quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escrever o mundo cronicamente...

Volta e meia alguém me pergunta se escrever me deixa feliz. Dependendo do momento sim. Tenho motivos íntimos, pessoais, para escrever. Também econômicos, não minto. Ambos suprem uma necessidade básica minha: a existência – ou a continuidade. Não fosse isso, mais algumas coisas de que me abasteço, provavelmente não estaria mais aqui. Não, não sigo um roteiro. Escrevo assim, do nada. Quando não vem direto da cabeça, pesquiso. Para um cronista, ainda mais diário, são necessárias as ditas pautas. Assunto, tema. Precisa-se ter o que, e sobre o que escrever. Assuntos existem de monte, assim como as palavras. O problema é transforma-los em linguagem escrita, com certa coerência. Eis a arte do cronista e de qualquer escritor. Um erro gramatical aqui, outro ali. Uma falta de concordância, uma verborragia... Abdico um pouco da linguagem mais literária, que é a minha preferida, pelo tempo e devido ao fato de aqui, eu escrever crônicas. Mas isso não impede que a linguagem tenha certo tratamento, digamos, literário ou poético. Agora por exemplo, escrevo sem a mínima organização das idéias. Esse texto está sendo construído espontaneamente. Isso também anda acontecendo com meus textos mais literários, que geralmente são publicados aqui na Quarta-feira. Se eu precisar de tempo pra isso, já era! Isso, de certo modo, empobrece um pouco (ou muito) minha linguagem e o teor literário e/ou poético dela. Por outro lado, torna o texto mais direto e fluente para quem vai ler. Sem rodeios, floreios ou firulas. E se tenho o que dizer (no caso, escrever), é porque meu acesso ‘às leituras’ é amplo e diário. Me alimento de livros, jornais, revistas, sites, blogs, cinema, música, fotografia, artes visuais, do cotidiano lá fora. Das ruas. Do mundo. Isso confunde? Sim, e muito! Mas também gera possibilidades, conhecimentos e interpretações. Ao contrário dos fundamentalistas ou deterministas, torno meus textos uma extensão do que vejo e ouço por aí, sempre desconstruindo verdades (pelo menos tentando). Nem sempre consigo, é certo. Tento sempre me projetar além da moral. Tento! É uma luta constante. Entre um papo furado e outro, algo cria sentido – ou perde. Um pouco de divagação, um pouco de história, filosofia, literatura. Um pouco de sarcasmo e... tcham, tcham, tcham, tcham! Eis mais uma crônica. Já não é minha. É sua. É do mundo...


Zines: produções escritas & visuais independentes



 
fotos do meu acervo pessoal (os que restaram de anos de movimentação)

antes, muuuuuuito antes dos sites, dos blogues, do facebook ou orkut, antes dos jornais e revistas, era assim que eu publicava.. não só eu.. uma 'rede' de comunicação 'alternativa', underground, independente, através de cartas pelo correio, acontecia.. e ainda acontece, até hoje.. são os zines ou fanzines.. tipos de 'revistas, panfletos, manifestos ou jornais' escritos, geralmente em xeróx ou impressão gráfica.. enfim. eis o mundo da comunicação livre!


Entre marchas e manifestações: os ícones, o espetáculo...

Ser rebelde está na moda. Ser bonito ou bonita e rebelde, mais ainda. Ser rebelde, bonito ou bonita e jovem é tudo! A ideologia liberal-capitalista através da indústria da cultura se apropria da imagem, do discurso, das bandeiras da ‘esquerda revolucionária’ e torna isso parte do seu espetáculo. Depois é só adaptar o discurso e ‘Viva a democracia!’. ‘Aqui, debaixo dos nossos braços e sob o nosso olhar de falcão, TODOS têm seu espaço!’. ‘Venham!’ - Eis a sociedade do espetáculo! Eis a garantia de paz. Paz pra nós – e a nossa paz é a nossa garantia de continuação, a manutenção das nossas idéias, dos nossos interesses, da nossa prática, do nosso mundo. Mundo liberal de economia capitalista e moral judaico-cristã.  Nossas heranças gregas e romanas, cristãs medievais, iluministas protestantes burguesas, científicas racionalistas. Esse marasmo de conceitos já vulgarizados, velhos, hipócritas conceitos. O tempo passou e a ordem ainda é a mesma. Estacionamos e esquecemos-nos de transitar. Acomodação. Estupidez. Falta de coragem pra contestar e prolongar a vida. Medo. Atrofiamento físico-cerebral e intelectual. Crença. Não sabemos viver sem nossas referências, nossos ícones, heróis, semideuses, exemplos vivos. Imitamos, reproduzimos e assassinamos a possibilidade de criação. O dadaísmo nos amedronta. Do Caos nem queremos ouvir falar. Banalizaram tanto essa ‘não condição’, esse movimento de transformação, que passamos acreditar que ele é ‘um mal’. Vemos o mundo por um viés dualista. Pra nós, tolos, existe o bem e o mal. O certo e o errado. Almejamos um ideal, ou ‘o ideal’. Mas ele existe? Confundimos idealismo com vontade de transformar, de lutar, buscar e viver. Confundimos idealismo e alienação com utopia e as possibilidades, as alternativas. A bela e jovem líder estudantil chilena Camila Vallejo ou a gostosa e jovial escritora argentina Pola Olaixarac, virando ícones desse espetáculo. E já não importam suas ações, suas obras, suas práticas, seus objetivos, suas palavras. Importam elas. Suas imagens e o que representam a nível espetacular. George Orwell escreveu um livro chamado ‘1984’, onde o Big Brother vê tudo e manipula a todos. Talvez não seja ‘beeeeem’ assim hoje. Mas um pouco disso, certamente é, e esse pouco, talvez seja maior do que o resto. Confuso? Ótimo! Assim eu deixo pouco espaço para a conformidade...


Novos ‘assuntos pop’ pelo ar

Não, Neymar não é Ronaldo (ou Ronaldão, ‘o gordo’) – e nunca vai ser, é óbvio! Ele vai ter que correr, soar e jogar muito ainda pra chegar lá. Fazer muitos gols. Ser mais na dele. Crescer. Flertar com travestis (opa, isso é opcional). E enquanto bueiros explodem por aí, a seleção brasileira de futebol, o ‘orgulho’ nacional, segundo Mano Menezes, joga bem (bolas longe do gol). Objetos não identificados lançados no espaço. ‘A revolta dos bueiros’. Ou, ‘O atentado dos bueiros terroristas’ (dá nome pra filme hollywoodiano, não dá?). ‘Chutes para a lua’ (também um bom título). Ficção científica. Como aquele jogo de pênaltis desastrosos contra o Paraguai na Copa América. Assim o Brasil cai um pouco, mas só um pouco, na real. Neymar baixou um pouco a crista. Mas só um pouco. Ganha bem. Até demais pra se deprimir. Portanto, uma derrota, por mais vexame que seja, não vai fazer muita diferença. O que foi (ou é?) aquela (essa) seleção? Ao invés da seleção do Brasil, é a seleção da Globo, da Nike, do Ricardo Teixeira. Mas não deu, ‘que tristeza!’. Fiquei deprimido. Naquele domingo, enchi a cara. Fiquei como dizem, descornado, inconformado e cheio de frustração. Sou torcedor. Sou brasileiro, ué?! Mas Herman, qual foi o motivo da derrota? Não sou analista futebolístico. Mas já que quer saber, respondo com uma frase dita/cantada por Raul Seixas: ‘Muita estrela pra pouca constelação!’. Naquele (nesse) time, recheado de ‘famosos ídolos-ícones ricos’, tem muita pompa, muito status pra pouca bola, saca? É por aí. E viva o Paraguai! Eles vibram quando nos vencem. Assim como muitos ainda vibram zombando de los hermanos por aquela degradação humana que se chamou de Guerra do Paraguai. Brasil, Argentina e Uruguai, covardemente, quase dizimaram a população paraguaia. E ainda tem gente que acha isso grande coisa. Mas o ser humano não me surpreende mais. Então, esperar o que de ‘consciências’ ufanistas como estas? Nós temos aqui o bam-bam do Neymar (ta, e daí?). Eles tem a Maria Chuteira da Larissa Riquelme (dã!). Sou brasileiro, mas ainda fico com a segunda opção (isso, se tivesse que escolher uma). É a minha lógica masculina. Sempre prefiro as mulheres, por mais escandalosas que algumas possam ser... E os bueiros continuam explodindo.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mocinho ou bandido?


Moro em Xapecó, no ‘Velho Oeste’ catarinense - e entre mocinhos e bandidos, existem aqueles que não se enquadram nesse dualismo. Eu sou um deles. Me aceito e sei um pouco da profundidade dos meus passos – e de quão tortos ou ébrios eles são. Sou um homem de menos de meia idade num corpo jovem quase adulto e com uma mentalidade de velho-criança. Tenho 90 anos de idade na cabeça, somado a minha criancice poética – e sei que tudo isso é meio relativo, subjetivo & metafísico. Tenho olhos de criança para o mundo. Crianças têm olhos vivos. Jovens, olhos de confusão. Velhos têm os olhos do tempo. Adultos... olhos (muitos, pouco enxergam. Outros, não enxergam nada). Velhos e crianças cometem erros, pequenos delitos em forma de desvios. Condutas que escapam daquelas moralizadas pelo mundo burocrático anti-poético dos adultos. E eu, como um velho-criança, também estou completamente vazio disso tudo. Ainda tentam me curar. Ainda tentam me ensinar dos valores que mantém todo esse ‘jogo de azar’ que é o mundo adulto. Mas não adianta, eu não aprendo. Sou péssimo em aprendimentos. Tudo aquilo que tentam me imprimir eu transformo em incompreensão e esquecimento. Se aprendo, aprendo experimentando. Minhas opiniões são opiniões de quem vê o mundo pelo viés caótico. Não consigo reprimir meu pensamento em teorias e morais. Em verdades estabelecidas. A dúvida é o meu começo. Meu fim, a morte. E eu aceito. Endento que ela também faça parte do percurso da vida. É a chegada. Sem a chegada não há largada, e sem as duas, não há corrida. Ando devagar (pois já tive pressa), pois não acredito no conceito da vitória. Todos são derrotados no fim – e todos também são vitoriosos. Portanto, quando alguém faz a besteira de dizer que ‘bandido é bandido’, naturalizando a coisa, eu tenho que questionar (sou criança, lembram?). Já escrevi em quadro negro: “Ninguém é mocinho ou bandido o tempo todo”. Depois apaguei as luzes e fui sonhar.


O esporte mata!

(parte I)

Anos atrás caiu em minha mão um texto do médico José Róiz, que depois fiquei sabendo, era o nome de um livro seu que levava o título: “O esporte mata!”. O médico dizia coisas corajosas nesse tempo de supervalorização do esporte, da imagem, do culto ao corpo, como "O homem não foi feito para correr”. Mas não pensem que fazia como fazem alguns arautos do esporte competitivo que enriquece uma minoria e infecta a maior parte do espaço midiático, tratando o tema superficialmente, visando apenas audiência e/ou lucros. Róiz fundamentava suas teses, sendo médico e pesquisador. Volta e meia, algum aluno me pergunta: ‘Você torce para algum time de futebol professor?’. ‘Torço... Torço para que o futebol acabe!’. Mas não aquele futebol popular, jogado nos terrenos baldios ou campinhos e quadras mundo afora, mas esse futebol ‘espetacular’, de disputa (do ‘pão e circo’), que engorda cofres de muitos ‘mafiosos’ por aí, além de criar ícones e/ou ídolos, ‘heróis semideuses’ de uma realidade nacional mesquinha que concentra renda nas mãos destes, enquanto muitos trabalhadores passam por necessidades básicas dentro do mesmo país. Muitos dos meus alunos questionam os motivos de eu torcer pela seleção argentina no futebol, e quando isso acontece, simplesmente digo que é por causa do Maradona e do que ele simboliza: um homem de carne e osso, devido aos seus ‘deslizes’, além de ter sido um grande jogador. Pelé, ‘o rei’, representa uma suposta ‘pureza’, um exemplo vivo do desportista saudável, idealizado, enquanto Maradona é o real, o homem além do ‘trono’, da ideologia mentirosa que inventa um super-herói que deve servir de exemplo.  No Brasil, geralmente quando se comemora um gol, ou quando um jogador dá entrevistas, o pagode ou o sertanejo universitário são o fundo musical. Dias atrás, num jogo da Copa América pela televisão, em meio à torcida, uma enorme bandeira argentina trazia escrito em letras gigantescas: ‘Rock’. Ta aí mais um motivo para a minha simpatia ser maior pelo futebol de los hermanos.  Mas não é só no futebol que esse ‘encantamento alienante’ da massa acontece. Outros esportes ‘iconizados’, geradores de grandes lucros e vinculados pela grande mídia, também servem de instrumento de manobra da massa. Porque na televisão, jornais e revistas, o esporte tem um grande espaço, enquanto outras manifestações culturais, como literatura e música, tem seus espaços reduzidos? 

(parte II)

Depois de ter escrito e publicado a primeira parte desta crônica (que na verdade são duas – mas isso pouco interessa), e ter recebido alguma(s) critica(s) sobre ela(s) - e alguns elogios, estou cá novamente para terminar com ela(s). De fato o tema é polêmico. E como não haveria de ser, já que estamos falando de algo quase ‘intocável, irredutível’, algo priorizado, elevado ao status supremo e maior (aqui no Brasil pelo menos)? Embora eu tenha deixado claro de que tipo de esporte eu estava falando na ‘parte I’, ainda tiveram aqueles que se revoltaram. Desportistas? Fanáticos? Não sei. Se bem que o tipo de esporte do qual eu me refiro é predominante nos meios: o de disputa, de competição, que gera status e grandes lucros, e que é utilizado ideologicamente para um convencimento, uma manutenção, uma manipulação. Além do já ‘clássico’ futebol, existem os modismos. Nas principais páginas da internet, lá estão eles. E mesmo que você não queira saber deles, no mínimo é obrigado a ver. Futebol, Fórmula 1, 2, 3, 4, Vôlei, Basquete, Vale Tudo, Vale Nada, etecétera... (este último não é um esporte!). Eu, criticando assim, até parece que não gosto de nada, não é? Até gosto, mas vejo ‘esse esporte’ além da mera atividade física. Vejo nisso o alimento de um ego, um eu-imagem idealizado, a ideologização de uma saúde inventada, dos corpos ‘perfeitos’. O homem sendo devorado pela imagem – imagem daquilo que não se é. Além do classicismo metafísico-filosófico, o culto ao corpo, ao esporte de competição, são heranças da Grécia antiga. E o mesmo esporte que mata - não só o corpo - mata também outras possibilidades de outras ‘artes humanas’ terem seu espaço, quando ele ocupa quase todos, como uma infecção generalizada, um fungo, uma bactéria. Efeitos? Muitos: ‘fabricação de ídolos e ícones; reprodução de valores individualistas e de status social como disputas, concorrência, sede de vitória; frustração quando se perde ou não se supera o que foi idealizado: tapeação da realidade. Mas eu também, raramente, jogo minha bolinha, meu carteadinho. Mas isso nem de longe é a mesma coisa. No lugar do esporte, queria ver pela televisão ou nas páginas dos jornais, mais arte e cultura. Depois dos 40 anos de idade, são raros os atletas saudáveis. Maltrataram tanto o corpo condicionando-o para competições que acabam tortos. Enfim. Posso um dia até morrer pela falta de esporte. Mas jamais morrei por ele.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

...dezeducar.com.br

O governo da sacanagem

A greve terminou? Ela continua? Agora é parcial? Pois é! Ta difícil de saber. Era pra ter terminado, mas o governo, outra vez, deu mostras do seu ‘valor’. Sacaneou valendo os professores. A base do governo direitista contrariou a categoria e esmagou a oposição esquerdista na votação. Se não me engano, vi pela televisão: 28 votos a 8 - e a irritação dos professores acabou em violência. Outra vez seguranças e a polícia. Para defender os ‘nobres’ violentaram os ‘mestres’. Vi pela televisão um professor, já velho, desgastado pelos anos de trabalho, se esvaindo em sangue. Que proeza do Estado, daqueles que deveriam prezar pelo trabalhador. ‘Representantes da lei’, que piada! Professores neste país são os bandidos, enquanto eles, os sacanas, são privilegiados. Não existe justificativa para tal ato. Estamos aqui falando de alguém que teoricamente ‘ensina’, alguém que dedicou parte da sua vida para a ‘educação’ dos filhos da sociedade, inclusive da ‘classe burguesa’, dos senhores parlamentares, da polícia e do governador. ‘Que consideração né senhores?! Baita coisa vocês fazem! Isso me enche de orgulho! Deve encher de orgulho também seus pais não é? - seus filhos, os filhos desses professores, as crianças que precisam deles para crescer culturalmente’. Um professor humilhado! Imagem típica de uma sociedade decadente. Decadência pelos valores oriundos de interesses privados daqueles que comandam essa sociedade. Que papelão! ‘Santa Catarina, um belo Estado!’ - só se for na sua riqueza natural. Enquanto os professores voltavam para as salas de aula o governo fez a sua manobra e os ‘ilustres’ parlamentares então se reuniram e ferraram com os ‘mestres’. ‘Os professores se revoltaram!’ – foi a notícia dada pela apresentadora da RBS, ‘batendo nos vidros da assembléia com as mãos’. Foi pouco, muito pouco. São professores, lembrem disso – ah se fossem guerrilheiros! Mas, além de professores, são seres humanos, e cá entre nós, ninguém é de ferro. Eu por exemplo, já não sou mais um homem de chutes e ponta pés. Larguei disso quando abandonei as artes marciais. Hoje existem outros recursos além do corpo. Os chineses já inventaram a pólvora e eu adoro a pirotecnia! Guerra é guerra! Respeito e carinho se dão para aqueles que merecem: as crianças e seus risos - hoje, seus rostos estão tristes por verem seus mestres sendo mal tratados. Para os burocratas sacanas do Estado, um não coletivo e tombos estrondosos – eles merecem!


Sou um bandido, mas podem me chamar de professor!

Sou um bandido. Dos bons. Estudo arduamente na arquitetura dos meus planos. Trabalho durante horas para executar com precisão e arte o meu trabalho. Não posso errar, nunca! Sim. Sou um bandido. Lido com aquilo que quase mais ninguém quer. A maioria prefere fugir do perigo. Eu não. Encaro o problema com coragem. Sou bandido. Sim. Sou professor. E é assim que sou tratado aqui. Inimigo número um do Estado. Perseguido e perigoso. Quando caio nas garras do Estado, sou submetido, humilhado, mal tratado. Políticos e autoridades são meus tiranos. Quando não me ferram com leis e a diminuição do meu espaço de atuação, me ferram na porrada mesmo. Não querem deixar com que eu melhore minha condição. Minha arma até que é boa, de grosso calibre e leva o nome de conhecimento. Sei que muitos dos meus colegas de trabalho andam por aí desarmados. Como vão atingir seus fins desse jeito? Mas não dá pra generalizar. Conheço tantos que, como eu, andam armados até os dentes. Eu atiro pra quase todos os lados, mas não se enganem, não atiro no escuro, nem em vão. Não gosto de desperdiçar munição. Tenho uma boa mira. Às vezes erro, mas, modéstia parte, quase nunca. Já pratiquei muito. Já estudei muito. Conheço meus alvos à distância. Mas o Estado não valoriza essa minha virtude, acha que estou aqui por brincadeira: “Crianças não são brinquedos e as escolas não são parques de diversão, nem circo. A educação não é uma mercadoria e o professor não é um vendedor, nem é um escravo do Estado”. Eu também tenho dificuldades na vida. Por mais bandido que eu seja (ou que o Estado me considere), também sinto dores pelo corpo, escovo os dentes, fico alegre e fico triste, tenho contas pra pagar, como, bebo, (sobre) vivo. Posso ser um bandido, mas não um zumbi ou um personagem fictício. Sou de verdade. Tenho carne e tenho osso. Tenho necessidades e sentimentos, como o presidente, o governador e o prefeito. A diferença é que estes ganham muito mais do que eu e lidam com números – eu com pessoas! Eles não sabem, e se sabem, ignoram minhas necessidades. Meu trabalho, por mais ‘insignificante’ que agora, para eles, possa ser, os deu condições de avançar na vida. Já ‘aprenderam’ o suficiente para me sacanear – ou não aprenderam nada! Pois bem. Então é isso! Se eles, os governantes, os da lei e da ordem são os mocinhos, nessa batalha, eu só posso ser o bandido. Um bandido em vias de extinção. Enquanto a humanidade acomodada adormece para a sua própria desumanização.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O chão é o limite

Beijo a lona ainda no primeiro assalto. De longe, você ri. Um riso de embaraço. Apavorada você agora se cala. Não agüenta o espetáculo. Meu sangue se esparrama pelo ringue. Eufóricos, todos gritam pelo nome do adversário. O meu, até eu esqueci. Quem sou eu já não interessa. Já fui ‘o astro’. Agora sou ‘o fracasso’. Mas eu suporto. Sempre suportei. Meus tombos sempre foram duros e solitários. O vermelho que sai da minha boca cáustica não é sangue. Antes fosse! É a tinta liquidificada da alma que verte nesse instante. Estou zonzo como um porco bêbado - e assim quero continuar. A dor me tira a razão deste mundo cheio de números falantes – e eles se chamam pessoas. Continuo pensando que são partes de uma equação. São tão simbólicos! Quase nada reais. Eu me dissolvo com a chuva ácida que cai lá fora e molha aqui dentro. Você não entende essa realidade. Ela não é sua. Não é de ninguém. Lembro de quando era alguém além deste corpo cansado, maltratado, decadente. Eu já fui belo. Eu já fui jovem e tive dias alegres. Uma alegria que, depois de anos, fui perceber, era forjada. Inexperiência de um sonhador. Utópico, idealista, acreditava na humanidade, participando do espetáculo sem ao menos perceber que eu era coadjuvante. Para os olhos cegos de toda essa gente – como os meus, eu era ‘o ideal’. Os que gritavam por minha ajuda esqueceram meu nome. Os que idolatravam minha imagem passaram a me ridicularizar. Os que diziam me amar esqueceram-se de mim. Nada daquilo tudo era verdade. Nada do passado realmente aconteceu. Tudo foi cena, teatro. Tudo foi espetáculo efêmero arquitetado para o entretenimento. Um entreter débil de cabeças domadas. Eles fizeram festa de mim. Minha imagem foi exemplo de sucesso enquanto eu, este que vos fala aqui de dentro, sempre fui um nada, assim como todos vocês também são. Nunca gravei o nome de ninguém. Nunca quis saber da vida privada daqueles com quem tive relação. A minha vida era A Vida – as demais, existências da carne em movimento limitado. Apanhei valendo da história. Apanhei como um cão magro e sarnento no meio da cachorrada por uma cadela no cio ou um pedaço apodrecido de osso. Agora renasço em outro plano. Não num plano divino ou extra mundano. Mas num plano paralelo onde vejo tudo mesmo não sendo nada. Curado da cegueira, sou um novo ser, sem presença, distinção nem substância física. Sou aquilo que você não percebe, só sente. Sou aquela parte da memória que você gostaria de apagar e que lhe tira o sono. A rasura da sua consciência.


Marchas...

Tempos atrás acontecia no Brasil - no tempo do FHC, o último presidente da era pré-Lula-lá - a Marcha dos prefeitos à Brasília. Nessa marcha, prefeitos de todo o país iam reivindicar mais investimentos aos municípios, que pareciam à beira da falência. Creio que tenha sido o início do tempo das marchas contemporâneas. Hoje, no contexto econômico brasileiro, essa marcha, especificamente, já não parece mais necessária. Mas outras marchas surgiram. Entre elas estão a Marcha da maconha, Marcha das vadias, Marcha da Liberdade, Marcha para Jesus, Marcha Paraguai, Marcha militar, Marcha ré (ou Parada Gay), entre outras. Quase todas em busca de seus direitos e/ou interesses.  O que acontece é que algumas têm seus reais motivos de serem, já outras, aproveitam o oportunismo para espalhar suas ideologias. Não vou aqui distingui-las, pois a questão é ‘elas’, e não ‘algumas delas’. Algumas dessas marchas são importantes. Outras, interessantes. Já outras, oportunistas - e essas servem de reforço ideológico para a manutenção de algum status ou poder. Adquirir mais súditos e/ou fiéis pela ‘causa’ e ou ‘ideal’. É por isso que muitos se manifestam - outros, pelas causas desconhecidas. Mas esse ‘fenômeno’ contemporâneo vai tomando conta das ruas, e ainda é cedo para uma análise sociológica, filosófica, antropológica e até mesmo histórica, que dê conta das variáveis disso. A Revolução Francesa, tanto quanto as idéias Iluministas e a Comuna de Paris, através das idéias, ainda estão presentes nos nossos dias. O filósofo iluminista Voltaire defendia: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo”. Essa é uma das máximas que legitimam o que conhecemos por ‘liberdade de expressão’. Depois veio os anos de 1960 com as manifestações jovens, o Maio de 68 francês, o rock e a Woodstock, o feminismo, as ruas de São Francisco nos EUA, etc. Tudo contribuindo, somando para que as marchas e/ou mobilizações e movimentações populares acontecessem. O MST (Movimento Sem Terra) vive em marcha. Mas essa é ainda uma marcha ‘maldita’ para o sistema capitalista, principalmente para os latifundiários. Algumas, além de reivindicarem, geram lucros ao comércio. Não estou dizendo que isso tira o teor ‘libertário’ das marchas, só estou considerando aspectos. Seria estrondosa uma Marcha dos favelados, dos Indígenas, dos Moradores de rua, dos Loucos, dos Malditos, Marginais & afins. A marcha dos Invisíveis, daqueles que não servem ao lucro nem ao discurso ideológico...


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Não, eles não morreram!

Os Mamonas Assassinas estão de volta. Sim, é verdade! Uma surpresa! ‘Aqui, em primeira mão e com exclusividade’. E os créditos são meus. O maior furo de reportagem do ano. Durante anos, todos acreditaram na morte dos ‘astros’ na queda daquele avião, mas os Mamonas estavam em Hollywood, desfrutando da grana adquirida com o sucesso. Jogada de marketing. Gastaram quase tudo por lá e agora voltam com um filme para retomar a carreira. Ficarão mais alguns anos azucrinando meus ouvidos pelas rádios, televisão e pela boca daqueles que cantam suas músicas por aí. Mas eu suporto. Ouço coisa pior hoje em dia, muito pior! Não preciso nem dizer, não é? Se dissesse estaria me repetindo. Vocês que me lêem diariamente ou semanalmente, já sabem. Mas o fato é que, aquela queda daquele avião dos Mamonas foi só uma brincadeira. Invenção do Rick Bona-Dio, eu acho (preciso averiguar melhor isso). Vejam só minha tese: Inventaram a queda do bendito avião. Usaram atores para fazer crer que os Mamonas aviam mesmo morrido. Como afirmo isso? Ué, simples! O Bonadio tá vivo! É jurado daquele programa que fabrica ídolos pra indústria do entretenimento. Além disso, eles, os Mamonas, acabaram de fazer um filme! Então! Tá aí! Isso comprova minha tese. O que me faz ser o melhor jornalista do Brasil. Sou um gênio! Admitam, foi uma baita relação: Como é que os Mamonas fizeram um filme se eles estão mortos? E o Bonadino que é produtor, também tá vivo, até aparece falando na tevê?! Essas foram minhas perguntas iniciais. Aí desenvolvi essa tese. Sou mesmo um gênio, não sou? Outro dia li na internet que os Mamonas iriam terminar a banda se não morressem. Então? Tá aí mais um motivo para eles sumirem por uns tempos. O filme, certamente será um sucesso, já que trabalharam a idéia de que os Mamonas foram uma das melhores bandas de rock da história do Brasil, e muitos acreditaram. É isso. Assim é que se faz! Pra convencer a maioria não é difícil. Como eu escrevo pra uma minoria, vai ser difícil convencer sobre essa minha tese, mas, eu tento. O mundo não anda cheio de teorias conspiratórias, mensagens subliminares? Então? Aqui está mais uma. Mas essa é verdadeira. EU garanto!


‘Palavras da perdição!’ (só não digam Amém)

Abro jornais. Abro revistas. Abro a internet. Abro a caixa de ferramentas... Aí fica difícil e eu não me contenho diante de tanta estupidez - ainda mais depois de matar uma garrafa de um delicioso Malbec argentino. Não dá! Quanta merda jogada no ventilador por essa gente que (de)forma opinião, deusdocéu! Às vezes fica difícil não concordar com Hugo Chávez: algumas pessoas mereceriam ser mesmo silenciadas. Deveriam se botar em seus lugares. ‘De boca fechada são poetas’ (e isso serve para a escrita também – neste caso seria a palavra desenhada e publicada): “(...) gostei mesmo foi que o clube já mandou o recado: cortar o cabelo. Dou força, homens usam o cabelo ao estilo cadete. Homens. É isso aí, moçada espanhola, boa!”. Palavras (escritas) de Luís Carlos Prates, publicadas em um veículo de comunicação por aí, referindo-se ao cabelo do jogador Neymar, quanto ao rumor da sua possível contratação pelo Real Madri. Depois das palavras aluadas do prefeito sobre ‘o fim da bandidagem’ em Xapecó e dos vários comentários preconceituosos e bestas de alguns ‘jovens’ referindo-se ao povo indígena no face book do vereador Sergio Badá Badalotti, agora foi a vez (outra vez) do ex-comentarista da RBS. Essa afirmação que sugere que, para ser homem tem que ser isso ou aquilo, revela um outro lado da coisa. Esse determinismo, essa forma absoluta de afirmação, de um tipo de defesa de determinada conduta e/ou estética ‘correta’, geralmente é coisa de quem é enrustido. Aqueles que escondem o jogo, sabem? Tipo... ‘Sou muito macho!’, ou, ‘Odeio viado!’. Nesse tipo de afirmação-defesa-ataque, há algo velado. Um medo, uma tentativa de afastamento de algo que não se quer assumir. Quem já viu o filme ‘Beleza Americana’, no papel do pai ex-militar e a sua atitude no contexto da estória, sabe do que eu estou falando (quem não viu, eu indico). O que é ser homem? O que é ser ‘culturalmente inferior’? Ser homem ou ser mulher depende de algumas variantes, inclusive, é também uma construção histórica e esses conceitos não podem ser tratados assim, nesse discurso simplista e redutivista. Tem horas que boca fechada é sinal de prudência. Como cantou Baby Consuelo no tempo dos Novos Baianos: “O mal não é o que entra... é o que sai pela boca do homem!”.


Preconceito na rede

“Só se perdoa o diferente, pois se eu busco o semelhante, que pensa e age como eu, estou em busca de mim e não do outro”. (Jacques Derrida)

As redes sociais estão cheias de idiotas preconceituosos. Às vezes tenho até vergonha de sair pra rua e saber que parte dos que transitam são bestas ambulantes e que, como eu, são classificados de seres humanos. Navegava na internet em busca de pauta para um texto, especificamente no (al)face book, quando li nos comentários de um vereador local, manifestações de pessoas (na maioria jovens), sobre a questão da demarcação das terras para os indígenas aqui em Xapecó. Ser contra ou favorável, até aí, tudo bem - desde que se tenham argumentos fundamentados, sem ‘achismos’ ou preconceitos. O debate é sempre salutar quando é feito de maneira dialética. Mas, não é isso que acontece geralmente. A falta de conhecimento, somada a falta de bom senso e a estupidez, acaba gerando um ‘simplismo’ optativo que deságua na reprodução de valores imbecis. Alguns comentadores no face book do vereador em questão, falaram dos indígenas como estes fossem ET’s – sim senhoras e senhores, em pleno ano de 2011. Muitos ainda vomitaram conceitos, como o de ‘evolução’, sem contexto algum. Tipo, ‘precisamos evoluir!’, ou ‘índios querem terra, mas não querem trabalhar’, etc. - como se fosse simples assim. Como é difícil compreender uma cultura e aceitar as diferenças. Falta de estudo, estrada, experiência... e laço. Sim, falta de laço! O que esses pais fizeram (ou deixaram de fazer) para que essas criaturas com mentalidade retrógrada pensem dessa forma? Eu não sei. Não sei mesmo! Por isso preso pela desconstrução de determinados valores nas salas de aula. As crianças, sim, elas podem mudar isso, só elas. Mas é uma luta, ardente, ousada, daqueles que miram a transformação. Indígenas, bem antes de qualquer outro grupo social, já habitavam este chão. Ambos, indígenas e colonos, foram ludibriados, passados para trás, por uma elite coronelista-colonizadora, depois, comercial-industrial, lá no início, e com o aval da Igreja. Depois a coisa foi aparecendo, e hoje ainda, muitos pensam daquela forma. Num país de latifúndios e discriminações sócio-étnico-culturais, esses reprodutores que se manifestam em redes sociais de forma preconceituosa, deveriam ser banidos. Isso me dá motivos para ser favorável a um tipo de ‘limitação’ nestes meios...


sábado, 2 de julho de 2011

“Palavras da Salvação!” (ou O fim da bandidagem)

“Os bandidos terão que mudar de profissão ou mudar de região, porque aqui em Chapecó não tem mais lugar para bandido”. Não, não são minhas essas palavras douradas. Não tenho capacidade pra tanto (ainda bem!). Eu não sou bom em discursos. Essas palavras vieram do Sr. ‘nosso’ prefeito (talvez num momento de euforia devido à grandeza do empreendimento), segundo uma reportagem deste mesmo jornal (Voz do Oeste, 28 de junho, 2011. p.03). Portanto, antes que eu seja posto em dúvida, não estou inventando nada. Falando nisso... ‘Bandidos’... Quem são eles que não tem nomes nem rostos? Onde eles vivem? De onde vieram? Porque assim são chamados (ou se tornaram)? Uma raça? Uma etnia? Xapecó também é constituída e foi formada historicamente por bandidos – ou pela ‘bandidagem’. Me refiro aos que, no passado, usurparam caboclos e indígenas, expulsando esses povos das suas terras, corrompendo e/ou submetendo suas culturas a um conceito metafísico e fraudulento de ‘progresso’. Progresso capitalista. Progresso da ‘violência social’, da degradação do meio ambiente. Progresso material à custa de alguns grupos sociais. Belo progresso este! Ainda que o Sr. prefeito admitiu que ‘bandidagem’ é uma profissão. E, da forma que as coisas são, realmente é. Cobrar ‘boa conduta’ onde não existe certa ‘igualdade’ social, de condições e oportunidades, é uma piada – de mau gosto. Oportunidades! Sim, elas existem! Mas não são iguais – nem a pau! Dizer que pros ‘bandidos’, aqui na terra do ‘linchamento que muitos querem esquecer’ (outros nunca nem souberam), não tem mais lugar, é desconsiderar a própria história da cidade. Olhem em volta! Vocês acham que estamos vivendo aonde? Transferir o ‘problema’ para outras regiões, também não é algo estimável. O ‘problema’ é nosso, é daqui. Investimentos materiais vão realmente tornar Xapecó um paraíso da não criminalidade? Desculpem meu ceticismo, mas eu duvido! A ‘bandidagem’ não está separada da sociedade, ela é parte da nossa formação cultural e histórica, e está mais próxima de nós do que imaginamos. Em termos literários, nossos melhores personagens foram chamados de ‘bandidos’.


Ah! Esses ferrugens da moral...

Poderia falar de políticos e seus partidos como se fossem uma raça, citando genes e DNA, com o ‘espetacular’ sensacionalismo vicioso, como fazem alguns colunistas mundo a fora – ou Xapecó adentro. Poderia, com o olhar perpendicular, sempre ‘reto’ e vindo do lado masculino-patriarcal (ou machista, se preferirem), racionalizar a vida, como fazem alguns colunistas mundo a fora – ou Xapecó adentro. Poderia também, atuar como se fosse um bom conselheiro comportamental, dizendo pras meninas, por exemplo, como deve ser sua conduta sócio-cultural para que atinjam uma ‘boa vida’ ou o sucesso social e financeiro, como fazem alguns colunistas mundo a fora – ou Xapecó adentro. Poderia assim, ser medíocre. E talvez, até seja um pouco. Mas só um pouco. O problema é ‘os muitos’. Eles se proliferam por aí, em ‘alguns’ veículos de comunicação. Vivem de suposições e falácias, quando não, tentativas medonhas e frustradas de moralizar algo. São tão moralistas que só enxergam as suas supostas verdades, estacionadas, estagnadas, mortificadas, empoeiradas - fraudulentas. Baseiam-se em pesquisas tão fraudulentas quanto as suas verdades. Também, estão sempre atentos ao supérfluo - duvido que parem para pesquisar, ler, experimentar. São tão óbvios no que pensam! E quando ‘dizem’ ou escrevem, reproduzem, reforçam pré-conceitos e o ‘senso-comum’. Arautos da repetição. São tão desprezíveis aos olhos vivos do poeta que não se contenta com o pouco disso tudo. Eu, como uma bactéria, estou no mundo deles (mas não só eu). Pelo menos simbolicamente ou virtualmente, através dessas linhas mal traçadas que infectam, nem que seja minimamente, o ‘mundo da comunicação’. Informar é pouco. Muito pouco. Através de uma ‘pirotecnia da linguagem’, nestes textos doentios e cheios de curvas (que talvez não sirvam pra nada), eu reinvento um pouco do mundo. Um pouco. É o que me cabe. É o que eu tenho pra dar. Antes um ébrio do que um moralista! Os ‘consertadores do mundo’ escondem suas faces por detrás da moral. Não queiram vê-las assim como eu vejo. Vocês, certamente, perderão o sono.