Banksy
"Se
queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia."
(Leon Tolstói)
Já recebi duras e
levianas críticas por escrever em jornais impressos, e, além disso, escrever da
forma como escrevo, e mais ainda, pelo conteúdo ou abordagem das temáticas
sobre as quais me arrisco. Também já fui (e ainda sou) criticado por meu modo
de divulgar ‘minhas ideias’ e escritas (a autopromoção, não minha, mas das
minhas ações – o que alguns confundem), no caso, um dos meus ofícios, o de cronista
cotidiano. E ser cronista é ser provocador, problematizador. Para quem ainda
não sabe, também ganho pra isso, e esse ganho me ajuda com os gastos mensais.
Preciso viver, comer, beber, cantar, me divertir, e nesse sistema em que
vivemos, o dinheiro é inevitável. Não que eu goste dele e ganhe muito, aliás,
tenho até um pouco de alergia a dinheiro, tanto que, raramente tenho trocados
comigo. Não me lembro da última vez que entrei num banco. Mas esse é um outro
papo. Já dei boas respostas aos ‘críticos’ mesquinhos que se reduzem a isso,
pois esse é o alcance das suas vozes. Hoje, ignoro mais do que respondo, pois,
às vezes, o silêncio, o vazio, o nada, é a melhor resposta. Como a maioria,
algumas vezes também já chutei as muralhas do castelo em vão. Arrebentei o pé,
enquanto o imperador e a nobreza continuaram intactos. Aprendi com a prática e
o risco que as muralhas são muito fortes, e atirar pedras de fora ou chutá-las
são atos de automutilação. Foi então que resolvi procurar os furos, as brechas,
as frestas e entrar. Pelo lado de dentro tudo é mais frágil, onde os órgãos
vitais (valores e modo de produção) estão expostos, sem muralhas de proteção.
Hoje consigo viver entre as muralhas, dando meus passeios internos e externos.
Isso também acabou ampliando minha visão e meus conhecimentos da(s)
estrutura(s). E o furo é o caminho por onde a luz entra. E é pelo furo que a
brisa da liberdade (autonomia) também entra e sai, conforme sua necessidade. Portanto,
eu divago, e isso incomoda muitos dos que não sabem dos caminhos, dos furos,
das brechas, das frestas. Enfim, é necessário movimentar-se para além das
demarcações territoriais, das muralhas. Toda a muralha tem suas brechas...
“Uma grande civilização não é conquistada por fora...
enquanto não tiver sido destruída por dentro” (do filme: ‘A
queda do Império Romano’ – de Anthony Mann, 1964).
ADAPTAÇÃO (de verso popular)
Passarinho
Se eu fosse como tu
Parava de cantar
E virava urubu!
¨ também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 06/06
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