quinta-feira, 6 de junho de 2013

Para além das muralhas...













Banksy


"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia." (Leon Tolstói)

Já recebi duras e levianas críticas por escrever em jornais impressos, e, além disso, escrever da forma como escrevo, e mais ainda, pelo conteúdo ou abordagem das temáticas sobre as quais me arrisco. Também já fui (e ainda sou) criticado por meu modo de divulgar ‘minhas ideias’ e escritas (a autopromoção, não minha, mas das minhas ações – o que alguns confundem), no caso, um dos meus ofícios, o de cronista cotidiano. E ser cronista é ser provocador, problematizador. Para quem ainda não sabe, também ganho pra isso, e esse ganho me ajuda com os gastos mensais. Preciso viver, comer, beber, cantar, me divertir, e nesse sistema em que vivemos, o dinheiro é inevitável. Não que eu goste dele e ganhe muito, aliás, tenho até um pouco de alergia a dinheiro, tanto que, raramente tenho trocados comigo. Não me lembro da última vez que entrei num banco. Mas esse é um outro papo. Já dei boas respostas aos ‘críticos’ mesquinhos que se reduzem a isso, pois esse é o alcance das suas vozes. Hoje, ignoro mais do que respondo, pois, às vezes, o silêncio, o vazio, o nada, é a melhor resposta. Como a maioria, algumas vezes também já chutei as muralhas do castelo em vão. Arrebentei o pé, enquanto o imperador e a nobreza continuaram intactos. Aprendi com a prática e o risco que as muralhas são muito fortes, e atirar pedras de fora ou chutá-las são atos de automutilação. Foi então que resolvi procurar os furos, as brechas, as frestas e entrar. Pelo lado de dentro tudo é mais frágil, onde os órgãos vitais (valores e modo de produção) estão expostos, sem muralhas de proteção. Hoje consigo viver entre as muralhas, dando meus passeios internos e externos. Isso também acabou ampliando minha visão e meus conhecimentos da(s) estrutura(s). E o furo é o caminho por onde a luz entra. E é pelo furo que a brisa da liberdade (autonomia) também entra e sai, conforme sua necessidade. Portanto, eu divago, e isso incomoda muitos dos que não sabem dos caminhos, dos furos, das brechas, das frestas. Enfim, é necessário movimentar-se para além das demarcações territoriais, das muralhas. Toda a muralha tem suas brechas...  

“Uma grande civilização não é conquistada por fora... enquanto não tiver sido destruída por dentro” (do filme: ‘A queda do Império Romano’ – de Anthony Mann, 1964).


 *

ADAPTAÇÃO  (de verso popular)

Passarinho
Se eu fosse como tu
Parava de cantar

E virava urubu!


¨ também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 06/06



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