O
mundo virtual é cheio de informações e conteúdos, é certo. Porém, muito disso é
efemeridade, pré-conceito, reprodução, mediocridade. E é na dita ‘rede social’
(facebook) que me deparo com alguns desses tipos de ‘conteúdo’. Entre perfis,
comentários e compartilhamentos racistas, homofóbicos, chauvinistas, ufanistas,
etc., um dos que mais me deu asco (depois do perfil ‘O sul é meu país’) nos
últimos dias, foi a de um chamado ‘Orgulho hetero’. Já ouve no Brasil até uma
tal 'marcha pelo orgulho hetero' encabeçada pelo Sr. ‘Bolso-naro’
(aquele polêmico político cheio de cuidados e defesas de valores e morais
judaico-cristãs). Essa autoafirmação ou autodefesa (precavida e premeditada) de
uma 'postura política sexual', tem um fundo de medo, um sentimento de ameaça,
sendo que, certa linha da antropologia pesquisou e constatou que, quem se defende
muito do outro ou das diferenças, está se precavendo do que poderia vir a ser,
e tem forte tendência de sê-lo. Por isso o suposto motivo dessa 'resistência',
desse 'distanciamento', dessa postura ‘preventiva’. Aliás, para quem não sabe, a maioria das
pessoas que aceita e/ou assume sua sexualidade, faz isso depois dos 40 anos de
idade - e considere-se que a sexualidade
também pode ser relativa, pois também é uma construção histórica (quando não
ideológica). Nisso, geralmente, essa atitude (a de tentar mostrar para o
outro o que se diz que se é, demonstra incerteza e receio), para alguns é característica
daqueles que não se garantem e precisam provar ao mundo sua 'masculinidade' (cá
entre nós, frágil e vitimizada). As ditas 'minorias' - ou grupos que sofrem com
a imposição da maioria - tem seus motivos, pois geralmente são as que sofrem
com o preconceito e a discriminação, mas a 'maioria' com essas
‘autojustificativas’ e/ou ‘autodefesas’ gratuitas, é outra coisa. Portanto
senhores, o canal é se assumir, ser o que se é, pelo menos para si próprio, ao
invés de ficar tentando ‘provar’ algo que, no fundo, é improvável. Pior de
tudo, é ver jovens com esse tipo de postura, conservadora, cheia de cuidados
aparentes e autoafirmativas. A variedade
de sexualidade e gênero faz parte da natureza, e não pertence ao ‘achismo’ e
conveniência das pessoas, suas crenças e/ou vaidades. No fundo, esse papo de ‘orgulho hetero’ é a maior ‘viadagem’...
* também publicado no jornal Folha do Bairro, em 08/03/13
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