua profissão. Por acaso não existe um juramento ao receber o diploma, ainda lá na graduação, um tal código de ética da profissão ou algo que o valha, e que incuba ao jornalista responsabilidades sociais por estar lidando com algo que deveria ser público (e não apenas publicado), que é a comunicação? Não estou aqui generalizando, mas grande parte se dissolve nisso. E então, de que lado está esse tipo de jornalista? O discurso democrático, de coerência e ética pode até ser belo, mas na prática, isso realmente acontece? Questiono não pelo fato de não ter me tornado um jornalista e ser um frustrado por isso, mas pelo fato de que, o que andam fazendo esses arautos da comunicação (dita livre) e/ou da liberdade de expressão com a própria comunicação. Eis!