sexta-feira, 15 de março de 2013

Breve crônica de Brasília




















Estive na capital federal, Brasília, enquanto membro do Sinproeste (Sindicato dos Professores do Oeste Catarinense – da rede privada de ensino), participando de um ato organizado pelas Centrais Sindicais e Movimentos Sociais de todo o país, que foi chamada de ‘Marcha Hugo Chavez’, em homenagem ao líder/estadista venezuelano que morreu naqueles dias. Foram 4 voos entre ida e volta, no mesmo dia. A marcha saiu do Estádio Nacional Mané Garrincha e se direcionou até o Planalto, onde foi o grande ato, que contou com aproximadamente 50 mil trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, de todo o país. Em pauta, a luta pelo fim do fator previdenciário, a Reforma Agrária, Educação, entre outros temas urgentes de importância e relevância nacionais. Já em Brasília e com os pés firmes no chão, juntamente com companheiros de outros sindicatos afins, nos juntamos à multidão rumo ao Planalto. Passamos pelos ministérios e pude conhecer de perto as famosas obras futuristas da capital, criadas pelo arquiteto socialista Oscar Niemeyer. Nisso, constatei: ‘Niemeyer via ET’s!’. Muito me intrigou nessa viagem. Não conhecia pessoalmente Brasília, e penso que todo o brasileiro deveria conhecer um dia. Não pela beleza, nem pelo ‘status’ de ser a capital federal, nada disso, mas pela experiência de ver, perceber e/ou sentir o contraste de um país, de uma nação, ali, bem de perto, e na sua capital. Brasília é um lugar projetado para ser capital, e nisso, o contraste entre o status de sê-lo e a miséria (não só alimentar, mas existencial-humana) é gritante. Ao tempo em que se abrem as portas dos carrões oficiais, e saem de seus interiores ministros ou executivos, sorridentes, acompanhados das suas secretárias executivas, como se fossem top models, altas, magras, belas, bem trajadas, burocráticas, etc. (coisa de cinema ou novela, acreditem!), pessoas divagam pelos cantos, juntando restos, fumando crack, enlouquecidas, quase invisíveis aos olhos formalizados dos homens de negócio, diplomatas, políticos, e todo aquele artefato de uma ordem de cunho liberal-burguesa, dita ‘democrática’. Brasília, onde a correria dos dias úteis enche as ruas de nada. Aqueles espaços vazios, aquelas cabeças cheias. Nos entornos de uma Brasília e sua da rede hoteleira, entre hotéis de mil e tantos reais a diária, dos ministérios, dos altos e luxuosos prédios dos bancos, a miséria existencial-humana divaga sem perspectivas. Operários que trabalham aproximadamente 14 horas diárias, mendigos, viciados, putas, velhos, crianças, zumbis, loucos, gente, em conflito constante com a ordem policiada e organizada para o comando disso tudo, para que isso tudo funcione – ou aparentemente funcione. Eis Brasília, a capital federal, numa leitura breve, dura, tendenciosa de minha parte (e não haveria de ser diferente). Quem não acredita, sugiro que vá pessoalmente e veja, sinta, viva um pouco daquele ar seco, quente e contrastante. Minha febre é uma febre de quem se insere e não distancia. E essa febre aumentou nessas poucas horas em que estive em Brasília. 

Herman G. Silvani


*também publicada no jornal Folha do Bairro em 15/03/2013


Um comentário:

Anônimo disse...

Masssa pra caramba!