A paralisação passada dos
caminhoneiros (ou dos empresários, donos das transportadoras?) foi um combustível
do golpe. Nela, além da redução do preço do diesel e aumento no valor do frete,
os trabalhadores pediam (muitas vezes em tom estúpido ou violento) a saída da
ex-presidenta Dilma e do PT do governo, seguindo o discurso do seus patrões. Nisso,
conseguiram duas vitórias significativas (não para os trabalhadores, mas para os
patrões): uma, o impeachment de Dilma, outra, a liberação do peso da carga
transportada nas rodovias. A primeira, todos já devem saber no que resultou (não e?). A segunda, o aumento do
perigo nas estradas (rodovias mais esburacadas pelo excesso de peso e menos
controle na direção dos caminhões, trânsito mais pesado e menos fluente) e por
isso, mais gastos públicos (do Estado) em pró do maior lucro particular (do
empresário) pelo excesso de peso dos caminhões. Conste que na época, o
combustível estava menos de R$ 3,00 o litro.
Chegamos na ‘segunda paralisação’,
desta vez, já sem Dilma e o PT (o que alguns caminhoneiros, acompanhando o coro
ignóbil da massa reprodutora das ideologias e interesses da ‘classe dominante’,
chamavam de ‘comunistas’). Nesta, novamente, tocados por um aspecto ‘individual’
da categoria, ou seja, os preços do combustível e do frete, agora com um
agravante: o combustível está beirando os R$ 5,00. Mas as manifestações não são
iguais. E eis a questão! Na paralisação atual, ainda não vi faixas e pedidos de
‘Fora Temer, PSDB, Golpistas, MDB’, etc. Menos ainda, vejo a tal ‘consciência
de classe’. Vejo uma manifestação individualizada (no sentido dos ‘interesses’,
que não me parecem nacionais) que, pelo que parece, não está querendo a presença
de movimentos sociais (sindicatos de trabalhadores e outros) na mobilização, mas
aceitam a participação dos empresários ou patrões (além de certo caráter ‘conservador’
em alguns discursos).
Em torno destes dois ‘sentidos’ ou
aspectos que levando aqui, de minha parte, sou favorável ao aumento dos
combustíveis. ‘Sim! Que aumentem para R$ 10,00 o litro!’ Talvez, assim, o
Estado (com seus políticos), os empresários e trabalhadores, passem a mexer
seus esforços para implantar transportes mais abrangentes, coletivos, democráticos,
socialmente viáveis, ecologicamente e culturalmente necessários, e a
sociedade deixe de depender, de ser escrava do caminhão. Trens (e
ferrovias), transportes hídricos, bicicleta (e ciclovias), transportes realmente
públicos e de qualidade, no lugar dos caminhões e carros particulares que são
agentes de uma ‘ditadura’, a ‘ditadura dos poluentes’: do petróleo e do
carro/transporte a motor por combustão. Esta ‘ditadura’ (‘cultura’), influencia
na mentalidade e comportamento das pessoas (status e hábitos), além do
trânsito. E, esta é a grande questão. Enfim.
Pós-problematização, deixo a
pergunta: ‘Qual é o real objetivo e para quem serve esta paralisação?’
Hoje
Amanhã? ...
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