obra de Banksy
Pela
programação ‘espetacular’ e sensacionalista, feita ‘pão e circo’ da televisão
brasileira e mundial. Pelo repertório das rádios e dos ‘artistas’ que
reproduzem a granel aquilo que já é território, produto iconizado, repetição,
clichê, lugar comum. Pela publicidade disfarçada de ‘arte’ e sua propaganda
enganosa. Pelos ‘artistas’ viciados nos seus egos inflamados ou suas
ignorâncias consagradas, e que já tem seus passos programados e seus espaços monitorados,
feitos território. Pela arte servil e morta em sua ‘espiritualidade’ – feita
produto publicitário e mercado. Pelos produtos da Indústria Cultural, ditos
‘bens culturais’ - ou mercado cultural. Pelas escolas brasileiras que se
confundem com carceragem, presídios, cadeias, fábricas. Pela forma de consumir,
pensar e estar. Pelo individualismo vaidoso da ‘livre concorrência’ –
discursada como ‘liberdade’ - o status
social de aparentar, mas não ser. Pelo tal ‘espírito competitivo’. Pela
mesquinharia e mediocridade das reproduções midiáticas e cotidianas. Pela falta
de interesse, de curiosidade e audácia, de anseio e busca do diferente, do
alternativo. Pela fome de nada e sede de coca-cola. Pela sociedade espetacular
- hiperespetacular! - o império é do efêmero! (leia-se Debord, Lipovetsky e
Juremir Machado). Por isso e por aquilo e por tudo isso e mais um pouco,
sofremos de um tédio terrível. Um tédio por não querermos mais saber. Pelo
vazio nos herdado do não saber ou do saber no raso. É mais fácil, cômodo e
menos doloroso consumir – e sem saber que assim somos consumidos – e ao invés
de saber ou pelo menos tentar, apenas absorver e reproduzir. Não sabemos ler,
pensar, estar nem ser. Somos analfabetos funcionais e com uma funcionalidade utilitária:
manter um sistema de coisas superficiais, sem vida e sem sabor. Mas sabemos
reproduzir e querer não saber - e não sabemos escolher. Sabemos apenas não
saber - de nada! Mas estamos sobrevivendo, existindo – mas não necessariamente
vivendo. Não, não sou niilista e a vida não é esse show de aparências e falsas
inteligências que se convencionou dizer por aí – e quantos disso se convenceram?!
A vida não é se dar bem - nem mal. A vida é pra ser vivida, ‘para além do bem e
do mal’. Que o digam F. W. Nietzsche ou Viviane Mosé e suas desconstruções
filosóficas – para além, muito além do platonismo universal e idealista: “Em
nossas escolas, incluindo as universidades, já não se ensina a estudar. O
estudo, a humildade e o silêncio do estudo, é algo que nem sequer se permite.
Hoje, já ninguém estuda. Mas todo mundo tem que ter opiniões próprias e
pessoais” (Nietzsche). Sofremos de um mal ancestral, porém, contemporâneo:
Nossa cultura não é a de estudar, investigar, atentar, questionar, modificar,
ousar... Nossa cultura é a de educar para reproduzir, manter e ‘viver’ com
certa ‘segurança’, certo ‘conforto’ - e certeza naquilo que é incerto. Uma
cultura de sobrevivência para a morte: ‘nossa cultura do desleixo’ – e não vai
muito além disso. Repito, não sou niilista (nem negativo nas minhas observações),
apenas ainda me permito observar...
hgs.
* também publicado no jornal Folha do Bairro - do grande bairro Efapi, Chapecó-SC, em 29/03/2013.
Um comentário:
Me lembrou essa cena do Waking Life http://youtu.be/Dj_b3QOEFYU
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