O
regime militar no Brasil que completou 50 anos de golpe nessa semana deixou
algumas heranças ao país. Começando por uma educação capenga que somou numa
cultura do medo e da fragmentação. Deixou também grandes obras superfaturadas –
e não eram os estádios da copa! Mas suas maiores heranças, de fato, são, além
dessa educação mecanicista, anti-reflexiva e fragmentada, a cultura da
corrupção e da violência. Não que ela não existisse antes, de uma forma mais
branda, digamos, mas com o regime militar, aí sim ela passou a caracterizar o
Estado brasileiro, nossa política oficial-institucional. Enquanto eles, os
militares, caçavam direitos, professores, estudantes, artistas, torturavam
gente, os arranjos entre empresas privadas e governo militar, seus políticos e
sua elite privilegiada, se instrumentalizavam para um futuro de glórias e
louros que viria. E veio. E hoje, eles estão aí, ainda grudados no Estado.
Entra governo, sai governo, muitos dos que já foram ditadores um dia, hoje
discursam pela democracia. Alguns jornais, algumas revistas, algumas emissoras
de TV, as maiores do país, tiraram suas fardas para vestirem o branco e azul de
um liberalismo democrata impostor. Juntos, comandam e discursam, fazem de conta
que é tudo culpa de uma ameaça comunista que, cá entre nós, nem sequer existe,
dos favelados, anarquistas, etc. Há quem comemore os ditadores na demência de
um mundo que se arrasta até não sei quando. E o espetáculo continua...
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 04/04...
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