São
nos momentos de crise econômica - e na crise de ‘certos valores’ - que ideias morais de cunho fundamentalista tomam
espaços, refletindo-se em ações. Eis o perigo! A escolha do novo Papa demonstra
que algumas ‘tradições’ e práticas da Idade Média - aquele período onde a
Igreja fazia o que bem entendia com aqueles que julgasse ‘infiéis’, hereges ou
pagãos (leia-se os vários e horrendos ‘episódios’ da chamada ‘Santa
Inquisição’), continuam vivas. Mas, um fato envolvendo religião (e ideologia –
pois, de certo modo, religião e ideologia andam de braços dados), e que causou
alvoroço e críticas por parte dos mais atentos nessa configuração, foi a
eleição do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, pelo ‘simples’ motivo
deste se mostrar preconceituoso (homofobia, racismo, machismo, etc.), conforme
algumas declarações públicas suas. Tudo seria muito cômico se não fosse trágico
– e de certo modo é (cômico) – aquela coisa: ‘rir para não chorar’. Imaginem (agora
percebam - pois aconteceu!), o presidente da Comissão dos Direitos Humanos um preconceituoso,
dono de ideias de cunho nazifascistas?! Alguém dirá: ‘Só no Brasil mesmo!’. Eu
não teria tanta certeza disso. A crise econômica na Europa também alimenta
ideias assim, tanto é que grupos de orientação de extrema direita, ligados a
ideologias similares ao nazifascismo, cresceram significativamente, ocupando
espaços na política oficial daquele continente. Enquanto isso, aqui no Sul do
país (Curitiba-Paraná), nesta semana que passou, um jovem foi assassinado por
um grupo de skinheads (nazifascistas), que pregam (e praticam) o ódio às
diferenças e minorias: afrodescendentes, nordestinos, homossexuais, indígenas,
prostitutas, etc. - e uma tal ‘superioridade’ do homem branco. Isso muito se
assemelha ou se identifica com a postura fundamentalista do pastor/deputado
Feliciano. E o que se vê por aí, são pessoas (muitas jovens) defendendo o
dito-cujo, enquanto outros repudiam a eleição deste para tal cargo.
Apresenta-se aí uma disputa ideológica, onde, de um lado estão aqueles
indignados e/ou preocupados com a situação, e do outro, os que defendem o
pastor/deputado (ou suas ideias?). Existe uma chamada ‘bancada cristã’ na
câmara dos deputados que, em acordo com outras tendências, partidos e
interesses, acabam elegendo nomes ‘estratégicos’ para sua jogatina. Mas o
Estado brasileiro não deveria ser laico? Ou seja, ser independente dos
fundamentos (ou fundamentalismos) religiosos? Nesse ‘jogo’ também acontece um
discurso por parte daqueles que defendem o deputado (ou seus próprios interesses?),
como se estes - e o ‘vitimizado’ - sofressem preconceito pelo simples fato de
serem religiosos. Mas será que é isso mesmo? Enfim... Ficam as interrogações.
Enquanto isso, o perigo vive a espreita.
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