Um ‘catador’, leitor desse escriba (que orgulho!), membro da
Associação Cooper São Francisco, me enviou uma carta através do Folha, pedindo
minha manifestação sobre a problemática atual referente ao lixo produzido em
Xapecó. A carta começa destacando que “está vindo muito lixo orgânico”
misturado ao reciclável, e eis um grande problema. Isso me faz lembrar de
quando começou o programa de separação do lixo, nos primeiros mandatos do
governo PT de Xapecó, que inclusive, foi uma das cidades pioneiras nisso no
Brasil. A separação modificou significativamente a realidade e consciência
socioambiental da cidade, e foi eficiente devido a uma massiva campanha de
divulgação que incentivava tal ‘capricho’. E hoje, onde está esse incentivo, papel
fundamental do poder público? A carta continua: “Também observamos que a
empresa Tucano está coletando junto com o lixo orgânico o lixo seco. Isto causa
um retrocesso socioambiental (...)”. O amigo ‘catador’ (ofício fundamental para
uma ‘realidade mais limpa’), tem pleno conhecimento do que fala. Tiram ou
diminuem o espaço das famílias que trabalham com a coleta e separação,
terceirizando o serviço e deixando com que o lixo se misture e isso se torne
uma concentração de renda. Com isso, e sem uma campanha de incentivo e
conscientização para a importância da separação, andamos para trás. Em tempos
de comprometimento com a vida no planeta, desleixos governamentais como este,
são retrocessos, como bem avalia nosso amigo ‘catador’. Contudo, precisamos
retomar essa questão e dignificar o trabalho alheio, assim como, o ar que as
novas gerações vão respirar.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 08/11
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