Com um riso de bobo, me ponho a blasfemar.
Da minha boca saem cobras, aranhas, lagartos e outros bichos que você não quer nem
ouvir falar...
Você é tão pura e eu sou tão sujo. Você
canta sua canção de (pel)amor - um sertanejo dito universitário - enquanto eu me
atrevo num samba de terreiro...
Vai precisar dela para viver aí fora, nesse
mundo cheio de impostores que mantém uma postura para representar algo que não
são...
Eu, de minha parte, me assumo. Tenho
coragem - ou tolice - suficiente pra isso. Aqui estou eu, basta você acreditar
nisso. Mas esse sou eu mesmo?
Um poema não resolve o seu problema, pois
poemas nem de longe são alguma solução. Antes um problema. Um poema equivale a
um problema...
Por isso, eu gosto de um problema ou outro.
Um poema de vez em quando para lembrar de que ainda há vida na terra - e que a
terra continua viva...
Um naufrágio na garrafa de rum me enche de
vida. Um voo para além da sua visão me torna outro eu – um eu que é aquele
quando não sou...
Hoje parei para descansar. Peguei um papel
e a caneta. Resolvi um suicídio com um poema. Saiu errado. Sujo. Sem nome. Transfigurado...
Alguém ainda ousa. Alguém ainda pisa em
chão de terra. Alguém ainda canta para além da comoção alheia. Alguém ainda faz
da arte uma desconfiguração...
Sou isso e aquilo. Um sem nome ou um nome
qualquer. Você é quem me diz. Sou o que quer você - quem eu seja. Isso que você
vê no espelho – pode ser?
Não tenho respostas. Não sou um homem de
respostas. Antes, um perguntador que não se cansa de querer saber. Mas, se não
souber, tudo bem!
Você que tem tanta certeza. Você que vive
em suas convicções e crenças. Você que me (des)preza num ato de desespero. Você
que só me vê com seus olhos criados...
Você!
Até quando será você?
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