quinta-feira, 11 de julho de 2013

Leituras do Cotidiano - 11/07

Aos resistentes da praça central...

Eles movimentam-se rumo a dias melhores. Utopia ou esperança, não importa,  estão ativos. Pensam para além de si próprios. Pensam, não pelo outro, mas o outro - e com o outro. As coisas da vida em pauta. Pensam o mundo, a rua. A rua como espaço público de convivência, para além do controle e do concreto. Enquanto muitos permanecem trancados em suas casas no pretexto de que a rua é um lugar perigoso, eles fazem da rua um lugar amplo, diverso, vivo. A rua traz um ar de liberdade e de possibilidades que ela, só ela, tem. Viver a rua é ampliar as possibilidades de vida. São guerreiros, são lutadores. São corajosos amantes da rua, pois só quem ama a rua também a pode viver. Juntaram-se a outros guerreiros, outros lutadores que, mesmo antes deles, já estavam por lá, cobertos por papelões dormindo sobre o chão. Acompanhados por seus cães magros e alegres e com suas barbas mal feitas, seus odores de sofrimento, seus risos de poucos dentes e muitas lidas, eles fazem das ruas suas casas. Casas de tetos estrelados onde os quintais são livres de muros e grades. Os guerreiros lutam por espaços mais amplos e humanizados, por certa dignidade que consta em certos livros e discursos por aí. Ocupam praças se aquecendo do frio com abraços solidários. Barracas armadas de esperança e fé. Não a fé distante dos cultos ou das igrejas, nem das promessas ou das instituições burocráticas, mas a fé cantante, expressiva e audaz do povo. Eles fazem mais do que os olhos podem ver, e são agentes que escrevem a história presente, com seus atos e palavras, com suas coragens e vontades de mudança, e por mais difícil que a luta possa ser, resistem, sem perder o riso e a ternura, jamais!

*  Dedicado aos acampados da ‘Assembleia Popular Permanente’ da praça central de Xapecó.



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O lugar da filosofia para além da fragmentação filosófica

Os que habitam o mundo ideal não percebem a guerra que há aqui fora

Tratar o conhecimento e o pensamento como algo distante das experiências cotidianas faz perder a noção do todo, e isso é admitir a existência de uma ‘superioridade’ de pensamento, ou seja, uma divinização do lugar do pensar e do pensador - como reza, por exemplo, o idealismo platônico. Uma das problemáticas a enfrentar no contemporâneo, é justamente a fragmentação do pensamento. É preciso retomar o pensamento (e o conhecimento), como algo ‘universal’ (mas não generalizante – e há uma diferença nisso). Para isso, são imprescindíveis as referências ou a soma dos conhecimentos e leituras de mundo adquiridos no caminho e pelo tempo.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 11/07



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