sábado, 11 de fevereiro de 2012

De jornalistaS e jornalismoS...

Opinião pública ou publicada?




















Não raramente me deparo com postagens no facebook, de pessoas que criticam o jornalismo ocidental e/ou os jornalistas, pela incoerência das suas atuações. Do outro lado, vejo jornalistas na defesa coerente ou não do seu ofício e das suas práticas. Algumas, as que concordo, compartilho, porque o jornalismo e os jornalistas, do modo que atuam, tem parte significativa nesse circo de mediocridades a que chamamos democracia. Até aí, tudo bem! (dentro de uma perspectiva ‘democrática’ ou de liberdade de expressão). O que tem acontecido é que, muitos jornalistas se defendem e defendem sua ‘profissão’ (ou os meios de comunicação os quais servem?), cegamente. Lamúrias e discursos evasivos de auto-defesa escorrem pelos meios de comunicação, sobre tudo, pelas redes sociais. Alguns chamados ‘profissionais da comunicação’ compram as dores dos meios, se ‘vitimizando’ com eles, assumindo um ‘carma’ desnecessário. Parecem não perceber o risco que correm ao se proporem a discutir, debater, problematizar, ou mesmo, simplesmente, reproduzir informações. Grande parte deles são mal  fundamentados e não conseguem, por isso, ter bons argumentos, nem tão pouco perceber a fração de relativismo que existe nas coisas, assim como não se assumem, ou seja, não tomam posições devido a uma pseudo-ética, que, sendo pseudo, nem mesmo existe, pois, frente algumas realidades,  ‘a não posição, acaba sendo uma tomada de posição’.  Eu, enquanto ser social, cronista do cotidiano e ex-cronista de um jornal oficial, me assumo como tal, sabendo dos riscos que corro devido as minhas escolhas (ou o que sobrou pra mim). Tanto é que, correndo um desses riscos, acabei perdendo meu espaço no jornal (além da grana que somava no meu orçamento mensal). E não foi por incompetência ou por não saber escrever, nem por ter sido fundamentalista, intolerante ou algo parecido, mas por uma ‘proposta indecente’ que recebi, ou seja, não vendo meus textos nem meus princípios (que não são muitos) por migalhas de um sistema opressor comandado por grupos obscuros que discursam democracia e praticam o oposto. Como professor de Humanas e Sociais eu corro o risco, diariamente. Amigos e profissionais que conheço de outras áreas (até do jornalismo, acreditem!), correm o risco. Mosquito, o blogueiro denunciante de Florianópolis correu o risco, assim como Marcelino Chiarello, outro denunciante, desta vez na câmera de vereadores, correu o risco. Ambos pagaram com a vida. É a linha ‘não tão tênue’ entre a covardia, a submissão, o comodismo, a conveniência & a coragem e coerência. Antes de ter concluído minha graduação, iria, inicialmente, escolher o jornalismo como profissão, pensando em trabalhar com a comunicação. Mas como trabalhava diurnamente, não pude, devido o curso ser pela manhã. No fim, acabei respirando aliviado. Talvez hoje eu fosse mais um ‘profissional da comunicação’ (ou informação?) frustrado com minha profissão, e acabasse por me tornar um mero reprodutor de informações dadas hierarquicamente, e estaria reclamando minhas frustrações e estigmas como um acomodado e dolorido defensor dos meios privados de comunicação de massa, como tantos que vejo por aí. Então pesquisei, qual seria a minha escolha? Dado ao meu gosto, interesse ou vocação, optei por Filosofia, mas percebendo o predomínio de seminaristas no curso, assim como a grade recheada de clássicos, resolvi abortar a missão. Saltei fora e entre Psicologia, Artes, Letras (pela literatura) e História, acabei ficando com a última opção. E antes que algum ofendido venha tentar se cobrar e jorrar sua ira sobre o ofício do historiador ou professor de história, eu mesmo faço – mas com olhos para o passado, pois a história se moveu, se transformou, e muito. No passado, o historiador, dentro da única visão de história existente, era o responsável pelo registro dos fatos. Contava a história dos heróis, reis e seus reinos, suas conquistas. Depois, com o passar do tempo, isso foi questionado, posto a prova e transformado. Depois do materialismo histórico, a história foi outra. Ainda tivemos (temos) a escola dos annales e por fim a Nova História, que trata de temas variados e de uma forma muito mais aberta e aprofundada. Quem quiser saber mais sobre isso, sugiro que pesquise (é no mínimo interessante). Mas, e o jornalismo? É claro que existem correntes que pensam ele também, como existem ótimos e até bons meios de comunicação e jornalistas. Poderia até citar alguns aqui, mas não é o momento. O filósofo alemão F. W. Nietzsche, acertou ao ser crítico da História, do jornalismo e da filosofia do seu tempo (importante a contextualização aqui). Mas o tempo passou e surgiram ‘correntes historiográficas’ que desbancaram a ‘história oficial’ reprodutora, assim como novas possibilidades filosóficas e revolucionárias surgiram. Foram constituidos meios e meios de comunicação, assim como ‘jornalismos’ mais interessantes. Mas, de um modo geral e infelizmente, ainda prevalece o jornalismo reprodutor. Porque? Nietzsche dizia que “O jornalista é o que se subordina às leis da moda, às demandas do mercado, ao gosto da opinião comum. E produz afetação, autossatisfação e opinionites, e a ilusão vaidosa de ter uma personalidade livre e um pensamento próprio e original”. Mais do nunca, hoje, o jornalismo oficial é assim, e Nietzsche consegue ser um pensador contemporâneo. A questão é, o porque da defesa desse tipo de prática jornalística atrelada ao setor privado e ao poder público, como sendo algo ‘livre’ e ‘democrático’ por alguns jornalistas?

O discurso da neutralidade que leva ao descaso
Onde estão os jornalistas dignos de ter em suas mãos a comunicação para defenderem os ‘malditos, os silenciados, os censurados, os banidos’ dos meios oficiais, que fazem jus a comunicação (ou a uma comunicação) realmente coerente, livre e ampla? Jornalistas da minha cidade, quais são as suas posições frente a perseguição e tentativa de acabar com o WikiLeaks através da prisão de  Julian Assenge, assim como, a censura do bloco #1 do Estúdio A (programa da Unoweb TV, de uma instituição que tem o título de Universidade, Comunitária ainda por cima), pela minha saída do jornal devido a uma proposta ‘indecente’ que recebi, já que havia por trás dela certa pressão?  Pouco encontro suas manifestações, inclusive nas redes sociais da vida. Tudo isso acontecendo e o que é que eu vejo? Uma auto-justificação e/ou defesa por parte de alguns jornalistas frente aos seus ‘descasos’. Discursam ao lado das empresas e meios a que servem, danificando ainda mais sua profissão. Por acaso não existe um juramento ao receber o diploma, ainda lá na graduação, um tal código de ética da profissão ou algo que o valha, e que incuba ao jornalista responsabilidades sociais por estar lidando com algo que deveria ser público (e não apenas publicado), que é a comunicação? Não estou aqui generalizando, mas grande parte se dissolve nisso. E então, de que lado está esse tipo de jornalista? O discurso democrático, de coerência e ética pode até ser belo, mas na prática, isso realmente acontece? Questiono não pelo fato de não ter me tornado um jornalista e ser um frustrado por isso, mas pelo fato de que, o que andam fazendo esses arautos da comunicação (dita livre) e/ou da liberdade de expressão com a própria comunicação. Eis!




4 comentários:

Anônimo disse...

Puta merda! Vou ter que concordar com tudo, mesmo sendo jornalista.

Anônimo disse...

isso não tem nada a ver, isso é coisa de historiador que não se toca que as duas profissões não falam a verdade, pois a verdade de ambas as profissões e subjetiva

Herman ou Niko, o próprio disse...

verdade? isso existe? é tão subjetivo.. tanto quanto seu olhar sobre a questão.. história não trabalha com verdades.. mas fatos.. ok? não é a mesma coisa.. o historiador (o bom, no caso), não inventa.. dá pra citar Hobsbawn, Sevcenko, como exemplos.. a história trabalha com 'versões' dos fatos.. e não determinismos.. mais clareza nisso.. enfim..

Anônimo disse...

Gostei do texto. Lembrou-me alguns jornalistas e jornais de hoje, coadjuvantes desse teatro do entrelaçamento e infiltração da mídia, tanto no governo como em outras instituições, tentantdo atuar na dita "gestão" das questões sociais. E ess? Ela dá essa margem para um novo tipo de intervenção e controle da população/sociedade. É novo, amedrontador, grande, veloz, e tem gente que ainda não notou.