Entre a luz e a
escuridão...
Aproximamos-nos do Natal, a festa cristã. Publicidade
e festejos na TV e o Cristo pregado no fundo da câmera de vereadores ou em
algum tribunal injuriado. Todos de branco cantando a paz. Mesmo que essa seja
apenas um discurso, uma promessa ou um ideal. Xapecó ornamentada com suas luzes
e enfeites. Ruas iluminadas, comércio faturando, tudo como faz tempo que é. E
importam as fraudes nos concursos municipais? E importa a desvalorização do
professor? E importa a constante ameaça no aumento da taxa do transporte
coletivo? Os acordões, favoritismos, etc.? E importam os processos de cassação?
O suicídio mal homicidado ou o homicídio mal suicidado do professor-vereador? A
tentativa de homicídio do assessor? Câmeras desligadas nas horas erradas – ou
certas? Enquanto PSD entra debaixo das asas do governo federal. E importa a
aliança por aqui? Que o diga o PT. Ou seria o PSD? Há quem diga que: “tanto faz
Herman!”. Ou tanto fez? Mas aqui, onde os coronéis cravaram suas cruzes,
palanques e suas cercas de arame farpado, aqui no Oeste bravio onde o facão decepou
cabeça do índio e a bala calou o forasteiro, onde a paz enfeita a vitrine e a
guerra acontece velada – inclusive bem debaixo dos olhos do ‘grande irmão’
(leia-se 1984, o Big Brother de Orwell). Aqui onde eu respiro com um pouco de
dificuldade, e mesmo assim resisto, existo, mantenho o riso e a vontade de
potência em dia. Aqui onde escrevo essas linhas mal traçadas, onde o ofício de
pensar não é visto e poucas vezes considerado, e quando o pensamento se torna
palavra escrita-publicada e, finalmente pode ser visto ou lido, para alguns que
dizem pensar, ele rechaçado. Aqui nessa terra que já foi chão batido e hoje é
asfalto, tapete preto carcomido, onde a água da chuva enche o buraco bem no
meio da rua e tudo vira mito. Aqui, onde a maioria dos jornais impressos e
televisivos obedecem ao esquema, a base de alguns trocados. Aqui, onde os
homens servem às coisas e não as coisas servem aos homens, onde não há trilho,
muito menos trem. Aqui onde não tem ciclovias, mas onde máquinas motorizadas,
assassinas e poluentes são as donas do espaço público. Onde cães e gatos são
abandonados pelas ruas por filhos da puta vaidosos e egoístas que veem nos
outros a solução dos problemas que são seus, porque os fazem ser – e não que
sejam. Aqui onde, apesar de tudo, insisto
em viver e estar. Aqui onde, apesar de tudo, encontro bons motivos para viver e
estar. Aqui onde, apesar de tudo, estou. Faço parte desse contexto, dessa
história, e de outras mais. Transito e me movimento no meio disso tudo e muito
mais. Em que teço mais críticas do que elogios, é claro, sou cronista! O que é
bom eu curto e faço, ou pelo menos tento. O mais, enfrento e transformo em
texto. Enfim. Obrigado por compartilharem comigo este singelo espaço leitores!
Que sejam bons os próximos dias, o próximo ano! Abraços e saúde! Continuamos...
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 20/12
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