Estive
na capital federal, Brasília, enquanto membro do Sinproeste (Sindicato dos
Professores do Oeste Catarinense – da rede privada de ensino), participando de
um ato organizado pelas Centrais Sindicais e Movimentos Sociais de todo o país,
que foi chamada de ‘Marcha Hugo Chavez’, em homenagem ao líder/estadista
venezuelano que morreu naqueles dias. Foram 4 voos entre ida e volta, no mesmo
dia. A marcha saiu do Estádio Nacional Mané Garrincha e se direcionou até o
Planalto, onde foi o grande ato, que contou com aproximadamente 50 mil
trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, de todo o país. Em pauta, a
luta pelo fim do fator previdenciário, a Reforma Agrária, Educação, entre
outros temas urgentes de importância e relevância nacionais. Já em Brasília e
com os pés firmes no chão, juntamente com companheiros de outros sindicatos
afins, nos juntamos à multidão rumo ao Planalto. Passamos pelos ministérios e
pude conhecer de perto as famosas obras futuristas da capital, criadas pelo
arquiteto socialista Oscar Niemeyer. Nisso, constatei: ‘Niemeyer via ET’s!’.
Muito me intrigou nessa viagem. Não conhecia pessoalmente Brasília, e penso que
todo o brasileiro deveria conhecer um dia. Não pela beleza, nem pelo ‘status’ de
ser a capital federal, nada disso, mas pela experiência de ver, perceber e/ou
sentir o contraste de um país, de uma nação, ali, bem de perto, e na sua
capital. Brasília é um lugar projetado para ser capital, e nisso, o contraste
entre o status de sê-lo e a miséria (não só alimentar, mas existencial-humana) é
gritante. Ao tempo em que se abrem as portas dos carrões oficiais, e saem de
seus interiores ministros ou executivos, sorridentes, acompanhados das suas
secretárias executivas, como se fossem top models, altas, magras, belas, bem
trajadas, burocráticas, etc. (coisa de cinema ou novela, acreditem!), pessoas
divagam pelos cantos, juntando restos, fumando crack, enlouquecidas, quase
invisíveis aos olhos formalizados dos homens de negócio, diplomatas, políticos,
e todo aquele artefato de uma ordem de cunho liberal-burguesa, dita ‘democrática’.
Brasília, onde a correria dos dias úteis enche as ruas de nada. Aqueles espaços
vazios, aquelas cabeças cheias. Nos entornos de uma Brasília e sua da rede
hoteleira, entre hotéis de mil e tantos reais a diária, dos ministérios, dos
altos e luxuosos prédios dos bancos, a miséria existencial-humana divaga sem
perspectivas. Operários que trabalham aproximadamente 14 horas diárias,
mendigos, viciados, putas, velhos, crianças, zumbis, loucos, gente, em conflito
constante com a ordem policiada e organizada para o comando disso tudo, para
que isso tudo funcione – ou aparentemente funcione. Eis Brasília, a capital
federal, numa leitura breve, dura, tendenciosa de minha parte (e não haveria de
ser diferente). Quem não acredita, sugiro que vá pessoalmente e veja, sinta,
viva um pouco daquele ar seco, quente e contrastante. Minha febre é uma febre
de quem se insere e não distancia. E essa febre aumentou nessas poucas horas em
que estive em Brasília.
Herman G. Silvani
*também publicada no jornal Folha do Bairro em 15/03/2013
Um comentário:
Masssa pra caramba!
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