terça-feira, 5 de maio de 2020

Desistências e continuidades...

Foi a dureza do mundo.. a frieza numérica desta civilização (pois para governos e outros poderes, é o que somos, números).. o que fez com que o ator Flávio Migliaccio cometesse suicídio.. num momento de crise viral e moral, a crise política se intensifica por causa destes governos, suas elites (ou vice-verso) e  seus reprodutores.. e é triste de ver e saber deste fato.. trabalhadores/as, camponeses, indígenas, moradores de rua, sendo mortos por aqueles que tem poder (e sangue) em suas mãos.. natureza sofrendo ataques da ganância humana.. num país onde a diversidade e a divisão (de terras e renda) deveriam ser a maior característica.. assim, aqui, ninguém adoeceria de fome ou por falta do que é básico para viver.. mas não, uma minoria comanda e usufrui de toda nossa riqueza, natural e cultural.. natural que deve(ria) ser para todos.. e cultural que é produzida pelos trabalhadores/as, que todos os dias cumprem seus deveres e horários (agora, com a crise epidêmica, até mais do que isso)..
Como professor e artista amador, sinto muito.. e estou mais cansado do que nunca.. não pelo isolamento social, com ele estou até aprendendo (quando há tempo).. mas, por causa dos fatos.. nunca vi tamanha bestialidade neste país.. como nunca trabalhei tanto preenchendo formalidades incoerentes por exigência de um Estado e seus burocratas que não sabem como é dar aulas, e muito menos conhecem do conteúdo que, como professor, conheço/estudo/trabalho.. alguns pedagogos burocratas inventam coisas para que cumpramos, e os governos nos despejam sem a menor responsabilidade e coerência, a maioria delas sem sentido, principalmente para o momento.. para a educação, para a vida.. mas ela, a vida, é o que menos importa para estes, preocupados em controlar e ter números somados depois nas suas estatísticas e contabilizações estúpidas, quando o que importa(ria) seria a saúde mental, física, existencial do ser humano.. o que se aprende, nós, professores ou mestres, e a vida ensinam.. as formalidades são distrações e excessos.. excessos estes, os que, justamente, estão empurrando a civilização para o abismo.. mas muitos fecham os olhos pra isso.. a sabedoria ancestral nativa (indígena e taoista) nos mostra faz tempo os caminhos.. e a Natureza vem, faz tempo também, nos alertando destes excessos.. mas, cegos e surdos, viciados neste modo de vida decadente, um sistema que tem donos: os poderosos (grande empresários, latifundiários, alguns religiosos e seus governos), e que serve pra poucos, insistimos em manter.. em nome dos seus monopólios, acúmulos e excessos, adoecemos e muitos de nós morremos (e morreremos)..
Sinto muito pelo que esta acontecendo, a exemplo deste grande ator (de do grande compositor e cantor Aldir Blanc, que morreu de Covid 19 por não ter condições de pagar um tratamento adequado - um grande artista abandonado pelo seu governo/país, e nenhuma nota da secretária de Cultura deste governo) que se cansou e desistiu desta cultura ou civilização.. mas, busco força/energia na Natureza, nas artes e nos seres sensíveis, para que possa(mos) seguir lutando.. buscando as mudanças necessárias para melhorar este mundo que, só livre dos excessos, poderá ter o equilíbrio fundamental para sua continuidade... 



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