terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Vida - para além de um grito de gol...














"A grande virtude do Céu e da Terra chama-se vida" (‘I Ching, o Livro das Mutações’)

O ano começa no nosso calendário gregoriano-ocidental e continua no tempo livre da vida tal como ela é, cheia de natureza, caos e algumas ordens ou organizações próprias – além da organização sociocultural humana. Pois bem. Nós com a vida continuamos, sobreviventes em meio aos trâmites do tempo. O clima anda revolto, com tempestades e outras violências aumentadas pelo aquecimento global. A correria que o ‘homem civilizado atual, profissional e bem sucedido’ condiciona para a educação, cultura e modo de vida, reflete em outra corrida, a ‘corrida para a morte’. Sua morte. Nossa morte. A própria morte do homem que corre e nunca chega - pois já está. Essa, esta, isso e não aquilo é a vida. Sem tirar nem por. Assim mesmo. Quem segue o discurso idealista-reducionista de ‘se dar bem na vida’ já está automaticamente correndo, buscando, não a vida, mas a morte, pois é ela, a morte, a única que chega – a vida sempre está. Sim, tudo bem, pode ser. Se existir um ‘depois da morte’, aí, talvez então saibamos se existe algo como ‘outra vida’. Uma ‘vida pós-morte’ muito prometida pelas religiões. Seja no alcance do paraíso ou por encarnação, não temos esta ‘projeção de vida’, pois a vida que temos é esta, aqui e agora. Mas, todos realmente vivem esta vida? Ou alguns (ou muitos) apenas sobrevivem sobre ela? Acontece que, em várias situações desta vida, pessoas ‘escolhem’ coisas para fazer e então ser-estar que reduzem a potência das suas próprias condições de viventes. Ou seja, no leque de possibilidades que a vida é ou nos oferece, muitos ‘optam’ pelo ‘comum’ ou pelo que está na moda, ou ainda, pelo que lhes parece mais conveniente e/ou fácil, movidos por certa comodidade ou preguiça mental e física. Pior é que com isso, levam consigo outros, ou pelo menos, situações ou contextos se criam integrando outros devido a essa comodidade ou preguiça. Eis que muita coisa incoerente, bizarra, mesquinha, superficial acontece e toma boa parte do espaço daquilo que poderia ser grandioso ou pelo menos instigante para a vida e a organização sociocultural humana como um todo. Falo em ‘reflexo’. Ações, assim como palavras, refletem no mundo, na vida, tornando-se partes deles. E nisso, se integram as ‘escolhas’, as poucas que realmente nos aparecem como ‘oportunidades’ ou ‘possibilidades’, pois grande parte delas são induções ou alienações. Portanto, vivamos, para além das convenções...

 “Desta bagagem de valores convencionais é que o homem deve se descartar, primeiro que tudo, antes de poder ser livre.” (Chuang Tzu)


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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