quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Leituras do Cotidiano - 29/08

Entre a 'ditadura' cubana e a 'democracia' ocidental...















Além de estúpidos e medíocres, são mal informados esses seres de 'baixo nível' e muita renda no Brasil. Refiro-me aos médicos (e pretendentes a isso) que hostilizaram os profissionais da saúde cubanos que vieram trabalhar no Brasil. Não sabem os imbecis que o governo 'ditador' de Cuba utiliza a porcentagem do 'salário' dos profissionais de saúde cubanos pago pelo Brasil, para investir num 'projeto internacional de saúde', onde seus médicos são pagos e estruturados para trabalhar em países e comunidades carentes (Angola é um exemplo) pelo mundo (além do investimento na saúde do povo cubano e dos necessitados que lá vão se tratar 'gratuitamente'), pois saúde, assim como educação, em sociedades 'evoluídas humanamente' (e que não se escondem atrás de um discurso 'democrático'), não tem preço. Não, não consegui essa informação pela Globo ou pela Veja. Li em fontes confiáveis e ouvi da boca de um próprio cubano, Carlos R. Almaguer, da ‘sociedad cultural José Martí’ - e quem é José Martí? Certamente os medíocres que hostilizaram os médicos cubanos, não sabem. E saber que os hostilizadores lidam ou vão lidar com gente, com humanos - tendo uma atitude, educação e postura dessas? É amigos, esses 'profissionais' da saúde brasileiros, em primeiro lugar, precisam voltar pra escola e aprender como se lida com gente, antes de aprender técnicas, ganhar dinheiro e status por vestirem um jaleco branco.


Xapecó e o progresso... da impunidade, da injustiça e da vergonha!

* Caso Marcelino arquivado pelo ministério público, depois de mais um laudo que apontou homicídio. E a ‘novela’ se arrastou - pra isso? Outra feita, neste mesmo espaço, cantei a pedra de que, algum dia alguém ainda vai escrever, a exemplo do ‘linchamento que muitos querem esquecer’, num futuro não tão distante, um livro que se chame: 'O suicídio que muitos querem esquecer'? ou 'O homicídio que muitos querem esconder'? Ou ainda, 'A confusão que ninguém fez saber'?


* ‘Bolsa Alfafa’ aprovada pela maioria dos 'nobres' vereadores da nossa 'ilustre' câmara: uma verba pública de ‘100mil para criadores de cavalos de raça’. Projeto de quem? Dinheiro de quem? Nisso tudo, quem são os ‘cavalos’ que irão comer alfafa?

* Câmeras de monitoramento ligadas ou desligadas no momento da tentativa de assassinado do assessor de vereador Patrick Monteiro? Quando as polícias militar e civil vão falar a mesma língua por aqui? Incompetência? Questão política? E as investigações? E a justiça? Parece que já vi esta novela em algum lugar! Será que também vai virar mais um ‘caso’ ficando ao acaso?



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 29/08



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Crônica de um aniversário xapecoense

Indígenas, caboclos e euros descendentes, nessa mesma ordem de chegada –  cronológica, foram os primeiros habitantes que construíram modos, vidas e culturas nessa terra. Chapecó que já foi Xapecó: ‘o caminho por onde se vê a roça’, ou ‘o caminho da roça’, e que hoje é simplesmente: Chapecó (sem mais). A cidade cresceu e eu cresci com ela, em vários aspectos. Porém, contudo, mantenho algo de criança em mim. Meu riso e minha seriedade, assim como meu naco de sinceridade, são as mesmas da minha criancice ou do meu passado criançudo. Assim como outras cidades, outros chãos, temos nossa própria história e nossa memória. História de feitos e conquistas, de progressos e avanços. Também, história feita de dores e horrores. Dos incêndios, forasteiros e um ‘linchamento que muitos querem esquecer’, a outros fatos não menos intrigantes e mais recentes, Xapecó não desiste fácil de sua alcunha de ‘Velho Oeste’. E eu, em meu silêncio gritante (ou meu grito silencioso), acordo numa segunda-feira vermelha embebida em lâminas - como em outros momentos ao longo dessa história. E a memória é resistente e não morre nunca. A memória é repleta de cores e às vezes sem cor alguma. Assim como minhas palavras, meu ser, meu pensamento vivo e constante, paridos nessa cidade em que insisto habitar.


Parabéns Xapecó!
























* também publicado no jornal Folha do Bairro, 23/08




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Leituras do Cotidiano - 22/08


Xapecó, parabéns! Por sua memória...


















Xapecó, parabéns pelos seus filhos e pela nobreza deles. Filhos que estavam aqui antes mesmo da colonização e seus coronéis. Filhos de um Xapecó onde a violência não era rotina nem naturalizada. Tempo de índios e caboclos, e apesar dos coronéis, de euros-descendentes dignos de pisar neste chão (muitos ainda pisam). Xapecó onde havia um estádio chamado ‘Regional Índio Condá’, e que hoje, já sem o Índio, de ‘estádio’, virou ‘arena’. Arena que me remete pensar - historiador por (de)‘formação’ acadêmica - nas pelejas entre leões e gladiadores no ‘panis et circenses’ (do latim, ‘pão e circo’) do antigo Império Romano. Xapecó que já teve um dia, um significado em seu nome, que, ainda com ‘X’, apontava para um caminho: ‘o caminho da roça’, e que perdeu esse simbolismo por um ‘Ch’ ideologicamente implantado. Xapecó que tem seus primeiros habitantes (nativos), ainda resistentes, em suas aldeias ou perambulando pelas ruas asfaltadas por um progresso mecânico e frio, dos negócios e arranjos políticos, vendendo artesanato ou bebendo cachaça para suportar todo esse ‘frio’. Xapecó de um ‘linchamento que muitos querem esquecer’ - e que outros jamais poderão, pois nem conhecem. Xapecó de coronéis e mandonismos, de suicídios homicidiados mal resolvidos e mal explicados, confundidos, feitos novela – e memória (sempre ela, a eterna!). Xapecó que no segundo dia da semana que antecede seu aniversário, infelizmente, acorda com mais uma página da sua história tingida de vermelho. Apesar de tudo, ainda teremos o que comemorar (?). O orgulho que sai de um riso plástico e vai dar no crescimento comercial, industrial, material desse ‘Velho Oeste’ das estórias em quadrinho ou de algum bang-bang ‘a La Tarantino’. Braços fortes construíram essa história. Mas também, personalidades fortes, vivas ou mortas. Almas altivas, festivas e almas penadas – e a memória (ela!). Memória que não morre nunca, pois está viva em todos os ventos que sopram do passado e batem nos rostos dos habitantes mais leais e ativos desse lugar. E eu, filho do vento e da chuva, feito também de história, pensamentos, risos, chagas, penas e memória, me compadeço do meu tempo, como do tempo passado, pois sei que o tempo é isso, um ontem e um hoje bailando dentro e fora da música, em passos diversos, num baile ora divertido, ora macabro. Como tantos outros, também sou filho dessa terra, mas, mais que isso (e deixando de lado o orgulho forçado), sou filho desse país que se acredita ou pensa nação, filho do mundo, cidadão da terra. Xapecó, parabéns pelos seus dias e suas noites, pelas curvas da sua história, por sua, que também é nossa memória – sempre ela...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 22/08/2013



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Unochapecó vai se transformar... em quê?

“Para o reitor Odilon Poli a universidade terá várias etapas ‘para se tornar a melhor universidade do Oeste na frente na Educação 3.0” (subtítulo de entrevista na p. 12 do jornal Folha do Bairro, edição de 26 de julho).

Como cronista e professor especializado em filosofia e sociologia na educação, não posso deixar de questionar tal informação. Começando pelo título da ‘novidade’: ‘Educação 3.0’ - uma nomenclatura de tom efêmero, mais adequada a lógica do mercado ou do capital e não do conhecimento - conste que o tema ‘educação’ não pode ser enquadrado nessa lógica (daqui um pouco estaremos falando em ‘3.0 GLS turbo’), pois deve estar além do domínio e interesse mercadológico, já que falamos em ‘universidade’, o que pressupõe, conhecimento ‘universal’, e não restrito a esse ou aquele fim determinado. “Se tornar a ‘melhor’ universidade do Oeste”? (gostei da ‘humildade’ em reconhecer então, que não é ‘a melhor’ – mas pretende se tornar). Então o objetivo é esse: ‘concorrer’, ou seja, ser parte (e já não é?) da jogatina reducionista desse ‘sistema’ competitivo e submisso ao capital (onde a educação é o mero ‘produto’, a ‘mercadoria’ em jogo)? Aprendi que universidade é bem mais que isso! – pelo menos é assim que reza seu conceito e a publicidade em torno do ensino dito ‘superior’.

Também é dessa mesma entrevista, quando perguntado sobre a ‘necessidade de mudança’, que o reitor responde: “(...) é importante ter presente que o nosso país vem fazendo um grande esforço para melhorar a educação, condição essencial ao seu desenvolvimento. (...) a partir da década de 90 do século XX, a sociedade brasileira (especialmente os empresários) passou a exercer uma forte pressão sobre os governantes, exigindo melhorias na educação (...). Essa pressão se deu em todos os níveis, uma vez que muitos egressos do sistema de ensino, não conseguem atender adequadamente às expectativas do setor produtivo.” (POLI, 2013). “Pressão”? “Especialmente os empresários”? Então quer dizer que a tal ‘reestruturação’ da universidade está pautada ‘especialmente’ nisso: ‘pressão e visão empresarial’? “Expectativas do setor produtivo”? Produção de quê? Técnicas, cabeças e corpos servis ao dito mercado? É isso? Se não for, por favor, me desculpem, mas essa questão está muito mal esclarecida.

Pois bem, e o ‘custo’ dessa mudança? Dessa ‘modernização’? Por enquanto, além de funcionários, em torno de 70 professores demitidos e sem diálogo com a categoria ou seu sindicato (o que configura demissão em massa, além de uma atitude truculenta, nada dialógica). Em nome de um ‘futuro’ incerto e de uma reestruturação que pretende ser simplesmente ‘a melhor’, e que leva um nome, no mínimo ‘questionável’: ‘Educação 3.0’. Nada está claro e nada é certo, mas de uma coisa eu sei, Universidade não pode ser um espaço pautado em interesses do dito mercado, da publicidade nem do empresariado - ou de um ‘desenvolvimento’ no mínimo suspeito, em pese que, o que está em jogo é a Educação, e esta, deve privilegiar o conhecimento, respeitando o estudante e o professor, reais agentes e motivos dessa ‘universalidade’.


Herman G. Silvani (professor e assessor do Sinproeste – Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina)


*também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 15/08




Leituras do Cotidiano - 15/08

Marcha para Jesus?

Pastores doutrinários como Silas Malafaia & CIA, na condução do rebanho, aproveitaram seus espaços ‘demo-cráticos’ (tanto nas ruas, nas igrejas, como nos seus espaços televisivos), para fazer discursos ideológicos acima dos problemas históricos do país, problemas que, inclusive, eles têm parte. Utilizam-se de um discurso de cunho 'cristão' (ou ‘pseudocrístão’) para ludibriar e fazer politicagem. É por isso que defendo que, religião (ou instituição religiosa) não se trata de crença, mas sim de ideologia e política. Então, abre o olho ‘irmandade’!  


Filosofia cristã contemporânea?

O ‘filósofo’ brasileiro Luiz Felipe Pondé (que de tão ‘politicamente incorreto’ que publica ser, acaba sendo o mais ‘correto politicamente’) resolveu ‘sair da gaveta’ e admitir sua ‘cristandade’, criticando a ‘esquerda’ por sua ‘rasa espiritualidade’, em entrevista a revista Veja. Também disse ter mais elegância em escolher crer em Deus. Veja só por onde anda nossa ‘vã filosofia’! Profundo o ‘pensador’! Como diria minha avó: ‘deusguarde amém’!


Da série 'personalidades falatórias'...

Vou fazer uma 'análise do discurso' a que pretendo chamar: “Leitura e relação entre Lobão e Pondé: seus delírios e frustrações... Seus discursos fragmentados nas linhas do vazio ortodoxo contemporâneo”... Que tal? ‘Um compositor, músico e artista carente de atenção midiática em diálogo com um filósofo pop da sacralização do fragmento, os dois, flertando com o espetáculo dos egos desamparados’. Por aí! Sem pretensão... A modo de divertimento.

Obs.: Aproveitando a moda dos que se auto intitulam filósofos, chupando Pondé,  claramente! (e como imitam bem, putz! inclusive, conheço alguns).



“Nossos sistemas judiciário e carcerário, não educam: reprimem e violentam”.



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 15/08




quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A educação e os educadores: conceitos reduzidos à falta de sensibilidade

Esta semana participei da CONAE (Conferência Nacional da Educação), onde 'eixos' temáticos referentes à educação foram discutidos a partir de certa realidade regional. Nisso, percebi e relaciono (em alguns aspectos) aqui na região, aquele momento, a uma 'Conferência Regional Reducionista', onde quase todos os 'tópicos' relativos aos grupos 'minoritários', 'étnico-raciais', povos indígenas, especificamente, foram excluídos, dando lugar para um 'todos', justificado por uma pretensa 'igualdade' de acessos e condições que não existe. E as palavras mais rodadas do dia foram: 'qualificação' e 'punição'. No campo das perspectivas, um retrocesso. Constato assim que, muitos dos 'colegas educadores' precisam voltar aos estudos ou desistir desse ofício, pois, veem o outro (se é que veem), a partir de si próprios, no que deveria ser o oposto. É o ego, a vaidade e a mesquinharia 'eurocentrista' que entope as 'veias do pensamento' desse povo. Simplesmente, deprimente a situação - e alguns psicopedagogos e/ou pedagogos/as, vem me falar em 'educação', didática, métodos, formalidades, como se isso fosse 'a grande questão'. Sim meus caros, é preciso 'deseducar' os próprios 'educadores', para que, talvez, assim, algo mude realmente e saia do discurso amesquinhador, incoerente e redundante (que gira em torno de si próprio), pois, “se essa for a educação que 'eles' promovem", quero morrer na ignorância...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 09/08




Leituras do Cotidiano - 08/08



Ciência médica no Brasil: cara ou coroa?

Por um lado, médicos reclamam a falta de estrutura no interior e nas periferias, ‘muito preocupados’ com a ‘qualidade’ dessa ‘ciência’ e dos ‘atendimentos’ no Brasil, frente à vinda de médicos estrangeiros para suprir essa carência - enquanto em algumas regiões do país, ambulâncias são estocadas e acabam virando sucata pela falta de uso e tempo que ficam paradas. Parece-me que o governo federal ‘distribui’ o dinheiro e este não é aplicado ou administrado devidamente pelos Estados e municípios (onde a dita ‘corrupção’ se pratica em maior escala do que a nível federal). A compra exorbitante de ambulâncias que nunca serão usadas reflete na reclamação dos médicos frente as condições estruturais. Por outro lado, mesmo o governo pagando significativamente bem esses profissionais, e mesmo em locais de certa estrutura, ainda assim, faltam médicos que atendam a parte mais carente da população. Recentes notícias dão conta de que essa falta atinge em torno de 700 cidades no país.


Possibilidades e perspectivas que ‘ameaçam’ privilégios...

“O governo publicou nesta terça-feira (06/08) no ‘Diário Oficial da União’ o Estatuto da Juventude, sancionado na segunda, pela presidentA Dilma Rousseff. O projeto, que estabelece direitos para jovens entre 15 e 29 anos, garante a meia-entrada em eventos culturais e esportivos de todo o país para jovens de baixa renda e estudantes”. Junto a isso, a ‘obrigatoriedade’ dos novos médicos trabalharem por 2 anos no SUS, foram grandes ‘tiradas’ do governo federal. Isso demonstra certa vontade de mudança por parte dele, onde que, muitas ‘forças’ de cunho conservadoras (e hipócritas, diga-se de passagem), tramam contra, pois, não querem, ‘de jeito maneira’, que mudanças como essas ameacem a ‘segurança’ dos seus privilégios que se arrastam historicamente. 


Notícia fresquinha aos ‘colegas’ professores...


“A realização de uma ‘residência pedagógica’, semelhante à residência médica oferecida aos estudantes de Medicina pelo governo, pode tornar-se obrigatória para formação dos professores de educação básica”. Então... se cair a bolsa de R$10mil, como no caso dos médicos, aí concordo! Senão, de jeito nenhum!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 08/08



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Consumidos

















As ruas estão cheias. As bocas estão cheias. Palavras ao vento. Inúteis. Ora cruéis, ora redundantes. Ora mudas. As ruas estão cheias. Corpos que trafegam sem rumo ou rumando a lugar nenhum. Avenidas tomadas por um desespero cotidiano, por um passar de olhos sem alvo, sem brilho nem visão. Olhos que, dispersos num nada absoluto, dão em anúncios publicitários – banalidades do dia-a-dia. As ruas estão cheias assim como alguns corações repletos de dor e ódio. As ruas estão cheias de consumidores afoitos esperando o próximo sinal abrir ou o próximo ônibus passar. Irão aos shoppings, aos bancos, aos salões de beleza e as lanchonetes também encher, além das ruas, os estômagos famintos – com essa gordura que incha ou tranca as veias da cidade – como as suas próprias. As ruas estão cheias de amarguras, cães pestilentos e famintos, como os mendigos que por elas divagam. As ruas estão cheias de belas jovens estudantes que desfilam seus andares de coxas desnudas sob os olhares também famintos dos depravados espectadores, donos de comércio ou vigilantes diurnos. As ruas estão cheias de contradições e de promessas que jamais serão cumpridas. As ruas estão vazias de crianças que, trancafiadas em apartamentos ou confinadas por detrás das grades escolares, num futuro próximo encherão ainda mais as ruas que estão quase vazias de sentido - enquanto os carros enchem as ruas de petróleo e olhares de ambição. Mas esse é apenas um dos vários desenhos das ruas - & nesse desenho as ruas estão cheias de mentes vazias...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 02/08




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Leituras do Cotidiano - 01/08

A valorização de um país, passa por sua cultura...


Estive assistindo um programa de televisão sobre brasileiros que vivem em Copenhague, capital da Dinamarca, cidade que tem em torno de um milhão e duzentos mil habitantes. A maioria dos brasileiros entrevistados naquele programa não pretende voltar para o Brasil. Motivos? Alguns pontuais. Entre eles, ‘educação e cultura’. Ou seja, um associado diretamente e inevitavelmente ao outro. Dinamarca é um país pequeno (se comparado ao Brasil), o que, de fato, favorece sua condição cultural e social. Porém, isso não nos serve de desculpa. Relacionado a isso, teço uma ‘comparação’ entre aquela realidade e a nossa, baseada na questão que não quer (nem deve) calar: ‘Como é tratada a cultura e a educação no Brasil em relação à Dinamarca?’. Guardadas as proporções, lá, cultura e educação são valores primordiais, mas não só no discurso ‘oficial’ ou do Estado, mas na prática e nos valores cotidianos das pessoas. Cultura que permite uma cidade ser espaço de convivência humana, em primeiro lugar, onde o transporte público é de qualidade e, sendo assim, incentivado pelo Estado. Cultura que permite imensas bibliotecas públicas, acessíveis a toda a população. Cultura que permite a arte sendo prioridade do povo, assim como a educação e os acessos a esses bens. Cultura pública. Lá, neste sentido, o público submete o privado, e não o contrário como na maioria dos casos é por aqui. ‘Culpa’ do Estado? Também! Mas, junto a isso, a concepção e os valores da população. Em Copenhague a gasolina é cara, assim como o estacionamento para veículos particulares. Em contrapartida, o transporte público (ônibus, metrô, trem, etc.) é de qualidade e barato, assim como as bicicletas e as elegantes charretes que são muito utilizadas por lá. Bibliotecas como reais espaços culturais, de entretenimento, de estudo e diversão infantil, com tecnologias bem empregadas. Patrimônio público e histórico-cultural, intocáveis, supervalorizados. Isso tudo, forma e constitui a mentalidade, os valores, e reflete na prática daquele povo, daquele lugar. Grupos e agentes culturais, assim como professores, muito valorizados. Crianças devidamente assistidas e adultos educados. Trânsito adaptado ao transeunte (e não o contrário), etc. Enfim. Esses são alguns motivos que me levam a questionar: ‘No Brasil, o fator cultural soma-se a má vontade política para a constituição de uma outra realidade que valorize, antes de qualquer coisa, a vida?’...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 01/08