sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Negritude, memória, pimenta & prazer


Estive em Salvador, Bahia. Minha primeira vez no nordeste brasileiro. Uma rápida, porém, intensa experiência. Discuti, fiz política ou militei. Troquei palavras e risos. Reencontrei amigos e fiz outros novos. Mas também bebi, comi, andei. Fotografei o que pude e o quanto pude. Muita história, muita dor, muita vida e amor. Salve Salvador! Terra de gente! Gente que no corpo tem pele preta e no riso dente branco, que de tão branco reflete um algo de calmaria. Salve Salvador, terra de todos os santos! Terra de meu pai Xangô, de Oxóssi, Iansã, Nanã e Iemanjá – entre tantos! Terra de samba, berimbau e capoeira - mas não só isso. Terra onde o preto velho descansa seu tempo na rua e os cães transitam soltos por todo lugar, enquanto crianças correm empinando suas pipas com seus sorrisos de inspiração. Terra que, ao contrário do que muitos pensam, é feita de trabalho, sim, muito trabalho, mas não o trabalho que concorre e corre para a morte. Trabalho necessário, para a sobrevivência, sem entrega da alma ao acúmulo. Corpos que passam o tempo prestigiando a vida. Corpos que são prestigiados - no gingado da negra e do negro, na roda de samba, na descida do Pelourinho ou decaído na mesa do bar. Corpos que ardem, sofrem e cantam. Corpos que sorriem. A alma cheia de paixão e a vida que no riso se alimenta. Eu, no meio disso tudo, o estrangeiro que gosta de pimenta, fartado do prazer de um estar, e que agora também é um pouco mais...


(foto by Herman)


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 01/11



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