segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A alegria de viver dos jovens, privatizada...
















Sim, eu posso ser cético (e até sou – mas nem tanto), desde que isso não me torne estúpido.

Na rede social mais famosa do mundo, ‘cristãos’ (ou pseudos?) vomitando asneiras frente à dita ‘tragédia de Santa Maria’, enquanto isso, do outro lado da ‘trincheira’, ditos ‘ateus’ (ou politiqueiros?) fazem do fato uma arma contra seus opostos ‘crentes’ – sendo que no fundo, ambos se encontram numa consagração das vaidades, estupidezes e mediocridades ideológicas que os mesmos cultivam de forma mesquinha e horrenda. Interesses maquiados de verdades e uma pseudo razão forjada em discursos e bandeiras político ideológicas. Enquanto alguns fazem do fato bandeiras de suas disputas territoriais e ideológicas, parte significativa do jornalismo brasileiro faz papel de ridículo, disputando pontos no ibope com pormenores e mediocridades. Tem até aqueles que aproveitam a situação para atacar as lágrimas da presidenta, como se isso fosse ‘o problema’ de maior vulto na situação. Bem, mediocridade por mediocridade, vamos ao âmago da questão. Em primeiro lugar, como cronista (e já que essa é uma das minhas atuações ‘profissionais’- atuo!), já fui insultado por falar sobre isso, e agora, depois do acontecido, reforço o que já critiquei outras vezes. Essa ‘história’ das comandas em casas noturnas nunca me desceu bem. Pra início de papo, pelo que sei, não existe nada que ‘legitime’ cobranças desse tipo. Já presenciei situações constrangedoras e de violência por parte de ‘seguranças’ e até ‘gerentes’ e/ou promoters de algumas casas - ou porque a comanda molhou no banheiro e rasgou, ou porque foi perdida - e quando questionei sobre esse tipo de atitude reacionária, em algumas situações quase tive que me defender da violência daqueles que deveriam ‘assegurar’ a integridade de seus ‘clientes’. Mas o despreparo (principalmente humano e psicológico) é tanto... E o que dizer da fiscalização pública nestes casos? Simplesmente uma piada. Um soma de fatores foram responsáveis pelas mortes daqueles jovens. Diferente de um Luís Carlos Prates que, com toda sua moralidade (ou moralismo? Ou medo do escuro?) culpou a ‘escuridão’ das casas como principal motivo daquela situação (não, não é piada minha, eu ouvi isso, acreditem!), não vou ser tão ‘autêntico’ como ele (ou evasivo?). Essa soma de fatores, os quais já descrevi alguns acima, acabam dando em outro fator, e esse sim, tomo como o principal: “a falta de consideração com o outro” – uma questão de respeito. E esse é um fator sociocultural. Em troca do ganho, do lucro privado, como gados confinados, esses jovens foram tratados (e são!). O jogo da privatização dos espaços, e como subsequência, da vida. Lugares fechados que não suportam a quantia de pessoas e suas portas trancafiadas. Saídas de emergências que não funcionam. Um papel chamado de ‘comanda’ que controla o lucro e o tempo das pessoas (e que estabelece uma multa de forma truculenta e fictícia). O mal preparo dos ‘trabalhadores’ nas suas áreas de atuação. O poder público omisso e incompetente. Empresários doentes no jogo capital – além da imbecilidade de algum ‘artista’ que é acostumado a dar ‘showzinho’. Tudo isso se soma a algo maior: “os valores medíocres de uma sociedade privatizada”, onde todos são números contabilizados como ‘massa’. Enfim... Que pelo menos esse fato triste, sirva para alguma mudança nisso tudo.

Herman G. Silvani




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