terça-feira, 8 de setembro de 2015

Das concepções e práticas...

Vida e trabalho

De um lado uma concepção de vida e trabalho taoista-budista oriental marcada pela constância, onde o corpo é parte fundamental da existência e a mente um complexo ‘espirituoso’ de pensamentos e profundidades, ambos em equilíbrio com a energia cósmica vital que circunda toda a existência, coexistindo em tempo real. De outro, uma concepção ocidental judaico-cristã cartesiana, marcada pela segmentação, onde o corpo e a mente são separados, sendo o corpo um território cercado como propriedade de um estado de coisas úteis, tornado doente, impuro, mecânico, e a mente um depósito de concepções ideológicas e doutrinárias que vive além do presente, em um futuro idealizado ou em um passado já sepultado, porém, sempre assombroso.


Excessos

O mundo atual agoniza devido aos excessos. Há excesso em quase tudo. Até muitos dos que se acreditam ou dizem serem ‘transformadores progressistas’ deste mundo (ou ‘revolucionários’), reproduzem, lá nos detalhes e entrelinhas das suas ideias e práticas cotidianas, os mesmos excessos, pois vivem atrelados a eles, sem perceberem que, nas entrelinhas dos seus cotidianos, ao invés de serem o contraponto, acabam sendo elementos que constituem estes excessos mantenedores.

Reproduções

Uma das maiores contradições de muitos ditos ‘progressistas’ é que, como os ‘conservadores’, veem, concebem ou tratam as linguagens artísticas e suas potências, como meros objetos de entretenimento, partindo verticalmente de uma concepção ‘economicista’ de vida, o que reflete diretamente nas suas práticas políticas e cotidianas, em que, de certo modo, acabam por enquadrar suas mentes, corpos e espaços, fazendo das artes e da filosofia meros cabides de seus desejos e fugas existenciais, enquadrando também outros, e não percebendo que, além da infraestrutura, o mundo se move fortemente também pela superestrutura (leia-se sociologia), onde o pensamento e as linguagens artísticas e suas ‘subjetividades’ residem. Por fim, acabam como tantos outros reprodutores, servindo e alimentando o modo de vida, a cultura seus valores e suas contradições. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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