Estive em Salvador, Bahia. Minha primeira vez no nordeste
brasileiro. Uma rápida, porém, intensa experiência. Discuti, fiz política ou
militei. Troquei palavras e risos. Reencontrei amigos e fiz outros novos. Mas
também bebi, comi, andei. Fotografei o que pude e o quanto pude. Muita
história, muita dor, muita vida e amor. Salve Salvador! Terra de gente! Gente
que no corpo tem pele preta e no riso dente branco, que de tão branco reflete
um algo de calmaria. Salve Salvador, terra de todos os santos! Terra de meu pai
Xangô, de Oxóssi, Iansã, Nanã e Iemanjá – entre tantos! Terra de samba,
berimbau e capoeira - mas não só isso. Terra onde o preto velho descansa seu
tempo na rua e os cães transitam soltos por todo lugar, enquanto crianças
correm empinando suas pipas com seus sorrisos de inspiração. Terra que, ao
contrário do que muitos pensam, é feita de trabalho, sim, muito trabalho, mas
não o trabalho que concorre e corre para a morte. Trabalho necessário, para a
sobrevivência, sem entrega da alma ao acúmulo. Corpos que passam o tempo
prestigiando a vida. Corpos que são prestigiados - no gingado da negra e do
negro, na roda de samba, na descida do Pelourinho ou decaído na mesa do bar.
Corpos que ardem, sofrem e cantam. Corpos que sorriem. A alma cheia de paixão e
a vida que no riso se alimenta. Eu, no meio disso tudo, o estrangeiro que gosta
de pimenta, fartado do prazer de um estar, e que agora também é um pouco
mais...
(foto by Herman)
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 01/11
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