Esporte
espetacular!
‘Selvageria no estádio’. Foi nesse tom
que ouvi várias vezes a notícia. Mas não, o que aconteceu no jogo em Joinville,
entre Vasco e Atlético Paranaense, não foi selvageria, o que caracteriza o
chamado ‘reino animal’ e não ‘racional’. Foi sintoma de demência cultural, isso
sim, pois como futebol, violência também faz parte de determinada cultura. Uma
coerência dentro de certa realidade. ‘Como assim Herman?’ Ué, não andam
chamando estádios de Arena? Em Xapecó mesmo, um dia já tivemos o ‘Regional
Índio Condá’ que agora passou a chamar-se ‘Arena Condá’. Saiu o estádio
regional e o índio, entrou a arena. E Arena é pra isso: luta, violência,
espetáculo ou ‘circo para o povo’, como bem acontecia no Império Romano. Numa cultura onde se promove a disputa, a competição, a
busca por uma 'vitória' idealizada, onde, junto a isso, a violência é
entretenimento e geradora de lucros. A supervalorização do futebol, de torneios
e grandes negócios como o UFC, filmes e novelas que
idealizam e fomentam a disputa, pela própria grande mídia, que é a mesma que
promove e depois noticía, que enaltece e depois 'critica'. Eis o jogo, eis o
'espetáculo!’. Então, imagens como as que vimos no jogo em questão pela
televisão, 'fazem parte do espetáculo' (leia-se 'A sociedade do espetáculo' de
Guy Debord). A grande mídia fala em 'punição', ok! Nisso, deve ser a primeira a
ser punida, com a limitação de vínculo de determinados programas, jogos,
'espetáculos', etc. ‘Mais arte, menos esporte competitivo!’ – caso contrário,
‘tá tudo certo!’
Enquanto isso em Xapecó...
Nessa semana tivemos o lançamento do DVD do 'filme da
chapecoense'. Não tirando o mérito do time, nem desprezando o papel motivador e
a paixão do torcedor, mas, o espaço onde o filme foi lançado foi no shopping
pato Chapecó, para um número restrito de convidados. Então... Na hora de pagar
ingresso, motivar o time, brigar por ele, sofrer nas arquibancadas, alimentar
esse esporte e espetáculo, o povo é motivado e induzido a participar, assim
como, é útil. Já na hora da divisão da 'alegria' da conquista, da colheita dos
louros, o mesmo povo é escanteado. Baita, né?! Não, não estou reclamando, nem
tampouco de mágoa por não ter sido convidado ao lançamento. Isso não é
importante pra mim. Só estou tecendo minhas impressões, cronista que sou, a
partir do que percebo, vejo, analiso. E eu vejo e não morro tudo...
*
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, sexta-feira 13...
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