quarta-feira, 20 de abril de 2016

Outra Educação: para além dos discursos...

São comuns os discursos vindos da publicidade, das escolas particulares e públicas, e do Estado sobre a Educação, de como melhorá-la, ampliá-la, salvá-la. Discursos são muitos. Práticas efetivas, poucas. Por uma Educação mais reflexiva, mais ampla e dinâmica, que faça com que os alunos ampliem seus leques de conhecimento, possibilidades e oportunidades de integrar o mundo, a sociedade, o país. Para que haja um futuro promissor no sentido ambiental, existencial, humano. Mas, a realidade em muitos casos está distante destes discursos, destas propagandas, onde, muitas vezes, acontece o oposto. Nossa educação é frágil e ideológica, devido, além de sua história, aos interesses políticos e mercadológicos das instituições de ensino, do Estado e também das famílias. Enquanto no mundo se discute uma nova sociedade, onde novas culturas e modos de ser/estar, de se fazer e viver, que integrem um contexto de mundo sustentável, devido aos excessos e desequilíbrios, tanto culturais, quanto ambientais e econômicos, instituições de ensino continuam a mecanizar o tempo, a partir de um horizonte econômico e mercadológico. Uma educação direcionada ao vestibular, ao ingresso para a faculdade, tecnicista, reducionista, e portanto, determinista, onde pais e instituições prezam pela integração do aluno no tal mercado de trabalho, como concorrente, uma fera que disputa um posto e status social num futuro que é nebuloso e nada garantido, justamente, por isso. Vejo escolas, ao invés de ampliar, diversificar, relaxar o tempo, oprimirem ainda mais os espaços e o tempo, e com isso, os próprios alunos e a educação, suprimindo, por exemplo, a filosofia dos seus currículos, assim como, diminuindo os espaços das artes, literatura e história, em pró de ‘disciplinas’ técnicas, como gramática, por exemplo. Nada contra a gramática ou o que for, mas, como sempre digo nas minhas falas referentes a isso: ‘gramática é instrumento necessário, mas linguagem e reflexão são fundamentais’. A filosofia, a exemplo, se bem aplicada, amplia a visão do estudante, assim como as artes e a literatura, no sentido de melhorar a sensibilidade. E é isso o que o mundo atual precisa: ‘sensibilidade’. É com ela que poderemos ampliar e transformar a educação e cultura em algo flexível, prazeroso, humanamente possível, sem concessões, ao natural (ou, pelo menos, mais próximo disso). Não há mais pretextos, desculpas ou justificativas para não implantar nas Escolas (públicas e particulares) alguns conteúdos e práticas como o Chi Kung (Qi Gong) ou Tai Chi Chuan (Taiji), assim como o Kung Fu (a partir do estudo das chamadas ‘artes internas’ – leia-se concepção a partir da cultura chinesa). Filosofia, linguagens, música, ginásticas artísticas e capoeira (como estudo sociocultural e físico) também são exemplos de conteúdos ‘fundamentais’ para os tempos atuais. Querem mesmo transformar, melhorar ou aprimorar a Educação e Cultura? Eis o caminho! A educação e a cultura, só estão como estão, devido a um modo de vida, seus pensamentos e práticas insustentáveis. São necessárias outras fontes, para que outras práticas sejam possíveis. Já é tempo de realmente mudar e transformar, para além dos discursos. Mas, porque não se faz?


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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