quinta-feira, 16 de abril de 2015

Arte e história Ninja: fantasia e realidade

A história dos ninjas é ‘lendária’ é circundada pela fantasia, a partir da literatura cinematográfica que tornou esta ‘cultura’ bastante caricata e/ou romantizada. O cinema, as lendas e a propaganda, fizeram dos ninjas e sua história, assim como da sua ‘arte marcial’, conhecida como ‘ninjutsu’ (alguns pesquisadores defendem que nem sequer existiu uma ‘arte marcial’ própria dos ninjas, enquanto outros, dizem o oposto, inclusive, que teve um código próprio de conduta, conhecido como Ninpo), personagens caricatas, para além da crua (e dura) realidade em que os mesmos viviam ou compunham.

Os chamados ninjas vinham de uma ‘classe social’ baixa no período ‘feudal’ japonês, geralmente, camponeses ou filhos de camponeses pobres, e ao contrário dos também romantizados pela ‘indústria cultural’ (ver conceito a partir da Escola de Frankfurt) ‘samurais’ (soldados ou guerreiros, como capatazes de uma fazenda ou latifúndio – ver o conceito de ‘vassalos’ na história medieval ocidental), não possuíam um código de honra no compromisso com seus ‘suseranos’. Ou seja, enquanto os samurais eram educados e preparados para protegerem seu senhor, suas terras e riquezas (seu poder), o ninja era contratado e pago para espionar e assassinar inimigos dos seus financiadores (senhores feudais, nobres e imperadores – numa guerra particular entre si).

De uma forma geral, alguns historiadores defendem a tese de que ninjas eram como ‘mercenários’ que, pelo fato de serem pobres (explorados e marginalizados), se especializaram na ‘arte’ de espionar e matar, sob tudo, ‘pelas costas’ ou ‘no escuro’ (no caso, cumpriam com suas funções da maneira que fosse, sem uma ‘ética’, ‘honra’ ou ‘moral’ definida). Outros, em contraponto, dizem que embora tivessem a fama de ladrões e assassinos, os ninjas tinham a espionagem como sua maior especialidade, afirmando também que eram camponeses que criaram um sistema marcial como forma de lutar contra a opressão dos samurais e seus senhores.

Ninjutsu: Defesa Pessoal?

A partir do breve contexto acima, fica difícil confirmar uma das teses como sendo a ‘verdadeira’. Mas, podemos com isso, pensar na forma como que hoje o ninjutsu é ‘vendido’ e/ou praticado, sob tudo no Brasil. No site de uma academia de artes marciais (entre tantas outras que ‘ensinam’ ninjutsu) encontramos a seguinte descrição:

“A Arte Ninja é uma das mais letais existentes por usar todo tipo de armas e técnicas simplesmente fantásticas no combate corpo a corpo. O Ninjutsu é completo, mas leva uma vida inteira para aprender tudo o que a modalidade oferece e por isso em parceria com o Dojo de Ninjutsu (...) selecionamos técnicas efetivas que capacitam o aluno a se sair bem de muitas situações sejam elas no campo ou na cidade. O Ninjutsu moderno é adaptado para nossos dias e usa táticas atuais de combate e infiltração.”
(...)
“O Ninjutsu é uma arte simplesmente espetacular, pois trabalha com todo tipo de estratégia de combate sem regras para alcançar o objetivo a qualquer custo sem desistir nunca. Como a arte ninja é em muitos aspectos complexa e exige do praticante longos periodos de treinamentos e anos de experiência. Nós do DOJO (...) com ajuda dos Mestres Ninjas do Sistema (...) criamos uma seleção de técnicas de defesa pessoal do Ninjutsu para você que deseja um treinamento diferenciado e de grande eficiência”.

  • Obs.:  As ‘reticências entre parênteses’ são para preservar o nome da academia (empresa) em questão.

Vieses

A problematização em torno do ninjutsu no Brasil, assim como as dúvidas e questionamentos a respeito, não é novidade. Alguns acreditam e defendem que esta ‘arte’ ainda esteja viva, inclusive no Brasil, e que seja possível de aprender e/ou ensinar. Enquanto outros, acreditam que, sendo uma arte própria de um lugar, contexto e cultura, sob tudo, uma arte criada por uma necessidade (de sobrevivência e ataque), se contradiz com a ideia de que possa ser ensinada como uma ‘arte defensiva’ como muitas das propagandas de academias trazem, vendendo este ‘serviço’ sem critério histórico, social e cultural algum. A partir daqui, começamos a falar em ‘responsabilidade’ social, cultural e histórica.


·        Para saber mais – e sintetizado - a respeito dos ninjas, sua arte e história:






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