‘Ensaístas da morte’ pregam & pregam o
apocalipse. São tarados pela morte. Anunciadores do Fim do Mundo. Faz tempo que
eu ouço discursos e falas que são ameaças a vida. Todos morrerão um dia, isso é
fato. Só não sei quando. Não posso e nem quero saber. Se o apocalipse tem hora
marcada, não sou eu quem vai mudar isso. Aliás, ninguém vai. E isso pouco me
interessa. Estou mais preocupado com a vida no momento. Os ‘sinais’ de uma
possível aproximação do Fim aparecem aos poucos e vão crescendo. Mas isso não
anula outra possibilidade: a de Vida. Muitos passam seus dias preparando a alma
para o abandono do corpo (ou para a morte), por isso vivem com a cabeça em
outro mundo. O medo da perdição e da condenação eterna, tão difundido pelas
religiões ocidentais, e que gera uma covardia e uma vaidade pessoal, muitas vezes
inconsciente e que acaba por se tornar o alimento de um individualismo medíocre
e egoísta. A preocupação com o Fim e o medo da morte coletiva gera a defesa de
valores e morais retrógrados e a manutenção de tradições seletivas e
intolerantes, culminando na reprodução de um modo de vida baseado nessas
tradições. Por isso, a exemplo de alguns pensadores mais sensíveis e intensos,
“desprezo o ‘Fim do Mundo’ como um ícone ideológico apontado para minha cabeça
pela religião, pelo Estado & pelo meio cultural, como uma razão para não se fazer nada”. O ‘imaginário da
morte’ e sua reprodução ou mesmo mercantilismo, agem na mente humana tanto
quanto a censura ou a lavagem cerebral feita pela mídia. ‘Quem tem medo
obedece!’ – e isso se configura numa estratégia de alguns poderes organizados
para o domínio sociocultural, o controle e manutenção dos interesses de um
grupo sobre outro. Óquei, já estou alertado do apocalipse. Agora chega de me
encherem o saco com isso. Se tiver que morrer, eu morro e pronto. Sinto decepcioná-los,
mas o Fim virá individualmente, para cada um e da sua maneira. A morte é uma
certeza, e é pra TODOS! O Fim geral não existe. A vida não morre, ela se
transforma. Portanto, chega de premonições e ameaças. O tempo nos pede ação. E
não há nada mais vivaz do que a alegria de viver com certa intensidade. Portanto,
passemos a venerar a vida, deixando a morte vir sem alarde. ESTAMOS VIVOS!
Herman
G. Silvani
* também publicado no jornal Folha do Bairro - 21/12/2012
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