quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

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*  Encontrei este texto numa lixeira e resolvi publicá-lo. Talvez não tenha importância alguma. Mas a escolha é sua, leitor. Se não quiser se incomodar, no caso, por a cabeça pra funcionar, ligue seu rádio ou sua TV, provavelmente Michel Teló & CIA tenham algo mais interessante pra te dizer... enfim.

 


A sociedade do espetáculo e o rebanho

Está começando a putaria! Quer dizer... Começando não, continuando! Mas não a putaria dionisíaca, libidinosa, divertida, do jogo sexual-humano, aromático, naturalmente histórico. Começa, senhoras e senhores, na obesa programação da nossa ‘espetacular’ Rede Globo, o BBB 12. Sim, o Big Brother Brasil de nº 12. São 12 saudáveis anos de entretenimento e espetáculo midiático ao público – ‘circo para o povo!’. 12 anos de indução a sexualidade vulgar e medíocre e fabricação de ícones de uma cultura massificada. E muitos pais, e muitas escolas, e muitas psicopedagogas cobram do pobre professorzinho que ele dê o exemplo. Exemplo? Exemplo está no livro! (ou no BBB, que o senhor, que a senhora, assiste junto com seu filho). Você é quem escolhe. Mas a culpa é do mestre, sempre, este radical incorrigível. Inversão de valores? Moralismo? “Ah! Quem mandou ser professor? Ainda mais de história, filosofia, literatura, essas coisas da laia que desvirtuam e depravam nossas ‘crianças’!”.  Pra ajudar os alunos a passar em provas, concursos, vestibulares e Enem, para que os jovens ‘sejam alguém na vida’, ganhem seu dinheiro como um médico, dentista, arquiteto, engenheiro ou algo que valha, aí o professorzinho de humanas e sociais, de redação ou literatura, serve, não é? ‘Mãe, pai, quero ser professora de...’. ‘O que? Jamais! Nunca mais pense nisso, ouviu?!’. Natal, ano novo e férias. Michel Teló como novo rit mundial (e não é só o Brasil que está em decadência artístico-cultural), sertanejo universitário e inundação de mediocridades no facebook (quanta merda se compartilha e se reproduz nessa rede social, deusdocéu! Tem gente que deveria ser proibida de se manifestar, putaqueopariu! – ‘Olha o linguajar, a linguagem, as palavras de baixo calão, tu é professor!’). Agora chega o Big Brother e todos muito satisfeitos com o verão, as festas, as férias e as novidades (palavras malditas ou palavrões eu não posso usar em textos, nem na televisão se pode falar, mas bundas e atos sugestivos, aí é permitido! Ah! é parte do espetáculo! A ditadura da imagem, da publicidade, do moralismo. Óquei! Eu é que sou atrasado e não me adéquo às modas). Retorno das férias litorâneas para o Velho Oeste e já não faz mais diferença os assassinatos políticos de pessoas que lutavam por justiça, que eram coerentes e éticas em suas funções. Nossa memória é curta mesmo. Como roda na internet em uma mensagem de ano novo de um ‘ícone global do bem’, esposo-pai bem sucedido, exemplo que eu nunca quero ser, o Luciano ‘incrível’ Huck: ‘Quem vive de passado é professor de história’ – ‘esses chatos! Adoram criticar, problematizar, acabar com uma festinha. Esses estraga prazeres de uma figa! Deixem a populança (termo nietzschiano) serem felizes nas suas conformidades!’ (e é preciso rever o conceito do que seja ‘popular’ enquanto manifestação vinda do povo em contraponto daquilo que se diz popular mas vem de cima pra baixo, por uma indústria do entretenimento e sua ideologia mantenedora). Não sei porque algumas pessoas perdem tempo estudando. Se é tão simples assim, pra que estudar? Ta tudo certo. Desígnio divino. Algum deus quis assim e assim é e assim será. Um deus que é um ‘Grande Irmão’ (leia-se 1984, obra prima de George Orwell, que também virou filme – Ah, vão procurar também porra!). O que é um professor qualquer comparado aos semideuses da Indústria Cultural, não é? O historiador ou professor de história, como preferirem, sabe que ‘estudar a História’ não é o mesmo que ‘viver de passado’. Se estuda História (a partir do presente, sempre!) justamente para melhor perceber e compreender e viver o presente. Nisso, a História é um campo de possibilidades e não de determinismos. E o estudo do passado traz versões dos fatos. Além disso, o presente também é história, pois ela está sendo escrita, vivida. A história, pra quem não sabe, não é algo morto, que se encerrou no passado, por isso é que se estuda, sacou bicho?! Quem vive de passado é nostálgico ou saudosista, ou então, alguém que parou no tempo devido a alguma frustração, ou algum recalcado que não vê possibilidades e coisas boas no presente. Mas e o futuro? Esse não existe, pois quando chegar, já não será mais futuro e sim presente. Vivemos sempre no presente. Mas podemos sim, olhar pra traz retomando a memória, pois um povo sem memória, sem história, é um povo morto. E é assim que os ideólogos do espetáculo querem que seja. Ser marionete, fantoche desse circo. Ser um morto-vivo que só respira, absorve e reproduz. Mas olha só, o que eu estou falando? Delírio de um chato? De um louco? O que você acha? Bem, você me conhece. Se não me conhece, prazer, eu me chamo... eu me chamo... Bem, não importa agora. Mas você, me diga, o que tem por traz do seu nome? Enfim. Depois disso tudo, talvez eu não escreva mais. Mesmo assim, foi um prazer...

Ninguém, alguém ou quem que você quer que seja.



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