O
país que hoje é a 6ª economia mundial é o mesmo que é o 88º no ranking em
educação, e ele se chama Brasil. Nas recentes semanas que se passaram
comemoramos, oficialmente, o dia da criança e o dia do professor – assim como
reza nosso calendário. A nível sociocultural, um está estrita ou diretamente
ligado ao outro – e acho que não preciso dizer o motivo, não é?. Mas qual é o
valor humano desses (criança e professor) numa sociedade como a nossa, que tem
por base econômica o modo de produção capitalista? A criança, fruto da relação
entre masculino e feminino, geralmente é a alegria da família, da casa, símbolo
da esperança, assim como, de uma ‘continuidade’, trazendo a certeza da vida que
se renova com seu sorriso, e a ‘selvageria’ livre que o adulto deixou pra trás
na tenra luz da sua infância. Mas ela cresce, e quando atinge certa idade, vai
para escola (para a igreja, em muitos casos, já foi ainda bebê). Na escola ela
aprende coisas sobre o mundo, principalmente, regras, disciplina, conduta,
certa moral, certos conceitos. E o meio usado pra isso, é aquele que tem a
palavra, a linguagem adequada para a transmissão desses valores: o professor.
Não é por nada que também o chamam ‘educador’. E o professor cumpre o papel de
fio condutor entre, família, religião, sociedade (ou instituições sociais) e a
criança. A partir do momento que essa transmissão vai sendo concretizada, a
criança também vai perdendo sua ‘selvageria’. Parte significativa (e importante)
dos seus instintos vão sendo transformados em convenção, limite e medo. E isso,
senhoras e senhores, é o que podemos chamar de: ‘Educação’ – tcham, tcham,
tcham, tcham! Sei que pode não ser surpresa alguma, mas isso também não é
problematizado como acho que deveria, nem nos debates ou congressos
universitários, nem na escola, quem dirá na família e na igreja. Mas o papel
dessas ultimas também nem é esse. Antes, manter e reproduzir. Mas o das
universidades, assim como o das escolas, é (ou deveria ser, pelo menos). A
‘lógica’ desse ‘caminho sociocultural’ vigente, basicamente e de um modo geral,
é a criança crescer, e como seus pais, formar família, trabalhar, ganhar
dinheiro (ou não), casar, sobreviver, até que tudo se desmanche no ar. Porém,
existem curvas e desvios neste caminho que parece traçado. Nisso, cabe também
ao professor apontar outros possíveis caminhos que não se resumam nessa
‘lógica’, tão óbvia e obediente a um modo de vida que tem por prioridade a
produção econômica, ou seja, o acúmulo de capital e bens. O ser humano não pode
ser medido apenas pelo que ele produz economicamente, pois é muito mais que
isso. Nisso, viva os professores ou mestres que não assassinam por completo na
criança a ‘selvageria’ criadora, aquela que, mesmo ela (a criança) se tornando adulta,
permanece em seu eterno sorriso de quem brinca, tornando a vida divertida e não
simplesmente uma obrigação. Que os números no início desse texto não permaneçam
estáticos (um deles precisa melhorar urgentemente), e que o sorriso da criança
seja por uma ‘educação’ que a mantenha ‘espirituosa’, e não a torne um adulto
reprodutor de uma ordem social que há muito perdeu seu sentido de ser – isso,
se teve sentido algum dia...
* publicado no jornal Folha do Bairro, do grande bairro Efapi, em 19/10/12
Nenhum comentário:
Postar um comentário