sexta-feira, 20 de setembro de 2013

História em farrapos...



















Começa a dita ‘semana farroupilha’ e a gauchada bate o mofo da bombacha comprada na boutique tradicionalista para ir pro acampamento farroupilha. Os mais gaudérios, o são o ano inteiro, mas tem daqueles que, pelo menos, nessa época, saem do armário. Talvez não saibam que os ditos farrapos não eram ‘esfarrapados’ como algumas versões da história contam. Mas muitos deles, estancieiros escravocratas que tiveram que abrir as pernas pro império. Mas, nisso, muitos foram realmente lutadores por um modo de vida ou tradição. Outros, como os negros escravos, lutaram por uma liberdade que tardou ou nunca veio. Sem desprezo, mas com questionamentos dessa história romantizada em prosa e verso, hoje o sul se embriaga numa grande festa. O movimento republicano no sul do Brasil foi precursor e forte, de fato, mas nem tudo foi ‘vontade de república’. Mantiveram-se a ‘liberdade’ e a ‘igualdade’ revolucionárias da França liberal-iluminista e positivista-maçonica, porém, a ‘fraternidade’, nesses rincões gaúchos,  foi substituída por uma ‘humanidade’ não tão humana para os escravos e herdeiros da ‘pampa pobre’. Ideologicamente, versões oficializadas que empobrecem a história, nos dão a parte festiva e idealizada desse ‘movimento’. Porém, de outro lado, uma história em farrapos e ferpas, feita, uma ‘não-história’. Então, cultuemos também a nossa ‘não-história’ - se assim for - para que a riqueza da história não se reduza também a farrapos...  


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 20/09 - 'dia do gaúcho (?)'




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