sexta-feira, 12 de abril de 2013

A escravatura foi finalmente abolida!




...pelo menos a escravatura legalizada. A 'classe dirigente' no Brasil é escravocrata. Alia-se a grupos econômicos mundiais e deixa a população mais desprestigiada a mercê da miséria, da ignorância e da violência. E não importa se jovens e crianças pobres morram por esse 'desleixo'. É o preço de certos privilégios de uma minoria burocrata e que vive de status, e um modo de vida legitimado pelo consumismo irracional e irresponsável da maioria. Quando falo em ‘classe dirigente’, roubo o conceito do professor Dr. Gaudêncio Frigotto, e me refiro a grandes empresários, políticos, ícones da indústria cultural, líderes religiosos, etc., todos os que têm muito poder e só o utilizam para seus próprios interesses.

Depois de anos, a profissão de doméstica foi levada a sério e inserida a sombra da lei e do Estado, como algo merecedor de respeito e atenção, como tantas outras. Mas, bastou saírem às primeiras notícias a respeito, que membros das ditas ‘classes’ média e alta, se manifestaram de forma conservadora e segundo seus interesses ‘pequeno-burgueses’. Doeu, eu sei, mas às vezes, a dor é necessária para que se perceba um naco maior a realidade. Essa manifestação indignada contra a legitimidade da profissão de doméstica mostra um espírito escravocrata de parte significativa da dita ‘classe patronal’ no Brasil, herança elitista-portuguesa, dos tempos do Brasil império. Pior é que ‘opiniões’ escravocratas são reproduzidas em salas de aula por alunos, crianças. Nisso, eu imagino o que alguns pais andaram falando aos filhos a respeito dessa questão.

Por acaso, um bom médico continuaria sendo bom se não tivesse roupa lavada e passada, casa limpa, crianças cuidadas, almoço na mesa? Então, é bom que os reclamantes se acostumem com a ideia, pois, até que enfim, no Brasil, os últimos resquícios de uma das várias formas de escravidão que ainda marcam a história desse país, desaparecerão - pelo menos a nível legal, pois a escravidão clandestina e dos dias úteis, das convicções e crenças báfias, de uma educação reprodutora e mantenedora, continuam firmes e fortes.


* também publicado no jornal Folha do Bairro - 12/04/2013.



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