sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Independência ou sorte!

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pátria amada. Pátria armada. Pátria amarga. Pátria que hoje está em 6º ou 7º lugar no ranking das maiores economias mundiais, na frente até da Inglaterra - e 88º em educação – detalhe! Pátria-Brasil, terra fértil e propícia à corrupção e ao desleixo do Estado e do setor privado. Herança portuguesa ou isso é só pretexto para justificar ou amenizar tamanha vergonha? Vergonha para alguns, para outros, orgulho (me parece). Acordar cedo neste dia de feriado nacional-patriótico e ir para o centro da cidade em marcha como nos ‘bons tempos’ da ditadura – e quanta gente gosta da dita-dura?! – catar o hino e se sentir um pouco patriota, mesmo não sendo ou nem acreditando nisso. Saudosismo dos que não compreendem ou não compreenderam aquele período histórico? Ou tentativa de fuga da realidade atual numa idealização de um passado grotesco que arde como ferida não cicatrizada? Brasil das inúmeras cicatrizes e poucas justiças, que não teve a reforma do judiciário e muito menos a Reforma Agrária - por quê? Já se perguntou isso hoje? Ontem? O fará amanhã? Amanhã, talvez seja tarde! O futuro a nós pertence! – bela idealização do amanhã que nunca chega - e quando chegar, já não será mais o amanhã, e sim, o presente outra vez. E tudo vira passado, história e pó (tudo o que é sólido, no caso), assim como disse um dia um velho filósofo: “Tudo que é sólido se desmancha no ar!” – é pena que certos costumes, crenças e pensamentos não são sólidos. Pátria armada em desfile-marcha militar, num mundo que gasta mais em armamentos do que em saúde, alimentação e educação. Pátria amada em suas diversidades, cores, cheiros, sabores... Pátria amarga em alguns sabores e fatos que nos ampliam as cicatrizes. Mas não há problema. Temos o futebol, o horário eleitoral, a rede globo, a novela das oito, os heróis nacionais. E são muitos! Eles substituem nossas ações pelas suas (será?). Suas imagens, seus sorrisos forjados nos desfiles das suas riquezas justificadas. São semideuses dessa pátria. Mas nós cantamos o hino, com toda a convicção, pelas ruas neste dia, no pátio das escolas, pelos largos corredores do manicômio de cada um de nós ou acompanhando exemplos da televisão. Somos todos um pouco mais brasileiros neste dia, estrangeiros no próprio corpo e espaço que ocupamos, pois nada é nosso nem de ninguém, tudo é passagem e impressão. Tudo é devaneio em meio a tanto comodismo e infecção. Nossas feridas estão abertas, pulsantes, vivas, doloridas. Mas dizemos que não, pelo menos hoje, enquanto a bandeira é hasteada e tremula sob nossos olhares (ou na falta deles) e sobre nossas convicções. Somos brasileiros, não desistimos nunca, nem de nossos equívocos ou falta de bom senso. Mas vamos em frente, pelo menos, tentando perceber o passado e com os olhos ativos no presente. Assim, quem sabe um dia, nosso hino passe a fazer sentido para além dessa tradição...
 
 
 

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