terça-feira, 10 de abril de 2012

A festa dos prós & dos contras

* imagem by Eric Drooker

“Ei Herman, você que é cronista, é contra ou a favor ao aborto?” Não sei. Ou, nenhuma das opções. Posso não ter opinião sobre isso, não posso? Ou isso também é um crime? Nem tudo o que tenho são convicções, opiniões, posições. Certezas, poucas! Só porque escrevo e leio diariamente, isso não significa que eu seja um campo fértil de opiniões. Conhecimentos, até tenho alguns, mas nem todos são confiáveis. Talvez nem eu seja tão confiável. Você é? Quando um assunto polêmico como o aborto se torna bandeira, seja ele de grupos liberais moderninhos e feministas, seja ele de instituições e igrejas conservadoras e/ou retrógradas, ou mesmo um mero motivo de polêmica para se ter assunto, tudo isso se torna um grande ‘espetáculo’. A natureza não tem leis (“apenas hábitos”), e todas as leis não são naturais. Natural é copular, gerar vida, sentir e trocar prazer e experiências. Nisso, o aborto interrompe uma caminhada natural. Agora, proibir o aborto, através de lei ou por uma moralidade ou moralismo qualquer, também não tem nada de natural. Nos dois casos, a natureza não prevalece. A questão deve ser outra. Cada caso é um caso específico, particular. Cada caso tem um contexto próprio, único, e dentro disso, nunca se sabe. Daí vem a minha falta de opinião. A polêmica do aborto está nas páginas do livro do Espetáculo. Portanto, prós & contras remam juntos no mesmo bote. Um bote em alto mar com um furo bem no meio, prestes a afundar. Algo ou alguém sempre se dá bem com isso. Mas algo tão particular assim, como o aborto, não pode ser bandeira de luta alguma. Crime, pecado ou não, é conforme a crença e a consciência e os valores de cada um. Uma situação não se compara a outra. Portanto, tenhamos cuidado com os ataques e com as defesas. Estamos armados e com as armas apontadas para o próprio nariz, num baile de máscaras, partidário, inconsciente (ou com a consciência do interesse, da hipocrisia e/ou do sensacionalismo), com a luz apagada e dançando embriagados, onde uma opinião é apenas uma forma de se sentir incluso numa festa onde não fomos convidados.



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