Chapecó já foi
Xapecó um dia. E mesmo antes de ser Xapecó, ou qualquer outro título que
levasse, foi “terra mãe”. Aqui existiam (e ainda existem), grupos étnicos
sociais, as também chamadas tribos indígenas. Depois apareceram os caboclos – e
com muito orgulho, tenho descendência dessa etnia ou cultura. Meu avô materno é
caboclo. E o que define o caboclo, assim como outra etnia ou grupo cultural é,
além da linguagem, alguns conhecimentos, práticas, crenças, modos. Depois
vieram, com a colonização, os imigrantes e assim por diante. Acontece que nem
tudo é diversidade nessa história. No aniversário de 95 anos de Chapecó, ainda
vemos grupos culturais e étnicos vivendo a margem da sociedade, sendo motivos
de discriminação e de pretextos das disputas por terras aqui na nossa região,
além de certa legitimidade da xenofobia e eugenia por parte do pré-conceito e
interesses de grupos mais ligados ao acúmulo de capital (a dita ‘elite’ local),
enquanto altos prédios se constroem no meio de toda essa jogatina imobiliária
que por aqui virou prática comum. Além do Shopping, das ruas largas, desfiles
de carrões, enriquecimento empresarial, entre outros, temos o aumento
significativo da violência juvenil e o ínfimo investimento público na parte
humana e cultural. Além do aniversário do município, temos um ano eleitoral,
onde muitos candidatos discursam acima das suas ideologias e/ou convicções
político-partidárias – ou na falta delas. Muitos desses com a concepção
entranhada de que o político, o homem público, o é, devido a uma
‘superioridade’ que existe, como sendo uma casta, naturalizando para a parte
mais desavisada da população essa ‘máxima’. Existe aí uma relação entre o
discurso, o interesse e certo idealismo platônico, que afirma a existência de
um ‘além’, um lugar privilegiado onde reside a ‘idéia’, o pensamento, o
conhecimento, e que alguns seres ‘iluminados’, iconizados ou divinizados, o
ocupam. Muitos desses seres (políticos neste caso – ou pretendentes a tal)
discursam acima das ‘bem feitorias’ e melhorias sociais que, segundo eles, são
os próprios que promovem. Mas não,
política não é ‘emprego’ e o político não é - ou não deveria ser profissão.
Política se funde muito com a filosofia, e é uma ‘ciência’ que cabe, não só aos
ditos ‘profissionais’ da área, mas a todos nós que pensamos e agimos dentro de
certo espaço sócio-cultural. E a cidade cresce devido ao crescimento da
economia nacional, e não é mérito de um ou de outro, mas sim, do lugar e do
contexto nacional-mundial e historio, propício a esse ‘crescimento’. Mas o
crescimento também não se dá em todos os níveis. Se Chapecó cresce
materialmente, não se pode dizer o mesmo da cultura. Infelizmente! É preciso
olhar para o lado e perceber que o fator cultural de nossa cidade não acompanha
esse ‘crescimento’. Dentro dessa perspectiva, o que nossos candidatos têm a nos
dizer? Prestemos atenção nisso, pois além do que é mera ‘obrigação’, estão as
‘virtudes’ dessa função – a de ser político.
* Jornal Folha do Bairro - 24/08/2012
Um comentário:
Parabéns pelo belo trabalho, sempre!
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